ABORLccfRevista Brasileira de Otorrinolaringologia

Relato de Caso

Tratamento Cirúrgico de Fístula Liquórica Etmoidal via Endonasal Endoscópica
Surgical Treatment for Ethmoid CFS Laakage Duct Endonasal Endoscopic

Autores:

ALYSON PATRICIO MELO (Acadêmico de Medicina da Universidade Estadual de Montes Claros UNIMONTES ) Acadêmico

José Milton de Oliveira Segundo (Acadêmico de Medicina da Universidade Estadual de Montes Claros UNIMONTES) Acadêmico

Anderson Patrício Melo (Professor associado da disciplina de Otorrinolaringologia da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), Montes Claros MG, Brasil. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia) Otorrinolaringologista

Osmar Ferreira Gomes Júnior (Otorrinolaringologista) Otorrinolaringologista

Virgílio F. Bueno (Professor associado da disciplina de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), Montes Claros MG, Brasil.) Neurocirurgião

Palavras-Chave
endoscópica, etimoidal, fístula, liquórica, tratamento

Resumo
A comunicação entre o espaço subaracnóideo e a cavidade nasal denomina-se fístula liquórica rinogênica. A fístula liquórica pode apresentar diversos sintomas e/ou sinais, entretanto o mais freqüente é a rinoliquorréia. Este trabalho tem por objetivo relatar o caso de um paciente masculino, 32 anos, branco, solteiro que procurou auxílio médico queixando cefaléia crônica e rinoliquorréia. Após diagnóstico de fístula liquórica, o paciente foi submetido a tratamento cirúrgico por via endonasal endoscópica. Essa técnica mostrou-se rápida, eficaz e segura para a correção da fístula liquórica neste caso, tal como é relatado na literatura.

Keywords
endoscopic, ethmoid, fistula, cerebrospinal fluid, treatment

Abstract
The communication between the subarachnoid space and the nasal socket is called cerebrospinal fluid (CSF) rhinorrhea . The cerebrospinal fluid (CSF) rhinorrhea can present diverse symptoms and/or signals, however most frequent are the cerebrospinal fluid rhinorrhea. This work has for objective to tell the case of a masculine patient, 32 years, white, bachelor who looked for medical aid complaining about cerebrospinal fluid rhinorrhea and chronic headache. After the disgnostic of cerebrospinal fluid (CSF) rhinorrhea , the patient was submitted the surgical treatment for duct endonasal endoscopic. This technique revealed fast, efficient and safety for the correction of cerebrospinal fluid (CSF) rhinorrhea in this case, as it is told in literature.

 

Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes

Suporte Financeiro:

Introdução

 

A comunicação entre o espaço subaracnóideo e a cavidade nasal denomina-se fístula liquórica rinogênica (1). Esta comunicação pode ocorrer diretamente entre a fossa craniana anterior e a cavidade nasal, ou indiretamente da fossa média e posterior, através da tuba auditiva (1). As Fístulas Liquóricas (FL) podem ser classificadas em traumáticas e não-traumáticas (1). As não-traumáticas podem ser devido a um defeito congênito; pequena meningocele que é erodida pelo osso ou, até mesmo, ser derivada da atrofia focal de filamentos do nervo olfatório na lâmina cribriforme (1). A presença da FL representa um risco de vida ao paciente, por infecções no sistema nervoso central (2). A FL pode apresentar diversos sintomas e/ou sinais, o mais freqüente é a rinorréia (3).

 

Apresentação do Caso

 

Paciente masculino, 32 anos, branco, solteiro, procurou auxilio médico queixando cefaléia crônica e rinoliquorréia. Há oito anos sofreu acidente automobilístico apresentando fratura de antebraço direito e de ossos da face. Apresentou cefaléia frontal e retro-orbitária de caráter contínuo e de alta intensidade associada a parestesias faciais à esquerda e anosmia total. Desenvolveu sinusite crônica e há três anos apresentou um episódio de meningite. O paciente realizou cisternotomografia que evidenciou uma fístula na região do osso etmóide direito próximo à órbita ocular. Foi submetido a tratamento cirúrgico para correção de fístula liquórica via endonasal endoscópica. No primeiro momento da cirurgia, retirou-se um enxerto autólogo da fáscia lata. Em um segundo momento, após anti-sepsia nasal de rotina, foi dissecada a mucosa da parede lateral da fossa nasal com acesso ao seio maxilar direito. Acessado o etmóide, localizou-se a fístula com herniação de tecido cerebral. Implantou-se o enxerto utilizando cola com fibrinogênio humano, aprotinina bovina e trombina humana. Pós-operatório sem intercorrências, e após dois meses, houve redução significativa da cefaléia e correção da rinoliquorreia.

 

Discussão

 

A presença de uma FL implica em um risco aumentado de meningite, que varia de 9 a 25%, mesmo nos casos em que a fístula tenha cessado espontaneamente (4)(5). Devido a essas complicações serem extremamente graves e determinarem altos índices de morbimortalidade mesmo na atualidade. O tratamento da FL desperta preocupação e interesse dos otorrinolaringologistas e neurocirurgiões. Meningite é a complicação mais temida para os pacientes que apresentam FL, representando um potencial risco de vida (4). Alguns estudos demonstram que pode incidir em até 40% dos pacientes.

 

A técnica radiológica ideal para a localização acurada da FL no pré-operatório é controversa. As maiores dificuldades diagnósticas encontram-se no subgrupo de pacientes que apresentam rinoliquorréia intermitente ou inativa (4).

 

As radiografias simples dos seios da face apresentam 25% de sensibilidade, cisternografias com radioisótopos, 50% de sensibilidade,(5); politomografias, 53% de sensibilidade (4); tomografia (cisternotomografias com metrizamida), 87% de sensibilidade em pacientes com rinoliquorréia ativa (atualmente é considerado o método de escolha no topodiagnóstico da FL) (5) e ressonância nuclear magnética(5).

 

Com o desenvolvimento da cirurgia microendoscópica nasal, o tratamento da FL pelo otorrinolaringologista se tornou menos agressivo que a via extracraniana, sendo ao mesmo tempo eficaz (5). A abordagem endonasal aumentou a necessidade de métodos de imagem capazes de demonstrar com fidedignidade o local do escape liquórico, já que sua localização precisa torna essa cirurgia mais direcionada e conseqüentemente ainda mais eficaz, rápida e segura.

 

A localização e visualização fornecida pelo endoscópio permitem ao cirurgião uma maior facilidade em remover o tecido fibrótico e escarificar os bordos da lesão permitindo uma maior aderência do enxerto nesta região, tendo desta forma, um excelente resultado (1)(4). A correção da FL pela técnica endonasal já é realizada em larga escala e a literatura mundial mostra que é um método seguro e eficiente (3).

 

Comentários Finais

 

A cisternotomografia com radioisótopo, utilizada neste caso garantiu o diagnóstico topográfico da fístula liquórica, o que possibilitou acesso cirúrgico preciso para a correção do caso. A técnica endonasal endoscópica mostrou-se rápida, eficaz e segura para a correção da FL tal como é relatado na literatura.

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

1. Wax MK, Ramadan HH, Ortiz O, Wetmore SJ. Contemporary management of cerebrospinal fluid rhinorrhea. Otolaryngology-Head and Neck Surgery 1997; 116 (4): 442-9.

2. Schick B, Ibing R, Brors D, Draf W. Long-term study of endonasal duraplasty and review of the literature. Ann Otol Rhinol Laryngol 2001; 110: 142-7.
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Medline ]

3. Nachtigal D, Frenkiel S, Mohr G. Endoscopic repair of cerebrospinal fluid rhinorrhea: Is it the treatment of choice. The journal of Otolaryngology 1999; 28 (3): 129-33.

4. ARAUJO FILHO, Bernardo Cunha et al . Correção endoscópica de fístula liquórica rinogênica: experiência de 44 casos. Rev. Bras. Otorrinolaringol.,  São Paulo,  v. 71,  n. 4,  2005.

5. GUIMARAES, Roberto E. S. et al . Avaliação da tomografia computadorizada e da cisternotomografia computadorizada com Lopamidol no topodiagnóstico da fístula liquórica e comparação com os achados cirúrgicos. Rev. Bras. Otorrinolaringol.,  São Paulo,  v. 70,  n. 1,  2004.

 

 

Suplemento
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