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Artigo publicado no Caderno de Debates da RBORL:
Vol.69 ed.1 de Janeiro-Fevereiro em 2003 (da página 19 à 19)
Autor: José Antonio Pinto
Nota
Faleceu em São Paulo, em outubro último, aos 92 anos de idade, o Dr. Plínio Freire de Mattos Barretto, introdutor da Endoscopia Peroral em nosso país, renomado Laringologista e Cirurgião de Cabeça e Pescoço.
Formado pela FMUSP em 1934, Dr. Plínio estagiou juntamente com Paul Holinger no famoso Serviço de Laringologia e Broncoesofagologia da Temple University na Philadelphia, USA, sob a orientação de Chevalier Jackson, por dois anos. Posteriormente, passou mais um ano na Europa, em especial na Áustria, trabalhando com Killian, Seiffert e Haslinger, e na França com George Portman e Leroux-Robert.
Ao voltar ao Brasil fundou então o primeiro serviço de Endoscopia Peroral em nosso país, inicialmente na Santa Casa de São Paulo, passando depois para o Hospital das Clínicas da FMUSP, recém inaugurado (1945). Foi chefe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto Arnaldo Vieira de Carvalho (Clínica de Tumores) de 1945 a 1960.
Dr. Plínio dedicou-se em toda sua vida ao tratamento das doenças da laringe, em especial ao câncer laríngeo e à Broncoesofagologia, então se iniciando como uma nova especialidade.
Foi fundador da Sociedade Brasileira de Endoscopia Peroral em 1952 e que agora completa 50 anos de atividades, tendo sido presidente de várias sociedades e congressos, culminando em 1977 com o Congresso Mundial de Broncoesofagologia realizado em São Paulo com absoluto sucesso. Em seu Serviço de Endoscopia Peroral no Hospital das Clínicas da FMUSP passavam todos os otorrinolaringologistas interessados em Laringologia, no tratamento das estenoses de esôfago e traquéia e, em especial, na remoção de corpos estranhos de vias aéreas e digestivas. Foi com Dr. Plínio que vimos pela primeira vez técnicas de reconstrução laríngea e seu esmero em refazer as estruturas de vias aero-digestivas comprometidas, tendo sido também um dos primeiros a utilizar a microcirurgia laríngea em nosso país.
Nos anos 50 fundou o primeiro Comitê Latino-Americano para o estudo do câncer da laringe e fez parte do grupo de trabalho que criou o sistema TNM de estadiamento do câncer laríngeo.
As contribuições de Mattos Barretto à Laringologia e Broncoesofagologia foram inestimáveis e seu desaparecimento encerra uma fase histórica que deve ser guardada na memória da Medicina brasileira.
José Antonio Pinto
Presidente da SBLV