Trabalho Clínico
Torus Palatino sem indicação cirúrgica
Palatine torus without surgical indication
Autores:
João Bosco Botelho (Professor Doutor Livre Docente) Professor da Disciplina Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Centro Universitário Nilton Lins
Gecildo Soriano dos Anjos (Professor mestre ) Professor da disciplina de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial do Centro Universitário Nilton Lins e orientador da residência em Otorrinolaringologia do Hospital Santa Júlia e Fundação Hospital Adriano Jorge.
Viviane Saldanha Oliveira (Professora mestre
) Professora da disciplina de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial da Universidade Estadual do Amazonas, orientadora da residência em Otorrinolaringologia do Hospital Santa Júlia e Fundação Hospital Adriano Jorge e presidente da Sociedade de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial da Amazônia Ocidental.
Alex de Santana Vidaurre (Professor mestre ) Professor da disciplina de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial da Universidade Estadual do Amazonas e orientador da residência em Otorrinolaringologia do Hospital Santa Júlia e Fundação Hospital Adriano Jorge.
Givanildo de Pádua Pires (Residente do 3º ano em Otorrinolaringologia do Hospital Santa Júlia) Médico residente
Marina Motta de Morais (Residente do 1º ano em Otorrinolaringologia da Fundação Hospital Adriano Jorge
) Médico residente
Luciana Oliveira de Souza (Acadêmica da Universidade Federal do Amazonas) Membro da Liga Aazonense de Otorrinolaringologia e cirurgia cérvico-facial
Palavras-Chave
Palavras- chave: prevalência, palatino, torus, tratamento.
Resumo
Torus palatino são crescimentos ósseos anormais, benignos que atingem grandes dimensões. Podem ser únicos ou lobulados e geralmente não causam sintomas, exceto se sofrerem processo erosivo. Acredita-se haver um componente genético para sua formação, pois se observa uma maior freqüência em familiares de pacientes portadores de bruxismo. Os casos sintomáticos devem ser extirpados cirurgicamente e utilizado prótese oral. Objetivo: determinar a prevalência de torus palatino em pacientes atendidos em consultório particular na especialidade de otorrinolaringologia e cirurgia cérvico-facial na cidade de Manaus-AM. Forma de estudo: Restrospectivo. Material e métodos: foram avaliados 47 pacientes, sendo 11 do sexo masculino e 43 do sexo feminino nas faixas etárias entre 0 a 65 anos atendidos em consultório particular no período de 1976 a 2006 na cidade de Manaus. Resultados: observa-se uma maior prevalência em pacientes do sexo feminino (43 pacientes) na faixa etária de 15 a 25 anos (18 pacientes). Conclusão: a prevalência de torus palatino atendidos em ambulatório de otorrinolaringologia e cirurgia cérvico-facial foi maior em pacientes jovens (de 15 a 25 anos) e do sexo feminino.
Keywords
Key-Words: prevalence, palatine torus, treatment.
Abstract
Abstract: Palatine torus are irregulars bony growth, benign that reach big sizes. Could be unique or lobulate and often don't cause symptoms, except if they suffer erosive process. It believes that there is a genetic component in its formation, because occurs more frequent in patient families that have bruxism. The symptomatic cases must be cut out in a surgical way and using oral prosthesis. Objective : determine how often palatine torus cases are treated in otorhinolaryngology consulting-rooms in Manaus-AM. Study way: Retrospective. Material and methods: 47 patients were analyzed, 11 men and 43 women, between 0 and 65 years, in consulting-rooms from 1976 to 2006 in Manaus. Results: more often in women (43 patients) between 15 and 25 years (18 patients). Conclusion: Palatine torus in consulting-rooms are more often in young women patients, between 15 and 25 years.
Instituição: Fundação Hospital Adriano Jorge Hospital Santa Júlia Centro Universitário Newton Lins
Suporte Financeiro:
Introdução
Torus palatino é uma exostose comum que ocorre na linha média do palato duro (1). São formacões ósseas sesséis de forma nodular, fusiforme, lobulada ou plana, recoberta por uma mucosa lisa e brilhante de igual cor do resto da mucosa palatina. Estudos apontam uma forte correlação entre torus palatino e torus mandibular, sendo este último mais comum. O palato duro está coberto por uma mucosa cor-de-rosa pálida, algumas vezes ligeiramente azulada, grossa, firme e aderida ao osso adjacente. Atrás dos dentes incisivos está a papila incisiva de onde sai um sulco liso chamado rafe palatina, no terço anterior, e onde estão distribuídas as rugosidades palatinas. O torus palatino é observado como uma proeminência dura e firme nessa linha média.
Sua patogênese tem sido questionada, discutindo-se uma origem genética ou por fatores ambientais, como o esforço mastigatório (5). Se vários destes fatores encontram-se presentes, um limiar é atingido e a condição então se manifesta (6). O diagnóstico diferencial é feito com outros tumores nesta região com os de glândulas salivares, os abscessos palatinos e até mesmo com linfoma.
O diagnóstico é basicamente clínico quando se observa uma protuberância de consistência óssea em região da rafe mediana no palato duro. Os exames de imagem podem auxiliar na confirmação diagnóstica. A tomografica computadorizada revela uma imagem hiperdensa com características ósseas na linha média do palato duro. Outros exames devem ser solicitados apenas na dúvida ou para afastar lesões suspeitas de malignidade.
O Torus palatino não só está relacionado com a irritabilidade do paciente por interferir no uso de próteses removíveis, mas também por predispor ao aparecimento da apnéia obstrutiva do sono¹.
O tratamento consiste na remoção cirúrgica, só estando indicado em caso de grande interferência na fisiologia da mastigação, na fonação, e principalmente, nos casos de necessidade de reconstrução dentária com uso de próteses oral pela difícil adaptação.
Deste modo, o objetivo do presente estudo foi fazer uma breve revisão de literatura sobre torus palatino descrevendo suas principais características, ssim como sua fisiopatologia, diagnóstico e tratamento. Adicionalmente, foram analisados alguns pacientes portadores da patologia com a finalidade de determinar sua prevalência, a partir de atendimentos ocorridos em consultório particular na cidade de Manaus no período de 30 anos verificando o sexo e a faixa etária mais acometidos.
Resultados
Foram analisados 54 pacientes com o diagnóstico de torus palatino sendo estes distribuídos entre grupos etários que variam da seguinte maneira: 01-07, 08-14, 15-25, 26-35 e 56-65. Além desta, houve outra divisão de acordo com o sexo do paciente, sendo atribuída a cor vermelha para pacientes do sexo feminino e a cor azul para pacientes do sexo masculino.
No gráfico 1 está ilustrada a relação sexo/idade dos pacientes atendidos em consultório particular na especialidade de otorrinolaringologia e cirurgia cérvico facial na cidade de Manaus.
A partir da análise do gráfico em questão e pela nossa experiência em consultório, percebemos que houve uma maior prevalência de torus palatino em pacientes do sexo feminino (43 casos) em relação ao sexo masculino (11 casos) num total de 54 atendimentos. Quanto a faixa etária mais acometida percebemos uma maior prevalência em jovens de
Discussão
Torus palatino foi mais predominante em adultos jovens, principalmente na faixa etária de
Os pacientes (tanto homens quanto mulheres) não queixaram quaisquer sintomas, portanto não hove indicação para exérese cirúrgica do torus, uma vez que sua remoção é recomendada apenas em casos onde há indicação do uso de prótese ou quando ocorre ulceração por trauma. A indicação para retirada dessas protuberâncias ósseas é baseada na anamnese, exame clínico e radiográfico e a técnica cirúrgica é selecionada dependendo do seu tamanho e forma (2).
Conclusão
A partir dos dados apresentados, percebemos que a taxa de pacientes adultos jovens atendidos em consultório particular de otorrinolaringologia e cirurgia cérvico facial com diagnóstico de torus palatino prevaleceu sobre as demais faixas etárias. É nessa fase da vida que o torus atinge um tamanho maior fazendo com que os pacientes procurem auxílio médico. O sexo mais acometido foi o feminino, exceto na faixa etária de
O Exame clínico da boca é uma medida essencial e deve constituir um procedimento metódico de rotina para diagnóstico de torus palatino para assim diferenciá-lo de outras patologias orais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Erkan Yildiz, Mustafa Denİz ; Orhan Ceyhan Prevalence of torus palatinus in Turkish Schoolchildren. Surgical and Radiologic Anatomy, 2005; 27 (5) :368-71.
2. Gennari Filho, H O exame clínico para prótese total. Revista Odontológica de Araçatuba, 2004; 25 (2): 62-71.
3. SBF Queiroz, RFB Amorim Remoçäo cirúrgica de tórus palatino por trauma alimentar repetitivo: relato de caso. Revista Brasileira de Cirurgia e Periodontia, 2003; 1(2):137-40.
4. Cuffari, L. Exérese de toros mandibular:aspectos gerais, revisão de técnicas cirúrgicas e caso clínico. BCI Revista Brasileira de Cirurgia e Implantodontia, 2002; 9 (35): 216-220.
5. Madeira M. C. Anatomia da face. 3. ed. São Paulo : Savier, 2001. p. 67-852. [
6. Neville D. A. B. Patologia oral e maxilofacial. Rio de Janeiro: Guanabara, 1998, p. 16-17.
7. Renon, M A, Isolan T, Zambrano M, Candida B, Campos, Clóvis, Dalmagro Filho, L. Toro palatino e mandibular. Revista Gaúcha de Odontologia, 1994;42(3):176-8.
8. Gudjón A, Björn H. Torus palatinus in Icelandic schoolchildren. American Journal of Physical Anthropology, 1985; 67 (2):105-112.