ISSN 1806-9312  
Quarta, 27 de Novembro de 2024
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2397 - Vol. 59 / Edição 2 / Período: Abril - Junho de 1993
Seção: Pergunta Páginas: 147 a 147
Atendi uma paciente com diagnóstico de ozena. Qual a conduta nestes casos? Marcos Andrade - SP
Autor(es):
Dr. Humberto Afonso Guimarães - Belo Horizonte/ MG

Inicialmente o diagnóstico deverá ser confirmado através de exame otorrinolaringológico completo, onde não pode faltar uma história bem tomada, biópsia da mucosa nasal, exame por imagem das cavidades paranasais e exames laboratoriais para afastar sífilis, lepra, difteria, tuberculose e outras doenças granulomatosas.

A ozena é uma doença crônica caracterizada por atrofia progressiva da mucosa nasal e osso subjacente. Ela provoca no nariz odor fétido, crostas verdes-amareladas e cavidades nasais alargadas.

A etiologia permanece desconhecida, apesar da existência de teorias como a da hereditariedade, a infecciosa, a endocrinológica, a nutricional, a vasomotora e as imunológicas. Este fato gerou uma variedade de tratamento, todos visando às consequências da doença.

Dividiremos os tratamento em dois grupos:

A - TRATAMENTO CONSERVADOR

Seus objetivos são a remoção das crostas, estimular o aparecimento de secreção nasal normal e combater a infecção pela Klebsiella ozenae. A remoção das crostas é realizada duas vezes ao dia, através de irrigações com soluções salinas normais. A ponta do irrigador é introduzida na narina e a lavagem é feita gentilmente, enquanto o paciente é mantido com a boca aberta pronunciando - Ah, Ah, Ah - facilitando, assim a saída da solução pela outra narina. A limpeza também poderá ser feita utilizando óleos neutros, óleo gomenolado, etc. Utiliza-se também temporariamente tampões ou moldes dentro da fossa nasal.

B -TRATAMENTO CIRÚRGICO

Existem várias técnicas com objetivos diferentes.

1) Operações para estreitar a cavidade nasal

1.1) Oclusão nasal

a) Anterior total: usada em casos unilaterais (cirurgia Young);

b) Anterior parcial: parece ser a melhor das quatro.

b) Oclusão coanal.

c) Faringoplastia.

1.2) Implantes

a) Tecidos vivos

o Autólogo: utiliza-se cartilagentou osso, a desvantagem é que pode ser reabsorvido.

o Homólogo: utilizam-se injeções de extrato de placenta. Tem risco de transmitir AIDS.

o Heterólogo.

b) Sintético: Utiliza-se , acrílico (Metlryl Halacylate), silastic ou teflon. Podem ser eliminados quando lacera a mucosa nasal, também diminui a vitalidade desta mucosa.

1.3) Luxação mediana da parede lateral do nariz

2) Operações sobre o sistema nervoso autônomo

2.1.) Simpatecnomia Cervical.

Bloqueio do gânglio estrelado -resultado temporário. Bloqueio do gânglio esteno palatino. Simpatectomia da parede da artéria maxilar externa. 2.2) Parasimpatectomia

Secção do nervo petroso superficial maior.

3) Cirurgia plástica do vestíbulo (vestibuloplastia - Técnica de GHOSH).

Sua finalidade é desviar a corrente de ar do nariz em direção ao septo.

Notamos a existência de uma variedade de tratamento, mas a nossa conduta é a seguinte:

o CASOS INICIAIS COM POUCA SINTOMATOLOGIA: Utilizamos o tratamento conservador, higienizando a cavidade nasal com duchas de solução salina isotônica e uso de óleo gomenolado 2%.

o CASOS EM QUE A CIRURGIA É CONTRA INDICADA: Utilizamos a oclusão das fossas nasais com moldes ou tamponamentos, que podem ser retirados para fazer a higiene local.

o CASOS AVANÇADOS: Indicamos o tratamento cirúrgico. A técnica de Eyries é a utilizada. Ela consiste num acesso sublabial a fossa nasal e a colocação de bastonetes de acrílico, ou silastic ou ainda de fragmentos ósseos na submucosa, todos visando ao seu estreitamento.

Apesar de não termos experiência acreditamos que a Vestibuloplastia (técnica de Ghosh) é uma cirurgia que poderá levar a bons resultados. A sipatectomia da parede da artéria maxilar interna que necessita de avaliação a longo prazo, também poderá levar a bons resultados.
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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