ISSN 1806-9312  
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989 - Vol. 37 / Edição 2 / Período: Maio - Agosto de 1971
Seção: - Páginas: 132 a 134
Mucocele Frontal*
Autor(es):
Ossomu Butugan **,
Rubens Galis ***,
Paulo H. Siqueiro***
Motomo Sakabe***

I - Introdução:

Mucocele é um tumor benigno, sob o ponto de vista histopatológico, dos seios paranasais. Mucocele seria resultado da oclusão de ósteo de drenagem dos seios ou das glándulas muco-serosas da mucosa sinusal. Esta obstrução seria de causa inflamatória, traumática, cirúrgica ou de processo de vizinhança (osteoma). Devido ao aumento progressivo da retenção, ocorre aumento de pressão, provocando a erosão óssea da parede sinusal, ocasionando a exteriorização da mucocele. É comum o paciente procurar o oftalmologista devido a problema oculares que o tumor acarreta. E o oftalmo após afastar patologia ocular encaminha o paciente ao O. R. L.

A finalidade dêste trabalho é apresentar o estudo de 24 pacientes com mucocele atendidos na Clínica O. R. L. do Hospital das Clínicas, relatando a conduta adotada nesta eventualidade.

II - Material e Métodos:

O material é constituído de 24 doentes portadores de mucocele frontal atendidos na Clínica O. R. L. do Hospital das Clínicas, da F. M. U. S. P. nos últimos 10 anos.

Tivemos 20 pacientes de raça branca; 2, negra e 2, amarela. E, 14 do sexo masculino e 10, feminino. Os doentes estão distribuídos quanto ao grupo etário conforme a tabela 1.

Os principais sinais e sintomas foram a, presença do tumor supra-orbitário, protusão ocular, proptose, cefaléia. No antecedente, 6 pacientes relataram que tinham sido operados de sinusite frontal.

Foram realizadas radiografias simples (seios paranasais) e planigrafias. As radiografias revelaram velamento do seio frontal, apagamento dos limites do seio frontal, erosão óssea do teto da órbita e da parede interna do seio frontal.
A terapêutica adotada foi a cirúrgica em todos os pacientes.



Tab. 1 - Distribuição etária



A via de acesso da cirurgia foi a via supraciliar (9 casos) e a via coronaria (15 casos) e em 3 casos foi realizado a cirurgia via coronaria com osteosplastia.

Os principais achados cirúrgicos foram presença de secreção purulenta, amareloesverdeado ou marron, destruição da parede óssea sinusal, exposição da meninge. Foi deixado um tubo de polietileno do seio (frontal para as fossas nasais. Este dreno foi retirado após 15 ou 21 dias.

O histopatológico da peça operatória revelou mucocele em 6 casos.

III - Resultados:

Os resultados da cirurgia foram considerados satisfatórios, não se observando sinala de recidivas ou de complicações com boa evolução. Houve porém, 1 exceção que foi reoperado por 2 vêzes devido a recidiva da mucocele frontal, tendo-se constado piocele e exposição da meninge. Este paciente está sendo acompanhado há 6 mêses, com evolução satisfatória.

IV - Discussão:

A mucocele é um tumor de crescimento lento e insidioso.
No nosso material foi verificado em 6 casos, o antecedente de sinusectomia frontal, o que contribuiria como a causa da mucocele. Quanto ao grupo etário foi verificado a maior incidência entre 51 a 60 casos, seguido da faixa etária entre 41 a 5l anos; o paciente mais jovem tinha 13 anos e o mais idoso, 72 anos de idade.

A raça branca predominou e quanto ao sexo houve ligeiro predomínio do sexo masculino sôbre o feminino.
A maioria dos nossos casos foram encaminhados pelo oftalmologista; quando não o foram requisitamos a contribuição do oftalmologista para afastar patologia ocular.

Achamos que é de suma importância o exame radiográfico que contribui no diagnóstico e na verificação da extensão do tumor, cujo conhecimento é de grande valia na terapêutica cirúrgica.

A terapêutica frente a um caso de mucocele é sempre cirúrgica. A via de acesso depende de vários fatôres, como a extensão do tumor, a estética, etc. Em 9 casos, foi realizado a cirurgia, via supra-ciliar, porque apresentava um seio frontal pequeno e consequentemente tumor pequeno. Por outro lado, 15 pacientes foram operado: pela via coronaria devido a extensão do tumor. Dentre êstes pacientes, 3 foram submetidos a cirurgia osteoplástica.

Um aspecto que julgamos interessante ë a conduta cirúrgica osteoplástica a ser adotado tanto por via externa supraciliar como por via coronaria, pois isto evita a ocorrência de cicatriz com deformidade estética.

Os resultados da nossa conduta terapêutica cirúrgica foram satisfatórias. É interessante salientar o caso que foi reoperado por 2 vêzes devido a recidiva da mucocele, que ocorreu provàvelmente devido a obstrução do ósteo de drenagem do seio frontal.

V - Conclusão:

1.°) São tumores benignos sob o ponto de vista histopatológico;
2.°) Houve maior incidência da mucocele no grupo etário entre 41 a 60 anos de idade;
3.°) O exame radiográfico é fundamental importância no diagnóstico e no conhecimento da extensão do tumor;
4.°) A terapêutica da mucocele é sempre cirúrgica; adotando-se, de preferência. a cirurgia osteoplástica;
5.°) Os resultados da terapêutica cirúrgica adotada foram consideradas satisfatórias.

VI - Sumário:

Os autores apresentam o estudo de 24 casos de mucocele frontal atendidos na Clínica O. R. L. do Hospital das Clinicas da F. U. M. S. P. Analisam e discutem o material sob o ponto de vista ida idade, raça, sexo" radiografia e conduta terapêutica adotada.

VII - SUMMARY:

The authors present the study of 29 cases of frontal mucocele cared for at the Clinica O. R. L. of H. C. of F. M. U. S. P. Thery analyse and discuss the material under the ponts of view concerned to age, rate, sex, X-ray and terapeutics case adopted.

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* Trabalho realizado na Clinica O. R. L. da F. M. U. S. P.
** Assistente-Doutor da Clínica O. R. L. da F. M. U. S. P.
*** Médicos-Assistentes da Clínica O. R. L. da F. M. U. S. P.
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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