ABORLccfRevista Brasileira de Otorrinolaringologia

Relato de Caso

Destruição Nasal pelo Uso de Cocaína: Relato de Caso
Nasal Destruiction From Cocaine Abuse: Case Report

Autores:

inesangela canali (médico residente) médico residente

Luthiana Frick Carpes (Médica Otorrinolaringologista) Membro do Serviço de Otorrinolaringologia do HSL- PUC RS

Oswaldo Fontoura Carpes (Mestre em Medicina) Preceptor do Serviço de Otorrinolaringologia do HSL PUC-RS

Caroline Berg (Graduação em Medicina) Médica Residente

Roberta Boeck Noer (Graduação em Medicina) Médica Residente

Palavras-Chave
Cocaína, Destruição nasal, ANCA, S.aureus

Resumo
Introdução: Lesões destrutivas nasais e de linha média da face são descritas pelo uso contínuo de cocaína. Intensa vasoconstricção local, irritação mucosa e necrose isquêmica osteocartilaginosa podem ocorrer, ocasionando desde perfurações septais isoladas até destruição extensa da linha média e palato. Essas lesões mimetizam doenças auto-imunes, linfoproliferativas e neoplásicas. Relato do Caso: Paciente feminina, 34 anos, à 4 meses com rinorréia purulenta, fétida e obstrução nasal. Dois meses após surgiram vesículas em columela, evoluindo para lesão ulcerodestrutiva local. Paciente referia consumo de 1 a 2 g de cocaína diariament. Ao exame apresentava destruição de columela, septo osteocartilaginoso, cabeça e corpo de cornetos inferiores e parte de cornetos médios, com presença de crostas. Na TC havia destruição limitada à cavidade nasal. Exames laboratoriais para pesquisa de doenças auto-imunes e HIV foram negativos, exceto p-ANCA (1:80). Realizou-se 3 biópsias que mostraram ausência de granulomas, vasculite com presença de necrose, caracterizando processo inflamatório crônico inespecífico. A cultura da secreção foi positiva para Stafilococcus aureus. A paciente foi tratada com clindamicina EV e corticoterapia VO. Orientada para descontinuar droga e encaminhada para avaliação psiquiátrica. Discussão: Raros casos de destruição de linha média da face pelo uso de cocaína são relatados pela literatura. O caso acima mostra destruição de columela, achado não comumente visto. É descrito pela literatura a associação de cocaína, infecção por S.aureus e positividade para ANCA, como mostrado neste caso. Conclusão: Múltiplas biópsias, testes sorológicos e seguimento são necessários frente a essas lesões, a fim de otimizar seu diagnóstico, vista à sua semelhança com outras doenças necrotizantes e neoplásicas.

Keywords
Cocaine, Nasal destruction, ANCA, S.aures

Abstract
Introduction: Nasal and centrofacial destructive injuries are described for the cocaine abuse. Intense vasoconstriction, mucous irritation and ischemic necrosis can occur, causing since isolated septal perforations until extensive destruction of the midline and palato. These injuries mimicking other agressive pathologic Case Report : A 33-year-old famale presented with 4 months with purulent rhinorrea and congestion nasal. Two months had after appeared vesicles in columela, evolving for ulcerodestructive injury. Patient related to consumption of 1 the 2 cocaine g daily. On examination revealed destruiction of columela, nasal septum, lower and middle turbinate, with necrotic debris.A CT scan showed limited nasal destruiction. Laboratory test results negative, except p-ANCA (1: 80).Three biopsies were taken and showned necrosis with sings of inflammation, but no evidence for granulomatosis or vasculitis. Culture of the nose revealed Stafilococcus aureus. Treatment consisted of IV clindamicina and corticoterapia. Advised to stop using cocaine and directed for psychiatric evaluation. Discussion: Rare cases of centrofacial and nasal destruction are in literature. The case above shows destruction of columela, found rarely seen. Association of infection for S.aureus, ANCA has shown in this case. Conclusion: Multiple biopsis, serologic tests and follow-up were necessary to arrive the correct diagnosis.

 

Instituição: Serviço de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço do HSL- PUC RS

Suporte Financeiro:

Destruição Nasal pelo Uso de Cocaína

Introdução:

Lesões destrutivas nasais e de linha média da face são descritas pelo uso contínuo de cocaína. Intensa vasoconstricção local, irritação mucosa e necrose isquêmica osteocartilaginosa podem ocorrer, ocasionando desde perfurações septais isoladas até destruição extensa da linha média e palato. Essas lesões mimetizam doenças auto-imunes, linfoproliferativas e neoplásicas.

È relatado o caso de paciente usuária de cocaína que evoluiu com destruição septal, cabeça de cornetos inferiores e de columela nasal.

Relato do Caso:

Paciente feminina, 34 anos, à 4 meses com rinorréia purulenta, fétida e obstrução nasal. Dois meses após surgiram vesículas em columela, evoluindo para lesão ulcerodestrutiva local.  Paciente referia consumo de 1 a 2 g de cocaína diariamente há anos. Ao exame apresentava destruição de columela, com bordos elevados e hiperemiados, septo osteocartilaginoso, cabeça e corpo de cornetos inferiores e parte de cornetos médios, com presença de crostas. Na TC havia destruição limitada à cavidade nasal, poupando parede medial de seios maxilares. Exames laboratoriais para pesquisa de doenças auto-imunes e HIV foram negativos, exceto p-ANCA (1:80). Realizou-se 3 biópsias que mostraram ausência de granulomas, vasculite com presença de necrose, caracterizando processo inflamatório crônico inespecífico. A cultura da secreção foi positiva para Stafilococcus aureus. A paciente foi tratada com clindamicina EV e corticoterapia VO.  Orientada para descontinuar droga e encaminhada para avaliação psiquiátrica.

Discussão:

Raros casos de destruição de linha média da face pelo uso de cocaína são relatados pela literatura. O caso acima mostra destruição de columela, achado não comumente visto.

É descrito pela literatura a associação de cocaína, infecção por S.aureus e positividade para ANCA, como mostrado neste caso.

Conclusão:

Múltiplas biópsias, testes sorológicos e seguimento são necessários frente a essas lesões, a fim de otimizar seu diagnóstico, vista à sua semelhança com outras doenças necrotizantes e neoplásicas.

 

 

Suplemento
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