Palavras-Chave
piercing em nariz, complicações por piercing

Resumo

Keywords
piercing nose, pirecing complications

Abstract

Introdução:

Desde a última década do século XX, em muitos países ao redor do mundo, tem sido praticado seu uso por várias idades, como parte de rituais religiosos, independente do nível socioeconômico. Atualmente, o "piercing" se tornou bastante popular e a região da face é o local mais utilizado para sua fixação sendo também encontrado em outros locais do corpo.

As culturas evidenciam bactérias gram negativas, sendo a Pseudomonas aeruginosa a mais freqüente. Uma vez diagnosticada a pericondrite ou qualquer infecção causada por piercing, o tratamento deve ser imediato, sendo a área infectada limpa  com água boricada , na drenagem com debridamento local e a antibioticoterapia deve ser instituída o mais precoce possível , a quinolona é o  antibiótico preconizado na literatura, embora as penicilinas e derivados também possam ser utilizados. Se houver formação de abscesso, este deverá ser submetido à drenagem cirúrgica.

A colocação de "piercing" na região da face carrega complicações inerentes à técnica e aos cuidados locais.O impetigo, granuloma piogênico, celulite e o quelóide  são complicações locais citadas na literatura. Assim como o risco para Hepatites B, C e o HIV.

O objetivo deste estudo é apresentar dois casos de complicações por uso de piercing em região da face sendo que um em pavilhão auricular e outro em cartilagem alar de nariz .

Apresentação dos Casos

Caso 1

G.N.M.S., 12 anos, sexo feminino, compareceu em nosso serviço com dor em região auricular à direita, 20 dias após a colocação de piercing em região de pavilhão auricular.Referia já ter feito uso de amoxicilina e drenagem local com colocação de dreno, porém, evoluindo com piora. Ao exame físico, apresentava hiperemia e edema em região de hélice e antihélice de pavilhão auricular direito, além de dreno de látex em incisão de 3 cm com drenagem de secreção purulenta. 

A paciente foi submetida à drenagem em centro cirúrgico com colocação de "splint" , de aproximadamente 4cm , delineando a conformação anatômica do pavilhão auricular e sustentando a região manipulada. A fixação foi realizada com suturas utilizando fio inabsorvível ,transfixando a orelha, com "splint".
Realizada antibioticoterapia com ceftriaxone associada a clindamicina e corticóide.

 Foram realizados controles no décimo dia pós-operatório e retirado o "splint". A cultura isolou Pseudomonas aeruginosa sensível a ciprofloxacina e clindamicina.Foram introduzidos antibióticos conforme o antibiograma  No décimo dia foi retirado o curativo e mantido antibioticoterapia até completarem 14 dias.

Caso 2

M.A.P, 19 anos, sexo feminino, veio  com quadro de abaulamento em região de asa nasal esquerda com sinais flogísticos e abscesso , há aproximadamente duas semanas sendo feito cefalexina por 10 dias sem melhora. A inspeção apresentava abaulamento de asa nasal esquerda e hiperemia intensa e doloroso a palpação e presença do piercing na região.

Foi tentado fazer a drenagem da região e remoção do piercing em ambulatório sob anestesia local, mas a paciente referia  dor e sensação de desmaio. Foi então marcado para drenagem em centro cirúrgico, onde foi drenado material purulento da região de pequena quantidade e removido o piercing, sendo feito lavagem da região e deixado a incisão aberta.

Foi prescrito cefalosporina de segunda geração  ( axetil-cefuroxima 500mg de 12/12 horas por 10 dias).

Após o termino do tratamento, houve total cicatrização da região sem alterar a questão funcional e estética.

Discussão

O uso do piercing como adorno estético é comum, sendo a face o local mais acometido e com prevalência na população jovem e do sexo feminino .

As pacientes foram admitidas em nosso serviço com quadros de infecções em regiões da face conseqüente ao uso de piercing pois foram utilizados antibióticos e drenagem cirúrgica inadequados.  Inicialmente, optamos pela ceftriaxona e clindamicina como antibioticoterapia, mas a cultura isolou Pseudomonas aeruginosa resistente às cefalosporinas e sensível a clindamicina e ciprofloxacina , este sendo o antibiótico de escolha segunda a literatura.

A técnica cirúrgica com debridamento e drenagem do abscesso é efetiva e a colocação do "splint" com pontos transfixantes nos demonstrou ser bastante eficaz. Já o caso 2 não foi preciso fazer tal técnica pois a região além de menor e não necessitaria de conduta tão agressiva .

Comentários Finais: A colocação do piercing em regiões da face pode trazer deformidade estética importante, portanto, deve-se ter em mente a necessidade de uma intervenção precoce a fim de se evitar estas seqüelas com necessidade de tratamento cuidadoso e específico.

Referências Bibliográficas

1Benedikt J. folz. Hazards of Piercing and Facial Body Art: A report of Tree Patients and Literature Review. Annais of Plastic Surgery. October 2000, 45 (4) : 374380.

2David Reiter, MD DMD, Eugene L. Alford MD. Torn Earlobe: A New Approach to Management With a Review of 68

Cases. Ann Otol Rhinol Laryngol. 1994, 103: 879884.

3D. M. Macgregor. The Risks of Ear Piercing in Children. Scot Med J. 2001, 46: 009010.

4Behzad Razavi and Margo Schilling. Chondritis attributable to Lactobacillus after ear piercing. Case Report. Diagnostic microbiology and infectious disease. December 1999, 37 ( 2000), 7576.

5Piercing the cartilage and not the lobes leads to ear infeccions. The Lancet Infections Diseases. December 2000, vol 2; 715

6Meltzer DI. Complications of body piercing. Am Fam Phisyciam; 72(10):2029-34, 2005 Nov 15.