Caderno de Debates (Suplementos)

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Artigo publicado no Caderno de Debates da RBORL:

Vol.69 ed.4 de Julho-Agosto em 2003 (da página 19 à 22)

Autor: Dr. Marcelo Tepedino

Entrevista

 Entrevista com candidatos à sucessão presidencial da Sociedade Brasileira de Otologia


DR. MARCELO TEPEDINO


1 - Do ponto de vista científico acadêmico, por que o senhor se lançou candidato à presidência da SBO?

Atendendo a pedidos, da Sociedade de Otorrinolaringologia do Estado do Rio de janeiro e de colegas de vários estados do Brasil, estamos nos lançando a candidato à presidência da SBO.

Trabalho no Rio de Janeiro, em três serviços com residência médica, tenho experiência acadêmica e administrativa, e pretendo com meus companheiros de diretoria dinamizar e recolocar a otologia brasileira em seu devido lugar.

Vivenciei os tempos áureos da otologia brasileira e é esta otologia, que queremos transmitir para os mais jovens.

2 - Quais serão as principais diretrizes científicas de sua administração à frente da Sociedade Brasileira de Otologia?

Levar a informação científica a todo o Brasil, principalmente às regiões mais longínquas, fazendo cursos itinerantes, facilitando (no sentido de dar acesso) a informação e a possibilidade de aquisição de pontos para a revalidação do título de especialista.

Estabelecer convênios para estágios de reciclagem em vários serviços e hospitais em todo o país, de norte a sul, de leste a oeste, para médicos que queiram se reciclar na área de otologia desde o básico ao avançado.

Trabalhar junto com o Departamento de Cursos e Eventos da SBORL, para difundir a especialidade da melhor maneira possível.

3 - E qual estratégia o senhor vai adotar para atingir esses objetivos?

a) Como o senhor pretende estimular o intercâmbio de informações e a troca de experiências entre os otologistas brasileiros?

Levando a informação "in loco" através dos cursos itinerantes, trazendo estes colegas para estágios de atualização e promovendo educação médica continuada, seja pela home page na internet e através de teleconferência que pretendemos implantar.

b) O senhor pretende criar um programa de incentivo para aproximar a SBO dos jovens profissionais?

Sem dúvida, o residente, o jovem profissional de hoje, é o professor de amanhã, vamos abrir espaço em nossos cursos para que ele se manifeste, perca a inibição, apresente seus trabalhos e teses.

Vamos estabelecer programas de financiamento com apoio de instituições bancárias e financeiras, que possam facilitar a aquisição de equipamentos e instrumentais necessários para exercer de maneira digna e eficiente à especialidade.

4 - Como o senhor avalia o atual estágio da Otologia brasileira?

A otologia brasileira está no nível das melhores escolas no mundo, temos profissionais da melhor qualidade, mas temos muita coisa ainda para melhorar, afinal vivemos em um país com graves problemas econômicos.

5 - E qual a projeção o senhor faria para o futuro da especialidade?

O futuro da especialidade está intimamente relacionado com o momento político que vive a medicina em nosso país.

Uma medicina socializada em um país capitalista.

Temos que ter pulso firme neste momento, pois caso contrário, vamos perder completamente o controle da situação.

a) Qual política o senhor pretende adotar para investir na valorização da Otologia junto aos órgãos públicos, a outras entidades médicas, à sociedade e ao próprio associado da SBO?

Valorizar sempre o profissional, defender os seus interesses, apoiar as decisões da defesa profissional e do Comitê de Ética, defender as fronteiras da especialidade junto a outras especialidades ou mesmo a profissões paramédicas.

6 - Como o senhor pretende estimular a participação do associado nas deliberações da SBO?

Da maneira mais democrática possível, as grandes decisões serão tomadas em assembléia e a diretoria será o órgão executor da vontade da comunidade otológica.

A nossa diretoria será a mais aberta possível, todos os associados terão participação e serão ouvidos.

Vencedores e vencidos se unirão ao final da eleição para tornar a otologia cada vez mais forte.

7 - Como o senhor pretende se relacionar com os Comitês interdisciplinares da SBORL?

A SBO, na minha gestão, pretende sempre manter um bom relacionamento com a entidade mãe que é a SBORL e com os Comitês interdisciplinares, desde que seja respeitada a individualidade e a autonomia da SBO.

8 - Qual seu ponto de vista em relação aos programas de implante coclear implantados em centros de saúde autorizados pelo Ministro da Saúde e qual o papel a ser desempenhado pela SBO no implante coclear?

O programa de Implante Coclear do Ministro da Saúde foi uma conquista da Sociedade Brasileira de Otologia em 1999.

Nesta ocasião foi estendido para todo o país a possibilidade de Centros com otorrinolaringologistas se credenciarem para realizar implantes levando aos pacientes de todo o Brasil, uma tecnologia que estava restrita a um só centro que tinha "reserva de mercado".

Com a SBO no controle, inclusive da avaliação técnica dos locais, temos hoje uma importante missão em nossa Sociedade que é a de assessorar o MS tecnicamente para este assunto e outros relacionados com ouvido trazendo para nossa especialidade uma responsabilidade que estava sendo credenciada a outros (dentistas) como outras áreas da otorrinolaringologia que no passado foram entregues de bandeja (tiróide, cabeça e pescoço, buco-maxilo etc.) e que hoje estamos com muita dificuldade querendo recuperar.

9 - Na questão da triagem auditiva universal que necessita de uma equipe multidisciplinar para sua execução, qual o papel que o Sr. atribuiria ao otorrinolaringologista e a SBO neste contexto?

Sem dúvida neste caso se a SBO e os otorrinolaringologistas não agirem muito rápido e de forma organizada, perderemos o controle para as fonoaudiólogas e para os pediatras.

O otorrinolaringologista deve ser a mola central de uma equipe multidisciplinar de triagem e para tal a SBO deve participar de todos os níveis de reuniões que estão sendo feitas para normatização para não entregarmos mais uma fatia de nossa especialidade que depois será muito difícil recuperar.

10 -A ONG Organização Saúde Otorrino - OSO - que é uma extensão da SBORL e criada para desenvolvimento e melhoria da saúde na área de otorrinolaringologia necessita de parcerias para atingir seus objetivos. Com o Sr. vê a atuação da SBO nesta parceria?

Desde que o controle da ONG OSO seja da SBORL e que membros da SBO tenham assento nas decisões, acho que a SBO deve participar dando subsídio técnico para a realização de iniciativas sociais na área de otorrinolaringologia. O que não pode é que a ONG seja uma outra "sociedade" usada com intuitos políticos e para manutenção de cargos.

DR. MARCELO TEPEDINO - RESIDÊNCIA MÉDICA NA CLÍNICA PROF. JOSÉ KÓS 1974-1974-1976, PÓS-GRADUAÇÃO NA UNIDADE DE BORDEAUX, COM O PROF. MICHEL PORTMANN, PROF. ASSISTENTE DA UFRJ A PARTIR DE 1979, MÉDICO DO HOSPITAL DOS SERVIDORES DO ESTADO, CHEFE DE OTORRINOLARINGOLOGIA DA PILICLÍNICA DE BOTAFOGO.

 

 

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