ISSN 1806-9312  
Quinta, 25 de Abril de 2024
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977 - Vol. 37 / Edição 2 / Período: Maio - Agosto de 1971
Seção: - Páginas: 96 a 97
Tumores da Glândula Submandibular Estudo de 35 casos
Autor(es):
Luis Carlos Sanvitto,
Josias de Andrade Sobrinho
Abrão Rapoport

Visto o reduzido número de publicações e estudos relativos à glândula Submandibular, os autôres apresentam o material do Serviço de Cabeça e Pescoço da Associação Paulista de Combate ao Câncer, matriculados no período de 1953 à 1970, representando 35 casos de pacientes portadores de neoplasias da glândula Submandibular.

Chamam a atenção para a alta incidência de tumores afetando esta glândula, pois no mesmo período foram atendidos 357 pacientes portadores de neoplasias das glândulas salivares, sendo 322 (90%) da glândula Parótida e 35 (10%) de neoplasias da glândula Submandibular, fato êste já salientado por Gore e col.1 que refere em seu material um índice de freqüência de 17,2% para a glândula Submandibular.

Casuística

Os nossos pacientes em número de 35, eram portadores de neoplasías glandulares assim distribuídos: 18 com neoplasias benignas e 17 com malignas, o que mostra uma idêntica relação de freqüência de 1:1.

Quanto ao sexo, 15 eram do sexo masculino e 20 do feminino; quanto à côr, 29 eram de côr branca e 6 de côr prêta.

Quanto à idade, o mais jovem tinha 11 anos e o mais velho 79 anos; sendo que a faixa etária de maior freqüência foi a 4.º década (12 pacientes).

Comportamento Clínico

O comportamento clínico dos tumores da glândula submandibular implica numa análise individual para os tumores benignos e malignos. Assim, enquanto os tumores benignos têm uma evolução lenta, os malignos evoluem mais ràpidamente. Para os nossos 18 casos de tumores benignos, o tempo médio decorrido entre o aparecimento da 1.º queixa e a procura de nosso Serviço foi de 9 anos enquanto que para os 17 casos de neoplasias malignas a duração média foi de 4 anos e meio.

Além da duração da queixa, a dor é referida pelo crescimento do parênquima da glândula, com conseqüente compressão de estruturas vizinhas. Quanto à queixa de nódulo cervical como 1.° sintoma, ocorreu em 27 pacientes enquanto que a dor ocorreu em 7 casos sòmente.

Um problema que mereceu especial atenção, foi da existência ou não de malignização de tumores benignos, visto que nossos 18 pacientes eram portadores de tumores mistos. Os autôres em sua maioria aceitam a malignização dos tumores mistos, entre êles Kleinsasser e col.z que admitem a transformação em 2 a 3% de todos os tumores mistos.

Um outro conceito de suma importância foi aquêle introduzido por Eneroth de "semi-maligno", pela recidiva dos tumores mistos onde não foi feito o esvaziamento radical da loja submandibular.

No que se refere aos tumores malignos, Eneroth3 chama a atenção para a sua alta malignidade e metastatização, para os grupos ganglionares júgulo-cárotideos, espinais, submandibulares e submentoneanos.

Diagnóstico

O diagnóstico dos tumores da glândula submandíbular sómente será confirmado através do exame histopatológico. Assim os nossos 35 casos estavam distribuídos

Tumor misto benigno - 18
Tumor misto com transformação maligna - 1
Carcinoma Espino-Celular - 7
Carcinoma Mucoepidermóide - 3
Cilindroma - 3
Adenocarcinoma - 2
Carcinoma Glandular Sólido - 1

Tratamento e prognóstico

Os tumores mistos benignos por sua capacidade de recidiva implicam sempre em cirurgia com esvaziamento radical da loja submandibular. Nos nossos 18 pacientes, foi indicada a submandibulectomia estando todos assintomáticos.

No que se relaciona aos tumores malignos, somos de opinião que a retirada do conteúdo da loja submandibular seguida de esvaziamento cervical homolateral é a conduta terapêutica mais correta. Dos nossos 17 pacientes, 13 foram submetidos à conduta acima descrita, enquanto que 4 já compareceram ao nosso Serviço com extensas lesões, estando fora de qualquer possibilidade de terapêutica cirúrgica.

Em têrmos de prognóstico, os tumores malignos deverão sempre ser submetidos à terapêutica cirúrgica precoce, visto o seu alto grau de malignidade. Em nossos 17 casos, obtivemos o índice de sobrevida para 5 anos foi de 26%.

Resumo

Os autôres apresentam um estudo das neoplasias da glândula Submandibular num total de 35 casos de pacientes portadores de tumores desta glândula, tendo encontrado 17 casos de tumores malignos, o que mostra a alta incidência dêste tumor.

Fazem uma análise dos métodos terapêuticas adotados, apresentando o resultado de sobrevida dos pacientes operados no Serviço de Cabeça e Pescoço da Associação Paulista de Combate ao Câncer no período de 1953 a 1970.

Sumary

Tumors of the Submandibulary gland-Review of 35 cases.

The authors present the review of 35 cases of tumors of the Submandibulary gland examminated among 1953 and 1970 in The Head and Neck Service of The Associação Paulista de Combate ao Câncer.

Bibliografia

Gore, D. O.; Annamunthodo, H., Harland, A.: Tumors of Salivary Glands origin. Surg. Gyn. Obst. 119: 1290-1296, 1964.
2. Kleinsasser. O.; Klein, H. J.; Arch. Klin.: Erp. Ghr, 190: 272-285; 1968.
3. Eneroth, C. H.; Hiertman. L. J. Larung.: 80: 820-830, 1966.
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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