Clínica de Oto-Rino-Laringologia do Hospital N. S. Aparecida (Serviço do Dr. Paula Assis)
São Paulo
Ao fazermos considerações em torno das inclusões na Rinite Atrófica fétida, inútil seria repetirmos o vastíssimo material que até hoje tem sido publicado. No entretanto, encontrando-nos ainda no terreno das tentativas, permitam-me recordar em largos traços o mecanismo de ação das inclusões.
Estas atuam por 2 mecanismos - estreitando mecanicamente o calibre das fossas nasaes e pela excitação irritativa da mucosa causada pelo corpo estranho, agindo mais pela ação estimulante da troficidade, que pela reconquista aproximada de sua luz. Os tecidos reagem enérgica e continuamente afim de expulsar, enquistar ou reabsorver o corpo estranho, advindo daí os benefícios que se traduzem por uma reativação funcional da mucosa melhorando a vascularização e o trofismo. Infelizmente esses benéficos resultados são transitórios, havendo no entretanto casos duradouros. Ao contrário do enxerto, a inclusão não mantem relações íntimas com o ambiente, não adquirindo conexões vasculares e nervosas. São métodos simples, sem perigo para os doentes, não impedindo a sua repetição si necessária. As inclusões podem ser feitas na sub-mucosa do septo, no assoalho, como recomenda Alcaino, dizendo que aí a mucosa é menos frágil; ou ainda como preferem outros, ao nível do cartucho inferior.
Inúmeros tem sido os materiais empregados, sem que, no entretanto, algum deles tenha dado resultados constantes. Enumerando temos:
Cartilagem Costal Empregada por Peri Cartilagem Nasal Empregada por Truffert Osso de tíbia Empregada por Steurer Osso de ilíaco Empregada por Zang Osso de costela Empregada por Renato Machado Gordura Empregada por Bourack Tendões Empregada por Collet Tendões Conservados Empregada por Renato Machado Celulóide Empregada por Baldenweck Cortiça Empregada por Rebelo Neto Marfim Empregada por King Cera Rosa de White Empregada por Alcaino
Nem todas estas substâncias realizam as condições ideais para o exito da prática da inclusão, condições estas que são segundo Rebelo Neto.
Condições gerais : O corpo deve ser tolerado Deverá ser inocuo e deve ter qualidades que permitam uma longa permanência nos tecidos.
Condições Técnicas: Deve ser de fácil obtenção Permitir moldagem sob qualquer forma geométrica e ser perfeitamente esterilizável.
Ao lermos um trabalho do Dr. Antonio Duarte Cardoso sobre um novo material de inclusão a vinilite, publicado na Revista Brasileira de O.R.L. (Vol. X n.° 3), nos ocorreu a idéia do seu uso na Rinite Atrófica Fétida. Fizemos então observações em 15 doentes e os resultados até agora tem sido satisfatórios. No entretanto, é cedo para afirmativas bem o sabemos, visto como são necessários muitos anos para que tiremos deduções em definitivo. Assim procuraremos fazer simplesmente o relato de nossas observações.
Vejamos rapidamente a composição e propriedades da vinilite, nos valendo ainda do trabalho do Dr. Duarte Cardoso de onde fizemos um resumo :
É uma resina sintética entrando na sua composição o ar, acetileno, cloreto de sódio e carvão mineral, que em condições especiais de luz e calor, originam esteres de polivinil cujos prin-cipais são o cloreto e o acetato de vinil. Estes em presença de determinado catalisador, e, em condições ideais de temperatura e pressão, reagem transformando-se em massa vítrea elástica. É a copolimerização. O seu melhor dissolvente é a acetona. A fervura prolongada a amolece, enquanto que o álcool a torna rija. O Dr. Cardoso fez inclusões de prova nos braços de diversos pacientes e exame da cápsula que envolvia a inclusão era do tipo de reação favorável, isto é : tecido fibroso.
Escolhemos doentes que tivessem atrofia bilateral, não nos valendo daqueles, cuja atrofia era muito considerável.
Nestes doentes, que não se prestaram à inclusão, instituímos o tratamento clínico pelas lavagens com infusão de folhas de guassatunga ou Herva de Bugre (Casearia Inaquilataera e C. Silvestres). Esta substância, tida por uns como treponemicida e por outros como de valor no tratamento da lepra incipiente, foi por nós empregada sob a forma de lavagens ou pelo método de Proetz Ermiro Lima. Utilizamo-nos dessa infusão na qual adicionamos cloreto de sódio a 7% o em 12 doentes, dos quais apenas um obteve resultados animadores, resultados esses, no entretanto, que não duraram senão 3 meses.
Para a inclusão de vinilite, prescrevemos aos doentes lavagens com soro fisiológico feitas durante 5 dias antes da intervenção.
A anestesia feita exclusivamente por embebição com neotutocaina a 2% e adrenalina, foi perfeitamente suficiente e isso pelo fato de haver na ozena grande perda da sensibilidade da mucosa.
O material e a técnica empregados foram aqueles da ressecção sub mucosa de Killian, pois fizemos as inclusões dos 2 lados ao mesmo tempo.
Apesar das inclusões terem sido fronteiriças, não tivemos nenhum caso de necrose da cartilagem, apesar de haver prejuízo da nutrição desta pelo afastamento do pericôndrio.
As lâminas de vinilite incluídas variaram de tamanho segundo o grau de atrofia, sendo algumas até bem grandes, sem que houvesse, no entretanto, nenhum caso de eliminação.
Para o seu preparo, nos utilizamos de tesoura dando a conformação desejada, tendo o cuidado de regularizar posteriormente as arestas com uma pequena lima.
A esterilização é feita pela água fervente durante 5 minutos e completada pela sua imersão em álcool. Atualmente, no ambulatório de ORL. do Hospital N. S. Aparecida, chefiado pelo Dr. Paula Assis, sob cuja orientação fizemos nossas observações, temos as lâminas de vinilite já preparadas em diversos tamanhos e de espessura variável, imersas em álcool.
Depois de feita a inclusão fazíamos uma tamponagem frouxa por 24 horas com o fim de adaptar as inclusões, evitar espaços mortos e impedir que o doente mexesse no nariz.
Dos 15 pacientes operados uma não mais voltou ao serviço enquanto que as restantes ainda nos visitam periodicamente para controle.
Em nenhuma delas houve causa de insucesso como sejam eliminação, supuração, hematoma, hemorragia, rutura de mucosa, etc.
Via de regra os doentes ficam satisfeitos com os benefícios advindos de tão simples intervenção, benefícios esses que não se fazem esperar, pois 2 à 3 dias após a intervenção o mau cheiro e as crostas desaparecem. O olfato melhora porem mais lentamente. A mucosa toma uma tonalidade mais viva, aparecendo uma ligeira hidrorréia. Como queixa apresentam quasi sempre uma cefaléia com duração média de 8 dias, combatida facilmente pelos analgésicos.
Alguns apresentara um certo grau de obstrução.
Nuns poucos casos houve piora, sendo de notar que, o que mais piorou, foi justamente o único homem no qual procedemos a inclusão. O tempo dos operados nada nos diz, - porque alguns operados ha mais tempo conservam-se em melhores condições que outros operados ha menos tempo.
A nossa primeira inclusão foi feita ha pouco mais de 6 meses encontrando-se o paciente até hoje em ótimas condições.
De um modo geral podemos dizer que os resultados foram bons, pois os pacientes submetendo-se a uma intervenção tão simples usufruíram grandes benefícios.
Por outro lado quer nos parecer que a vinilite preenche satisfatoriamente aquelas condições - gerais e técnicas que a fazem um ótimo material para inclusões sub mucosas na ozena. No entretanto, como já frizamos, o tempo ainda é insuficiente para tirarmos conclusões em definitivo. Enfim... esperemos!
Casuística Inclusões Feitas : 15
Sexo Homens 1 Mulheres 14
Grau de Atrofia Pequenas 3 Medias 12
Resultados Bons 9 ótimos 2 Maus 3 Ignorado 1
RESUME
L'aucteur après avoir faite des considerations autour du mechanisme de l'action des inclusions, a noté les materiales jusqu'aujourdhui usé dans les inclusions dans l'ozena.
Il parle particulièrement du nouveau materiel, la vinilite, par lui employée, en faisant des considerations sur sa composition chimique. II a employèe le nouveau materiel dans 15 ozeneuses. Les resultats sont les suivants:
Bons 9 - Très bons 2 - Mauvaises 3 - Ignorés 1
(*) Trabalho apresentado na Sessão de O.R.L. da Associação Paulista de Medicina em 18-10.43.
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