ABORLccfRevista Brasileira de Otorrinolaringologia

Relato de Caso

Síndrome de Ramsay-Hunt em adolescente hígido
Ramsay-Hunt syndrome in healthy adolescent

Autores:

KARLA VANESSA ROBERTO SOUZA PIMENTEL (Residente de Otorrinolaringologia da Santa Casa de Misericórdia de Maceió) Médica

Daniel Buarque Tenório (Otorrinolaringologista da Santa Casa de Misericórdia de Maceió) Otorrinolaringologista da Santa Casa de Misericórdia de Maceió

João Paulo Lins Tenório (Residente em Otorrinolaringologia da Santa Casa de Misericórdia de Maceió) Residente em Otorrinolaringologia da Santa Casa de Misericórdia de Maceió

Ana Carolina Gomes Rocha Ferreira (Especialista em Motricidade Orofacial) Professora auxiliar da Faculdade de Fonoaudiologia da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas

Lidianne Moreira Sales (Especialista em Audiologia Clínica e Educacional) Fonoaudióloga

Palavras-Chave
Síndrome de Ramsay-Hunt, Paralisia facial, Herpes zoster.

Resumo

Keywords
Ramsay-Hunt syndrome, Facial paralysis, Herpes zoster.

Abstract

 

Instituição: Instituto de Otorrinolaringologia e Fonoaudiologia da Santa Casa de Misericórdia de Maceió

Suporte Financeiro:

INTRODUÇÃO

 
    No quadro agudo de paralisia facial periférica (PFP), apresentado em diversas especialidades médicas, faz-se necessário atenção para o diagnóstico correto a fim de propiciar o tratamento eficaz, evitar possíveis seqüelas motoras na face que possam gerar danos psicossociais ao paciente1.
    A conduta expectante pode comprometer, de modo irreversível, a recuperação clínica do paciente. Faz-se necessário uma avaliação pormenorizada com solicitação de exames complementares em alguns casos, visto que a etiologia nem sempre é de fácil diagnostico. Dentre as causas de paralisia facial a de Bell (idiopática) é a mais freqüente (55 a 80%), seguida da traumática, da neoplásica e das infecciosas1,2.
    As de origem infecciosas podem decorrer do vírus varicela zoster (VVZ) que acomete o nervo facial, manifestando-se com erupções cutâneas vésico-bolhosas no pavilhão auricular e paralisia facial, associada ou não a zumbidos e vertigem que caracteriza a síndrome de Ramsay-Hun. A ocorrência desta patologia é incomum na infância cerca de 0,3% com incidência crescente com a idade, freqüente em pacientes imunossuprimidos (doença de Hodgkin, SIDA) e em uso de fármacos citotóxicos ou corticoterapia prolongada1,2,4.

 
RELATO DE CASO

Paciente do sexo masculino, 14 anos, estudante, apresentando quadro de otalgia esquerda intensa há seis dias, medicada com gotas otológicas pelo médico clínico geral, paresia em hemiface esquerda com início há três dias não associada a zumbido ou vertigem.

Sem história otológica pregressa, não associada a vertigem, zumbido ou hipoacusia, com crises de bronquite asmatiforme isoladas.  No exame  clínico observou-se1:

Orofaringoscopia, rinoscopia anterior e otoscopia direita sem alterações. A otoscopia esquerda, pequenas vesículas e crostas na concha auricular, com membrana timpânica íntegra e conduto auditivo sem sinais inflamatórios.

A avaliação neurológica consciente e orientado, com pupilas isocóricas e fotorreagentes, paresia em hemiface esquerda, desvio da rima labial para direita e fechamento parcial da pálpebra esquerda.

Nas provas Romberg e Unterberger, na avaliação dos demais nervos cranianos  e no exame oftalmológico não apresentaram alterações.

Ausência de nistagmo. ou na sensibilidade gustativa, demais nervos cranianos ou no exame oftalmológico. com hipolacrimejamento ipsilateral.

Audiometria e impedanciometria com audição normal bilateralmente, timpanograma tipo A, reflexo estapediano e discriminação presentes.

Hemograma com discreta hipocromia e microcitose.

O tratamento medicamentoso consistiu de Aciclovir 400mg a cada 08 horas por sete dias1, Predsim 20mg a cada 12 horas por cinco dias4  e de gel oftálmico lubrificante. Realizou-se ainda a reabilitação miofuncional através de duas consultas fisioterápicas e quatro fonoterápicas, nas quais foram orientados exercícios domiciliares 04 vezes ao dia, seguidos corretamente por apenas duas semanas3. Apesar da pouca colaboração do paciente, o quadro evoluiu satisfatoriamente, com regressão acentuada da paralisia facial periférica em cerca de 45 dias de tratamento (fig. 1).

 

DISCUSSÃO E COMENTÁRIOS FINAIS


      A síndrome de Ramsay-Hunt é frequente na faixa etária de 40 a 60 anos, sendo a etiologia mais encontrada a de Bell2,4, em contrapartida o caso relatado é de um jovem de 14 anos com etiologia infecciosa.

      Para um tratamento eficaz faz-se necessário um diagnostico precoce e correto embora o prognóstico não seja favorável ( referencia). Corroborando com os autores o caso clinico estudado obteve diagnostico precoce e tratamento adequado, entretanto o prognóstico foi favorável. Segundo Dal Secchi et al., 2002  a idade do paciente favorece um bom prognostico2.

      O trabalho ressalta que uma avaliação minuciosa favorece o correto diagnóstico. Sugere-se, ainda, pesquisas quanto ao uso de corticosteroides na tentativa de minimizar o quadro inflamatório, visto que no presente caso repercutiu positivamente na reabilitação da mímica facial.    

      

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

 

1-     Lazarini PR, Mitre EI, Szajubok A. Paralisia facial periférica. Em: de Campos CAH, Costa HOO, editores. Tratado de otorrinolaringologia. 1 ed. São Paulo: Roca; 2002. vol. 2: 395- 415.

 

2-     Dal Secchi MM, Bastos RGS, Finamori CMJ, Coelho LB, Chaymiti MCL: Ramsay Hunt syndrome: case report. Acta Medica Misericordiæ 2000; 3(2): 65-67.

 

3-     Gómez MVSG, Bernardes DFF. Reabilitação miofuncional na paralisia facial. Em: da Costa SS et al. Editores. Otorrinolaringologia: princípios e prática. 2 ed. Porto Alegre: Artmed; 2006. p. 1021-31.

 

4-     Mejías A, Delgado Y, Salazar C, Rodríguez M, Roa J. Syndrome of ramsay-hunt: a purpose of a case in the Hospital Militar. Col. med. Táchira 2003;12(2):12-15.

 

Síndrome de Ramsay-Hunt

Recuperação da mímica facial.

Suplemento
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