Relato de Caso
Labirintite Ossificante
Labyrinthitis Ossificans
Autores:
Leandro Ricardo Mattiola (Médico especialista em otorrinolaringologia) Especializando em cirurgia de cabeça e pescoço no HSPE-SP
Mark Makowiecky (Médico residente em otorrinolaringologia e cirurgia de cabeça e pescoço no HSPE-SP) R2
Carlos Eduardo Guimarães de Salles (Médico residente em otorrinolaringologia e cirurgia de cabeça e pescoço no HSPE-SP ) R2
Marcela Pozzi Cardoso (Médica especialista em otorrinolaringologia) Médica assistente da otologia do HSPE-SP
Samir Cahali (Doutor em Otorrinolaringologia pela UNIFESP) Diretor do Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço do HSPE-SP
Palavras-Chave
Labirintite, Ossificante, Coclea, Hipoacusia, Labirintite ossificante
Resumo
Keywords
Labirinthitis, Ossificans, Cochlea, Hearing loss, Labyrinthitis ossificans
Abstract
Instituição: Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo - Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço
Suporte Financeiro:
Introdução
Labirintite ossificante (LO) é usualmente conseqüente a uma infecção, freqüentemente devido à labirintite supurativa1. Esta pode ocorrer através das vias hematogênica, meningogênica ou timpanogênica. LO é o resultado final da labirintite supurativa, independente da origem da infecção. Outras causas incomuns incluem tumores, otosclerose, fratura temporal e hemorragia de orelha interna2. LO resulta em perda auditiva profunda e pode dificultar a realização de implante coclear (IC)3.
Apresentação do Caso
Paciente do sexo masculino, sete anos de idade e hipoacusia à esquerda, de evolução lentamente progressiva, há um ano e meio, inicialmente percebida pela mãe. Não apresentou infecções otológicas prévias, apenas um episódio há um mês, que melhorou com o tratamento. Não apresentou: dificuldade de aprendizado, história familiar de hipoacusia, infecções gestacionais ou outras doenças.
Observou-se: membranas timpânicas normais à otoscopia, teste de Weber lateralizado para a direita, audiometria tonal com perda sensorioneural profunda à esquerda e limiares tonais normais à direita, a audiometria de tronco encefálico (ABR) normal à direita e revelou ausência de resposta a 105 dB à esquerda. A TC de ossos temporais revelou uma ossificação labiríntica à esquerda.
Discussão
Injúria labiríntica resultando em disacusia profunda, com ossificação coclear ou LO, pode ocorrer após muitos tipos de dano otológico3 sendo usualmente seqüela de infecções. Estas podem atingir a orelha interna através da corrente sanguínea (hematogênica), da orelha média (timpanogênica) ou das meninges (meningogênica). A labirintite timpanogênica é a causa mais comum de LO1. O caminho pelo qual a infecção da orelha média atinge a orelha interna foi estudado por vários autores4. Trabalhos identificaram a janela da cóclea como a principal via de disseminação, podendo também ocorrer através da janela do vestíbulo. A ossificação é mais densa e extensa nos casos de meningite meningogênica durante a infância3, quando então a infecção atinge a orelha interna através do espaço subaracnóideo, aqueduto coclear e meato acústico interno1. Isto leva à ossificação labiríntica bilateral nestes pacientes, constatada
Comentários Finais
A inflamação da cápsula ótica, de etiologia infecciosa ou não, é evento inicial de processo de destruição do labirinto membranoso que culmina na ossificação da orelha interna, ou LO. Esta leva o paciente a experimentar quadro de hipoacusia profunda, com ou sem desequilíbrio, com implicação importante no desenvolvimento sócio-educacional. O diagnóstico é facilitado pela TC, que também tem papel na indicação de IC nos casos selecionados.
Bibliografia
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