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Artigo publicado no Caderno de Debates da RBORL:
Vol.69 ed.5 de Setembro-Outubro em 2003 (da página 37 à 38)
Autor: DR. HUMBERTO AFONSO GUMARÃES
Artigo
DR. HUMBERTO AFONSO GUMARÃES
INTRODUÇÃO
A medicina é toda uma arte. A arte do exame, a arte do diagnóstico, a arte da cura e do alívio. Na cirurgia, o medico exerce seus conhecimentos, julgamento e habilidade na prescrição de fármacos. Estes fatores são essenciais para proporcionar o bem-estar do paciente, evitando efeitos colaterais adversos para sua pessoa e, no caso de gestantes, também para o desenvolvimento do feto. O médico que atende uma pessoa do sexo feminino em idade fértil tem obrigatoriedade de saber se ela encontra-se grávida ou não. Confirmada esta situação, sua atenção deve ser voltada para uma terapêutica eficaz, mas ao mesmo tempo, segura para a mãe e para o concepto. Para atingir estes objetivos, algumas questões devem ser colocadas em julgamento: é indispensável tratar a doença ou ela pode esperar? O tratamento é curativo ou sintomático? Qual a terapêutica menos agressiva?
Chegando a conclusão da necessidade do tratamento, dúvidas surgem em relação aos fármacos a serem utilizados: há riscos e efeitos teratogênicos? Há risco de aborto ou parto prematuro? Há risco de interferir com trabalho de parto? Pode trazer complicações para a mãe durante o parto?
FATORES DE RISCO DOS MEDICAMENTOS
A tabela do FDA
O FDA-USA classificou os medicamentos de acordo com seus fatores de risco em cinco categorias:
OS PERÍODOS DE GRAVIDEZ
Um outro fator que também deve ser levado em consideração é o período da gravidez: 1.° trimestre, 2.° trimestre, 3.° trimestre e próximo ao parto. Existem fármacos que não podem ser usados no 1.° trimestre, mas podem ser usados durante os outros períodos. Como também existem aqueles que podem ser usados somente no 1.° trimestre e aqueles que, podendo ser usados durante toda a gravidez, devem ser evitados próximo ao trabalho de parto.
O USO DOS MEDICAMENTOS DURANTE AGRAVIDEZ
Considerações específicas que o médico deve saber para receitar:
1- Qual a categoria de risco a que pertence o medicamento.
2- Qual o período da gravidez.
3- Qual a duração do tratamento.
Considerações gerais que o médico deve saber para receitar:
1- Todo medicamento oferece riscos.
2- Respeitar ao máximo o 1.° trimestre.
3- Gestantes idosas são mais susceptíveis.
4- Multíparas são mais resistentes.
5- Conhecer as reações prévias da paciente aos medicamentos.
6- Avaliar o fator psicológico da gestante.
7- Combater a automedicação.
8- Conversar com familiares.
9- Conversar com obstetra. Não tomar decisões isoladas.
10- Avaliar a necessidade da medicação, conversar com a paciente. Considerar segurança e efetividade X riscos e benefícios.
11- Conhecer a farmacodinâmica e a farmacocinética dos medicamentos.
12- Conheceras interações medicamentosas.
13- Evitar o uso de associações de fármacos.
14- Escolher para o uso, medicamentos mais conhecidos (antigos).
15- Estar atento às modificações que devem sofrer as dosagens dos fármacos, devido ao aumento do volume hídrico e alterações da função renal que ocorrem durante a gravidez.
16- Experiências clínicas ou laboratoriais não podem ser extrapoladas de espécie para espécie.
17- Em caso de dúvidas, consultar a bula do medicamento.
18- Terem mãos o livro do FDA sobre o assunto.
Respeitando estes critérios, o médico estará apto a exercer plenamente a sua arte de curar sempre, prejudicar jamais.
Dr. HUMBERTO AFONSO GUIMARÃES - MÉDICO OTORRINOLARINGOLOGISTA, PRESIDENTE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE OTOLOGIA (2000-2002), COORDENADOR DA CLÍNICA OTORRINOLARINGOLOGIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO SÃO JOSÉ, CHEFE DO SERVIÇO DE OTORRINOLARINGOLOGIA DO HOSPITAL MATER DEI, PROFESSOR COLABORADOR DA FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DE BELO HORIZONTE