Atendi uma paciente com diagnóstico de ozena. Qual a conduta nestes casos? Marcos Andrade - SP
Autor(es): Dr. Humberto Afonso Guimarães - Belo Horizonte/ MG
Inicialmente o diagnóstico deverá ser confirmado através de exame otorrinolaringológico completo, onde não pode faltar uma história bem tomada, biópsia da mucosa nasal, exame por imagem das cavidades paranasais e exames laboratoriais para afastar sífilis, lepra, difteria, tuberculose e outras doenças granulomatosas.
A ozena é uma doença crônica caracterizada por atrofia progressiva da mucosa nasal e osso subjacente. Ela provoca no nariz odor fétido, crostas verdes-amareladas e cavidades nasais alargadas.
A etiologia permanece desconhecida, apesar da existência de teorias como a da hereditariedade, a infecciosa, a endocrinológica, a nutricional, a vasomotora e as imunológicas. Este fato gerou uma variedade de tratamento, todos visando às consequências da doença.
Dividiremos os tratamento em dois grupos:
A - TRATAMENTO CONSERVADOR
Seus objetivos são a remoção das crostas, estimular o aparecimento de secreção nasal normal e combater a infecção pela Klebsiella ozenae. A remoção das crostas é realizada duas vezes ao dia, através de irrigações com soluções salinas normais. A ponta do irrigador é introduzida na narina e a lavagem é feita gentilmente, enquanto o paciente é mantido com a boca aberta pronunciando - Ah, Ah, Ah - facilitando, assim a saída da solução pela outra narina. A limpeza também poderá ser feita utilizando óleos neutros, óleo gomenolado, etc. Utiliza-se também temporariamente tampões ou moldes dentro da fossa nasal.
B -TRATAMENTO CIRÚRGICO
Existem várias técnicas com objetivos diferentes.
1) Operações para estreitar a cavidade nasal
1.1) Oclusão nasal
a) Anterior total: usada em casos unilaterais (cirurgia Young);
b) Anterior parcial: parece ser a melhor das quatro.
b) Oclusão coanal.
c) Faringoplastia.
1.2) Implantes
a) Tecidos vivos
o Autólogo: utiliza-se cartilagentou osso, a desvantagem é que pode ser reabsorvido.
o Homólogo: utilizam-se injeções de extrato de placenta. Tem risco de transmitir AIDS.
o Heterólogo.
b) Sintético: Utiliza-se , acrílico (Metlryl Halacylate), silastic ou teflon. Podem ser eliminados quando lacera a mucosa nasal, também diminui a vitalidade desta mucosa.
1.3) Luxação mediana da parede lateral do nariz
2) Operações sobre o sistema nervoso autônomo
2.1.) Simpatecnomia Cervical.
Bloqueio do gânglio estrelado -resultado temporário. Bloqueio do gânglio esteno palatino. Simpatectomia da parede da artéria maxilar externa. 2.2) Parasimpatectomia
Secção do nervo petroso superficial maior.
3) Cirurgia plástica do vestíbulo (vestibuloplastia - Técnica de GHOSH).
Sua finalidade é desviar a corrente de ar do nariz em direção ao septo.
Notamos a existência de uma variedade de tratamento, mas a nossa conduta é a seguinte:
o CASOS INICIAIS COM POUCA SINTOMATOLOGIA: Utilizamos o tratamento conservador, higienizando a cavidade nasal com duchas de solução salina isotônica e uso de óleo gomenolado 2%.
o CASOS EM QUE A CIRURGIA É CONTRA INDICADA: Utilizamos a oclusão das fossas nasais com moldes ou tamponamentos, que podem ser retirados para fazer a higiene local.
o CASOS AVANÇADOS: Indicamos o tratamento cirúrgico. A técnica de Eyries é a utilizada. Ela consiste num acesso sublabial a fossa nasal e a colocação de bastonetes de acrílico, ou silastic ou ainda de fragmentos ósseos na submucosa, todos visando ao seu estreitamento.
Apesar de não termos experiência acreditamos que a Vestibuloplastia (técnica de Ghosh) é uma cirurgia que poderá levar a bons resultados. A sipatectomia da parede da artéria maxilar interna que necessita de avaliação a longo prazo, também poderá levar a bons resultados.