Relato de Caso
Pólipo de Killian em criança de 6 anos de idade
Killian polyp in a 6 years old child
Autores:
Amaury M. Gomes (Médico especialista em Otorrinolaringologia pela ABORL-CCF) Médico preceptor do serviço de Otorrinolaringologia do INOOA
Otávio Marambaia (Professor da disciplina de Otorrinolaringologia da Escola Baiana de medicina e Saúde Pública/EBMSP) Coordenador do estágio de Otorrinolaringologia da ABORL-INOOA.
Chefe do corpo clínico do Hospital Santa Isabel - Santa Casa de Misericórdia de Salvador, Bahia
Pablo Marambaia (Médico especialista em Otorrinolaringologia pela ABORL-CCF) Médico assistente do INNOA
Ticiana Rocha Francisco (Médica) Estagiária do 2º ano de Otorrinolaringologia no INNOA
Fernanda Martins de Andrade (Médica) Estagiária do 1º ano de Otorrinolaringologia no INOOA
Palavras-Chave
Pólipo de Killian, Criança, Obstrução nasal
Resumo
Keywords
Killian polyp, Child, Nasal obstruction
Abstract
Instituição:
Suporte Financeiro:
O pólipo antrocoanal, também denominado pólipo de Killian, é uma neoplasia benigna, pouco freqüente, de crescimento lento que se origina na parede posterior do seio maxilar. O diagnóstico é baseado na endoscopia nasal e tomografia computadorizada.1 Os principais diagnósticos diferenciais são angiofibroma, encefalocele e tumores malignos da nasofaringe.2 Seu tratamento é exclusivamente cirúrgico, com recente destaque para a excisão endoscópica.
Relatamos o caso de uma criança de 6 anos que procurou o nosso serviço com pólipo antrocoanal. Comparamos os achados observados com descrições presentes na literatura especializada.
P.B.O, masculino, seis anos, com história de obstrução nasal há cerca de doze meses. A genitora relatou que a criança apresentava roncos e apnéia durante o sono. Neste período, cursou com rinorréia amarelada intermitente associada a cefaléia e um episódio de otite média aguda supurativa. Não havia na história clínica ocorrência de epistaxe, otorragia, hipoacusia nem sintomas laríngeos. À rinoscopia anterior, apresentava hipertrofia de cornetos inferiores sem lesões visíveis. Oroscopia e otoscopia sem alterações. A tomografia computadorizada revelou uma massa com densidade de partes moles ocupando a fossa nasal e grande parte do antro maxilar direito, de formato arredondado, sem comunicação com a cavidade craniana, sugestivo de pólipo nasal. Submetido a cirurgia endoscópica em janeiro de 2007, sem intercorrências. Desde então mantém-se assintomático, sem evidência de recidiva. A anatomia patológica foi compatível com pólipo de Killian.
O pólipo antrocoanal ou pólipo de Killian é uma lesão benigna, solitária, que se origina no maxilar. Ele passa através do óstio do seio maxilar e entre o corneto médio e a parede lateral do nariz e cresce posteriormente até alcançar a coana, sem destruição óssea.3 São mais comuns em crianças, grupo no qual representa cerca de 33% dos pólipos nasais, enquanto corresponde a 4-6% dos pólipos na população geral.4 O principal sintoma apresentado é a obstrução nasal, que pode estar associada a rinorréia, otite média de repetição e, em alguns casos epistaxe. Pode ocasionar otite média secretora, quando há obstrução do orifício de drenagem da tuba auditiva. O padrão-ouro para o diagnóstico é a tomografia computadorizada, que revela opacificação e preenchimento homogêneo da cavidade do seio maxilar e fossa nasal ipsilateral. A nasofibroscopia revela pólipo único saindo pelo meato médio e projetando-se na coana, podendo preencher o cavum parcial ou totalmente.
Nenhuma fisiopatologia foi definitivamente comprovada, mas sinusite crônica, alergia e distúrbios das vias aéreas inferiores estão implicados. Nosso paciente tinha como queixa principal a mais comum das manifestações desta condição: a obstrução nasal. Apresentava ainda sintomas relacionados a esta obstrução, como roncos, apnéia e sinusites de repetição.
Hong e col. realizaram um estudo com 28 pacientes com idade entre 6 e 50 anos (média de 14,8 anos)5 Estudo realizado na Turquia3 envolveu 10 crianças com diagnóstico de pólipo de Killian e suas idades variavam de 5 a 13 anos (média: 10,2). Entre os 26 pacientes observados por Lee e col., a média de idade era de 10 anos, com variação entre 5 e 15 anos.6 As demais publicações pesquisadas referem-se a pacientes com idade a partir de 10 até 77 anos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O pólipo antrocoanal constitui uma lesão benigna proveniente do seio maxilar que ocupa a nasofaringe e causa obstrução nasal. Pode ocorrer em qualquer idade, mas é característico de crianças e adultos jovens. Todavia, não é comum que ocorra precocemente na infância. O caso aqui relatado descreve um pólipo antrocoanal em criança de 6 anos, idade menor que a maioria dos relatos encontrados na literatura especializada. Objetivamos, com isso, destacar a importância da suspeição de acordo com a apresentação clínica, para o diagnóstico e tratamento precoce desta condição.
Fig. 1
Tomografia computadorizada corte coronal, evidenciando preenchimento da fossa nasal e seio maxilar esquerdo