Relato de Caso
Granuloma reparativo de células gigantes da mandíbula
Giant cell reparative granuloma of mandible
Autores:
Marlene Corrêa Pinto (Médica Otorrinolaringologista da Santa Casa da Misericórdia de Curitiba ) Médica Otorrinolaringologista da Santa Casa da Misericórdia de Curitiba
Scheila Maria Gambeta Sass (Médica residente do serviço de Otorrinolaringologia da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba) Médica residente do serviço de Otorrinolaringologia da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba
Yasser Jebahi (Médico Otorrinolaringologista) Médico Otorrinolaringologista
Lilian Bortolon (Médica) Médica
Cristiano Roberto Nakagawa (Médico residente do serviço de Otorrinolaringologia da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba ) Médico residente do serviço de Otorrinolaringologia da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba
Palavras-Chave
granuloma de células gigantes, granuloma reparativo de células gigantes, tumor de mandíbula
Resumo
O granuloma reparativo de células gigantes é uma lesão óssea benigna e rara que afeta principalmente a maxila e mandíbula e pode ser localmente destrutiva. A etiopatogenia ainda é incerta e o diagnóstico diferencial com outras lesões de células gigantes é extremamente difícil. Nós relatamos um caso de granuloma reparativo de células gigantes na mandíbula em uma paciente jovem que foi manejada cirurgicamente através de curetagem, mas que evoluiu com recidiva local precoce.
Keywords
mandible tumor, giant cell granuloma, giant cell reparative granuloma
Abstract
Instituição: Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba
Suporte Financeiro:
Introdução
O granuloma reparativo de células gigantes (GCRG) é uma lesão não-neoplásica, típica dos ossos do esqueleto facial, localmente destrutiva e rapidamente expansiva. (1,2)
Foi descrito inicialmente por Jaffé em 1953 para designar uma lesão benigna que afetava a mandíbula e era histológica e clinicamente diferente do tumor verdadeiro de células gigantes encontrado em ossos longos. (3)
O GCRG da mandíbula é uma lesão rara e corresponde a menos de 7% de todas as lesões ósseas benignas da mandíbula. (4, 5).
Apresentação do Caso
AP, feminina, 29 anos, com queixa de tumoração em região mandibular direita, iniciada seis meses após extração dentária. Não associada à dor local ou emagrecimento. Ao exame físico apresentava um aumento de volume de consistência endurecida, fixada a planos profundos, indolor, medindo aproximadamente
O raio-x panorâmico da mandíbula demonstrou uma lesão lítica insulflante de contornos regulares com finas septações internas sem reação periosteal, localizado no ramo mandibular direito.
À avaliação pela tomografia de face, verificava-se extensa lesão óssea de caráter insulflante e contornos bem definidos, com septações ósseas e calcificações em sua matriz, implantada nos processos alveolares.
A paciente foi submetida à curetagem cirúrgica, mas houve dificuldade em curetar toda a lesão. O estudo anatomopatológico foi de granuloma reparativo de células gigantes. Após quatro meses de follow-up a lesão havia recidivado, tendo sido, então, encaminhada para nova curetagem cirúrgica.
Discussão
O granuloma reparativo de células gigantes é uma lesão óssea expansiva, rapidamente destrutiva, cujo sítio principal é o esqueleto facial. Representa menos de 7% de todos os tumores benignos da mandíbula. Podem ser centrais, quando se originam diretamente do osso, ou periféricos, cujo crescimento tem origem nos tecidos moles. (1,2)
Apesar do termo granuloma ser amplamente utilizado, a lesão não é granulomatosa do ponto de vista histológico e também não é reparativa, apresentando comportamento neoplásico. (3)
São geralmente observados no grupo etário entre a primeira e a terceira décadas, com preferência pelo sexo feminino (2,1:1). (1, 2, 3, 4) O comportamento clínico do GCRG da mandíbula varia desde crescimento lento e assintomático, como no caso, até processos clinicamente agressivos e dolorosos com tendência a recorrer. (4)
Sua etiologia ainda é controversa. A teoria original de Jaffé, de 1953, propunha que o tumor fosse uma hiperplasia reativa em reação a um trauma, mas esta vem sendo abandonada. No presente caso, a paciente apresentava história de extração dentária prévia, mas geralmente não há lesão precedente. (3, 5)
Os exames radiológicos apresentam alguns padrões específicos, mas não patognomônicos. Na tomografia, o achado pode ser de lesão osteolítica uniloculada ou multiloculada com septações e calcificações na matriz. (3, 4)
O diagnóstico diferencial deve ser feito com o tumor marrom do hiperparatireoidismo, cisto ósseo aneurismático e principalmente com o tumor verdadeiro de células gigantes. Histologicamente, o tumor verdadeiro de células gigantes mostra pouco ou nenhum material intercelular com células gigantes uniformemente distribuídas com grande número de nucléolos e citoplasma escasso. No GCRG há menos células gigantes com arranjo menos uniforme, com menor número de nucléolos e maior componente citoplasmático intimamente relacionadas a microcistos ou zonas hemorrágicas. (1)
O tratamento de escolha é curetagem da área afetada com taxa de recorrência de
Comentários Finais
Devemos considerar o granuloma reparativo de células gigantes como possibilidade diagnóstica em toda paciente jovem com aumento de volume mandibular de crescimento lento.
Referências Bibliográficas
Figura 1
Tumor recidivado em mandíbula direita após ressecção cirúrgica