Versão Inglês

Ano:  1981  Vol. 47   Ed. 2  - Maio - Agosto - ()

Seção: Artigos Originais

Páginas: 108 a 114

 

COLESTEATOMA DO OUVIDO MÉDIO CONSIDERAÇÕES SOBRE REVISÃO RETROSPECTIVA

Autor(es): * Dr. Juan Manuel Tato
** Dr. Carlos Ranieri
** Dr. Demósthenes Dimatos

INTRODUÇÃO:

O objetivo desta revisão sobre colesteatoma do ouvido médio foi estabelecer uma série de dados com base no estuda de casas vistos pessoalmente.

PREVALÊNCIA:

Para determinar a prevalência neste material de 56.500 pacientes de Otorrinolaringologia, desde 1930 até 1980, realizamos uma amostra de 6.640 pacientes, divididos em grupos de diferentes anos, mas sempre com uma antigüidade anterior a 1975.

Estabeleceu-se, assim, que nesses 6.640 pacientes encontraram-se 103 casos de Colesteatoma do ouvido médio, portanto proporcionalmente para os 56.500 pacientes da Clínica, levaria 876 casos de Colesteatoma.

As datas exatas dos grupos de pacientes examinados são:
16.000 - 17.000: 1ª consulta 20.02.1937 até 26.06.1944.
23.000 - 24.500: 1ª consulta 18.03.1948 até 13.04.1965.
47.000 - 49.000: 1ª consulta 12.06.1972 até 12.03.1974.
49.000 - 50.900: 1ª consulta 22.01.1974 até 30.12.1975.


GRÁFICO l



Há um ligeiro predomínio do sexo masculino.

Quanto á idade, os casos se apresentam bastante semelhantes, com predomínio de 31 a 40 anos.


GRÁFICO II



IDADE DE CONSULTA:

Dividindo os grupos em dezenas de idade, temos um quadro similar ao anterior, no qual novamente se destaca especialmente a prevalência do grupo entre 31 e 40 anos.


GRÁFICO III



Encontramos:

marginais ................................................. 25
aticais ...................................................... 38
centrais .....................................................25
totais, em radicalizados .....................................22
sem perfurações em pars tensa nas radicais conservadoras ....... 5
sem perfuração ............................................ 1
sem dados ................................................ 2
total................................................. 118 ouvidos

Estas perfurações provêm de:

103 pacientes:
unilaterais ....................................88
bilaterais..................................... 15

Se descartarmos os casos operados e os dois casos sem dados, observamos que 63 perfurações eram típicas de casos de Colesteatoma, ou seja, as marginais e aticais, e, surpreendentemente, encontramos 25 casos de perfuração central e um sem perfuração, cuja significação por si só não é típica de Colesteatoma.

Os radicalizados submetidos 8 operação por Colesteatomas voltaram à consulta por apresentar novamente supuração, com verdadeiras recidivas umas vezes e, outras, por enfermidade da cicatriz, dermatite exsudativa, descamativa, ulcerações, granulomas, osteites e tampões ceroepidérmicos ou epidérmicos.

Estes casos podem ser discutidos como não sendo de Colesteatoma atual, salvo uma minoria com real recidiva.

O caso sem perfuração pode-se interpretar como Colesteatoma de origem congênita.


GRÁFICO IV



Por outra parte, mostra que a maioria dos casos não tinham alterações tubáreas, que poderia ser fator da gênese do Colesteatoma ou de sua recidiva.

RADIOGRAFIAS:

Nos 29 casos, conserva-se o estudo radiológico. Nestes, encontra-se:

Imagem de Colesteatoma ....................................................25
Fístula do Canal Semicircular Externo ...................................4

Chama a atenção o número de fístulas do Canal Semicircular Externo, detectadas por este meio. Do ponto de vista clínico, encontramos o sinal da fístula positivo em um de cada dez casos.

Do ponto de vista da pneumatização, encontraram-se:

mastóides ebúrneas ...........................................9
mastóides diplóicas............................................3
mastóides pneumatizadas ..................................15

Devemos assinalar que as mastóides pneumatizadas eram em diversos graus e indicam uma perturbação da pneumatização e, por conseguinte, alterações estruturais da mucosa do ouvido médio, de acordo com os estudos de Witmack.

Nossos achados estariam dentro daquilo que é aceito como o atual, nos casos de Colesteatoma.

TIPO DE OPERAÇÃO:

O material de casos operados divide-se assim:

radical ............................................................... 37
radical e labirintectomia ...................................1
radical conservadora ...................................................9
antroaticotomia ............................................................8
revisão de cavidade radical.......................................... 2
Colesteatomectomia com timpanoplastia simultânea .................36
timpanoplastia 2° tempo ........................................... 26
Miringoplastias pós perfurações em tempo ulterior....................6

13 pacientes com 2 ouvidos operados.

Realizaram-se 57 intervenções de corte clássico ou, como se diz atualmente, "abertas" e 62 intervenções de tipo "fechada".

Como já estabelecemos abaixo:

62 ouvidos sem recidiva 45 ......................................74,19%

com recidiva 17 ................................................25,81%

É um número muito importante de recidivas, e devido especialmente ás técnicas fechadas com Timpanoplastias simultâneas.


GRÁFICO V




ESTADO NASAL NESTEMATERIAL:

Insuficiência Alar ................................................... 1
Vegetações ........................................................ 3
Desvio do Septo ................................................... 16
Sinusite ........................................................... 6
Alergia ............................................................ 6
Normal. .......................................................... 46
Sem dados ...................................................... 27

103 pacientes

105 características

Como vemos, de 105 alterações encontradas nos 103 pacientes (em 2 ocasiões, houve 2 alterações em cada paciente).

Em 32 pacientes, encontraram-se alterações que teriam uma real influência, seja por infecção, seja por obstrução tubárea, o que representa 31,06% e, por conseguinte, como é clássico, a importância do exame rinológico e tratamento adequado, se possível, prévio ao tratamento do Colesteatoma.

ESTADO TUBÁREO E COLESTEATOMA:

O estado de permeabilidade tubárea foi estabelecido em 55 pacientes dos quais:

foram normais ..................................................... 47
com alterações tubáreas obstrutivas................................... 8
abertura permanente ................................................ 1

Isto assinala a necessidade de determinar o estudo tubáreo, especialmente se pensamos em realizar uma Timpanoplastia simultânea à Colesteatomectomia.

RECIDIVAS:

Este é um dos pontos mais importantes e mais variáveis dentro da quantidade de variações da técnica cirúrgica.

Apesar do número relativamente escasso deste grupo de observações, ele nos permite concluir, coincidindo com a maioria dos autores, que o tipo de intervenção que é menos sujeita a recidiva é a clássica operação radical, ou seja, a
Colesteatomectomia "aberta", como é comum designar atualmente.

No quadro seguinte, dividimos os 118 ouvidos controlados.

Colesteatoma pós Miringoplastia .............................. 4

Não operados .............................................. 28

Operados sem controle ...................................... 21

Operados sem recidiva ....................................... 45

Operados com recidiva:
1°.........................................................12

2°......................................................... 3

3°......................................................... 2

Sem dados ................................................. 3
118 ouvidos

103 pacientes.

15pacientes com 2 ouvidos. 118 ouvidos.

Observamos que 28 ouvidos não foram operados e que dos operados não houve controle pós-operatório, em 21 ouvidos, e em 3, não figuram dados. Observamos ainda que em 4 casos se produziu um Colesteatoma pósMiringoplastia, o que não é recidiva.

Dos operados com controle, 45 casos não apresentaram recidivas.

Apresentaram recidivas:

12 ouvidos com uma só recidiva.

3 ouvidos com duas recidivas.

2 ouvidos com 3 recidivas.

Temos pois, 62 ouvidos operados e controlados, dos quais 45 não apresentaram recidivas e 17 apresentaram, o que dá a porcentagem mencionada antes. As intervenções que originaram a prevalente maioria das recidivas foram as do tipo fechado, o qual esta de acordo com a opinião geral dos otocirurgiões.

CONTROL E POS-OPERATORIO:


O controle pós-operatório de 59 pacientes:

0 - 6 meses ....................................................... 3

6 meses - 1 ano ................................................... 3

1 - 2 anos ........................................................ 3

2 - 3 anos ........................................................ 6

mais de 3 anos ..................................................... 29

não há controle pós-operatório ....................................... 15
59

O quadro anterior serve para assinalar a dificuldade no controle tardio destes pacientes, devido ao fato de que muitos são do interior do país ou do exterior, ou simplesmente são atendidos por seus médicos habituais, ou sentindo-se bem não voltam para controle, ou ao evoluir mal, consultam outro serviço.

NACIONALIDADE:

argentina .......................................................... 83

espanhola ......................................................... 5

polonesa .......................................................... 5

libanesa ........................................................... 1

norte-americana ..................................................... 1

boliviana .......................................................... 4

italiana ............................................................ 2

uruguaia .......................................................... 1

sem dados......................................................... 1

103 pacientes.

Destaca-se, como era de se esperar, uma enorme maioria de argentinos 83, e uma minoria de várias nacionalidades estrangeiras 20.

LOCAL DE RESIDÊNCIA:

Buenos Aires ...................................................... 71

Estados ........................................................... 25

Exterior ........................................................... 6

Sem dados ........................................................ 1

103 pacientes.

Igualmente como se devia esperar, 60% são habitantes da capital.

AUDIOMETRIA TOTAL;

Normal ........................... 2. 1
Transmissão ...... até 30 db ................ 12 . 9
mais 30 db . . . . . . . . . . . . . . . 36. 13
Mista ...... com trens até 30 db .............. 10. 4
com trens mais de 30 db . . . . . . . . 24. 10
Presbiacusia ......................... 2 .
Neurosensorial -
....................... 5 . 3
Anacusia ........................... 4 . 2
Impossível (Oligofrénico) ................. 1 .
Sem dados .......................... 22
118 ouvidos.

103 pacientes

15 pacientes com 2 ouvidos.

Destaca-se a importância do estudo audiométrico pré-operatório, para investigar as variações pós-operatórias. Em especial, destacamos o importante número de anacusias pré-operatórias, que, se não fossem submetidas á audiometria, sua origem poderia ser atribuídas á cirurgia.

Também se deve destacar o número bastante importante de hipoacusias mistas. A determinação do estado auditivo pré-operatório é fundamental para o prognóstico com respeito á probabilidade funcional pós-operatória.




* Professor Emérito da Faculdade de Medicina de Buenos Aires.
** Médico Otorrinolaringologista do Hospital Italiano de Buenos Aires.
***Médico Otorrinolaringologista do Hospital Infantil Joana de Gusmão - FPOLIS.

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