ISSN 1806-9312  
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754 - Vol. 6 / Edição 2 / Período: Março - Abril de 1938
Seção: Revista das Revistas Páginas: 159 a 176
REVISTA DAS REVISTAS
Autor(es):
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ARCHIVES OF OTOLARYNGOLOGY (Chicago) Volume 25 - Abril de 1937 - N. 4.

ALFRED ADSON e BERT HEMPSTEAD (Rochester) - Osteomielite do frontal resultante de extensão de supuração do seio frontal. - Pag. 363.

Tratamento Cirurgico.

Os AA. estabelecem os seguintes principios.

1 - Drenagem adequada do seio frontal.
2 - Remoção do pús, osso necrosado e todo osso branco morto.
3 - Defeza, si possivel do periosteo.
4 - Fazer a linha da incisão para dentro da linha do cabelo.

A incisão deve incluir tambem o periosteo. O retalho que cobre o osso frontal deve ser dobrado para a frente, até que o seio frontal seja descoberto, de modo que se possa vêr o acumulo de pús em baixo do periosteo e o osso necrosado subjacente. Poder-se-á verificar assim si o processo de mielite se estende para cima, além dos limites do seio frontal. A molestia não toma um bloco de osso, mas tem tendencia a um caminho tortuoso, e progride porque segue cadeas diploéticas. Si a lesão é operada precocemente, a infecção é limitada, mas si o processo tem sido abandonado por semanas ou mezes, ela póde ser muito extensa e envolver ambas as metades do frontal e possivelmente os ossos visinhos. Circundando a zona de necrose ossea, vê-se uma outra zona de osso branco, avascularisado e morto. Não é só sequestro que é importante remover mas tambem a ilha de osso necrosado, assim como o osso morto necrosado, mesmo que envolva ambas as taboas do frontal, porque uma pequena ilha de osso avascularisado, actuará como uma fonte de supuração e tornará mais extensa a zona de molestia. Entretanto, não é necessario remover osso vivo e sangrante. O osso necrosado será removido com cureta e ruginador. A's vezes é necessario o uso de instrumentos que consigam perfurar a taboa interna do craneo, desde que haja tambem osso morto na taboa interna. A extensão da operação dependerá naturalmente da extensão do processo. Invariavelmente o processo pôde ser seguido dirétamente até ao seio frontal, onde será encontrado acumulo de pús. Desde que o processo osteomielitíco envolva ambas as taboas do frontal, a exposição intracraneana da parede posterior do frontal deverá ser obtida. Isto permite retrair a dura mater, e abrir a parede posterior do seio frontal. Uma simples abertura é insuficiente, porque é necessario que a dura e o cerebro encham o espaço do seio frontal, para prevenir uma recidiva da sinusite. Por isso, o seio frontal deve ser exenterado completamente pela remoção completa de toda a parede posterior infectada. Depois da completa sequestrotomia e exenteração do seio frontal, todo o campo cirurgico é lavado com tintura de iodo pura. O seio frontal é tamponado com gaze embebido em tintura de iodo. Gazes adicionais são colocadas em cadeia, seguindo a linha de sutura. E' preciso um cuidado extremo para evitar ferir o periosteo que cobre a falha provocada pela craneotomia, porque a preservação do periosteo estimula a formação de osso novo e enche o vacuo que ficou. Os drenos de gaze são paulatinamente aliviados todos os dias e no terceiro dia, tirados completamente. A remoção larga do osso necrosado, a completa exenteração posterior do seio ïrontal e o uso de tintura de iodo resultam em uma bóa cicatrisação da ferida operatoria. Essa extensa sequestrectomia, como tem sido empregada na Clinica de' Mayo, tem sido usada inumeras vezes. Tem ficado demonstrado ser melhor esta técnica de que a simples drenagem e curetagem de regiões localisadas, pois que uma operação incompleta permite á infecção de continuar. Invariavelmente abcessos de cerebro sucedem-se ás drenagens imperfeitas, que permite á infecção de continuar.

Segue-se uma observação deste genero, com radiografia e gravuras bastante elucidativas. Dizem os AA. terem empregado em dois casos mais esta mesma orientação, com os melhores resultados.

MERVIN MYERSON, (New York) e RALPH BLUMBERG e H. RUBBIN, (Brooklin) - Operação para osteomielite da face inferior da piramide petrosa. - Papa 373.

E' pena que não se possa resumir este artigo, porque é muito interessante; mas não é possivel compreende-lo bem sem atentar para as gravuras. Trata-se de atingir a ponta do rochedo, na cirurgia das petrosites, por uma via completamente outra que as usadas até então. Contrariamente aos 'processos de Ramadier, Almour, Kopetzky, Eagleton e outros, os AA. atingem o rochedo pelo pescoço. Começam com uma incisão seguindo o bordo anterior do este rnocleidomastoideo, e por aí vão até encontrar o musculo digastrico; depois de reconhecida, a carotida é rebatida para traz, juntamente com o digastrico e os outros musculos da area operada que se inserem na apofise estiloide, protegendo tambem o nervo facial. Cáe-se assim no espaço retrofaringeo e fica-se ao lado dos corpos vertebrais. Depois retrae-se para cima e para dentro o elevador do véo do paladar assim como o tensor do paladar e a arteria faringea ascendente. Depois de mais alguns detalhes, que não comportam uma descrição tão abstracta, atingem os AA. a ponta do rochedo. Os AA. descrevem uma observação destas, muito bem sucedida.

SAMUEL IGLAUER (Cincinatti) - Colapso pulmonar em seguida á tonsilectomia sob anestesia local. - Pag. 382.

Cito o artigo apenas pela raridade da observação que contem, dada a hipotese de alguem interessar-se para estatistica; praticamente não ha o menor motivo de ser resumido. Traz radiografias comprobatorias.

GABRIEL TURCKER (Philadelphia) - Laringoptosis - Pag. 389.

Do mesmo feitio do precedente; apenas curiosos pela raridade. Tratase de uma ptose do laringe devido ao deslocamento, para baixo, do osso hioide, resultante de fibrose e estreitamento, como uma anomalia congenita que é, dos musculos esternoioideo e esternotiroideo. Este termo foi, pela primeira vez aplicado por Chevalier Jackson em 1914.

NOAH FOX e JOHN HARNER (Chicago) - Tratamento de pacientes asmaticos na pratica otorinolaringologica. - Pag. 393.

Os AA. estudam separadamente os tratamentos da asma em doentes alergicos e não alergicos, assim como os resultados da cirurgia nasal e do tratamento medico. Chama a atenção para uma certa classe de doentes que melhoram com a cirurgia e o afastamento de fatores alergisantes, mas que tempos depois têm recaídas, pelo fato de se tornarem sensiveis a outros fatores alergisantes diferentes daqueles que atuavam na epoca da operação. De qualquer modo, os AA. são bastante ótimistas com os resultados cirurgicos, em casos de sinusites. Dividem os doentes em operados do maxilar, etmoide, frontal, ou de todos conjuntamente. Acusam melhores resultados em pacientes operados de todos os seios.

Volume 25 - Maio de 1937 - N.º 5.

FORREST MARICA (Lakewood) - A tonsilectomia na cura do abcesso peritonsilar. - Pag. 520.

Depois de chamar a atenção para a pratica da extirpação da amigdala a quente, como já se faz em muitos paizes, o A. apresenta 21 observações deste genero. Pensa ser esta uma atitude preferivel a simples abertura dos abcessos pelos metodos classicos, os quais, ás vezes, pódem falhar, e forçar a nova intervenção dois ou tres dias depois. Além disso, diz ele, que o alivio obtido pelos doentes é imediato, cousa que não se dá, na opinião dele , com a classica incisão de Chiari ou o metodo de Killian. Diz, ser preferivel sempre a anestesia geral; toma o cuidado de usar um aspirador, afim de evitar a aspiração de pús. Afirma que o restabelecimento dos doentes é muito mais rapido, e que eles tomam alimentos muito mais depressa que na simples -drenagem.

HARRY ROSSNEWASSER e WILLIAN BIERMAN (New York) - Efeitos de aplicação de ondas curtas sobre a temperatura dos seios Paranasais. -, Pag. 5 5 5.

Contem o artigo uma serie de observações sobre os resultados da onda curta. Não ha necessidade nem interesse de resumo. Apenas assinalo que os AA. concluem pela produção de elevação de temperatura peora este meio fisioterapico, tanto na propria fossa nasal como nos seios satelites. Dizem mais que a aplicação de uma solução de cocaína e epinefrina influe na citada elevação.

BARRY ANSON e J. GORDON WILLSON (Chicago) - Alterações extruturais da porção petrosa do temporal na osteite deformans. - Pag. 560.

De interesse cientifico evidente, mas sem aplicação pratica imediata é o presente artigo. Diz ele que, na molestia de Paget, osteite deformans a porção petrosa é convertida em um osso altamente espongioso, modificação que se pôde verificar mesmo a olho nú. Traz a observação de um caso que foi seguido em vida e no qual conseguiram autopsia.

FRANCISCO HARTUNG.

THEJOURNAL OF LARYNGOLOGY AND OTOLOGY (Londres) Vol. 51 - Julho de 1936 - N.º 7.
LUND, ROBERT (Copenhagen) - Indicações da intervenção labiríntica com referencia especial á labirintite aguda difusa destruitiva. - Pag. 425.

Nesse artigo o A. procura fornecer detalhes sobre a conduta do especialista em presença de uma labirintite difusa destrutiva. Lund bases-se em 28 anos de experiencias. Durante esse espaço de tempo sua conduta modificou-se durante tres periodos: durante 6 anos, a terapeutica foi a mais radical possivel; nos 8 anos seguintes, empregou metodos mais conservadores e, finalmente, durante os 14 ultimos anos as indicações da labirintectomia foram calcadas, todas, segundo os resultados do exame do liquido cefalo-raquideano. Os melhores resultados foram obtidos durante esse ultimo periodo.

O A., que se serviu do material do EAR DEPARTMENT OF THE MUNICIPAL HOSPITAL OF COPENHAGEN durante o periodo de 1907-1927 (inclusive) e num total de 391 casos de labirintite, estuda as afecções labirinticas de natureza inflamatoria consequentes á supurações agudas ou cronicas do ouvido médio.

De inicio classifica as inflamações do labirinto em 4 grupos distintos:

1.º) Libirintite cronica difusa destruitiva: é o caso de perda completa das funcções acusticas e vestibulares. A Escola Vienense denomina-a labirintite purulenta difusa latente.
2.º) Labirintite circunscrita: aqui estão catalogados todos os casos de inflamação da parede ossea com fistula, persistindo a funcção labirintica. Desde que essa ultima funcção desapareça o caso será então catalogado nos grupos 1 ou 4.
3.º) Labirintite serosa: os sinais vestibulares estão indemes. Cessado o processo todo labirinto volta a ter suas funcções normais.
4 º) Labirintite aguda difusa destruitiva: estão inclusos nesse grupo todos os casos de perdas completa e definitiva das funcções acustica e vestibular e em um espaço de tempo muito curto. A Escola Vienense denomina-a labirintite aguda purulenta.

Ao termo "purulenta" dos Vienenses, o A. sobrepoz o termo "difusa destruitiva", sendo este um termo puramente clinico, nada tendo a vêr com o processo anatomo-patologico no labirinto. O termo "purulenta", em uma serie grande de casos do A., não condiz com as diretrizes terapeuticas adotadas, pois tal termo implica, forçosamente, em obedecer ao principio: Ubi pus, ibi evacua. Em 47 casos de labirintite cronica difusa destruitiva, 32 deles curaram-se sem operação e os 15 restantes sofreram labirintectomia devido a complicações intra-craneanas ou a colesteatoma.

Ruttin, em 1927, afirmou que a labirintite cronica gera, com frequencia, complicações, principalmente na fossa cerebral posterior (abcesso epidural profundo, abcesso cerebelar, meningite). Baseado no exame sistematico do liquido cefalo-raquideano o A. não sustenta essa opinião. Em seus 47 casos, somente 5 complicações (tres casos de miningite, 1 de abcesso epitural profundo e 1 de abcesso cerebelar).

Lund lança mão da labirintectomia, em casos de labirintite cronica difusa destruitiva, somente quando da existencia de sintomas de complicação intracraneana ou quando do ataque do labirinto pelo processo osteítico da caixa e mastoide. A paralisia facial serve para indicar que a labirintectomia deve ser executada durante um esvasiamento petro-mastoidêo. Esta paralisia não agrava o prognostico.

Quanto á labirintite aguda, a Escola de Viena mantem a opinião de que em todo processo agudo do labirinto, com morte absoluta do mesmo, a labirintectomia imediata tem indicação fechada. O ponto de vista da Escola de Viena é baseado no facto de que, declarada a meningite labirintica, a labirintectomia poderá ser tardía, sobrevindo, sempre, a morte do paciente. Lund subscreve inteiramente esse ponto de vista. Entretanto, no que diz respeito da labirintite, em si, indicar a cirurgia, ele coloca-se em campo oposto aos vienenses. O A. dinamarquez não admite a possibilidade de distinção clinica entre as formas maligna da labirintite com tendencia a invadir as meninges e a benigna em que a inflamação é limitada ao labirinto.

De outro lado, em 1921, provou, Lund, a possibilidade da distinção entre as formas maligna e benigna da labirintite, executando-se a contagem celular do liquido cefalo-raqueano. A indicação operatoria será então fornecida pela numeração das celulas liquóricas.

Todo padecente do labirinto, portador de um processo agudo, difuso, de labirintite destruitiva, com perda da funcção, é puncionado na espinha. Encontrando-se 6 ou mais celulas a labirintectomia está indicada. Encontrando-se menor numero de celulas, o paciente ficará em observação e na eminencia de nova punção desde que os fenomenos de irritação meningéa apareçam. A labirintectomia estará indicada, tambem naqueles casos de ausencia de perda completa da funcção mas nos quais o numero de celulas aumenta, progressivamente, de uma punção á outra.

A conduta acima citada tem sua exceção: nas labirintites agudas difusas destruitivas advindas em consequencia de manobras cirurgicas violentas, tais como a retirada de um polipo. Nesses casos a abertura imediata de labirinto deve ser executada desde que o mesmo se encontre morto, não se esperando o aumento das celulas no liquor.

O trabalho, que acabamos de dar um ligeiro esboço de seu conteudo, é de grande valor, pela autoridade do A., pela riqueza clinica em que se estriba e por colocar em discussão um assunto mais -ou menos considerado fechado e de acordo com as indicações cirurgicas formuladas pela Escola de Viena.

Regular bibliografia.

LUSCHER, E. (Bern) - A importancia da otomicroscopía no diagnostico e tratamento do assim chamado catarro secretorio do ouvido médio. - Pag. 454.

Neumann e sua Escola denominam de catarro do ouvido médio uma forma especial de catarro exsudativo acompanhada de corrimento seroso ou mucoso. Esse tipo deve ser distinguido do catarro seco do ouvido médio ou obstrucção seca da trompa de Eustachio. Os sintomas inflamatorios não existem. O tímpano é palido com leve injeção dos vasos. O paciente queixa-se, somente, de perturbação acentuada da audição. Esse tipo de catarro é comum nas formas agudas ou cronicas após rino-faringites, obstrucções da trompa ou como consequencia de um neoplasma do faringe. Sua etiologia e patología são obscuras.

O diagnostico da otite médiá exsudativa é baseado, exclusivamente, na presença de um exsudato seroso na caixa. A determinação da presença desse exsudato é grandemente facilitada pelo uso do oto-microscopio que fornece um aumento de 10 vezes ou mais. De acordo com a incidencia da luz, o liquido aparece de côr amarelo ouro ou azul escuro.

Por meio do oto-microscopio é possível estabelecer 5 formas distintas de corrimento:

l.º) Cota pendente atraz do umbigo.
2.º) Linhas fluídas irregulares resultantes da atracção capilar.
3.º) Linhas horizontais classicas.
4.º) Escuma liquida composta principalmenté por bolhas de ar.
5.º) Cotas liquidas com interstícios de ar.

O oto-microscopio constitue, dessa maneira, um ótimo auxiliar no diagnostico e tratamento da otite média exsudativa.

O trabalho do A. é documentado com 4 observações clinicas, 6 lindas tricromías e regular bibliografia.

KIRKMAN, N. F. (Manchester) - Septicemia estreptocócica após amigdalectomia. Cura. - Pag. 462.

Trata-se de uma nota clinica a respeito de mais um caso de septicemia estreptocócica hemolitica após amigdalectoima com cura da paciente. A terapeutica adotada foi o sôro anti-escarlatinoso na dose de 9.00Ô unidades diarias e durante 15 dias aproximadamente. Preparação alguma de mercurio ou ouro foi utilisada endovenosamente. A observação demonstra o auxilio inestimavel prestado pelas altas doses de sâro anti-escarlatinoso em um caso desesperador de septicemia estreptocócica.

HUTCHINSON, C. A. (Bath) - Surdez grave do ouvido médio tratada com algum sucesso pelo processo de Sourdille. - Pag. 465.

Eis a observação resumidamente: Homem, 24 anos, queixando-se de constipações ha dois anos. Surdez intermintente ha tempos. Ruídos subjectivos em ambos ouvidos, mais pronunciados do lado esquerdo. Ausencia de purgação dos ouvidos. Sem antecedentes anormais.

Ao exame. surdez pronunciada á direita e á esquerda, para ouvir, é necessario gritar de encontro ao pavilhão. Tímpanos retraídos e fixados por aderencias. Weber lateraliza a esquerda. Rinne negativo dos dois lados. Não tem sinal de fistula. Provas caloricas normais.

Diagnostico: otite cronica adesiva. O tratamento medico instituido (massagem, aspiração, insuflações, inhalações) não proporcionou melhora alguma ao paciente, decidindo-se, então, a intervenção cirurgica de acordo com o metodo preconizado por Sourdille, em 3 etapas.

1.º) Esvasiamento petro-mastoidéo atípico sob anestesia geral. Preparação do retalho timpanico que deve obturar o orifício da trompa. Tamponamento a gaze parafinada e sutura da ferida mastoidéa. O tampão é conservado durante cinco dias, com o cuidado de instilar-se, diariamente, algumas gotas de parafina esteril. A ferida mastoidéa cicatriza-se por primeira intenção. Durante o post-operatorio a tendencia a granular da região do muro do facial é controlada pela aplicação local de formalina. O paciente deixou o hospital, após estadia de 45 dias, com a cavidade completamente epitelizada.
2.º) Tres mezes mais tarde nova intervenção. Aplicação de retalho timpano-meatico sobre a parede labiríntica ao nivel do canal semi-circular externo. Tamponamento a gaze parafinada pelo conduto e intilações diarias de parafina. Após uma demora de 23 dias o paciente deixou o hospital com a cavidade epitelizada e a ferida operatoria cicatrizada.
3.º) Dois mezes mais tarde, nova hospitalização e 3." intervenção. Trepanação do canal semi-circular ao nivel da ampola. Abertura de dimensão da janela oval. O 'retalho é aplicado sobre a parede do aditus recobrindo a abertura executada no canal semi-circular. Sequencias operatorias identicas aos períodos anteriores. Durante os 4 primeiros dias o paciente foi acometido de violentas vertigens e nistagmo do lado oposto. Esses sintomas diminuíram lá pelo 10.º dia. O paciente consegue ouvir. Ao 20.º dia desapareceram as vertigens por completo. Sete meses 'mais tarde após a I.º intervenção, a irritabilidade labiríntica desapareceu e o paciente consegue ouvir a vóz normal. Desapareceram os ruidos. O paciente retorna ao serviço militar. Ainda quinze mezes mais tarde as melhoras da audição se mantinham.

J. E. DE REZENDE BARBOSA

ANNALS OF OTOLOGY, RHINOLOGY AND LARYNGOLOGY (St. Louis. U.S.A.) Vol.. 45 - Dezembro de 1936 - N.º 4.

LOUIS H. CLERF e CARL J. BUCHER (Filadelfia) - Blastomicose do laringe - Pag. 923.

Poucos casos existem publicados sobre o assunto. Entretanto os AA. crêm que esta afecção é bastante comum. Os mesmos descrevem, minuciosamente, tres casos com os respectivos exames biologicos.

Em toda lesão inflamatoria cronica do laringe com fenomenos ulcerativos e secretorios, não apresentando qualquer característica de Tbc ou de qualquer entidade clinica definida, devemos considerar a possibilidade de uma infecção micósica. No primeiro dos tres casos tentou-se diagnosticar a Tbc. Entretanto, a negatividade de exames de escarro repetidos bem como do exame pulmonar, apesar-de diagnostico histologico de uma laringite cronica, ulcerosa ou granulomatosa, sugerindo tuberculose, indicava a necessidade de uma investigação adicional. O diagnostico, finalmente, foi firmado com os achados micologicos. Ficou demonstrada a presença dos fungos em todas as lesões e produziram, tambem, lesões definidas em coelhos. O diagnostico da lesão micósica firmou-se ainda mais após a resposta conclusiva que os pacientes apresentaram com o tratamento iódico.

Nos outros dois casos o quadro clinico firmou, de inicio, o diagnostico. O trabalho é documentado com 11 figuras no texto e extensa bibliografia.

GOLDSMITH, PERRY G. e IRELAND, P. E. (Toronto) - Tumores mixtos do nariz e garganta. - Pag. 940.

Os tumores mixtos do tipo de glandula salivar não constituem raridades. Aparecem em todas as idades, tendo sido descrita sua presença em menina de 3 mezes de idade e em velho com 73 anos. Encontram-se associados, intimamente, com as glandulas salivares ou surgem em arcas aberraíntes como a região retro-faringeana, a parede lateral do faringe, bochechas, labios, base da lingua, palato, glandula lacrimal ou nos seios paranasais. Existem poucos casos descritos com atingimento do antro. Os seis casos dos AA. estão assim distribuidos: 2 casos do palato mole, um do antro e etmóide, um do naso-faringe e 2 do palato.

A opinião geral a respeito da origem desses tumores mixtos é a de que não constituem verdadeiros teratomas. Aqueles que apresentam intimas relações com as glandulas, originam-se, provavelmente, dos ductos glandulares, e, os tipos aberrantes, podem ser considerados como restos embrionarios. O desenvolvimento de cartilagem e tecido mixedematoso pode se dar por metaplasia e sua origem mesodermica não deve ser considerada como essencial.

Quanto ao tratamento desses tumores, os AA. não obtiveram resultados satisfatorios com as radiações. Os tres casos que atingiam o palato foram tratados, inicialmente, pelas radiações sem se obter sucesso aparente. Os outros casos, irradiados tambem, não demonstraram melhora evidente. Somente um caso, de tecido glandulo-salivar bem diferenciado e de pouca evolução, teve sucesso com essa terapeutica.

O tratamento que apresenta resultados mais satisfatorios é a ressecção cirurgica completa.

As radiações não devem ser empregadas como tratamento primario mas poderá tornar-se util como tratamento post-operatorio de ordem profilatica.

A recidiva desses tumores é, infelizmente, frequente. O trabalho é documentado com 6 figuras no texto e regular bibliografia.

CHEVALIER LAWRENCE JACKSON (Filadelfia) - O valor da radiografia do pescoço com referencia especial ao seu emprego no diagnostico e tratamento da obstrução laringéa e traqueal. - Pag. 951.

As conclusões do A. são as seguintes:

1) Os ossos encravados no esofago cervical podem ser vizualisados na grande maioria dos casos, sendo necessario precaver-se, entretanto, com zonas isoladas de ossificação das cartilagens laringéas simulando corpo extranho e vice-versa. Quando os ossos alojam-se em plano ligeiramente inferior, os mesmos são encontrados, com regular frequencia, atraz da cricóide.
2) Os corpos extranhos do laringe repousam no plano sagital; aqueles do esofago dispõem-se no plano coronal. Considerando-se esse ponto localíza-se, geralmente, o corpo extranho, no entanto, em cada caso, uma radiografia lateral deve ser tirada. O perfil demonstra um corpo extranho do esofago repousando posteriormente á traquéia e um corpo extranho da laringe ou traquéia em situação anterior.
3) Um abcesso retro-faringêo pode ser diagnosticado precocemente pelo alargamento do espaço retro-faringêo, tal como se observa em um film de perfil, e sua evolução pode ser acompanhada por um estudo roentgenologico em serie.
4) Edema e outras manifestações inflamatorias podem ser estudadas, em extensão e grau, pelo radiologista. Lesões sifiliticás e tuberculosas do Laringe são observadas, com frequencia, em um estudo radiografico, no entanto o seu diagnostico diferencial não pode ser estabelecido somente pelos raios X. A radiografia presta grandes auxilios em casos de estenose compressiva ou de outra especie.
5) As néoplasias benignas das cordas vocais demonstram-se quasi sempre como uma sombra redonda projetando-se no lume do ventriculo laringêo, no vestibulo ou na passagem sub-glotica. Nas grandes néoplasias, principalmente, o diagnostico radiografico é de valor pratico; em alguns casos torna-se indispensavel.
6) Os carcinomas podem ser estudados, vantajosamente, durante sua evolução, pelos raios X. Como demonstrou Coutard, o estudo radiografico é de valor inestimavel na escolha do metodo de tratamento e, presta, tambem, grande auxilio, na determinação do efeito do tratamento.
7) Um dos empregos mais importantes da radiografia do pescoço é o da determinação da posição, dimensão e forma do tubo de traqueotomia o aparelho de laringostomia.

O presente trabalho é ilustrado com 16 figuras no texto e regular bibliografia.

BAUM, HARRY 1. (Denver) - Novas observações sobre o emprego de soros imunizantes especificos no tratamento das infecções estreptocócicas. - Pag. 969.

O A. louva-se dos resultados obtidos pelo emprego do soro proveniente de doente portador de uma infecção es treptocócica qualquer, escarlatina na grande maioria dos casos. Da mesma maneira que determinado estreptocóco produz manifestações infecciosas diferentes, estreptocócos diferentes podem ocasionar um mesmo sindromo. Sob o ponto de vista terapeutico não é necessario que o doador de sangue tenha tido a mesma entidade morbida que a do receptor. As doses totais a empregar variam de 30 cc. a 300 cc. Deve-se ter em conta, entretanto, que o emprego do soro não deve retardar e nem consiste contraindicação ao áto operatorio que visa remover o fóco. Os tests de aglutinação são necessarios. A experiencia do A. basea-se em 1.500 casos felizes e sem complicações de origem sérica. O trabalho é documentado com regular bibliografia.

SPIEGEL, E. A. e ALEXANDER, A. (Filadélfia - Viena) - Vertigens nos tumores cerebrais com considerações especiais sobre os resultados do exame labirintico. - Pag. 979.

A vertigem em casos de tumores cerebrais é tida, comumente, como um sintoma geral da hipertensão intracraneana e sua producção é explicada como devida á acção da pressão sobre o labirinto e seus centros rombencefalicos. Entretanto, Leidler já se externou a respeito afirmando que o mecanismo da vertigem, nas molestias cerebrais, torna-se bem mais complexo. O ponto de vista acima mencionado despreza a possibilidade da vertigem ser produzida, ao menos em alguns casos, pela lesão do centro cortical do labirinto.

Considerando-se que o estimulo labirintico produz, tal como o estimulo de outros orgãos do sentido, sensações conscientes, como a percepção da, posição e movimentos, não seria extranho que o labirinto possa possuir uma representação cortical e que o estimulo dessa determinada zona produza a vertigem.

As observações dos tumores cerebrais parecem corroborar na asserção de que o labirinto possue um centro de representação no cortex cerebral, particularmente no lobo temporal.

Certas zonas do lobo frontal e de um modo particular a região centro-opercular devem também, ser consideradas como local onde os impulsos vestibular e espinhal, reunidos no sub-cortex (sistema rubro-cerebelar), possam atingir.

Em grande numero de casos são encontrados sintomas como choque labirintico, hiperexcitabilidade do mesmo, diferença da excitabilidade entre ambos os lados, nistagmos, diplopia, disturbios cerebelares e o aparecimento da vertigem é explicado como devido a esses efeitos de aumento da pressão intracraneana. Existe um grupo de casos em que não existem os efeitos da pressão sobre o labirinto ou sobre o cérebro. Nesses casos, pelo menos, parece razoavel a opinião de que a vertigem apareça como um sintoma local do cortei cerebral devida a lesão direta de determinadas arcas ou á pressão sobre esses fócos de tumores em regiões vizinhas. De um modo geral parece que os tumores em intima relação com a sizura de Sylvius induzem á vertigem com maior facilidade que os outros tumores mais distantes dessa sizura. Bôa bibliografia.

MCBURNEY, RALPH e SEARCY, HARRY B. (Tuscaloosa) - Otomicose: pesquiza sobre os agentes terapeuticos fungicidas. - Pag. 987.

A otomicose é quasi sempre uma aspergilose. O presente trabalho consiste no estudo da acção fungicida de 69 substancias, separadamente ou combinadas entre si. Trata-se de um estudo in vitro e, muitas vezes, clinicamente.

A acção de 38 substancias foi estudada comparativamente sobre os microbios e sobre os cogumelos.

Diversas substancias tidas, ha muito tempo, como fungicidas, não possuem acção alguma sobre os aspergilos. Esse fáto torna-se particularmente verdadeiro em relação ao alcool em qualquer diluição.

A acção fungicida de qualquer substancia é, relativamente, identica para as diferentes formas de aspergilos.

O timol a 2 % em alcool de 70 a 90 parece ser o fungicida mais activo em relação aos aspergilos quer in vitro ou como demonstraram no tratamento de 150 casos de otomicose.

Outras substancias de ação fungicida marcada são: timol e mertiolato; timol e cresatina e o pó de timol, acido bórico e iodo.

Qualquer aplicação dessas substancias deve seguir á uma limpeza previa rigorosa do conduto e o que é obtido com a sol. de peroxido de hidrogenio a 3 %.

O trabalho é documentado com 3 figuras no texto e regular bibliografia.

J. E. DE REZENDE BARBOSA

MONATSSCHRIFT FOR OHRENHEILKUNDE UND RHINOLARYNGOLOGIE (Viena)

Novembro de 1936.

E. ALFODY (Budapeste) - Hipoacusia neurogênica de fundo endocrinico. - Pag. 1281.

1. A causa de velhice, bem como da presbiacusia, reside na perturbação do equilibrio hormonico principalmente do sexual. 2. Procuramos restabelecer o equilibrio hormonico com a administração de preparados como hipofise, testiculos ou ovarios. 3. Para efeito mais seguro e intensivo, devem os hormonics ser administrados por via venosa. 4. Um grande grupo de hipoestesias póde ser considerado como manifestação de velhice precoce, assim, seu tratamento deve seguir a norma acima. 5. Mesmo quando reconhecemos como causa da hipoestesia uma infecção, intoxicação ou causa profissional, devemos tratar como hipoestesia da idade, pois, esse tratamento não prejudica. 6. As experiencias acima e suas conclusões, não devem ser consideradas como definitivas e são publicadas para uma orientação.

E. URBANTSCHITSCH (Viena) - Tuberculose e ouvido medio. - Pag. 1287.

1. O lupus do lóbulo era mais observado antes que após a guerra. Esse fato se explica pelo desuso dos brincos e pela maior eficiencia da terapeutica. 2. Nos casos de mastoidite supurada com tuberculose, houve discrepancia entre os fenomenos objetivos e os subjetivos (bom estado geral com grandes destruições), exageros de granulações em exames negativos e em geral, tendencia favoravel para a cura, quando não decurso normal. 3. Tuberculose primaria do ouvido medio, só foi observada nos limites extremos da idade. Ao lado de ricas granulações, foram encontradas, destruições extensas do osso, com paralisia facial. Prognostico desfavoravel. 4. E' preciso contar-se com o aparecimento de uma tuberculose miliar, em consequencia de operação, decorrendo daí o destino do-doente. leso aconteceu porém 3 vêses em 30 casos. 5. E' possivel o aparecimento de mastoidite não tuberculosa em casos de tuberculose generalizada. 6. Em casos raros foi encontrada surdo-mudês de fundo tuberculoso.

J JESCHEK (Graz) - Tumores vasculares do conduto e do ouvido medio. - Pag. 1297. -

Os tumores vasculares benignos pertencem á maior raridade. Aschoff distingue os verdadeiros angiomas que são congenitos, dos granulomas telangectasicos, que são ocasionados por irritação inflamatoria. O primeiro caso estudado pelo autor, refere-se a hemangioma proveniente do ouvido medio, séde de processo supurativo cronico. O segundo doente era portador de hemangioma primario sem supuração, provavelmente originario da membrana do timpano. Após aplicação de radio, deu-se a supuração e, a seguir, em vista de sintomatologia severa e perigo de hemorragia, foi indicada e feita a radical. De ambos os casos são apresentados cortes histologicos provando a justeza do diagnostico.

K. LOWY (Viena) - Patologia dos tumores do conduto auditivo externo. - Pag. 1319.

O A. descreve alguns raros tumores do conduto, que, em pequeno -espaço de tempo, teve ocasião de observar na clinica Neumann. O primeiro refere-se a um fibroma extirpado de doente com 63 anos de idade, que nunca antes se queixára do ouvido. Esse tumor ocupava quasi todo o conduto e ocasionava surdez. Os dois casos seguintes, dizem respeito a naevi, ocorrencia bastante rara; ambos adultos, um com 36, outro com 47 anos. O ultimo doente era portador de fibroma com tendencia á recidiva. A cura só se deu quando se combinou a operação com a irradiação. Tratava-se de moça com 28 anos, que sofrêra de otite média, durante 9 anos, da qual se curára. O tumor apareceu ha 2 anos, acompanhado do unico sintoma-surdês. Acha o autor que nos casos de recidiva, deve-se aplicar o radio .

J. DOROSCHENKO - Correção da paralisia facial. - Pag. 1303.

São apresentados, neste trabalho, 14 doentes, portadores de paralisia facial, datando de 6 mêses a 8 anos. Antes da operação os doentes são submetidos a tratamento conservativo, isto é, massagens, electroterapia, etc. O A. emprega o processo de Rosenthal: operação mioplastica para a cura do ramo bucal e neurotização dos musculos. O A. não dá noticia pormenorizada da técnica seguida, mas apresenta, abundancia de fotografias dos doentes antes e após a operação, mostrando a excelencia do metodo. Tiveram todos os casos volta integral de sua mimica facial, bem como melhoria da função auditiva.

ROBERTO OLIVA

LOTO-RINO-LARINGOLOGIA ITALIANA (Bolonha)

Ano VII - Abril de 1937 - N.º 2.

CALICETI, P. (Bolonha) - Notas clinicas sobre a faringotomia média transbioidéa. - Pag. 109.

Trata-se de um caso de cancer da epiglóte operado em um paciente com 59 anos de idade de acordo com o processo de Vallas - faririgotomia média trana-hioidéa. Foi executada ã diatermo-coagulação da base da lingua e da parte anterior das pregas ari-epiglóticas. Secundariamente, aplicações roentgenterapicas (28 aplicações, segundo Coutard, em 20 dias). Resultado excelente. O A. estuda, com certo detalhe, os diferentes processos adotados em relação á cura dos canceres da epiglóte.

PIETRO TULLIO e SILVESTRO CANOVA (Parma) - Pesquizas comparativas sobre a excitação calorica, electrica, quimica e sonora dò labirinto acusticõ: - Pag. 1 14.

O presente trabalho é uma continuação das pesquizas que os AA. vêm executando ha tempos no terreno da labirintologia. Os AA. demonstram, nessas pesquizas, a electividade de respostas do labirinto acustico do pombo aos diferentes sons. Essas respostas caracterizam-se por movimentos diferentes para cada som. Obtiveram, os AA., respostas identicas após transformarem a energia sonora em electrica por meio de um microfone.

GASPARE ALAGNA Jor. (Palermo) - A respeito da correlação reflexa naco-ocular. Contribuição ao conhecimento da pressão arterial retiniana após intervenções endo-nasais e rino-faringéas. - Pag. 121.

O A., valendo-se de uma ótima bibliografia e baseado em experiencia pessoal sobre as correlações nano-oculares, concluiu por não ser mais possivel duvidar-se da existència de numerosas correlações reflexas nano-oculares.

Ainda que os conhecimentos sobre a topografia funcional da inervação simpática não sejam absolutamente certos, em seguida á constatações clinicas e experimentais, não se pôde hoje desconhecer a importancia do factor' simpatico::fundada principalmente sobre a observação que a inervação-dos vasos oculares é aliada á inervação nasal, ou com centros bulbares e simpaticos aos quais vêm -ter as vias nasais aferentes.

Sobre 30 casos de individuos perfeitamente indemes de molestias oculares submetidos, devido a afecções multiplás, a me intervenção cirurgica, endo-nasal ou rino-faringea, ó A. poude observar; na maioria desses individuos um abaixamento. muitas vezes durável da P. A. R. depois de passar por um periodo muito breve de hipertensão.

Essa variação da P. A. R. que-não se observou em individuos, portadores antes da intervenção operatoria de uma pressão Numeral alta,, o A. viu manifestar-se independentemente da participação de variações da, P. O. ë do tom ocular. Bôa bibliografia afim de esclarecer certas localisações especiais de dëterminadas processas: morbidos que atingem* -as cordãs vocais,- o A. -estudôu a vascularização do bordo livre das-mesmas. O material utilizado foi ciìidadosamente selecionado, sendo -examinadas as cordas vocais que não apresentavam lesão alguma sob o ponto de vista macroscópico. Para o -estudo: histologico fórarn praticâdas= secções da corda -direita, em seu sentidó transversal e da corda esquerda no sentido longitudinal desde a comissura anterior até a apofise vocal da aritenõide, efectuàndõ-se, em seguida, córtex de diferentes grupos de secções: superiores, médios e inférióres. Coloração ordinaria.

Resultados obtidos no adulto:

1.º) A corda vocal,. contrariamente ao que afirmam certas- autores, -possue acentuada vascularisaçao em determinadas zonas de seu bordo livre.
2.º) No bordo livre a zona a mais vascularizada corresponde, sempre, ao seu terço médio e á apofise vocal da aritenoide.
3.º) A zona do terço anterior corresponde á vascularisação mais fraca.
4.º) Os capilares de dimensões maiores situam-se entre o limite epitelial e o limite conectival.
5.º) Em individuos do mesmo sexo e mesma idade existem diferenças individuais sensiveis no que diz respeito á posição das papilas, suas dimensões, o numero de vasos individualisados; entretanto a zona de vascularisação mais rica corresponde, sempre, aos terços médios e superior.

Resultados obtidos na criança:

1.º) Uma vascularisação superficial abundante na zona da aritenoide. 2.º) No terço médio. os capilares, sempre superficiais, possuem maior volume comparativamente aos do adulta.

O trabalho é documentado com 4 microfotografias no texto e regular bibliografia.

ANTONIO PIRODDA (Cagliari) - Possue o cerumen um poder bactericida? - Pag. 171.

Trata-se de experiencias executadas sobre o cerumen de 12 individuos possuindo germens diferentes. O A. conclue, pelos resultados obtidos, que o cerumen não é dotado de poder bactericida sobre certos germens, como o estafilocóco e o piocianico, mas possue, entretanto, uma acção desfavoravel muito leve sobre o estreptocóco e o difterico. Apesar-da dificuldade em se determinar a substancia portadora dessas propriedades, o A. cré que esteja ligada ás variações do ph.

J. E. DE REZENDE BARBOSA

REVUE DE LARYNGOLOGIE, OTOLOGIE, RHINOLOGIE (Bordeaux)

Ano 57 - Setembro-Outubro de 1936 - N.º 8

PORTMANN, G., MATHEY-CORNAT e ROUSSET, H. (Bordeaux) - Contribuição ao estudo da radiografia em foniatria. - Pag. 845.

O presente trabalho constitue uma verdadeira monografia dividida em 4 partes e publicado em dois numeros da REVUE (Set.-Out. e Nov.), pag. 1015). As conclusões dos AA. são as seguintes:

Os resultados obtidos pela radiografia do laringe em repouso e em fonação mostram-se instructivos em seu conjunto.

E possivel o estudo não só da estrutura do orgão, suas variações, mutações, mas, tambem, as dimensões das cavidades. As imagens obtidas durante a fonação parecem ser, sempre, mais nitidas. Duas considerações, calcadas sobre nossa experiencia pessoal, necessitam serem formuladas:

1.º) A necessidade de uma técnica, de uma correção absoluta tanto sob o ponto de vista da localisação quanto das qualidades fotograficas da imagem. Compreende-se muito bem, sob esse angulo de vista, que o exame radiologico do laringe não poderá ser bem orientado e estudado completamente a não ser em um serviço poderosamente montado e sob a direção ou colaboração de um radiologista muito experimentado.

2.") A necessidade de uma interpretação correta, baseando-se, forçosamente, em radiogramas irrepreensiveis.
Dessa maneira pode-se obter um certo numero de imagens ou testa normais do laringe em diferentes idades ou sob diferentes condições de emissão vocal e que servirão para cotejo com ouras imagens laringéas mais ou menos deformadas, mais ou menos patologicas.

Não existe laringe standart como a anatomia o fazia prever, mas ha meios mais ou menos fisiologicos, e é este o papel da radiologia, de nos fornecer uma imagem fiél e suceptivel de ser reproduzida ulteriormente, para as necessidades do diagnostico ou da exploração, sempre em condições identicas.

Com essas considerações, não nos parece duvidoso que o radiodiagnostico laringío ou" faringo-laringéo representa um elemento importante de exploração das vias aéreas em repouso ou em movimento é, para o futuro, tornar-se-á corriqueiro o seu pedido, em serviços bem organisados, todas as vezes que sua utilidade for reconhecida.

Os radiogramas, obtidos pelos AA., permitem constatar que:

1.º) Em apnéa, o aparelho faringo-laringo-traqueal apresenta-se, sempre, sob a forma de uma imagem aérea, tridigitada, correspondente aos tres andares anatomicos: naso-faringe, possuindo o valor de uma caixa de resonancia; oro-faringe, laringe e pipo-faringe, administrando ao som fundamental glotico seu caracter, sua altura e seu timbre.
2.º) O desenvolvimento do laringe processa-se de uma maneira continua e progressiva para baixo, dos 6 aos 20 anos, sem desenvolvimento brusco durante a puberdade.
3.º) Dos 20 aos 50 anos, aproximadamente, a imagem aérea é sempre nitida, o ventrículo com limites nitidos em 100 % dos casos. Após essa idade torna-se difícil sua apreciação devido á invasão calcares.
4.º) Na mulher o desenvolvimento é menos rapido, o laringe permanece relativamente pequeno, a imagem é mais larga que no homem.
5.º) O processo de ossificação do laringe inicia-se lá pelos 20 anos no homem, um pouco mais tarde na mulher, atingindo seu completo desenvolvimento após os 60 anos. Observa-se tres formas fundamentais de ossificação: uma forma masculina, uma forma feminina e uma forma mixta.

O processo de ossificação inicia-se, sempre, no homem como na mulher, ao nível do bloco "fundamental de ossificação" localisado na parte posteroinferior do laringe.

grau de intensidade desse processo não pareceu, aos AA., mais pronunciado nos cantores do que nos individuos que não cantam.

6.º) Em fonação, falada, existe, sempre, a ascenção de toda a imagem aérea contemporanea com o aumento de volume e ,projeção para frente para a emissão da letra E. O metodo de exame dos cliches, dos AA., demonstra a que altura, em relação a coluna cervical, variaram oos diferentes partes da imagem aérea, permitindo considerar:

a) Que a distancia que separa os dois fundos de saco anterior e posterior diminue, sempre, durante a fonação.
b) Que a distancia que separa o ventriculo do fundo de saco posterior permanece, sempre, igual numa e noutra alternativa, mesmo quando os mesmos sofrem o movimento de ascenção durante a fonação.
c) Que certos individuos, em fonação, elevam muito pouco ou nada de seu laringe. Entretanto, existe, sempre, alargamento da porção supraglotica do conduto aéreo.

A constatação desse fato tem sua importancia: demonstra que se pode muito bem, sem esforço, sem grande contração muscular e, por conseguinte, sem fadiga para as cordas vocais, emitir sons de uma tonalidade relativamente elevada como o E agudo.

7.º) Nos cantores, a imagem faringo-laringéa apresenta aspétos diferentes de acordo com a categoria vocal dos individuos.

Na soprano, é pequena, como que achatada sobre si mesmo e alargada no sentido transversal.

No tenor, é mais ou menos semelhante á que acabamos de descrever para a soprano, pois esse tipo de vóz é o mais elevado da vóz humana.

No baritono, a imagem se alonga no sentido vertical para baixo.

No baixo, finalmente, a imagem tridigitada é maior e mais baixa. Todo esse aparelho se eleva, aumenta de volume e projeta-se para frente na emissão dos sons agudos; ao contrario, ele se abaixa e extendese para baixo para as notas graves, muito mais no médio que no grave nos baritonos e baixos. Parece que a situação do laringe no pescoço encontra-se em relação com a vóz dos individuos, sendo assim que as mulheres cantam com o laringe muito alto, e, que, mesmo para as notas agudas, os baixos cantam com o laringe baixo.

Todas essas constatações radiologicas sobre o laringe em'fonação são absolutamente originais.

Demonstram que o radiodiagnostico laringéo, dependendo de uma boa técnica, constitue um meio importante de exploração das vias aéreas durante a fonação. Mais tarde, quando sua técnica for mais conhecida, a radiocinematografia com registro sonoro nos permitirá melhorar, ainda mais, o estudo do orgão vocal.

O presente trabalho é fartamente documentado com 20 clïches radiograficos e seus respectivos esquemas demonstrativos e extensa bibliografia.

JUSTO M. ALONSO e PEDRO REGULES (Montevidéo) - As petrosites. - Pag. 898.

Trabalho publicado pela REVISTA OTO-LARINGOLOGICA DE S. PAULO - Vol. IV - N.º 4 - Julho-Agosto de 1935 - pag. 297.
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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