Relato de Caso
Nervo Laríngeo Inferior Não-Recorrente
Non-Recurrent Inferior Laryngeal Nerve
Autores:
João Bosco Botelho (Professor Doutor Livre Docente) Professor da Disciplina Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Centro Universitário Nilton Lins
Gecildo Soriano dos Anjos (Professor mestre ) Professor da disciplina de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial do Centro Universitário Nilton Lins e orientador da residência em Otorrinolaringologia do Hospital Santa Júlia e Fundação Hospital Adriano Jorge.
Givanildo de Pádua Pires (Residente do 3º ano em Otorrinolaringologia do Hospital Santa Júlia) Médico residente
Daniele Memória Ribeiro Ferreira (Residente do 2º ano em Otorrinolaringologia do Hospital Santa Júlia) Médico residente
Carolina Stéfani Martins Rodrigues Gobillard (Acadêmica de Medicina ) Membro da Liga de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial do Amazonas
Palavras-Chave
Nervo laríngeo recorrente, Tireoidectomia, Nervo laríngeo não-recorrente
Resumo
Keywords
Recurrent laryngeal nerve, Thyroidectomy,Non-recurrent laryngeal nerve
Abstract
Instituição: Universidade Estadual do Amazonas, Hospital Santa Júlia e Centro Universitário Nilton Lins
Suporte Financeiro:
Introdução
A tireóide está estreitamente relacionada com os nervos laríngeos recorrentes. O nervo recorrente é um ramo do X par craniano. Depois da ramificação do nervo vago e da formação de alça em torno da artéria subclávia à direita e do arco da aorta à esquerda, os nervos laríngeos recorrentes sobem pelo sulco traqueoesofágico e entram na laringe, na região do ligamento de Berry, passando profundamente à margem inferior do constrictor inferior da faringe. Vão fornecer a inervação motora para todos os músculos intrínsecos, com exceção do músculo cricotireóideo.
Pela proximidade com a glândula tireóide e as variações anatômicas, o nervo recorrente fica sujeito a lesões por causa da manipulação durante as tireoidectomias.
Em casos raros, o nervo laríngeo inferior ramifica diretamente do tronco do vago. O nervo laríngeo inferior não-recorrente é uma anomalia do nervo e há necessidade de reconhecer sua possibilidade para a prevenção dos danos intra-operatórios.
Relato de caso
M.O.L., sexo feminino, 24 anos, cor branca, estudante, natural e procedente de Manaus-AM. Paciente queixa-se de tumoração cervical há aproximadamente três meses, sem outras queixas. Ao exame físico: glândula tireóide aumentada de volume, móvel, indolor. Exame ultrassonográfico mostrou nódulo 3,4 X
Discussão
O nervo laríngeo inferior não-recorrente é uma anomalia embriológica rara que pode aumentar o risco de lesão durante as tireoidectomias. A melhor maneira evitar morbidade é identificação rotineira do nervo. Isto pode ser feito com cuidado identificando todas as estruturas da tireóide e suspeitando da presença de anormalidade quando o nervo laríngeo inferior não é encontrado em uma posição clássica.
A não recorrência do nervo laríngeo inferior direito se deve a presença de artéria subclávia anômala a direita.
Quando se dá a descida do coração para a cavidade torácica e com ele os vasos da base, o nervo laríngeo inferior, até então quase horizontal, para conservar a mesma relação com o arco aórtico, tem que sofrer notável alongamento, seguindo o longo trajeto cérvico-torácico que apresenta normalmente. Se, porém, a porção proximal do IV arco aórtico direito, num período precoce de desenvolvimento embrionário oblitera-se, atrofia-se, faltará ao nervo laríngeo inferior direito a imposição biológica de sofrer tal distensão, conservando a situação primitiva cervical. Origina-se, por conseguinte, ao mesmo tempo, a anomalia vascular (artéria subclávia direita retro-esofágica) e nervosa (nervo laríngeo inferior não recorrente).
O nervo laríngeo inferior não-recorrente apresenta-se mais comumente à direita (
Atribuem, entre outros, Krause e Telgmann a prioridade da referência quanto ao nervo laríngeo inferior (do lado correspondente à anomalia arterial) não apresentar-se recorrente, a Stedmann e a Hart, que o descreveram no "Edinburgh Medical and Surgical Journal", respectivamente, de 1823 e 1826.
A consciência de sua existência e técnica cirúrgica correta impedirá o cirurgião acidentalmente de lesionar o nervo laríngeo não-recorrente durante as tireoidectomias ou paratireoidectomias. A cirurgia deve ser executada, entretanto, com o conhecimento da possibilidade de um nervo laríngeo não-recorrente.
Conclusão
O nervo laríngeo não-recorrente é uma anomalia rara, mas negligenciar sua possibilidade pode conduzir a lesões severas. Este é um argumento adicional a favor de dissecção sistemática do nervo laríngeo inferior recorrente durante a cirurgia de tireóide.
Bibliografia
Figura 1-
Nervo Laríngeo não-recorrente