ISSN 1806-9312  
Segunda, 29 de Abril de 2024
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943 - Vol. 36 / Edição 2 / Período: Maio - Agosto de 1970
Seção: - Páginas: 87 a 87
Considerações Práticas sôbre Residência em Otorrinolaringologia
Autor(es):
Os Editôres.

O desenvolvimento atual e futuro da especialidade e as exíguas horas de ensino que o currículo normal das Faculdades dedicam ao ensino da otorrinolaringologia, obriga a criação de serviços de residência para recem formados, a fim de adquirirem experiência e treinamento.

O conceito atual de residência médica é o de treinamento profissional pós-graduado, não sendo portanto um curso de pós graduação para a formação de prdfessôres ou aquisição de título de doutorado ou mestrado.

Para conseguir esta finalidade uma residência deve ter condições básicas de espaço, pessoal, condições financeiras mínimas de auxílio ao residente, biblioteca, ambiente de estudo, ambulatório, Hospital e fichário médico. Outro aspecto fundamental na residência é a existência de um espírito de organização, hierarquia e ordem, pois permitirá ao residente aquisição de hábito fundamental na prática médica moderna: o registro e organização de tôda a atividade profissional.

O básico da residência é o profissional com mais experiência trabalhar com o residente ao seu lado e ser pragmático. Ensinar a rotina de maneira tal que durante 40 ou 50 anos de vida profissional êle a repita sem tédio e bem. O reconhecimento dos êrros, a humildade do diagnóstico e o desapego a riqueza fácil, devem ser os parâmetros, pois sòmente o trabalho bem organizado, útil e consciente tráz a recompensa material justa e adequada. No serviço de residência não devem estar em jôgo as ambições de carreira universitária ou de postos de projeção no ensino, pois deformam o caráter e a hierarquia profissional, como comumente se observa na política universitária de qualquer parte do mundo.

As condições de espaço e pessoal são necessários e o seu comando administrativo deve estar com a chefia do. serviço que mantém a residência, a fim de coordenar a utilização do mesmo para as finalidades precípuas do treinamento. Esta ausência do contrâle administrativo tráz o desacerto e o desestímulo. A característica mais marcante de um serviço de residência, deve ser o sentido, de organização perfeita, determinando o tipo de trabalho, o comportamento e o disciplinamento do residente, tudo isto de acôrdo com a disposição espaço-tempo que dispõe o serviço. É óbvio que a dedicação deve ser exclusiva.

A reunião científica semanal ou quinzenal é atividade obrigatória, na qual todos devem tomar parte ativa, apresentando trabalhos ou discutindo assuntos práticos. A formação científica do residente baseia-se em um tripé: leitura diária de têxtos clássicos e trabalhos recentes, discussão e valorização dos mesmos face a prática, a fim de adquirir espírito crítico e honesto, conhecimento das principais publicações científicas da especialidade, com detalhes desde como fazer assinatura, tipo do conteúdo e a orientação editorial. Para tanto o serviço deve dispor de uma pequena biblioteca com os principais têxtos e revistas científicas em condições de serem consultadas a qualquer momento, sem burocracia desestimulante.

A residência deve obedecer aos princípios clássicos do artesanato, um bom artesão tem um ou dois auxiliares que pacientemente aprendem todos os detalhes da arte. Isto é, pouco mas com qualidade refinada. A capacidade de treinamento é sempre pequena em um serviço e não deve ser grande pois baixará a qualidade. Em uma Nação como a nossa precisamos muito de qualidade. Os serviços de residência devem dar prioridade aos candidatos que desejarem trabalhar no interior do País, pois nas grandes cidades existem elementos bem formados na especialidade. O panorama do treinamento profissional, mudará nos próximos anos face os serviços de residência que se criam e iniciam seu trabalho pioneiro. Um dos fatos chocantes é a atividade particular não ser compensada por bolsas tipo CAPES ou do Conselho Nacional de Pesquisas; para tanto, deve estar adida a serviços oficiais. O reconhecimento de serviços de treinamento profissional devia ser apoiado pelas entidades oficiais, fossem êles de particulares ou oficiais, uma vez que tivessem condições mínimas de serem reconhecidos.

O ideal de duração de um serviço de residência em otorrinolaringologia deve ser de dois anos, o primeiro dedicado especialmente a otorrino em geral e o segundo a setores mais especializados tais como broncoesofagologia, cirurgia de cabeça e pescoço e otologia.
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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