ISSN 1806-9312  
Terça, 30 de Abril de 2024
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893 - Vol. 11 / Edição 3 / Período: Maio - Junho de 1943
Seção: Revista das Revistas Páginas: 297 a 312
REVISTA DAS REVISTAS
Autor(es):
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(Resumos fornecidos por gentileza do BRITISH MEDICAL INFORMATION SERVICE - 3. Hanover Street, Londres, W. 1).

MAITLAND, A. I. L. - Journal of the Royal Naval Medical. Service, jan. 1942.

QUEIMADURAS DE GUERRA. UM ESTUDO DO TRATAMENTO E RESULTADOS NUMA CENTENA DE CASOS


Este artigo dá um detalhado relato do tratamento de 100 casos de queimaduras num Royal Naval Auxiliary Hospital. A causa em quasi todos os casos foi uma bomba ou chamas de bomba, e as mãos, face e orelhas eram principalmente afetadas. A maioria das lesões foram sofridas pelo menos um dia ou dois antes da admissão no hospital. Em três pacientes com sintomas de shock ou toxemia, as injecções de eucortone (1 cm3 duas vezes por dia durante dois a quatro dias) pareciam produzir notável beneficio. Aparte isto, o tratamento geral incluía uma dieta rica em proteínas de primeira-classe, abundantes líquidos pela boca (com glucose) e 100 mg. de ácido ascórbico diariamente para todos os casos graves.

Em 45 pacientes, incluindo 21 com queimaduras infectadas do terceiro ou quarto grau (Dupuytren), o tratamento local consistiu na limpeza, seguida da aplicação sôbre a área queimada de uma solução a 1 por cento de violeta de cristal e pulverização com um insuflador de 5 por cento de sulfapiridina em ácido bórico. Nos casos tardios de queimaduras infectadas do terceiro grau, este processo que se verificou produzir um "coágulo delgado flexível", foi repetido diáriamente. E dito ter provado um grande serviço, reduzindo o tecido de granulação excessivo e esterilizando o exsudado. A importância dos movimentos activos precoces nas queimaduras das mãos é fortemente acentuada. Num grupo de casos de queimaduras infectadas do terceiro grau, recebidos no hospital três semanas ou mais após a lesão, uma técnica mais complicada foi empregada com o fim de preparar as regiões para enxêrtos cutâneos; isto combinou o uso de violeta de cristal e sulfapiridina após cuidadosa limpeza sob anestesia pelo evipan com pensos subseqüentes de solutos salinos e com acriflavina a 1:4.000, e, finalmente, a aplicação de envoltórios molhados em soro fisiológico por cima de um tecido protector de cola de peixe.

A "tannage" verificou-se ser satisfatória somente na ausência de infecção ou quando esta última tem sido eficazmente tratada. O seu principal valor está nas grandes feridas limpas superficiais do tronco. O ácido tânico não e recomendado para queimaduras das mãos ou da face, mas o autor refere a dificuldade em aplicar o tratamento salino desde o início em acidentes navais. O autor sugere métodos alternados vários que incluem aplicações repetidas de tintura tríplice ou violeta ele genciana para os primeiros dias, seguidas de envoltórios salinos após a admissão no hospital, e a cobertura da região tão cedo quanto possível com enxêrtos de Thiersch.

Corno complicações das queimaduras nesta série estavam incluídos "blast chest" (14 casos) com, em cinco, a associação relativamente comum de ruptura dos tímpanos. Como o "blast chest" (efeitos da compressão nos pulmões devida a modificação violentas e bruscas na pressão atmosférica) e uma contra
indicação para a anestesia por inalação, o evipan endovenoso tem sido principalmente usado nos casos em que a anestesia era necessária durante a limpeza dás queimaduras. A ocorrência de defeitos da acuidade visual tem sido notada após queimaduras graves das pálpebras. Seis casos de contratura das mãos foram vistos, e o autor descreve o tratamento de uma forma típica de contratura por meio de enxertos interdigitais de Thiersch. Outras lesões tróficas das mãos, resultantes de sépsis sob o coágulo, incluíam perdas dás unhas, hipridrose temporária, atrofia de Sudek dos ossos e gangrenas da extremidade de um dedo (1 caso). Esquematizando a sua série, o autor constata que todos os casos de queimaduras do primeiro, segundo e terceiro grau que permanecem limpas (63 por cento) dão bons resultados funcionais; as queimaduras infectadas do segundo grau, 14 por cento comportam-se de um modo semelhante, mas num tempo ligeiramente mais longo; as queimaduras infectadas do terceiro grau dão resultados satisfatórios somente quando um tratamento vigoroso, diferente da "tannage" for aplicado.
(Resumo adaptado do Bulletin of War, Medicine, 2, 451, Julho, 1942).

GILLIES, H.: D. - British Dental Journal, Dez. 1941.
A REDUÇÃO E CONTROLE DAS FRATURAS -MAXILOFACIAIS


O autor acentua a necessidade de fazer o diagnóstico e o tratamento precoces das fraturas faciais. As fraturas do malar são muitas vezes omitidas quando o caso é visto pela primeira vez. As fraturas do maxilar e do terço médio da face devem ser tratadas tão cedo quanto possível, o shock, e lesões não concorrentes são, a contra indicação para operar precocemente. O osso deslocado deve ser reduzido e fixado, se for necessário, num capacete de gesso. Ulteriormente o cirurgião pode ter de empregar considerável força para desunir e reduzir estas fraturas faciais, e uma extensão à maxila pode ter de ser, aplicada para obter uma perfeita oclusão. Finalmente, as deformidades podem ser, dissimuladas por meio de enxêrtos ósseos. A conduta ideal seria refraturar ao longo das antigas linhas de fratura e reposição dos ossos, ainda, que, tardio, o caso trata-se.
O autor descreve um método mais exato de "cunhar" o conteúdo da órbita quando do tratamento da diplopia em fraturas antigas do malar. Sob anestesia local, uma cunha calibrada e variável é inserida e mudada até a diplopia ser corrigida. Um enxêrto ósseo, talhado ao tamanho correto antes da inserção é feito sob anestesia geral.

No tratamento inicial das fraturas graves da face que tem um mau prognóstico no relativo à sépsis, a drenagem profilática deve ser considerada. No tratamento por meio de limpeza e drenagem das fraturas sépticas da face, o autor insta que o exame pelos raios X, repetidos tantas vezes quantas as necessárias, deve proceder a operação, só assim a necessidade e extensão da operação, podem ser realmente determinadas. Todos estão de acordo quanto ao valor das operações de drenagem radical contanto que aplicadas ao caso correto, i.e. caso com supuração continuada em presença de seqüestros e lesões que envolvam os dentes. (Os dentes se bem que não interessados na linha de fratura, podem ser envolvidos na sépsis)

O autor cita dez casos tratados pelo "método dos dois pregos" (twopin.method); ele aconselha este método principalmente para o tratamento do "fragmento posterior edentado" e o "fragmento central deslocado". Pode ser aplicado imediatamente e dá perfeito controle com movimento precoce. Contra indicações são pequenas cicatrizes externas e sépsis local benigna. Em fraturas antigas os fragmentos devem ser completamente desunidos antes que possam tornar-se aderentes na posição correta pelo método dos pregos; confiança demasiado exagerada no poder do método dos pregos, até manter parcialmente desunidos fragmentos em posição correta, tem causado prejuízos.

(Resumo adaptado do Bulletin of War Medicine, 2, 468, Julho, 1942.).

MACGREGOR, A. B. - British Dental Journal, Out. 1941.
SEPSIS EM RELAÇÃO COM FRACTURAS DA MANDIBULA

A sépsis depende do número e do poder patogêneo dos organismos infectantes, e da resistência do paciente. As fraturas da mandíbula são mais freqüentemente compostas do que as dos outros ossos, mas a resistência do osso e tecidos vizinhos é alta. Os organismos podem alcançar o osso a partir da corrente sanguínea, ou a partir duma sementeira local (1) por entrada de um corpo estranho, (2) a partir da cavidade de um dente, (3) por passagem através dos linfáticos da membrana peridentária, no momento da fratura, e (4) por passagem através dos linfáticos provenientes da membrana peridentária ou mais tarde das gengivas.

Estes linfáticos dirigem-se para baixo, passando depois ao longo do canal dentário inferior, e emergem no buraco mentoniano. Há também uma conexão líquida entre a gengiva, o periósteo e o sistema lacunar do ,osso. Quando os linfáticos se rompem nas fraturas com deslocamento, os organismos são derramados na região da fratura, em vez de alcançarem os nódulos linfáticos. A entrada direta da infecção a partir da gengiva no osso por via lacunar e canalicular é também possível. A infecção do osso pode assim ter lugar no momento do traumatismo, especialmente se é presente doença paradentária, ou num momento mais tardio. Os fatores que influenciam a sementeira local são: (1) movimento entre os topos ósseos, os quais destroem as barreiras que impedem a infecção, ou movimento dos dentes (a fixação precoce, o evitar a manipulação, e, alguns casos, a cessação da mastigação diminuem aquele); (2) focos de infecção (os corpos estranhos e tecidos lesados devem ser removidos no mais precoce momento, e fios de arame, etc., atravessando a linha de fratura devem ser evitados); (3) a extração dos dentes. Os dentes na linha de fratura tem perdido provavelmente o seu fornecimento de sangue e devem ser removidos. Mas os dentes firmes não bem envolvidos, ou dentes não nascidos devem ser deixados, visto que a sua remoção pode causar sementeira da infecção. Em qualquer caso os movimentos devem ser levado ao mínimo. "Há também uma tendência para remover os dentes com doença paradentária da vizinhança, não em conexão com a linha de fratura, na crença de que isto ajuda a limpar a boca". Como tem sido acentuado previamente, se alguma vez se não deve deixar difundir chuvas de organismos no osso, é, precisamente quando uma fratura está presente e qualquer interferência em tais dentes, aparte as medidas de limpeza geral tais como duchas e lavagens dá boca, deve ser fortemente condenada". A análise de 100 casos de mandíbulas fraturadas tratadas num hospital civil e num hospital dá R.A.F. mostrava que a maioria dos casos se colocavam numa idade-grupo de 20-29 anos, e que a formação de abscessos ou seqüestros ocorria em 30 por cento. Havia um aumento na incidência da sépsis com a idade, e na idade-grupo dos 50-59 alcançava 71 por cento. O tempo médio para a consolidação era de 4 semanas nos casos não-sépticos e de 7 1/2 semanas nos casos sépticos.
(Resumo adaptado do Bulletin of War Medicine, 2, 470, Julho, 1942.).

MOWLEM, R., MACGREOOR, A. B., BUXTON, J. L. D. e BARRON, J. N. - Lancet, Out. 4, 1941.
FIXAÇÃO POR PREGOS EXTERNOS PARA AS FRATURAS DA
MANDÍBULA

O método aqui descrito para tratar as fraturas ocorrendo na mandíbula atrás da região da arcada dentária tem sido agora usado em 19 casos com excelentes resultados.

O princípio é inserir um par de pregos em cada fragmento. Os pregos são introduzidos fazendo um ângulo de 60 graus um com o outro, e cruzam-se antes da inserção no osso. Cada par de pregos está ligado externamente a uma placa de metal. As duas placas uma sobre cada, um dos lados da fratura - são unidas a uma barra conectiva por meio de uma juntura universal, que concede completa liberdade de movimento durante a manipulação.

Quando a fratura tem sido reduzida, os parafusos de encerramento da juntura universal são apertados, dando assim uma fixação absoluta aos fragmentos.

Os pregos, que são aguçados numa curta ponta piramidal bizelada são de 2 polegadas a 2.1/2 polegadas (5-6,2S cm.) de extensão e são feitos de fio de arame padrão de Kirschner de 1.5 min. Eles são inseridos junto da margem mais baixa do osso. Para evitar o canal dentário inferior e penetrar até ao interior da placa.

A desvantagem de introduzir o fio de arame através da pele da face, com a necessidade ocasional de tratar as cicatrizes residuais, é mais do que compensada pela vantagem de fixação absoluta por meio extra-oral; a limpeza oral é prontamente assegurada com este método, e a função da articulação temporo-maxilar é mantida. O desconforto pós-operatório é para desprezar e a alimentação é simplificada.

O método presentemente está nos períodos precoces de aperfeiçoamento, e o seu uso deve ser limitado aquelas fraturas que não podem ser tratadas de um modo adequado pelos métodos padrões.
(Resumo adaptado do Bulletin of War Medicine, 2, 4710, Julho, 1942.)


GILLIES; H. D. e LEVITT, W. M. - Lancet, Abril 11, 1942.
RADIOTERAPIA NA PROFILAXIA E TRATAMENTO DO QUELOIDE

Este trabalho baseia-se largamente sobre observações feitas pelos autores num Serviço Médico de Urgência (Ministério da Saúde) na Secção de Cirurgia Plástica, onde um grande número de casos militares e civis foram tratados.

O valor terapêutico do R.X. e do rádio no tratamento do queloide era conhecido desde há muitos anos, e ocorreu então a um dos autores (Sir Harold Gillies) que a formação queloide poderia ser prevenida ou inibida por uma dose de irradiação pré-operatória, na linha da proposta incisão cutânea. Depois disso desenvolveu-se um método pelo qual a ocorrência do espessamento queloide nas cicatrizes operatórias pode ser evitada na maioria dos casos. Na sua idéia, o método consiste na aplicação de uma dose única pré-operatória e outra única pós-operatória de raios X. A experiência do tratamento de queloides desenvolvidos mostrou que a dose de irradiação mais eficaz se encontra atas proximidades da dose de eritema cutâneo, sendo esta a recomendada para ambas as aplicações pré e pós-operatória. A exposição deve ser estritamente limitada à linha da cicatriz, e apenas o absolutamente mínimo da pele normal deve ser exposto. A operação é levada a cabo durante o período do eritema ativo causado pela dose pré-operatória, quero dizer, dentro dos 5-10 dias da irradiação. A dose pós-operatória seria dada logo que as suturas fossem retiradas. As indicações da radioterapia como um preventivo de queloide nas cicatrizes operatórias são:

1. Em todos os casos em que os doentes sejam conhecidos como tendo unta tendência para formações queloides.

2. Em todos, os casos, quer os doentes tenham ou não esta tendência, em que a incisão é sobre as pregas naturais da pele.

3. Em todos os casos em que uma incisão tem de ser feita em pele espessa.

4. Em todos os casos em que houve uma exposição contínua de superfícies em carne viva, como nas queimaduras.

As contra-indicações são a presença de uma sépsis na vizinhança da cicatriz, a tuberculose ganglionar ativa e, por causa do perigo dos ovários, as cicatrizes abdominais nas mulheres novas (a não ser que o contato terapêutico seja útil). São discutidos também os métodos de tratamento dos queloides desenvolvidos e salientada a importância de uma voltagem correta e da técnica. As cicatrizes mais pequenas poderão ser administradas tanto como 1.500 r. durante a 1:' exposição - a dose requerida para produzir um eritema bem marcado. As cicatrizes maiores (por ex. com 1 cm. de largura) requerem cerca de 1.000 r., enquanto que às zonas ainda maiores dão-se-lhes 800-1.000 r.. de acordo cota o seu tamanho. As cicatrizes faciais são dadas doses 1070 mais baixas do que as usadas nas outras partes do corpo.

Insiste-se em que nenhum aparelho especial é necessário para qualquer destes tratamentos e, embora o contato terapêutico seja um método conveniente de tratamento para as cicatrizes mais pequenas e para os casos de profilaxia, não é de modo algum essencial. Qualquer aparelho terapêutico de R.X. digno de confiança poderá servir desde que esteja exatamente afinado.

ADAMS, A. R. D. e WINGFIELD, A. L.- Annals of Tropical Medicine and Parasistology,Out. 21, 1941.

(I) Um caso de Kala-Azar Indiano tratado com 4:4' - Diamidino-Difenoxi Pentana.
(II) O 4:4' - Diamidino-Stilbeno no tratamento do Kala-Azar.

(I) O autor descreve o tratamento de um caso de Kala-Azar um cozinheiro indiano de bordo, de 35 anos de idade, natural de Calcutta. A droga foi administrada diariamente, por injeção intravenosa; na dose de 2 mg., por kilo de peso do corpo. O tratamento durou 8 dias. No 5.° dia a temperatura começou a descer e seguiu-se então unta rápida melhoria geral - aumento do peso corporal, diminuição do baço e melhoria do quadro hemático - Quando o doente deixou, inesperadamente, o hospital, aos 18 dias após o começo do tratamento, ele parecia estar bem em vias de uma completa cura. Foi notado durante o tratamento que após a injeção intravenosa da droga o doente ficava imóvel e desfalecido, enquanto o pulso se tornava rápido e filiforme. O exame da tensão sanguínea mostrou que dentro de um minuto após uma injeção, ela descia de 106/70 mm: para uma pressão sistólica de 50 mm. Em 10 minutos havia um retorno ao normal. A seguir a uma dose de 100 mg. dados intra -muscularmente uma depressão semelhante ocorreu, seguida por um retorno ao normal mais lento. Em nenhuma ocasião houve perda da consciência e o doente não parecia estar excessivamente aflito com a rápida queda da sua pressão sanguínea.

(II) O caso referido é o de um cozinheiro indiano, de 25 anos de idade. Ele tinha sido tratado com neostam, três injeções do qual (0,1, 0,1 e 0,15 g.) foram dadas em 4 dias. Dois dias mais tarde manifestou-se uma intensa irritação da pele com edema das pálpebras superiores e por 40 superior da face. Não havia um rash visível. 12, dias mais tarde à doente foi admitido no hospital. Uma injeção intra-dérmica de 0,02 g. de neostam não foi seguida de qualquer reação, nem mesmo uma injeção intravenosa de 0,1 g. dada no dia seguinte. Como a administração de diamidino-stilbeno fosse útil, começou-se o tratamento com esta droga. Deram-se 10 injeções intravenosas diárias de 45 mg. As primeiras injeções causaram vômitos e todas elas produziram debilidade e desfalecimento e alguma dispnéia e cefaléia. Viu-se que a reação desagradável poderia ser evitada injetando a droga lentamente. Após uma das primeiras injeções
houve uma baixa acentuada na pressão sanguínea. A temperatura não atingiu 6 valor normal senão três dias após o final da série de injeções. Uma segunda série de 10 injeções de 50 mg. foi seguida de uma completa cura clínica. Durante o curso do tratamento os doseamentos do açúcar sanguíneo mostraram que este descia paralelamente a baixa da pressão sanguínea e sugeriu-se então que a droga poderia exercer um efeito antagônico ao da adrenalina.

Nota: Vidé extractos BMIS números 319, 321, 346 e 464 sobre prévias referências ao uso terapêutico das diamidinas aromáticas.

(Resumo adaptado do Tropical Diseases Bulletin, 39, 172, Março, 1942).

ROPER-HALL, H. T. - British Journal of Ophtalmology, Abril, 1942.
SEPSIS ORAL EM RELAÇAO COM A OFTALMOLOGIA

Este artigo é de um cirurgião dentista de um hospital oftalmológico em Birmingham e é baseado sobre as experiências clínicas do autor em mais de vinte anos, no tratamento de sépsis oral em associação com situações oftalmológicas.

A importância da atenção para a sépsis oral em todas as situações oftalmológicas mesmo vulgares é essencial. Os oftalmologistas lembram que a sépsis oral está amiúde presente mesmo sem nenhuma queixa de dor por parte dos pacientes.

A infecção "aberta" é devida à piorréia e a outras situações gengivais; a infecção "fechada" ou "apical" aparece em conexão direta com dentes cheios de abscessos, ou mortos ou escondidos ou raízes, e é transportada pela corrente sanguínea:

Ainda que a finalidade do prático médico e do dentista seja paralela em muitos caminhos, a cirurgia dentária atualmente carece da base comum de educação que é recebida pelos práticos em outras especialidades médicas.

Deveria haver na opinião do autor mais consultas diretas entre oftalmologistas e cirurgiões cientistas, especialmente, porque alguns métodos de cuidar dos dentes podem ser fatores causais da sépsis oral.

Muitas vezes é difícil convencer um doente que se sujeitou a um tratamento dentário regular, de que um ou mais dos seus dentes devem extrair-se, mas as condições oculares podem ser tão importantes que mesmo a remoção de um fóco suspeito de infeção se torna necessária.

Na consideração da sépsis oral, não só deve considerar-se o todo, mas também a resistência local e geral do doente é necessário o exame radiográfico para completar o quadro clínico.

Em nenhum caso é possível eliminar a possibilidade de sépsis, num dente morto, se a morte do dente é devida a modificações patológicas ou a tratamentos dentários destinados a preservar os dentes.

Os meios anatômicos pelos quais a infecção se difunde, são a passagem direta pelos tecidos adjacentes, circulação venosa e linfática e corrente sanguínea geral. A irritação séptica determinações nervosas podem, originar impulsos anti-drómicos que irão perturbar os reflexos vasculares e a atividade celular.

Muitas vezes há estreptococos nos focos apicais dentários que podem originar efeitos alérgicos juntamente com toxemia.

Afirma-se a relação especial da sépsis oral com as doenças do trato uvial e com o glaucoma e também a importância de realizar, uma higiene bucal antes de realizar operações oftalmológicas.

Se a extração dos dentes se realiza num hospital ou num consultório, deve extrair-se de uma vez apenas um ou dois com intervalos convenientes entre as operações; não se deve usar injeção local; e a raspagem que possibilita a formação de novas áreas de absorção, deve ser evitada. Se um aumento da gravidade da lesão ocular se segue à extração dentária é um sinal animador, mas é bom informar o doente de antemão de que isto pode acontecer.

O autor conclui por recomendar:

(a) a cada clínica oftalmológica deve estar ligado um cirurgião dentário no intuito de referir as condições bucais de todos os doentes.
(b) todas as escolas médicas e dentárias devem empregar um professor com conhecimentos de medicina, cirurgia e odontologia e com a função de ensinar tanto aos estudantes de medicina como de odontologia as importantes relações da sépsis oral com a saúde bucal e geral (especialmente situações oftalmológicas).

MULVANY, J. H. - British Medical Journal - 'Maio 23, 1942.
EDEMA DA GLOTE COMO COMPLICAÇÃO DO SARAMPO

O autor descreve 8 casos nos quais o sarampo foi complicado por edema da glote. Nesta série, um caso restabeleceu-se sem intervenção cirúrgica, outro após á traqueotomia e os restantes 6 sucumbiram. A existência desta complicação do sarampo não parece estar extensamente reconhecida, e o presente autor resume por conseguinte, os seus traços principais.

O edema da glote no sarampo, tende a fazer a sua aparição após a erupção geralmente uns dois dias depois, ainda que existam casos em que se apresenta logo no primeiro dia, e outros em que demora a aparecer até ao quinto dia.

Não vem necessariamente acompanhado de um pródromo de catarro laríngeo, ainda que a laringite fosse a característica da epidemia a que se refere a presente série.

Os sintomas pré-monitórios encontram-se constantemente presentes durante período de 2 a 6 horas. Consistem principalmente em tosse, estridor atenuado, dispnéia lenta, e dificuldade em engolir. Estes sintomas são progressivos mas, ao contrário da difteria laríngea, não indicam concomitantemente o grau de oclusão laríngea, de modo que pode passar desapercebida a grave natureza da afecção, a vez que a obstrução se tenha instalado tem rapidamente lugar a asfixia fatal, por vezes em 20 minutos. Contudo, caso curou-se expontaneamente e outro morreu depois de uma melhoria aparente de 24 horas de duração.

Num caso duvidoso o diagnóstico pode fazer-se abrindo a boca da criança e passando dedo pela garganta podendo assim apalpar-se facilmente a epiglote e as pregas ariteno-epiglóticas inflamadas.

Geralmente as indicações de difteria são ausentes; mas, a possível associação de doença de garganta não leve dispor o clínico a demorar-se se os sintomas laríngeos fizeram a sua aparição dentro dos poucos dias que se seguem à erupção e se apresentam os traços característicos em cima mencionados.

A mortalidade nos casos não tratados, não é provavelmente muito inferior a 100%. Assim, em 8 casos da série atual só houve a cura espontânea, e em outros 10 casos certos, não houve nenhuma.

O autor conclui que o edema da glote, corno complicação do sarampo, não é a curiosidade acadêmica mas a entidade vital que pode apresentar-se ao médico em qualquer momento, durante surto da doença.

FRANCIS, A. E. - Lancet - Abril 4, 1942.

ESTREPTOCOCOS RESISTENTES A SULFONAMIDA NA SALA DE CIRURGIA PLASTICA

É bem conhecido que o grupo de drogas derivadas da sulfanilamida tais como a sulfapiridina, sulfatiazol, sulfadiazina, sulfacetamida e muitas outras, são ativas contra determinadas espécies de bactérias. O que não se conhece com tanta clareza é que, entre as espécies normalmente sensíveis, podem encontrar-se variedades que são completamente resistentes à ação destas drogas. Aquelas se deve uma percentagem dos fracassos num tratamento aparentemente apropriado.

Num dos seus trabalhos anteriores, Colebrook e Francis (1941) concluiram que à aplicação local de pós de sulfanilamida das feridas se devia a redução da infecção estreptocócica na equipe de cirurgia plástica, de 73% a 20% (ou 12% nas infecções do Grupo A) em seis semanas. Os casos comunicados no presente trabalho apóiam a dita conclusão e demonstram que a inoculação cruzada de infecções de feridas apresentava-se, apesar das precauções tomadas. Num período de 4 meses, produziram-se na sala de homens, 12 casos de infecção cruzada por um estreptococo resistente à sulfonamida, Grupo A, tipo 12, enquanto que durante o mesmo período só se identificou um caso de infecção, cruzada por estreptococos do Grupo A sensíveis à sulfonamida.

O caso original, ao qual se deve a introdução do organismo, foi um aviador de 22 anos, que entrou na equipe precedente de outro hospital, com queimaduras graves e fortemente infectadas do rosto, braços e pernas, que se sabia terem sido infectadas por estreptococos hemolíticos. O tratamento com um total de 50 g. de sulfapiridina por via oral, não conseguira debelar a infecção como o conseguiu a aplicação local de pós de sulfanilamida.

Em cinco casos da série, apresentaram-se infecções graves, apesar de não se ter realizado intervenções cirúrgicas, enquanto que noutros três, os estreptococos resistentes encontraram-se no exsudado da ferida, de casos que não apresentavam indícios clínicos de infecção. Quando se operaram os três casos, apesar de tudo, tiveram lugar graves infecções e a perda dos enxêrtos cutâneos: Duas enfermeiras que sofreram ligeiras queimaduras superficiais, uma com o esterilizador da sala e a outra com o cigarro de um doente, infectaram-se com o estreptococo e tiveram de abandonar e serviço durante um mês, apresentando-se numa delas celulite do antebraço apesar do tratamento com sulfanilamida.

Também se encontraram variedades de outros tipos de estreptococos resistentes à sulfonamida, mas estas não produziram nenhum outro caso de infecção. Tem-se visto comumente variedades sensíveis do tipo 12, de forma que o fenômeno se assemelha, ao que parece, a sensibilidade diferente de diversas variedades de qualquer tipo dado de pneumococos, deste Grito por Maclean, Rogers e Fleming (1939).

Num caso a infecção foi eliminada com êxito mediante a gramicidina, um extrato preparado de um bacilo isolado da terra, proporcionado pelo Dr. R. J. Dubos. O controle de infecções produzidas por bactérias resistentes à sulfonamida, parecia depender do uso de uma substância que tenha um modo de ação diferente do das sulfonamidas, tal como a penicillina (descrita pela primeira vez por Fleming) e a gramicidina. Ambas as substâncias mostraram ser ativas contra estes estreptococos resistêntes à sulfonamida.

Referências: Colebrook, L., e Francis. A. E., (1941), Lancet, 1, 271 (Veja-se resumo BMIS n.º 253).
Maclean, 1. H., Rogers, K. B., e Fleming, A., (1939) Lanceta 1, 562.

BADCOCK, M. - Journal of Laryngology and Otology, Fever. 1942.
TERAPEUTICA DA PALAVRA EM CERTOS TRANSTORNOS VOCAIS

A terapêutica da palavra tem sido definida como o tratamento de defeitos e transtornos da voz e da palavra.

Os três grupos de transtornos vocais, que atualmente se discutem são:

(a) Afonia e disfonia de origem orgânica pós-operatória.
(b) Afonia e disfonia de origem funcional.
(c) Defeitos da voz em conseqüência de surdez grave.


AFONIAS E DISFONIAS PóS-OPERATÓRIAS

Nas operações de laringe pode tornar-se necessário arrancar determinada parte ou o conjunto do mecanismo produtor da voz, devendo desenvolver-se uma nova técnica para produzir a voz de novo.

Criar novamente a voz depois de uma operação tal, como laringofíssura, depende da formação de uma banda fibrosa que substitua os tecidos perdidos com a qual a corda do lado são, possa estabelecer contato.

Método de instrução - O doente fecha-as mãos e aperta o dorso dos dedos, com as mãos horizontalmente diante do corpo, ao nível do peito e a curta distância deste. A terapêutica consiste em separar-lhe as mãos e o doente deve resistir. Isto cria a quantidade de tensão necessária, para fazer com que acionem as verdadeiras cordas vocais. Se a pressão e a tensão são demasiado grandes, trabalharão, em seu lugar, as falsas cordas. O terapeuta deve empregar unicamente a força necessária para que o doente perceba uma pequena resistência:

Quando foi levada á efeito uma laringectomia completa, o terapeuta pode adoptar uma das seguintes modalidades:

(1) Ensinar ao doente o uso de uma cânula de laringectomia, ou
(2) Ensiná-lo a falar com o esôfago.

Uso da cânula de laringectomia - No emprego da cânula pode-se experimentar dificuldade, para regular a respiração, durante a palavra e os doentes acham que o tubo de borracha flexível, na boca, lhes dificulta a articulação.

Método de instrução - Respiração (1) Ordena-se ao doente que respire comodamente e que, expire o mais, lenta e continuadamente possível. (2) Utiliza-se a cânula e o doente repete o exercício, sentindo as vibrações deste na sua boca e regulando a sua, respiração até que obtenha um volume de som satisfatório.

Articulação - Exercícios para a mobilidade é controle da língua e lábios são seguidos pela prática de vogais e consoantes. Estas estudam-se num espelho (a) mantendo na boca um pedaço do tubo de borracha, que corresponda exatamente a boquilha da cânula (h) com a própria cânula. Simples palavras monosilábicas, são seguidas por frases curtas que devem pronunciar-se pausadamente.

Palavra esofágica - Ordena-se ao doente que feche a boca e que contraia os músculos supra e infra-tiroideos, fixando assim, empurrando para diante e abrindo o esfinter superior do esôfagos a que ficaram unidos os músculos. O ar passa no interior da parte superior do esôfago, permanece ali durante curto tempo e expulsá-se a vontade com a boca entreaberta. O som produz-se variando a tensão do esfíncter,e modifica-se até emitir a palavra, mediante os órgãos acessórios de articulação.
Quando o doente pode produzir soma deste modo, (1) modifica-os até formar vogais, (2) combina vogais, e consoantes, (3) emprega palavras monosilábicas e frases curtas.

Com a prática, a palavra torna-se mais fácil e a voz ainda que rouca e entrecortada não é repulsiva.

AFONIA E DISFONIA FUNCIONAL .

As histórias destes casos mostram freqüentemente que houve qualquer transtorno orgânico local, no momento, ou anteriormente à aparição do defeito da voz. O aspecto funcional da afecção é demonstrado pela possibilidade de emitir uma tosse ruidosa. A aparição da afecção tem lugar, ordinariamente, em conseqüência de algum shock ou grave transtorno emotivo.

A afonía completa caracteriza-se pela apresentação permanente, em, completa abducção, das cordas vocais, quando se intenta a fonação.

Na disfonia, a voz normal pode vir intermitentemente, com períodos de completa afonia ou com um grau incompleto de abdução, em que a atenção das cordas é medíocre, produzindo-se uma cerração espasmódica da glote, em que as bandas ventriculares se põem em contato simultaneamente, ou em vez das cordas vocais.

A causa psicológica fundamental do transtorno é sempre subconsciente, e desde que não se trate, terá sempre tendência a recaídas.

Método de tratamento - (1) É importante convencer o doente de que os sintomas não são de origem orgânica e afastar a sua atenção da garganta. (2) Deverá explicar-se-lhe a correta produção da voz, e, induzi-lo mediante persuasão e sugestão. O método de pressão da mão, já descrito, é útil nestes casos. (3) O aspecto psicológico da afecção deverá ser investigado, e se tal for necessário, enviar-se-a. o doente a um, psicoterapeuta.


DEFEITOS DA VOZ EM CONSEQUENCIA DE SURDEZ GRAVE

O objetivo do tratamento é evitar que a voz se estropie.

Método de instrução - Colocando as pontas dos dedos ligeiramente sobre a garganta, na região da faringe, durante a fonação, o doente pode distinguir a variação de som e volume. A inflexão, assim como o som e o volume, podem controlar-se com o tempo sem utilizar os dedos, unicamente com a recordação da voz do doente e mediante sensações experimentadas na laringe e cavidades de ressonância durante a fonação.


GREEN, C. A. -- Anna1s of the Rheumatic Diseases, Maio, 1942.
INFECÇOES POR ESTREPTOCOCO HEMOLÍTICO E REUMATISMO AGUDO

Este artigo resume o conteúdo de uma tese M. D. na qual foi referido o trabalho realizado durante os 3 anos do desempenho pelo autor de funções do "Empire Rheumatism Council Research Fellowship".

A associação do reumatismo agudo com infecções pelo estreptococo hemolítico é plenamente demonstrada pelas seções relativas à flora da garganta, ao estado alérgico, ao título em antiestreptolisina O e à epidemiologia. Contudo, a relativa infreqüência do reumatismo agudo nas infecções estreptocócicas é bem aparente. Esta discrepância pareceria indicar que outros fatores além da infecção são também envolvidos no sentido de determinar a distribuição do reumatismo. Read, Ciocco e Taussig (1938) observaram que a freqüência das manifestações reumáticas era significativamente mais alta entre parentes próximos de uma série de crianças afetadas de doença reumática do que entre os parentes correspondentes de uma série-controle de crianças não reumáticas. Gauld, Ciocco e Read (1939) continuaram investigações semelhantes, e sugeriram que a constituição hereditária pode desempenhar um papel na predisposição para o reumatismo. Roberts e Thomson (1934) foram da mesma opinião, ainda que fosse pequena a incidência da doença em irmãos e irmãs das séries por eles descritas . Trabalho recente tem portanto sustentado a pretensão de uma forte tendência familiar e hereditária para a febre reumática. Wilson e Schweitzer (1937) consideram mesmo que esta tendência é transmitida como um caráter Mendeliano recessivo. Outras condições que indubitavelmente afetam a incidência são as que acompanham a pobreza, tais como alojamento não satisfatório e defeitos dietéticos. Estas restrições limitam a incidência do reumatismo a uma fração do numero total por infecções estreptocócicas, nada referindo do mecanismo que diretamente precede o início do reumatismo. Quanto à natureza atual deste mecanismo existem consideráveis diferenças de opinião. Uma teoria considera um vírus desconhecido como fator contribuinte essencial, e evidência em fundamentar esta hipótese é discutida.

Uma teoria alternada é a esquematizada recentemente por Coburn (1940) na qual uma anormal resposta à infecção estreptocócica hemolítica se considera a característica diferencial do estado reumático. Esta anormalidade consiste numa resposta demorada, inadequada à infecção primária da garganta, resultando que organismos viáveis permanecem em tecidos inacessíveis depois da cura do foco primário. Ao mesmo tempo sucede-se uma sensibilização do indivíduo com retenção de anticorpos nas células do sistema retículo-endotelial. Subseqüentemente os organismos sobreviventes, soltam na circulação mais antig~eneo e tanto o antigêneo primário como um derivativo secundário são fagocitados pelas células sensibilizadas. O contato deste antigêneo com o anticorpo residual dentro das células dá origem à uma reação que provoca a libertação de grandes quantidades de globulina na circulação. Ao mesmo tempo uma intensa reação inflamatória e alterações da permeabilidade vascular se produzem nos tecidos que então se infiltram como células móveis, e assim se origina a típica patologia do reumatismo agudo.

As investigações descritas nesta tese dão forte apoio à última teoria com certas reservas. Assim a evidência da infecção estreptocócica foi obtida na maioria dos casos, e uma resposta anormal foi demonstrada. Além disso a sobrevivência dos estreptococos hemolíticos na ausência de um foco piogênico foi notada nalguns casos de reumatismo aguda com terminação fatal. Há dois pontos porém que requerem investigações ulteriores. Primeiramente não havia evidência de infecção estreptocócica nem de uma resposta anormal numa minoria de casos de reumatismo agudo. Em segundo lugar o componente semelhante a toxina no líquido articular no estádio de artrite aguda, não encontra lugar na teoria da sensibilização a menos que ele represente uma forma de antigêneo secundário.

O autor conclue que é essencial que a infecção por estreptococos hemolíticos deve ser considerada primeiro e mais anterior a todas as questões relacionadas com a invasão e reativação do reumatismo agudo, mas o problema da etiologia não pode ser considerado como finalmente resolvido.

REFERÊNCIAS


Coburn, A. F. (1940), Trans. and Studies of College of Physicians, Philadelphia, 8, 91.
Gauld, R. L., Ciocco, A., & Read, F. E. M. (1939), J. clin. Invest., 18, 213.
Read, F. E. M., Ciocco, A., & Taussig H. B. (1938), Amer. J. Hyg. 27, 719.
Roberts, J. A. F., & Thomson, W. A. R. (1934-5), Ann. Eugen. 6, 3.
Wilson, M. G., & Schweitzer, M. 1). (1937), J. clin. Invest., 16, 555.


ALCOCK, H. B. - The Medical Presa and Circular, julho, 15, 1942.
A ANESTESIA NOS DOENTES DE IDADE


O autor refere-se às seguintes considerações gerais que são de importância especial nos doentes idosos.

(1) Os idosos são habitualmente indivíduos plácidos e colaboradores.
(2) Eles requerem menos anestésico. A eliminação é lenta: por causa da baixa do metabolismo.
(3) É necessário abundante oxigênio, particularmente se houver shock.
(4) Como profilaxia das complicações pulmonares deverão ser evitados os narcóticos poderosos e as drogas depressoras, particularmente naqueles indivíduos com perturbações pulmonares pré -existentes.
(5) A abstenção de drogas tóxicas em situações tais como a diabetes a uremia, emergências abdominais, etc., é importante em todos os doentes mas particularmente nos de idade.

Medicação Prévia - Salientam-se os seguintes pontos:

(1) Importância da sedação e glucose pré-operatória.
(2) Efeito pernicioso da fome excessiva e dos purgantes.
(3) Administração de morfina e atropina hora e meia antes da operação.
(4) Abstenção de hipnóticos de base depressores.
(5) Utilidade do pentothal por indução.

Escolha do Anestésico - O protóxido de azoto / oxigênio é recomendado pelo autor pois que não é tóxico. Para a cirurgia abdominal, contudo, ele deve ser combinado e para isso é útil saber o que se segue:

(1) O clorofórmio e o éter di-etílico estão condenados, o primeiro pela sua alta toxicidade e o segundo pelas suas qualidades irritantes e toxicidade.

(2) O ciclopropano, o éter di-vinículo e o tricloroetileno são todos úteis embora com o último o relaxamento possa não ser perfeito.

(3) A anestesia espinal "alta" é perigosa devido ao esforço que se impõe ao sistema vascular. A anestesia espinal "baixa" por exemplo para hemorroidectomia, é permitida.
(4) A anestesia regional é sugerida como o melhor complemento da anestesia pelo protóxido de azoto / oxigênio. As técnicas convenientes para diversas situações são facilmente adquiridas, e o método é isento de perigo mesmo em mãos sem prática, desde que se tomem precauções.

MOFFETT, A. J. - Journal of Laryngology and Otology, Dez. 1941.
INSTILAÇÃO POSTURAL, UM MÉTODO DE PRODUZIR ANESTESIA LOCAL NO NARIZ

Os métodos usuais de produzir anestesia local no nariz são muitas vezes ineficazes por causa das anormalidades anatômicas, pólipos, ou a presença de pus. O autor descreve uma técnica que está destinada para produzir uma profunda e duradoira anestesia, e na qual a hemorragia é reduzida ao mínimo. É fácil de administrar, e não oferece perigos.

INSTRUMENTOS ESPECIAIS. Agulha angular para soro, de 5 cm., com a extremidade fechada e romba, com três orifícios laterais próximos da extremidade, para adaptar a uma seringa de 2 cm3.

SOLUÇÃO ANESTÉSICA. Solução de hidrocloreto de cocaína a 3,0% em uma solução de bicarbonato de sódio a. 0,5 % recentemente preparada. Bastam 3,5 cm.3 a 5 cm.3 de solução de cocaína, dependendo da importância da operação. 1 cm.3 de solução de adrenalina a 1% e adicionada a 4 cm.3 de uma solução de cocaína.

PRÉ-MEDICAÇÃO. 15 mg. de morfina, uma hora antes da operação.

TÉCNICA.

(1) O doente deita-se numa cama sobre o seu lado esquerdo com uma almofada sob o ombro esquerdo, e a cabeça baixa numa posição lateral rigorosa, formando um ângulo de 45° pelo menos. Tome-se um terço da solução preparada. Deixam-se cair 3 gotas em cada lado do septo nasal. Introduz-se a agulha a meio caminho ao longo do pavimento do nariz e instile-se a metade da solução que ficou na seringa, em cada lado. Deixe-se o doente nesta posição por 10 minutos. Com as narinas apertadas entre os dedos, aspire-se de vez em quando, para se fazer com que a solução, penetre nos seios nasais.

(2) Instile-se a metade da solução restante como em (1). Então o doente aperta as suas asas do nariz entre os dedos e volta-se com a cara para baixo permanecendo nesta posição durante 10 minutos sem deixar de comprimir o nariz.

(3) O doente coloca-se sobre o seu lado direito. Deixa as narinas livres. Posição e instilação de resto da solução como em (1). Posição mantida durante 10 minutos.

(4) O doente descansa deitado de costas. Qualquer líquido não absorvido passa à parte posterior da cavidade nasal e completa ali a anestesia.

A injeção de procaína no tabique e pavimento do nariz, é necessária para as operações do septo.

ORGANE, G. - Proceedings of the Royal Society of Medicine, Abril, 1942.
RESSUSCITAÇÃO
Este artigo de um anestesista londrino muito conhecido, foi lido numa recente reunião da Seção de Anestesia da Sociedade Real de Medicina. Os pontos principais do autor foram os seguintes:

A morte sobre a mesa de operações deve-se a colapso cardíaco que pode ser primário ou secundário.

O colapso cardíaco primário é devido à paragem cardíaca ou à fibrilação ventricular.

A paragem cardíaca é provavelmente o resultado de uma inibição vagal excitada reflexamente a partir das vias respiratórias ou por estímulo doloroso em qualquer outro lugar. O coração pode estar são e voltar ao seu ritmo normal, ao aplicar-se-lhe um estímulo adequado. Um excesso de anestésico, incluso clorofórmio, produz colapso respiratório antes de produzir colapso cardíaco.

A fibrilação ventricular é produzida pelo mesmo estímulo de inibição vagal, em presença de um miocárdio anormalmente irritável. Esta irritabilidade pode ser produzida pelo clorofórmio ou ciclopropano e aumenta-se extraordinariamente com adrenalina. A adrenalina só por si, em grandes doses, pode produzir fibrilação ventricular com outros anestésicos ou num indivíduo sem estar anestesiado. A inibição vagal do mecanismo de controle normal do coração, liberta focos ventriculares inferiores de irritabilidade que não se encontram sob o controle vagal, dando lugar a taquicárdia ventricular multifocal que conduz à fibrilação ventricular. O colapso cardíaco repentino sob anestesia pelo éter, provavelmente não se deve nunca à fibrilação ventricular, salvo quando se tenha usado grandes quantidades de adrenalina.

Como a adrenalina atua diretamente sobre os ventrículos, parece provável, inclusive sob anestesia com éter, que a injeção intra-ventricular de adrenalina possa converter uma detenção cardíaca em fibrilação ventricular.

Burstein, Marangoni, De Graff e Rovenstine (1940) comunicam o restabelecimento, depois de fibrilação ventricular, de cães após a injeção intra-cardíaca com procaína, 5-10 mg. por kilo em 5 cm.3 de soro fisiológico normal.

O colapso cardíaco secundário é devido à anoxia do miocárdio, e tem lugar mais facilmente com o cloreto de etil ou clorofórmio, devido ao efeito tóxico do anestésico.

Tratamento:

Este pode ser preventivo ou restabelecedor. O tratamento preventivo, aparte o evitar grandes erros, tem pouco efeito no colapso cardíaco primário. As medidas restabelecedoras é provável que sejam ineficazes no colapso cardíaco secundário.

Tratamento preventivo no colapso cardíaco secundário

Manutenção da pressão sanguínea. Quando a descida na pressão sanguínea é devida à vaso-dilatação periférica, como na raquianestesia, podem usar-se vaso-constritores (neosynefrina 0,05-0,1 cm.3 ou 15-30 mg. de efedrina intravenosamente). A pressão sanguínea sistólica não deverá deixar-se descer abaixo de 80 mm. Hg.

Manutenção do volume sanguíneo, perdido devido ao shock, hemorragia, ou transudado de plasma. Uma pressão sanguínea sistólica de 90 min. Hg., ou menos, devida a shock ou hemorragia, requer ser corrigida. Num caso precoce, pode bastar soro fisiológico por via endovenosa. Na maior parte dos casos deverá administrar-se soro ou plasma. Depois de hemorragia grave ou se existe anemia antes da operação, é necessário administrar sangue total: A injeção dos chamados estimulantes cardíacos, pode ser perigosa num doente gravemente atingido por shock ou hemorragia.

Manutenção da provisão de oxigênio. O ingresso de oxigênio no sangue pode verse reduzido por obstrução respiratória; por escassez de oxigênio nos gases anestésicos; por ventilação pulmonar deficiente; por alteração nas trocas gasosas (após gás asfixiante ou devido a pneumonia) ; por anemia.

A proporção de oxigênio administrado pode elevar-se a 30%. Se a respiração é superficial, deverá aplicar-se a respiração artificial ou administrar-se estimulantes respiratórios (dióxido de carbono, a 5%; picrotoxina, 5 mg.; cardiazol, 1/2 a 1 cm3; coramina, 1 a 2 cm.3; alfalobelina, 5 mg. Intravenosamente). Se as trotas respiratórias se encontram alteradas, a percentagem de oxigênio deverá ser a mais alta possível. É essencial retirar o anestésico (ou neutralizar os barbituratos ou a avertina mediante analéticos).

Tratamento preventivo do colapso cardíaco repentino.

Atropina pré-operatória ou escopolamina para inibir o vago; evitar-se o clorofórmio; evitar-se toda a excitação, durante a administração da anestesia, e de estímulos operatórios prematuros; muita precaução no emprego da adrenalina que se, encontra absolutamente contraindicada com o clorofórmio ou o ciclopropano.

Tratamento restaurador do colapso cardíaco primário

(1) Deixem-se livres as vias aéreas e estabeleça-se a respiração artificial com oxigênio.

(2) Estímulos mecânicos sobre o coração.
(a) Punção auricular com uma agulha qualquer de 3% polegadas (9 em.) ou de maior comprimento, atravessando a parede toráxica ao nível do terceiro espaço intercostal direito, a 1/2 polegada (1,25 cm.) do bordo do esterno e passando por dentro e próximo da linha mediana. A irritabilidade aos estímulos mecânicos perde-se em seguida, devido a anoxia e a punção auricular é menos perigosa que uma suspensão.

(b) Se a punção auricular não encontra êxito imediato, deve iniciar-se a maçagem cardíaca através de uma incisão na parte alta do abdômen.

(c) Se a massagem não surte efeito no espaço de 4 minutos a partir do colapso, deve praticar-se uma incisão no diafragma estabelecendo-se uma circulação artificial mediante massagem direta, à razão de 40 compressões por minuto.

(3) Adrenalina. Se não se consegue uma situação artificial satisfatória, ou se as contrações espontâneas não aparecem dentro de 10 minutos, injete-se 1/2 cm.3 de solução de adrenalina a l% no ventrículo, através do 4.° espaço intercostal esquerdo, a 2 polegadas (5 cm.) do bordo do esterno. Entretanto, a irritabilidade cardíaca encontra-se reduzida e não é provável que se produza fibrilação ventricular.

(4) Procaína. Se o cirurgião intenta a massagem cardíaca e encontra fibrilação ventricular, injete-se na cavidade do ventrículo 10 cm.3 de procaína a 2%.

ARQUIVOS DE NEURO-PSIQUIATRIA


E com grande satisfação e orgulho que a Revista Brasileira de Oto-rino-laringologia anota, aqui, o aparecimento de mais uma Revista especialisada na constelação cientifica brasileira. Trata-se dos Arquivos de Neuro-Psiquiatria, traço de feliz união entre os dois grandes serviços de clinica neurologica da Faculdade de Medicina da Universidade de S. Paulo e da Escola Paulista de Medicina, "oriundos da bifurcação que resultou da vitalidade da árvore plantada por Enjolras Vampré" como afirmaram os Professores Adherbal Tolosa e Paulino Longo apresentando a nova publicação.

A testa da já vencedora Revista encontra-se a figura impar de Oswaldo Lange, livre-docente e 1.° assistente da Clinica Neurologica da Faculdade de Medicina da Universidade de S. Paulo, incansável batalhador no terreno da neurologia, cujos dotes de caráter e científicos dispensam apresentação, pois são familiares de todos aqueles que procuram a Clinica de Neurologia da Faculdade de Medicina de S. Paulo. Cooperam na Redação, além da direção cientifica dos Profs. Tolosa e Longo, os Drs. Paulo Pinto Pupo, secretario, Octavio Lemi, J. M. Taques Bittencourt, J. Lamartine de Assis e Antonio B. Lefevre secretarios de redação.

Já no primeiro numero podemos apreciar o valor e grande evolução da neuro-psiquiatria em S. Paulo com os estupendos trabalhos originais aí publicados, com farta documentação, alem de capítulos de atualizações, conferências, notícias e comentários, análises de livros e reuniões cientificas atinentes a neuro-psiquiatria.

Desde já o mundo cientifico nacional pode estar certo que nos Arquivos de Neuro-Psiquiatria terão sempre um espelho fiel das atividades neuro-psiquiatricas em S. Paulo, pois, além do apoio unânime dos elementos das Escolas de neuro-psiquiatria de S. Paulo, eles contam em sua direção com jovens trabalhadores dirigidos por esse que não recusa as tarefas que lhe são apresentadas - Oswaldo Lange.

Os Arquivos de Neuro-Psiquiatria serão publicados trimestralmente, nos meses de junho, setembro, dezembro e março. A assinatura anual custará Cr.$80,00 para todos os Estados do Brasil e 5 dolares (U.S.A.) para o estrangeiro.

Os trabalhos para publicação, livros e revistas para analise e revistas em permutas deverão ser encaminhadas para: Oswaldo Lange - R. Xavier de Toledo, 99, 2.° andar ou para Caixa Postal, 3461 - S. Paulo - Brasil.

Ao jovem colega as bôas-vindas e votos de prosperidade da Revista Brasileira de Oto-rino-laringologia.

A REDAÇÃO
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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