ISSN 1806-9312  
Sábado, 23 de Novembro de 2024
Listagem dos arquivos selecionados para impressão:
Imprimir:
940 - Vol. 36 / Edição 2 / Período: Maio - Agosto de 1970
Seção: Casos Clínicos Páginas: 160 a 163
Angiofibroma do Rinofaringe
Autor(es):
Antônio de Souza 1,
Nicanor Letti 2,
Pedro Gomes Ferraz Vieira 3

O angio-fibroma do rinofaringe é um tumor raro desta região anatômica e que incide no sexo masculino na época da puberdade, não apresenta problemas novos quanto a sua etiologia, clínica e terapêutica. (1, 2, 3, 4) Vamos apresentar êste caso com a finalidade de mostrar os aspectos arteriográficos desta tumoração, que é considerada de grande.risco cirúrgico.

Observação

T. S., 17 anos de idade, estudante, procurou o serviço da Sta. Casa de Misericórdia de Pôrto Alegre (1-8-67), porque não conseguia respirar corretamente há mais de 2 anos, tinha frequentes hemorragias pelo nariz que eram abundantes e o deixavam enfraquecido, e não escutava bem. Nas últimas semanas notou que protuía pelo nariz uma massa "carnosa" (sic) e quando abria a bôca aparecia outra massa atrás da "campainha" (sic). Ao exame era um doente emagrecido e anêmico, mucosas descoradas e que se fatigava com qualquer esfôrço. Constantes biológicas de pressão arterial e temperatura estavam normais. Ao exame clínico apresentava uma massa tumoral endurecida, que sangrava ao toque com facilidade e que ocupava tôda a fossa nasal esquerda, protuindo no orofaringe, deslocando o palato mole e que dificultava a deglutição e obstruia totalmente a via nasal. Demais aspectos otorrinolaringológicos estavam normais. Foi submetido a exame radiológico convencional earteriográficos da carótida externa de ambos os lados. (Fig, 1, 2, e 3) na qual se verificou uma grande massa tumoral ocupando todo o nasofaringe e a cavidade nasal. No exame arteriográfico, vemos a grande vascularização do tumor, que vem de cima para baixo e são ramos da maxilar interna e de artérias circunvizinhas. A cirurgia foi conduzida com prévia traqueostomia e com anestesia geral, pela técnica de retirada com alça dupla por via bucal e nasal. Dez dias após foi retirado o tamponamento e a cânula do traqueostoma.



FIG. 1 (A, B) Verificamos uma grande tumoração invadindo o rinofaringe e a fossa nasal.



FIG. 2 - A



FIG. 2 - B Tomografias da carótida eterna em perfil (A) interopósterior (B) do lado E, onde verifica-se o grande calibre de vaso:; que penetram no e a dilatação acentuada da artéria maxilar i. Vemos também a intensa trama vascular posterior do mesmo. Em (C) vemos a artéria do lado D, onde verificamos uma série de que se dirigem ao tumor, em número e tamanho menor que no lado E.



FIG. 2 - C



FIG. 3 - Fotografia do aspecto macroscópico da tumoração. Notamos o ponto de implantação do tumor em sua parte mediana e os prolongamentos nasais e rinofaríngicos do mesmo.



Discussão

O angiofibroma juvenil é um tumor que tem características especiais pois incide cronológicamente em 99% dos casos dos 10 aos 20 anos, no sexo masculino e tende em grande número de casos a regressão expontânea. Incide em todos as partes do mundo não apresentando portanto peculiaridade racial, diferente das neoplasias do rinofaringe que são frequentes em asiáticos.

Segundo Atbrecht 7 a tendência involutiva expontânea do fibroma nasofaríngeo inclue êstes tumores nos benignos genuínos. Sendo portanto uma hiperplasia reativa, localmente situada, de aspecto tumoriforme, que desaparecido o estímulo genético regride expontâneamente. Existem dois aspectos evolutivos déste tumor, um é hemorrágico por excelência predominando o - quadro com epistaxe, o outro evolue produzindo os sintomas obstrutivos sôbre o nariz e a tuba auditiva. Huber5 o Jönson6 por estudos angiográficos chamma a atenção para a intensa dilatação da artéria maxilar interna no lado tumoral, e afirma que não existem anastomoses para o lado contrário. Este fato não aconteceu em nosso caro que em ambas as arteriografias carotidianas houve enchimento dos vasos do tumor, sendo que de um lado mais que outro.

Bibliografia

1. Avbin, A., J. Gandan, H. Busjeat: Que peuton attendre du traitment hormonal des fibromes nasopharyngiens. Ann. Oto-laryng. (Paris) 73; 301, 1956.
2. Erich, J. B.: Juvenile Fibromas of the nasopliarynx. Arch. Otolaryng. 62:277, 1955.
3. Finerman, W. B.: Juvenile nasopharyngeal angiofibroma in the female. Arch. Otolaryng. 54:620, 1951.
4. Hubbard, E. AL: Nasoplnaryngeal angiofibromas. Arch. Path. 65:192, 1958.
5. Huber, P.; Angiographische Darstellung eines Nasenrachenfobrome. Fortsehr. Rüntgenstr. 92:109, 1960.
6. Jönson, G.: The roentgenographic diagnosis of pathologic conditions in the nasophrynx. Acta radiol. Estokl, 22:654, 1914.
7. Abrecht, R.: Tumores de la nasofaringe. Tratado de Otorrinolaringologia, - J. Berendes, R. Link, F. Züllner pg. 600. Ed. Científica Médica - 1969 - Barcelona - Espanha.




1 Professor aposentado de Otorrinolaringologia da Fac. de Med. da Universidade do Rio Grande do 'Sul.
2 Professor Adjunto da U.F.R.G.S. - P. Alegre.
3 Professor de Otorrinolaringologia da Fac. Cat. de Med. de P. Alegre.
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


Imprimir:
Todos os direitos reservados 1933 / 2024 © Revista Brasileira de Otorrinolaringologia