INTRODUÇÃO:O objetivo desta revisão sobre colesteatoma do ouvido médio foi estabelecer uma série de dados com base no estuda de casas vistos pessoalmente.
PREVALÊNCIA:
Para determinar a prevalência neste material de 56.500 pacientes de Otorrinolaringologia, desde 1930 até 1980, realizamos uma amostra de 6.640 pacientes, divididos em grupos de diferentes anos, mas sempre com uma antigüidade anterior a 1975.
Estabeleceu-se, assim, que nesses 6.640 pacientes encontraram-se 103 casos de Colesteatoma do ouvido médio, portanto proporcionalmente para os 56.500 pacientes da Clínica, levaria 876 casos de Colesteatoma.
As datas exatas dos grupos de pacientes examinados são:
16.000 - 17.000: 1ª consulta 20.02.1937 até 26.06.1944.
23.000 - 24.500: 1ª consulta 18.03.1948 até 13.04.1965.
47.000 - 49.000: 1ª consulta 12.06.1972 até 12.03.1974.
49.000 - 50.900: 1ª consulta 22.01.1974 até 30.12.1975.
GRÁFICO l
Há um ligeiro predomínio do sexo masculino.
Quanto á idade, os casos se apresentam bastante semelhantes, com predomínio de 31 a 40 anos.
GRÁFICO II
IDADE DE CONSULTA:
Dividindo os grupos em dezenas de idade, temos um quadro similar ao anterior, no qual novamente se destaca especialmente a prevalência do grupo entre 31 e 40 anos.
GRÁFICO III
Encontramos:
marginais ................................................. 25
aticais ...................................................... 38
centrais .....................................................25
totais, em radicalizados .....................................22
sem perfurações em pars tensa nas radicais conservadoras ....... 5
sem perfuração ............................................ 1
sem dados ................................................ 2
total................................................. 118 ouvidos
Estas perfurações provêm de:
103 pacientes:
unilaterais ....................................88
bilaterais..................................... 15
Se descartarmos os casos operados e os dois casos sem dados, observamos que 63 perfurações eram típicas de casos de Colesteatoma, ou seja, as marginais e aticais, e, surpreendentemente, encontramos 25 casos de perfuração central e um sem perfuração, cuja significação por si só não é típica de Colesteatoma.
Os radicalizados submetidos 8 operação por Colesteatomas voltaram à consulta por apresentar novamente supuração, com verdadeiras recidivas umas vezes e, outras, por enfermidade da cicatriz, dermatite exsudativa, descamativa, ulcerações, granulomas, osteites e tampões ceroepidérmicos ou epidérmicos.
Estes casos podem ser discutidos como não sendo de Colesteatoma atual, salvo uma minoria com real recidiva.
O caso sem perfuração pode-se interpretar como Colesteatoma de origem congênita.
GRÁFICO IV
Por outra parte, mostra que a maioria dos casos não tinham alterações tubáreas, que poderia ser fator da gênese do Colesteatoma ou de sua recidiva.
RADIOGRAFIAS:
Nos 29 casos, conserva-se o estudo radiológico. Nestes, encontra-se:
Imagem de Colesteatoma ....................................................25
Fístula do Canal Semicircular Externo ...................................4
Chama a atenção o número de fístulas do Canal Semicircular Externo, detectadas por este meio. Do ponto de vista clínico, encontramos o sinal da fístula positivo em um de cada dez casos.
Do ponto de vista da pneumatização, encontraram-se:
mastóides ebúrneas ...........................................9
mastóides diplóicas............................................3
mastóides pneumatizadas ..................................15
Devemos assinalar que as mastóides pneumatizadas eram em diversos graus e indicam uma perturbação da pneumatização e, por conseguinte, alterações estruturais da mucosa do ouvido médio, de acordo com os estudos de Witmack.
Nossos achados estariam dentro daquilo que é aceito como o atual, nos casos de Colesteatoma.
TIPO DE OPERAÇÃO:
O material de casos operados divide-se assim:
radical ............................................................... 37
radical e labirintectomia ...................................1
radical conservadora ...................................................9
antroaticotomia ............................................................8
revisão de cavidade radical.......................................... 2
Colesteatomectomia com timpanoplastia simultânea .................36
timpanoplastia 2° tempo ........................................... 26
Miringoplastias pós perfurações em tempo ulterior....................6
13 pacientes com 2 ouvidos operados.
Realizaram-se 57 intervenções de corte clássico ou, como se diz atualmente, "abertas" e 62 intervenções de tipo "fechada".
Como já estabelecemos abaixo:
62 ouvidos sem recidiva 45 ......................................74,19%
com recidiva 17 ................................................25,81%
É um número muito importante de recidivas, e devido especialmente ás técnicas fechadas com Timpanoplastias simultâneas.
GRÁFICO V
ESTADO NASAL NESTEMATERIAL:
Insuficiência Alar ................................................... 1
Vegetações ........................................................ 3
Desvio do Septo ................................................... 16
Sinusite ........................................................... 6
Alergia ............................................................ 6
Normal. .......................................................... 46
Sem dados ...................................................... 27
103 pacientes
105 características
Como vemos, de 105 alterações encontradas nos 103 pacientes (em 2 ocasiões, houve 2 alterações em cada paciente).
Em 32 pacientes, encontraram-se alterações que teriam uma real influência, seja por infecção, seja por obstrução tubárea, o que representa 31,06% e, por conseguinte, como é clássico, a importância do exame rinológico e tratamento adequado, se possível, prévio ao tratamento do Colesteatoma.
ESTADO TUBÁREO E COLESTEATOMA:
O estado de permeabilidade tubárea foi estabelecido em 55 pacientes dos quais:
foram normais ..................................................... 47
com alterações tubáreas obstrutivas................................... 8
abertura permanente ................................................ 1
Isto assinala a necessidade de determinar o estudo tubáreo, especialmente se pensamos em realizar uma Timpanoplastia simultânea à Colesteatomectomia.
RECIDIVAS:Este é um dos pontos mais importantes e mais variáveis dentro da quantidade de variações da técnica cirúrgica.
Apesar do número relativamente escasso deste grupo de observações, ele nos permite concluir, coincidindo com a maioria dos autores, que o tipo de intervenção que é menos sujeita a recidiva é a clássica operação radical, ou seja, a
Colesteatomectomia "aberta", como é comum designar atualmente.
No quadro seguinte, dividimos os 118 ouvidos controlados.
Colesteatoma pós Miringoplastia .............................. 4
Não operados .............................................. 28
Operados sem controle ...................................... 21
Operados sem recidiva ....................................... 45
Operados com recidiva:
1°.........................................................12
2°......................................................... 3
3°......................................................... 2
Sem dados ................................................. 3
118 ouvidos
103 pacientes.
15pacientes com 2 ouvidos. 118 ouvidos.
Observamos que 28 ouvidos não foram operados e que dos operados não houve controle pós-operatório, em 21 ouvidos, e em 3, não figuram dados. Observamos ainda que em 4 casos se produziu um Colesteatoma pósMiringoplastia, o que não é recidiva.
Dos operados com controle, 45 casos não apresentaram recidivas.
Apresentaram recidivas:
12 ouvidos com uma só recidiva.
3 ouvidos com duas recidivas.
2 ouvidos com 3 recidivas.
Temos pois, 62 ouvidos operados e controlados, dos quais 45 não apresentaram recidivas e 17 apresentaram, o que dá a porcentagem mencionada antes. As intervenções que originaram a prevalente maioria das recidivas foram as do tipo fechado, o qual esta de acordo com a opinião geral dos otocirurgiões.
CONTROL E POS-OPERATORIO:
O controle pós-operatório de 59 pacientes:
0 - 6 meses ....................................................... 3
6 meses - 1 ano ................................................... 3
1 - 2 anos ........................................................ 3
2 - 3 anos ........................................................ 6
mais de 3 anos ..................................................... 29
não há controle pós-operatório ....................................... 15
59
O quadro anterior serve para assinalar a dificuldade no controle tardio destes pacientes, devido ao fato de que muitos são do interior do país ou do exterior, ou simplesmente são atendidos por seus médicos habituais, ou sentindo-se bem não voltam para controle, ou ao evoluir mal, consultam outro serviço.
NACIONALIDADE:
argentina .......................................................... 83
espanhola ......................................................... 5
polonesa .......................................................... 5
libanesa ........................................................... 1
norte-americana ..................................................... 1
boliviana .......................................................... 4
italiana ............................................................ 2
uruguaia .......................................................... 1
sem dados......................................................... 1
103 pacientes.
Destaca-se, como era de se esperar, uma enorme maioria de argentinos 83, e uma minoria de várias nacionalidades estrangeiras 20.
LOCAL DE RESIDÊNCIA:
Buenos Aires ...................................................... 71
Estados ........................................................... 25
Exterior ........................................................... 6
Sem dados ........................................................ 1
103 pacientes.
Igualmente como se devia esperar, 60% são habitantes da capital.
AUDIOMETRIA TOTAL;
Normal ........................... 2. 1
Transmissão ...... até 30 db ................ 12 . 9
mais 30 db . . . . . . . . . . . . . . . 36. 13
Mista ...... com trens até 30 db .............. 10. 4
com trens mais de 30 db . . . . . . . . 24. 10
Presbiacusia ......................... 2 .
Neurosensorial -
....................... 5 . 3
Anacusia ........................... 4 . 2
Impossível (Oligofrénico) ................. 1 .
Sem dados .......................... 22
118 ouvidos.
103 pacientes
15 pacientes com 2 ouvidos.
Destaca-se a importância do estudo audiométrico pré-operatório, para investigar as variações pós-operatórias. Em especial, destacamos o importante número de anacusias pré-operatórias, que, se não fossem submetidas á audiometria, sua origem poderia ser atribuídas á cirurgia.
Também se deve destacar o número bastante importante de hipoacusias mistas. A determinação do estado auditivo pré-operatório é fundamental para o prognóstico com respeito á probabilidade funcional pós-operatória.
* Professor Emérito da Faculdade de Medicina de Buenos Aires.
** Médico Otorrinolaringologista do Hospital Italiano de Buenos Aires.
***Médico Otorrinolaringologista do Hospital Infantil Joana de Gusmão - FPOLIS.