Caderno de Debates (Suplementos)

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Artigo publicado no Caderno de Debates da RBORL:

Vol.68 ed.2 de Março-Abril em 2002 (da página 16 à 17)

Autor: ANTÔNIO CARLOS CEDIN SILVIO ANTONIO M. MARONE LUIZ CARLOS ALVES DE SOUSA LUIZ MIGUEL CHIRIBOGA MARCO AURÉLIO R. SANTOS MARCELO RIBEIRO DE TOLEDO PIZA ODÍLIO RIBEIRO MENDES

Diretrizes

 Triagem Auditiva Neonatal - QUALIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS

A detecção e o tratamento precoce das perdas auditivas vêm se tornando nos últimos anos aspectos de grande importância na prática médica, envolvendo Otorrinolaringologistas, Pediatras e Fonoaudiólogas. Este assunto, que em nossos tempos já povoa a mídia leiga, mobiliza também empresários da indústria médica, administradores hospitalares, educadores; e políticos dentre outros.

Vários são os protocolos propostos com o intuito de identificar uma criança deficiente auditiva (DA) ainda no berçário, ou no mais tardar até o sexto mês de vida. Associa-se para tanto testes comportamentais, imitanciometria, otoemissões acústicas e potenciais evocados auditivos de tronco cerebral (BERA).

Pauta de extrema relevância tem o objetivo de minimizar ao máximo os efeitos devastadores da surdez, complexo infortúnio que compromete sobremaneira a educação normal e o desenvolvimento global da criança.

Nas últimas décadas, a incorporação de vasta quantidade de conhecimento e de novas tecnologias, proporcionaram um grande desenvolvimento da Medicina e conseqüentemente o surgimento de várias outras profissões na área de Saúde. Desta forma seria previsível a ocorrência de atritos, superposição de funções, meios e modos de atuar. Todas essas novas profissões atuantes na arte de curar são dignas, úteis e necessárias, e não surgiram por acaso.

Num contexto cujo objetivo principal é assegurar a melhoria da qualidade de vida do ser humano, é necessário determinar-se a incumbência de Médicos, Fonoaudiólogas e outros profissionais da Saúde no manejo dos pacientes.

A identificação de um possível recém-nascido DA no berçário e a posterior confirmação do problema trata-se da elaboração de um diagnóstico, prerrogativa exclusiva da profissão médica. Segundo Joffre Rezende, Professor e membro da Sociedade Brasileira de História da Medicina, o Médico, pela sua formação acadêmica de maior amplitude e abrangência se capacita a ter uma visão global do organismo humano em sua totalidade, desde a sua estrutura anatômica ao funcionamento dos diversos órgãos. Torna-se, portanto, absolutamente coerente, prudente e necessário que a Otorrinolaringologia, representando a sociedade médica, chame para si a responsabilidade de eleger critérios que qualifiquem um grupo de profissionais para desempenhar a nobre missão do diagnóstico precoce da surdez infantil.

O responsável pelo Serviço tem que ser obrigatoriamente um médico otorrinolaringologista, com vocação á Otologia e armado com a semiologia armada empregada. Ele poderá contar com os valorosos préstimos de fonoaudiólogos, que poderão estar envolvidos com a realização dos exames. Seria prudente que todos os profissionais que constituíssem o serviço tivessem experiência em Audiologia infantil e fluência na realização dos métodos subjetivos e objetivos de avaliação da surdez infantil. A interpretação destes exames, discussão de aspectos clínicos pertinentes e de fatores de risco para a surdez, assim como a elaboração do diagnóstico deverá ficar sob a responsabilidade do Médico Otorrinolaringologista.

A infra-estrutura aconselhável para a realização da triagem auditiva no berçário deverá constituir-se de:

- Instrumental para triagem comportamental

- Imitanciômetro

- Equipamento de OEA (produtos de distorção e/ou transientes)

- Equipamento de BERA (screener ou automático ou convencional)

Se o serviço não dispuser de um equipamento de BERA in locu, mas somente o de OEA, deverá poder contar com um serviço de apoio que faça o BERA, no máximo após 3 meses, naqueles casos referidos pelo teste das otoemissões acústicas.

A deficiência auditiva, quando não diagnosticada precocemente, priva a criança de um programa multidisciplinar de habilitação. Como conseqüência teremos um ser humano marginalizado, com sérias limitações socioeconômicas e, em várias oportunidades, prisioneiro do pequeno mundo da comunicação gestual.

São Paulo 12 de Abril de 2002

 

 

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