Ano: 1992 Vol. 58 Ed. 4 - Outubro - Dezembro - (1º)
Seção: Artigos Originais
Páginas: 235 a 248
Vetoeletronistagmografia: Análise das freqüências e limiares dos nistagmos verticais à prova rotatória pendular decrescente.
Vectoelectronystagmography: Analyses of the frequencies and threshold of the vertical nystagmus to the decrescent rotatory pendular test.
Autor(es):
Colafêmina, J. F.*,
Grellet, M.**
Palavras-chave: vetoeletronistagmografia: freqüências e limiares dos canais semicirculares verticais, prova rotatória decrescente
Keywords: vectoelectronystaginography: frequencies and threshold of the nystagmus vertical, decrescent rotatory pendular test
Resumo:
Os autores estudaram 2 grupos de indivíduos, jovens e adultos considerados normais.
Verificamos que não houve diferenças significativas entre os dois grupos etários na avaliação das respostas dos canais semicirculares à prova rotatória pendular decrescente.
Houve diferenças na avaliação dos limiares de respostas nistagmicas dos canais semicirculares horizontais em relação aos verticais.
Abstract:
The authors studied two groups of individuals, young and adults considered as normal.
We verified that there were no significative differences between then two groups when avaliated in relation to the response of the semicircular canals by the decrescent rotatory pendular test.
There were differences in the avaliationof the threshold of the nystagmus responses of the horizontal canals in relation to the responses of the vertical canals.
INTRODUÇÃO
As funções dos canais semicirculares são mais comumente estudadas no homem, com estimulações calóricas ou rotatórias. A estimulação calórica em um ouvido ativa simultaneamente todos os três canais semicirculares naquele lado, embora a resposta do canal horizontal freqüentemente predomine.
Quando ambos os ouvidos são simultaneamente estimulados com água quente ou fria, as respostas dos canais laterais são mutuamente inibidos e é induzido um nistagmo vertical (Barany, 1907). Na estimulação rotatória ambos os ouvidos são afetados.
Quando estimulamos, por exemplo, os canais semicirculares horizontais há um sinergismo funcional entre esses dois canais e uma ativação-inibidora dos músculos extraoculares coplanares a estes canais horizontais. Os músculos reto medial e lateral de ambos os olhos são ativados originando os deslocamentos horizontais dos olhos (Szentagothai, 1950).
Geometricamente uma mesma distribuição da ação dos músculos oculares aplicados aos canais verticais. Há um detalhe anatômico destes arranjos dos paralelismos dos canais semicirculares e músculos extra-oculares, isto é, esses canais estão orientados diagonalmente em relação ao plano sagital do crânio sinergismo diagonal (Löwestein e Sand, 1940). O canal anterior esquerdo rica paralelo ao canal posterior direito. Esses dois canais operam de maneira similar aos canais horizontais.
Um dos sinais que demonstra grande sensibilidade, no topodiagnóstico de lesões do sistema nervoso central é a abolição do nistagmo rotatório e/ou vertical quando da estimulação dos canais semicirculares verticais e as respectivas vias no sistema nervoso central onde o nistagmo horizontal está preservado segundo Eagleton, 1923; Aubry e Pialaux, 1957, 1960, 1973 e Cruz, 1962, 1965. Esse estudo foi inicialmente realizado através de prova rotatória de Barany (1907). O valor do topodiagnóstico da avaliação do nistagmo rotatório só é válido se a mesma ocorre à prova rotatória (nos dois sentidos de rotação) e à prova calórica à estimulação binaural. Esse achado é conhecido como sinal de Eagleton ou sinal de Aubry.
Colafemina e Grellet, 1987, 1988 utilizaram o registro dos movimentos oculares através da vetoeletronistagmografia, para estudar o nistagmo oblíquo pela estimulação dos canais verticais à prova rotatória pendular decrescente.
Pausini e Padovan, 1969, Padovan e Pausini, 1972, introduziram a vetoeletronistagmografia e padronizaram o registro dos movimentos oculares, permitindo gravar os nistagmos verticais, avaliar a velocidade angular da componente lenta e a análise da excitabilidade desses canais.
MATERIAL E MÉTODO
Este trabalho foi realizado na Disciplina de Otorrinolaringologia do Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, em 20 indivíduos considerados normais, sem queixas otorrinolaringológicas e nem otoneurológicas.
Esses indivíduos foram subdivididos em dois grupos etárias de 18 a 30 anos e de 31 a 65 anos de idade. Empregamos o estimulador pendular Ototest-Alvar Eletronic.
Para a identificação dos registros oculares utilizamos as mesmas técnicas descritas por Ganança e Mangabeira Albernaz que difere das técnicas de Padovan e Pausini que utilizaram eletrodios bipolares.
Representação esquemática do nistagmo vertical inferior pela estimulação bilateral dos canais semicirculares anteriores direita e esquerdo.
CALIBRAÇÃO
Obedecendo as normas de convenção de Amsterdam, 1953 e do 11 Simpósio Internacional de Genebra, 1960, os movimentos horizontais do globo ocular para a direita teriam inscrição para cima (correspondente a uma amplitude de 10 mm) e para esquerda a inscrição seria para baixo com a mesma amplitude. Para os movimentos oculares verticais superiores a pena de inscrição se movimentaria para cima e para as verticais inferiores a pena de inscrição terá seu movimento para baixo.
A vetoeletronistagmografia é constituída de três derivações. A derivação I registra os movimentos horizontais dos olhos. As derivações II e III captam os movimentos verticais, oblíquos e rotatórios dos olhos.
Nas derivações II e III a amplitude dos movimentos verticais terá um ganho correspondente à metade do valor da derivação I.
A pesquisa do nistagmo vertical e os seus limiares é reduzida cote o paciente sentado com a cabeça inclinada lateralmente sobre o ombro, ficando assim os canais verticais horizontalizados. Temos então a possibilidade de estimulação simultânea das dos canais superiores e posteriores conforme o sentido anti-horário e horário da cadeira rotatória pendular.
É observado com o paciente sentado, a cabeça inclinada lateralmente sobre o ombro, ficando assim os canais verticais horizontalizados. Temos, então, a possibilidade de estimulação simultânea dos dois canais superiores e dos dois posteriores conforme o sentido anti-horário e horário da cadeira pendular.
Com a cabeça lateralizada à direita, estimulamos simultaneamente os canais semicirculares superiores, no sentido anti-horário, e os canais posteriores, no sentido horário.
No sentido anti-horária estimulamos os canais superiores direito e esquerdo, ternos assim, uma elevação lenta de ambos os globos oculares com uma compensação rápida para baixo, originando uma resposta vertical inferior. Nas três derivações, teríamos a seguinte representação (Fig. 1).
FIGURA 1- Representação esquemática do nistagmo vertical inferior pela estimulação bilateral dos canais semicirculares anteriores direito e esquerdo.
Vemos assim que, nesta posição, temos a movimentação do globo ocular perpendicular à derivação I e, portanto, a projeção destes movimentos nesta derivação é um ponto.
No sentido horário estimulamos ambos os canais posteriores devido a uma corrente endolinfática ampulífuga, originando uma resposta nistágmicavertical para cima (Fig. 2).
Com a cabeça lateralizada à esquerda, estimulamos simultaneamente os canais semicirculares posteriores, no sentido anti-horário, e os canais superiores, no sentido horário.
A representação esquemática, quando estimulamos os rurais posterior direito e posterior esquerdo, resultando assim um nistagmo vertical para cima, com movimentos dos globos oculares nas derivações II e III e com um ponto na derivação 1 devido à projeção perpendicular nesta derivação, está representada na figura 3.
FIGURA 2- Representação esquemática do nistagmo vertical superior pela estimulação bilateral dos canais semicirculares posteriores direito e esquerdo.
No sentido horário, estimulamos assim os canais superiores direito e esquerdo devido a corrente endolinfática ampulífuga resultando em um nistagnio vertical com projeções nas duas derivações II e III e, sendo perpendicular à derivação I, teríamos um ponto nesta derivação (Fig. 4).
RESULTADO
Na avaliação do nistagmo vertical, pela vetoeletronistagmografia, teremos as respostas nistágmicas registradas nas derivações II e III. Quando obtivermos nistagmo vertical puro, não aparecendo a sua projeção na derivação I, por ser perpendicular a esta, não teremos registro do nistagmo.
A. Análise das freqüências do nistagnio vertical pela estimulação dos canais verticais superior direito (SD), superior esquerdo (SE) e posterior direito (PD), posterior esquerdo (PE), com a cabeça lateralizada à direita em jovens (18 a 30 anos de idade).
Com a cabeça lateralizada à direita, estimulamos no sentido antí-horário os canais superior direito (SD) e superior esquerdo (SE), dando um nistagmo vertical para baixo e, no sentido horário teremos a estimulação dos canais posterior direito (PD) e posterior esquerdo (PE).
As respostas nistágmicas verticais, obtidas quando os canais superior direito (SD) e superior esquerdo (SE) são submetidos à estimulação anti-horária e os canais posterior direito (PD) e posterior esquerdo (PE) são excitados, quando o sentido é horário estão representados na Tabela I.
Representação gráfica das freqüências e limiares do nistagmo vertical inferior, pela estimulação anti-horária, dos canais superior direito (SD) e superior esquerdo (SE), com a cabeça lateralizada à direita nas acelerações de 18°/S2, 14°/S2, 10°/S2, 6°/S2 e 4°/S2, obtidos nas derivações II e III, em jovens (18 a 30 anos de idade), pode ser verificada na Figura 5.
Representação gráfica das freqüências e limiares do nistagmo vertical superior, pela estimulação horária dos canais posterior direito (PD) e posterior esquerdo (PE), com a cabeça lateralizada à direita, nas acelerações de 18°/S2, 14°/S2, 10°/S2, 6°/S2 e 4 °/S2 obtidos nas derivações II e III, em jovens (18 a 30 anos de idade), pode ser observada na Figura 6.
FIGURA 3- Representação esquemática do nistagmo vertical superior pela estimulação bilateral dos canais semicirculares posteriores direito e esquerdo.
FIGURA 4- Representação esquemática vertical inferior pela estimulação bilateral dos canais semicirculares anteriores direito e esquerdo.
Análise das freqüências do nistagmo vertical pela estimulação dos canais semicirculares superior direito (SD) e superior esquerdo (SE), posterior direito (PD) e posterior esquerdo (PE), com a cabeça lateralizada à direita em adultos (31 a 65 anos de idade).
As respostas de freqüências nistágmicas pela estimulação anti-horária dos canais superior direito (SD) e superior esquerdo (SE), e no sentido de estimulação horária dos canais semicirculares posterior direito (PD) e posterior esquerdo (PE), nas derivações II e III, estão representadas na Tabela II.
Análise das freqüências nistágmicas dos canais verticais superior direito (SD) e superior esquerdo (SE), cabeça lateralizada à direita, no sentido anti-horário.
No sentido anti-horário, estimulamos ambos os canais semicirculares anteriores com resposta nistágmica vertical para baixo. A representação gráfica das freqüências e limiares de respostas nistágmicas, nas acelerações de 18°/S2, 14°/S2, 10°/S2, 6°/S2 e 4°/S2, está representada na Figura 7.
Análise das freqüências nistagmicas dos canais verticais posterior direito (PD) e posterior esquerdo (PE), cabeça lateralizada à direita no sentido de rotação-horária.TABELA I- Respostas de freqüência nistagmicas nas derivaçãos II e III, pela estimulação dos canais semicirculares com a cabeça lateralizada à direita, na estimulação anti-horária do cana superior direito (SD) e superior esquerdo (SE) e, horária para os canais posterior direito (PD) e posterior esquerdo (PE).
FIGURA 5- Representação gráfica das freqüências e limiares do nistagmo vertical, com a cabeça lateralizada à direita, pela estimulação no sentido anti-horário, dos canais S.D e S.E, em jovens (18 a 30 anos de idade).
FIGURA 6- Representação gráfica das freqüências e limiares do nistagmo vertical com a cabeça lateralizada à direita, pela estimulação no sentido horário, dos canais semicirculares P.D e P. E., em jovens (18 a 30 anos de idade).
TABELA II- Respostas de freqüências do nistagmo vertical, com a cabeça lateralizada, pela direita, pela estimulação dos canais semicirculares S.D. e S. E., P.D. e P. E. nas alterações de 18° /s², 14°/s², 10°/s², 6°/s² e 4°/s² em adultos (31 a 65 anos de idade).
FIGURA 7- Representação gráfica das freqüências e limiares do nistagmo vertical, com a cabeça lateralizada à direita, pela estimulação no sentido anti-horário, dos canais semicirculares S.D. e S. E., em adultos (31 a 65 anos de idade).
FIGURA 8- Representação gráfica das freqüências e limiares do nistagmo vertical, com a cabeça lateralizada à direita, pela estimulação no sentido anti-horário dos canais semicirculares S.D e S.E., em adultos (31 a 65 anos de idade).
Obtivemos no sentido de estimulação, uma resposta de freqüência nistágmica para cima, nas acelerações de 18°/S2, 14°/S2, 10°/S2, 6°/S2 e 4°/S2 e seus limiares cuja representação gráfica encontra-se na Figura 8.
B. Análise das freqüências nistágmicas dos canais verticais posterior direito (PD) e posterior esquerdo (PE), no sentido anti-horário, com a cabeça lateralizada à esquerda, em jovens (18 a 30 anos de idade).
Lateralizando-se a cabeça para a esquerda, a estimulação no sentido anti-horário será para os canais semicirculares posterior direito (PD) e posterior esquerdo (PE), com resposta nistágmica vertical para cima, e, no sentido horário, teremos a estimulação dos canais semicirculares superior direito (SD) e superior esquerdo (SE), com resposta nistágmica para baixo.
As respostas de freqüências nistágmicas nas derivações II e III, no sentido de estimulação anti-horária dos canais semicirculares posterior direito e posterior esquerdo e no sentido horário, dos canais semicirculares superior direito e superior esquerdo, estão relacionadas na Tabela III.
Análise das freqüências e limiares do nistagmo vertical, pela estimulação dos canais semicirculares posterior direito (PD) e posterior esquerda (PE), no sentido de estimulação anti-horária, em jovens.TABELA III- Respostas de freqüência nistágmica com a cabeça lateralizada á esquerda, nas respectivas acelerações em jovens (18 a 30 anos de idade), pela estimulação bilateral dos canais semicirculares superior direito (SD) e superior esquerdo (SE), e posterior direito (PD) e posterior esquerdo (PE).
FIGURA 9- Representação gráfica das freqüências e limiares do nistagmo vertical, com a cabeça lateralizada à esquerda, pela estimulação no sentido anti-horário dos canais semicirculares P.D. e P.E., em jovens (18 a 30 anos).
As respostas das freqüências nistágmicas, nas derivações II 2 III, nas respectivas acelerações de 18°/S2, 14°/S2, 10°/S , 6-/S2 e 4°/S , estão graficamente representadas (figura 9).
Análise das freqüências e limiares do nistagmo vertical, pela estimulação dos canais semicirculares superior direito (SD) e superior esquerdo (SE) no sentido de estimulação horária, em jovens.
No sentido horário, estimulamos os canais semicirculares superior direito (SD) e superior esquerdo (SE), com uma resposta nistágmica para baixo. Os respectivos valores das freqüências nistágmicas e limiares nos grupos estudados, estão graficamente representados (figura 10).
Análise das freqüências e os limiares do nistagmo vertical, pela estimulação anti-horária dos canais semicirculares posterior direita (PD) e posterior esquerdo (PE), e, no sentido horário dos canais semicirculares superior direito (SD) e superior esquerdo (SE), com cabeça lateralizada à esquerda, em adultos (31 a 65 anos de idade).
Analisando-se agora o grupo de indivíduos adultos, na estimulação simultânea dos canais verticais P. D. e P. E. e das canais S. D. e S. E., no sentido anti-horário e horário, com a cabeça lateralizada à esquerda, obtivemos os seguintes valores de freqüências nistágmicas (tabela IV).
Análise das freqüências e os limiares do nistagmo vertical, pela estimulação anti-horária dos canais posterior direito (PD) e posterior esquerdo (PE) (31 a 65 anos de idade).
As seguintes respostas de frequências nistágmicas foram obtidas neste grupo estudado, na Prova Rotatória Pendular Decrescente, conforme gráfico abaixo, nas acelerações de 18°/S2, 14°/S2, 10°/S2, 6°/S2 e 4°/S2 até seus limiares (Figura 11).
Análise das freqüências e os limiares do nistagmo vertical, pela estimulação horária dos canais superior direito (SD) e superior esquerdo (SE) (31 a 65 anos de idade).
Com a cabeça lateralizada à esquerda, quando a cadeira gira no sentido horário, temos a estimulação dos canais semicirculares anteriores bilateralmente, com resposta nistágmica para baixo. Às seguintes respostas de freqüências nistágmicas foram observadas neste gruo, nas acelerações de 18°/S2, 14°/S2, 10°/S2, 6°/S2 e 4°/S², até seus limiares (Figura 12).
Análise estatística do nistagmo vertical, com a cabeça lateralizada à direita, peia método de Wilcoxon.
Com o objetivo de avaliarmos as diferenças entre grupos de jovens e adultos, nas respostas de freqüências nistágmicas, nas respectivas acelerações, através do método de Wilcaxan, obtivemos diferenças estatisticamente não significativas entre os grupos analisados (Tabela V).
Não havendo diferenças estatisticamente significativas entre grupo de jovens e adultos, na avaliação do nistagmo vertical com a cabeça lateralizada à direita, a representação gráfica da mediana e as respectivas variabilidades obtidas nas derivações II e III, nas acelerações já referidas, foram determinadas. (Figura 13).
Análise estatística do nistagmo vertical, com a cabeça lateralizada à esquerda, pelo método de Wilcoxon, entre jovens e adultos.
Comparando-se ambos os grupos de jovens e adultos, pelo método estatística de Wilcoxon, nas respostas de freqüências nistágmicas nas acelerações já mencionadas, verificamos que não houve diferenças significativas entre eles (Tabela V).
Apenas na valor da aceleração de 4°/S2, no sentido horário, na derivação II, houve diferença significativa estatisticamente, sendo que na mesma aceleração, na derivação III, essa diferença não ocorreu. Passamos então a considerá-las como um grupo único, representando graficamente os valores da mediana e da variabilidade nas freqüências nistágmicas e nas acelerações anteriormente mencionadas (Figura 14).
FIGURA 10- Representação gráfica das freqüências e limiares do nistagmo vertical, com a cabeça lateralizada à esquerda, pela estimulação no sentido horário, dos canais semicirculares S.D. e S. E., em jovens (18 a 30 anos de idade).
TAVELA IV- Resposta de frequencia nistagmica com a cabeça lateralizada à esquerda, nas respectivas acelerações, pela estimulação bilateral dos canais semicirculares P.D. P.E. e S.D., S.E., em adultos (31 a 65 anos de idade).
FIGURA 11- Representações gráfica das freqüências e limiares do nistagmo vertical, com a cabeça lateralizada à esquerda, pela estimulação no sentido anti-horário dos canais semicirculares P.D e P.E., em aduLtos (31 a 65 anos de idade).
FIGURA 12- Representação gráfica das freqüências e limiares do nistagmo vertical, com a cabeça lateralizada à esquerda, pela estimulação no sentido horário dos canais semicirculares S.D. e S.E, em adultos (31 a 65 anos de idade).
TABELA V- Análise estatística pelo método de Wilcoxon, na verificação de diferenças entre os valores de respostas nistagmicas em jovens e adultos, no estudo do nistagmo vertical, com a cabeça lateralizada à direita.
FIGURA 13- Representação gráfica vertical, a cabeça lateralizada à direita das medianas e variabilidade nas derivações II e III, nos sentidos de estimulações anti-horária e horária, nas respectivas acelerações.
TABELA VI- Análise estatística pelo método de Wilcoxon, na verificação de diferenças entre os valores de repostas nistagmicas, em jovens e adultos, no estudo vertical, com a cabeça lateralizada à esquerda.
FIGURA 14- Representação gráfica do nistagmo vertical, cabeça lateralizada à esquerda, das medianas e variabilidades nas derivações II e III, nos sentidos de estimulações anti-horária e horária, nas respectivas acelerações.
DISCUSSÃO
Embora Arslan (1955) utilize na obtenção desse tipo de nistagmo vertical, a cadeira estimulatória de Tonnies pelo método de Buys Fischer, trata-se de um procedimento não fisiológico, sendo que a estimulação através do plano do canal semicircular é a preferível (Jongkecs e Hulk, 1950). Segundo Löwenstein e Sand (1940), a atividade integrada dos canais semicirculares, inclinando a cabeça para o lado, é acompanhada pelo assim chamado desvio vertical do olho, que é realizado principalmente pela ação dos músculos do olho, o reto superior e inferior.
Quando estimulamos os dois canais semicirculares verticais anteriores, um desvio conjugado com elevação de ambos os olhos é observado com uma componente rápida para baixo. Entretanto, com a estimulação de ambos os canais verticais posteriores, ocorre um desvio ocular conjugado dos olhos para baixo, com uma resposta nistágmica para cima. Nas provas rotatórias não pendulares, o nistagmo vertical pós-rotatório apresenta-se com pequena duração, em média de 8 a 10 segundos. A vertigem é violenta, o nistagmo vertical apresenta-se com uma duração menor do que a dos canais semicirculares horizontais. Arslan (1955) estudando 30 indivíduos normais em provas rotatórias, encontrou valores médios para a duração do nistagmo pós-rotatório com a cabeça lateralizada para a direita, de 14,5 segundos e com a cabeça lateralizada à esquerda, encontrou uma média de 19 segundos. Valores estes, para a duração do nistagmo dos canais verticais, que são menores que a duração dos canais semicirculares horizontais.
Aschan e Stalile (1956) na avaliação cupulométrica em pombos, comparando os valores do nistagmo vertical, obtidos com a cabeça lateralizada para a direita, em relação com os do nistagmo vertical obtidos com a cabeça lateralizada para a esquerda, não verificaram diferenças significativas do nistagmo vertical para ambas as posições lateralizadas da cabeça.
Collins e Guedry (1967) observaram as respostas nistágmicas dos canais semicirculares horizontais e dos canais semicirculares verticais em gatos e homens, verificando que a resposta nistágmica primária e a secundária apresentavam-se com valores maiores para os canais horizontais em relação aos verticais.
Na prova rotatória pendular decrescente, quando lateralizamos a cabeça para a direita, no sentido de estimulação anti-horária, estimulamos os canais semicirculares superiores direito e esquerdo e temos uma corrente endolinfática ampulófuga para esses canais, ocorrendo então uma hiper-estimulação e elevação de ambos os globos oculares, com uma resposta nistágmica para baixo. No sentido de estimulação horária, ambos os canais semicirculares posteriores teriam uma corrente endolinfática ampulófuga, levando a uma hiper-estimulação destes, ocorrendo a depressão de ambos os globos oculares, com uma resposta nistágmica para cima. Através da vetoeletronistagmografia, no registro do nistagmo vertical, a projeção dos movimentos dos globos oculares ocorreria nas derivações II e III e apenas um ponto na derivação I, tratando-se de um nistagmo vertical puro. Quando ocorrer um nistagmo vertical com alguma inclinação, poderemos também registrar uma resposta nistágmica na derivação I, com uma pequena amplitude. Quando a cabeça está lateralizada à direita, a leitura das respostas de freqüências nistágmica de ambos os sentidos de estimulação, horária e anti-horária, é sempre de registros com valores da amplitude maiores na derivação II que os valores da amplitude na derivação III. Quanta à resposta nistágmica obtida pela estimulação dos canais superior direito e superior esquerdo, através da análise das freqüências encontradas a 18°/S2, obtivemos os valores extremos de 11 a 24 batimentos no semi-período anti-horário, a mediana foi de 19 batimentos e a variabilidade de 4 batimentos. No sentido horário, os canais posterior direito e esquerdo foram estimulados, obtendo-se uma resposta nistágmica de componente rápida para cima, cujos valores das freqüências extremas foram de 12 a 32 batimentos, com uma mediana de 18 batimentos e a variabilidade de 16 batimentos. Analisando-se as outras acelerações angulares até 4°/S2, também havia simetria da resposta nistágmica dos canais semicirculares anteriores e posteriores.
Com a cabeça lateralizada para a esquerda, a avaliação do nistagmo vertical per-rotatório realizada com a estimulação anti-horária dos canais posteriores direito e esquerdo, mostrou resposta nistágmica com uma componente rápida para cima e, no sentido horário, estimulamos os canais superiores direito e esquerdo, com resposta nistágmica para baixo; nesta posição da cabeça, os valores de maior amplitude e freqüência da resposta nistágmica ocorrem na derivação 1II, cujos valores extremos das freqüências de respostas nistágmicas dos canais semicirculares posterior direito e esquerdo, no sentido anti-horário, foram de 12 a 22 batimentos, com mediana de 18 batimentos e a variabilidade de 8 batimentos. Na estimulação horária dos canais semicirculares superiores direito e esquerdo, os valores extremos das respostas de freqüências nistágmicas foram de 15 a 27 batimentos, com uma mediana de 21 batimentos e a variabilidade de 5 batimentos, obtidos através da derivação III.
Comparando-se os resultados obtidos entre as respostas de freqüências nistágmicas dos canais semicirculares posteriores, simultaneamente, num sentido de estimulação da cadeira e os anteriores no outro, verificamos que não houve diferença significativa entre elas. O mesmo ocorreu, quando lateralizamos a cabeça para a direita ou para a esquerda, fato este também observado por Aschan e Stahle (1956). Estas conclusões foram obtidas nas respostas de freqüências nistágmicas per-rotatórias nas demais acelerações realizadas com a cabeça para a direita e à esquerda.
Portanto, discordamos de alguns autores que observaram diferenças estatisticamente significativa entre as respostas nistágmicas dos canais verticais, que se apresentaram com valores menores em relação às respostas nistágmicas dos canais horizontais (Arslan, 1955; Aschan e Stahle, 1956). Concordamos com os valores obtidos por Jongkees (1953), ao afirmar que não havia diferenças electronistagmográficas no homem, observando-se a duração da resposta nistágmica e a sensação de rotação entre as respostas nistágmicas obtidas quando se estimulam os canais semicirculares verticais em seu plano e as obtidas pela estimulação dos canais semicirculares horizontais.
Em nossos trabalhos, verificamos que não houve diferença significativas, quando comparamos as respostas nistágmicas dos canais semicirculares superiores direito e esquerdo dos canais semicirculares posteriores direito e esquerdo, com a cabeça lateralizada à direita e à esquerda, havendo, portanto, simetria nas respostas nistágmieas dos canais verticais superiores e posteriores nas acelerações avaliadas, quanto à resposta de freqüências nistágmicas. Este fato, também é observado quando estimulamos os canais verticais isoladamente, com a cabeça 60° para trás e 45° para a direita e/ou esquerda, obtendo-se um nistagmo oblíquo. Havia simetria das respostas nistágmicas no sentido diagonal, isto é, superior direito com o posterior esquerdo e o superior esquerdo com o posterior direito, em todas as acelerações avaliadas. Os valores das freqüências de respostas nistágmicas obtidas pela estimulação, com a cabeça fletida a 30° dos canais semicirculares horizontais não diferiram das respostas de freqüências nistágmicas dos canais verticais, nem pela estimulação isolada.
Em um único caso, quando mandamos o examinando colocar a cabeça lateralizada para a esquerda, para estimulação simultânea dos canais verticais anteriores e posteriores, ao invés de obtermos um nistagmo vertical, tivemos a ocorrência de um nistagmo rotatório (5%); isto deve ter ocorrido devido ao mau posicionamento da cabeça não lateralizada adequadamente. Tratava-se de um indivíduo com idade mais avançada no grupo, com dificuldade de movimento da cabeça e daí a não estimulação bilateral dos canais semicirculares verticais, simultaneamente, devendo ter ocorrido uma estimulação do tipo lateral, isto é, do canal, semicircular anterior e posterior do mesmo lado e não uma estimulação transversal: canais superiores direito e esquerdo ou posterior direito e esquerdo.
Ao compararmos os valores das medianas nas derivações II e III e as respectivas variabilidades de respostas de freqüências nistágmicas, verificamos que não havia diferenças estatisticamente significativas entre si, ao lateralizarmos a cabeça para a direita em relação com os valores obtidos com a cabeça lateralizada para a esquerda. Quanto aos valores dos limiares de respostas nistágmicas da aceleração angular, houve diferenças estatisticamente significativas, quando comparamos os limiares de respostas nistágmicas dos canais semicirculares superiores e posteriores, com os valores dos limiares de respostas nistágmicas dos canais semicirculares horizontais, análise esta efetuada pelo método estatístico através de valores pareados em testes não paramétricos, segundo a técnica de Wilcoxon, cuja representação gráfica foi anteriormente analisada.
CONCLUSÕES
Estudamos vinte indivíduos, considerados normais, no Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da U.S.P., na Disciplina de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, Setor de Otoneurologia.
Nossos estudos permitem avaliar os distúrbios decorrentes nas cristas ampolares do canais semicirculares horizontais e/ou verticais e conseqüentemente mostrar as diferenças do comportamento da compensação central que ocorre rápida e freqüentemente nos canais semicirculares horizontais e, mais prolongadamente, ou não ocorre nos canais verticais.
Com o estudo da vetoeletronistagmografia, podemos concluir:
o Na análise dos nistagmos verticais, obtidos com a cabeça lateralizada à direita e à esquerda, não houve diferenças significativas na avaliação das respostas de freqüências nistágmicas desses valores, comparados entre si, lias derivações II e III da vetoeletronistagmografia;
o Os valores das respostas de freqüências nistágmicas pela estimulação simultânea de ambos os canais verticais (estimulação transversal) foram idênticos aos das respostas nistágmicas horizontais, obtidos pela estimulação dos canais semicirculares laterais;
o Diferenças significativas ocorreram entre os valores dos limiares de aceleração de respostas nistágmicas verticais e os valores dos limiares de aceleração de resposta nistágmica horizontal;
o A variabilidade das respostas das freqüências nistágmicas dos canais verticais, que estimuladas isoladas ou simultaneamente, é maior quando comparadas com os canais horizontais;
o Não houve diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos etários estudados na avaliação das respostas de freqüências nistágmicas verticais.
Não houve fenômenos da habituação devido às estimulações consecutivas dos canais verticais, que são bem mais difíceis de se habituarem quando comparados com os valores das respostas dos canais horizontais
BIBLIOGRAFIA
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* Professor Assistente Doutor do Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP.
** Professor Associado do Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP.
Trabalho realizado no Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP.
Trabalho apresentado como Tema Livre na VIII Reunião da Sociedade Brasileira de Otologia Pousada do Rio Quente, GO. 1989.
Endereço dos Autores: Departamento de Otorrinolaringologia - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP - Campus de Ribeirão Preto - SP - CEP 14.009