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Artigo publicado no Caderno de Debates da RBORL:
Vol.69 ed.4 de Julho-Agosto em 2003 (da página 03 à 06)
Autor: Dr. Richard Voegels
Artigo
Dr. Richard Voegels*
A importância da Endoscopia no diagnóstico a tratamento de varias doenças nos dias de hoje, a conseqüência da evolução de uma série de tentativas para se conhecer e estudar as cavidades humanas internas. Esse processo evolutivo apresentou duas fases.
A primeira representa os esforços de vários estudiosos no desenvolvimento de uma fonte de luz. Em 1806, Philip Bozzini foi o primeiro a descrever um condutor de luz. Inicialmente, a própria luz solar era utilizada como fonte, mas seu uso era limitado pelo tempo, a até mesmo pelo espaço. Para vencer estas limitações, luzes artificiais foram utilizadas, como velas, querosene, lamparinas a óleo, a ate mesmo gás. O brilho do fio de prata foi a primeira luz elétrica, no entanto, precisava de um gerador a vapor, o que dificultava sua utilização.
A Segunda fase foi marcada pelo desenvolvimento do cistoscópio por Nitze-Leiter em 1879, que utilizava o fio de prata, a necessitava de irrigação com água continua para evitar o superaquecimento. No ano seguinte, Zaufal usou um instrumento similar, modificado, para examinar o orifício da tuba auditiva. Como era relativamente grande para que pudesse ser resfriado pela água, foi pouco utilizado. Em 1885, Voltolini se voltou contra a pesquisa, tanto pelas dificuldades técnicas como pela dificuldade em gerar a eletricidade necessária.
Por essa razão, o cistoscópio foi raramente usado durante as últimas duas décadas do século XIX. A criação de uma lâmpada em miniatura gerava pouco calor e, assim, possibitou a construção de endoscópios menores. Valentin, em 1903 se tornou o "Pai da salpingoscopia" (inspeção da tuba auditiva), ao utilizar um instrumento de 4,5mm, capaz de estudar quase todos os narizes. Flatau e Hays, independentemente, descreveram um endoscópio em 1909 a 1910, para salpingoscopia. Esse instrumento era capaz de visualizar a rinofaringe, além de permitir a rinoscopia posterior através da orofaringe. Em 1902, Hirschmann (Figura 3) a Valentin, seguidos por Reichert em 1903, introduziram um cistoscópio modificado diretamente no seio maxilar através do alvéolo dentário. Entre 1951 a 1956, Hopkins promoveu uma melhora da Óptica na endoscopia, que incluía uma fonte de luz separada do instrumento, excelente resolução, melhor visualização das estruturas (em oposição aos endoscópios de pequeno calibre), a perfeita fidelidade de cor (Figura 4, 5a a 5b). Desde o inicio da década de 70, os endoscópios para vias aéreas superiores, passaram a ter muita popularidade, e passaram a ser utilizados em outros seios paranasais, alem do maxilar. Hopkins desenvolveu o endoscópio rígido, capaz de inspecionar o seio etmóide anterior. Nas ultimas décadas, desenvolveu-se a fibra óptica flexível, e o nasofaringoscópio, úteis no diagnostico, mas não em cirurgias4.
Figura 1. Conduta de luz de Bozzini
Figura 2. Fonte de luz Bozzini
A década de 50 foi marcada pela introdução de um novo conceito criado por Messerklinger: de que a maioria das doenças dos seios maxilar a frontal apresentavam causas rinogênicas. A descoberta de que a doença primaria se localizava nos estreitos espaços da parede lateral da fossinasal a nas células etmoidais anteriores, permitiu o desenvolvimento de técnicas cirúrgicas endoscópicas que eliminassem a doença primaria e, conseqüentemente, gerassem a resolução ate de doenças maciças dos seios paranasais adjacentes.
Citoscópio de Nitze-Leiter
Figura 3. Citoscópio modificado de Hirschmann Valentin
Figura 4. Conjunto de Rinscópios atuais
Figura 5a. Imagem endoscópio de fossa nasal
Figura 5b. Imagem intra cirúrgica
Este estudioso foi o primeiro a estabelecer uma sistemática para o diagnóstico das doenças da parede lateral do nariz.
A Cirurgia Endoscópica Funcional dos Seios Paranasais (FES S) a utilizada para diagnóstico, biópsia, tratamento a acompanhamento de diversas doenças, como o tratamento de rinossinusite crônica. E um procedimento minimamente invasivo usado para restaurar a ventilação e a função normal dos seios3, 7. Com o decorrer dos anos, suas indicações foram se diversificando a outras doenças, como polipose nasal, atresia de coanas, dacriocistite, epistaxes recorrentes, meningoencefalocele, fístulas liquóricas, abordagem de tumores etc.
E indicada pela combinação de alguns fatores como a história do paciente (presença ou não de sintomas), achados endoscópicos e tomografia computadorizada. Na vigência de sintomatologia importante a no insucesso da terapêutica medicamentosa, seu use esta corretamente empregado2, 6, 7. Lima vez excluída neoplasia maligna, na ausência de sintomas, nenhuma abordagem cirúrgica deve ser planejada; a não ser pela presença de micoses ou mesmo mucoceles ou qualquer outra doença que possa vir a apresentar problemas tardiamente6.
Apresenta uma taxa de sucesso que varia de 76% a 98%2, 3, 7. E uma cirurgia conservadora, com acesso mais anatômico as estruturas do nariz, preservando a mucosa e restabelecendo a função nasal5. Em 1998, Elwany1 aplicou o teste da sacarina em pacientes com rinossinusite crônica, antes a após a realização da FESS, obtendo objetivamente a melhora do clearance mucociliar após a cirurgia. Com o Progresso tecnológico, vem sendo cada dia mais utilizada, proporcionando maior precisão no diagnóstico e tratamento das doenças rinosinusais.
BIBLIOGRAFIA
1. Elwany S.; Hishan M.; Gamaee R. The effect of Endoscopic Sinus Surgery on Mucociliary Clearance in Patienta with Chronic Sinusitis. Eur Arch Otorhinolaringol 255(10):511-4, 1998.
2. Ron, L.M. et al. Revision Endoscopic Sinus Surgery Y: The Thomas Jefferson University Experience. Ear, Nose and Throat J., 77(3): 190-202, 1998.
3. Slack R.; Bates, G. Functional endoscopic Sinus Surgery. Am Fam Physician sep 1;58(3):707-18, 1998.
4. Stammberger. Functional Endoscopic Sinus Surgery, 1990.
5. Stammberger, H. et al. Functional Endoscopic Sinus Surgery - The Messerklinger Technique. Philadelphia, BC Decker, 1991.
6. Stammberger, H.; Hakke, M. Essentials of Functional Endoscopic Sinus Surgery, 1993.
7. Voegels, RL. Cirurgia Endoscópica dos Seios Paranasais. Arquivos da Fundação Otorrinolaringologia 1997; 1 (1):
* Prof. Dr. Richard Voegels - Prof. Livre Docente do Departamento de Otorrinolaringologia e Oftalmologia da FMUSP.