ISSN 1806-9312  
Quinta, 18 de Abril de 2024
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987 - Vol. 37 / Edição 2 / Período: Maio - Agosto de 1971
Seção: - Páginas: 125 a 126
Granuloma Eosinófilo e Paralisia Facial Periférica
Autor(es):
Sinval Pereira dos Santos,
Vinícius Cotta Barbosa,
Osvaldo Gomes de Souza

Introdução: O granuloma eosinófilo é uma das três variantes do complexo de Hand-Schuller-Christian. As outras duas variantes são: doença de Hand-Schuller-Christian e doença de Letterer-Siwe. O complexo de H. S. C. é uma das anomalias do metabolismo lipídico e é considerada como doença inflamatória de etiologia desconhecida.

Em revisão da literatura feita por Mirko Tos foram coletados 500 casos dos quais 61% apresentavam manifestações do osso temporal unilateralmente e 31% bilateralmente. Em 25% dos casos os sinais auriculares foram os primeiros dados que chamaram a atenção para a doença. Êsses sinais auriculares são 14,4% otorréia e 9,6% abaulamento retro-auricular. A paralisia facial foi encontrada em 2,8% dos casos.

Relato de um caso:

Paciente S. B. R., 2,5 anos - masculino, veio ao serviço em 10 de novembro de 1.970, queixando-se de otorréia constante, fétida iniciada a mais ou menos 7 mêses no ouvido direito e paralisia facial do mesmo lado instalada após manipulação com tentativa de limpeza do mesmo ouvido há mais ou menos 24 dias.

Exames

Otoscopia: O. D.: presença de massa poliposa obliterando parcialmente a luz do conduto auditivo externo que saía de sua parede póstero-superior. Sangramento facial e presença de secreção purulenta com odor incaracterístico. Não foi possível ver a membrana timpânica.

Facial: paralisia total do tipo periférico à direita.
Teste de Hilger: O. E. - 1,50, O. D. - sem resposta.

Rx. do osso temporal: células do tipo diplóico - grande cavidade ao nível do antro. Áreas de osteolise acima do conduto auditivo externo, estendeu-se no sentido anterior e posterior do lado direito.

Exame pediátrico: normal (inclusive com Rx de todo esqueleto ósseo: normal).
Exame neurológico: nada digno de nota a não ser a paralisia facial.
Suspeitas diagnósticas: a) paralisia facial periférica do nervo facial devida a patologia crônica do ouvido médio (granulona eosinófilo? colesteatoma? tuberculose do ouvido?)?

Em 21-11-70 feita mastoidectomia:
Na cirurgia verificou-se uma cortical extremamente delgada, ausência da parede póstero-superior, cavidade antral ampla com destruição de tôdas as células da mastóide. Tôda esta cavidade estava ocupada por uma massa de coloração róseo pálido, mole, lembrando mais ou menos tecido encefálico, que envolvia a porção timpânica do nervo facial. Foram feitos mastoidectomia radical e descompressão do nervo facial na sua porção mastóidea.

Resultado do Anátomo Patológico: granuloma eosinófilo.

Conclusão:

Neste paciente o problema a ser abordado de imediato, era a paralisia facial. Pela história havia sugestão de problema traumático, podendo justificar uma intervenção sem maiores pesquizas. No entanto, ao executar a rotina completa de exames para diagnosticar a patologia do ouvido médio e baseados sobretudo nos achados radiológicos, o diagnóstico de granuloma eosinófilo foi pensado, e posteriormente confirmado pelo exame de Anátomo Patológico. Trata-se de doença até certo ponto rara, mas grande importância tanto do ponto de vista sistêmico, como local e podendo, inclusive, explicar a paralisia facial.

Resumo:

Os autôres relatam um caso de granuloma eosinófilo como possível causa de paralisia facial periférica. Os achados radiológicos do osso temporal foram de grande importância para a elucidação diagnóstica. Chamam atenção para a importância tanto do ponto de vista sistêmico como local.

Summary:

The authors present a case of the Eosinophil granuloma propably been the cause of periferical facial paralysis. They comment the importance of Rx finding to establish the diagnosis. They call attention to the importance of the diseasa under the general and local point of view.

Bibliografia

1. Tos, M.: Facial Palsy in Hand Schuller. Christian's Disease, Arch. Otolaryng. 90,: 563-567, 1969. Otolaryng. 90: 563-567, 1969.
2. Guimarães, R. C.; Ferreira, R. A.; Silva, B. R.: Estudo anátomo-clínico de dois casos de Doença de Letterer-Siwe, Rev. Hosp. Clín. Fac. Med. S. Paulo 26: 5-14, 1971.
3. Robbins, S. T. Patologia, 2.ª Ed., Livraria Editôra Guanabara Koogan S. A. Rio de Janeiro, 121-124, 1965.
4. Tos, M.: A Survey of Hand-SchullerChristian's Disease in Otolaryng 62: 217-223 (Jan.) 1966.
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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