ISSN 1806-9312  
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705 - Vol. 16 / Edição 1 / Período: Janeiro - Abril de 1948
Seção: Associações Científicas Páginas: 29 a 50
ASSOCIAÇÕES CIENTIFICAS
Autor(es):
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SECÇÃO DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA PLASTICA DA ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MEDICINA

Reunião de 18 de Março de 1946

Presidida pelo Dr. J. E. Rezende Barbosa e secretariada pelos Drs. António Prudente Corrêa e Jorge Fairbanks Barbosa, realizou_se, no dia 18 de março de 1946, uma reunião da Secção de Otorrinolaringologia e Cirurgia Plástica da Associação Paulista de Medicina.

No expediente foi lida uma carta_convite do Club Otorrinolaringológico de Buenos_Aires, para médicos que desejassem se candidatar para seis meses na Argentina, aproveitando para aperfeiçoamento, sendo também concedidas Bolsas de Estudos. O prazo para inscrição é até o dia 20.

Carta da família do Prof. Rubião Meira agradecendo pesames enviados pela Associação Paulista de Medicina.

Oficio da Secção de Dermatologia consultando sôbre o interêsse de serem realizadas reuniões conjuntas, pedindo informar qual será o relator para o próximo tema: leishmaníase.

O Sr. Presidente propôs à casa para que a sessão se realizasse na Secção de Dermatologia e que fosse indicado o Dr. Matos Barreto que é estudioso do assunto e, certamente, representaria com êxito, no que foi aprovado.

Ofício do Centro de Estudos de Oftalmologia de São Paulo, a qual deseja efetuar intercâmbio e realizar secções conjuntas com a Associação afim de tratar de assuntos médicos.

Pedia ainda informar sôbre a data e a possível escolha de um tema de interesse tanto à Otorrinolaringologia como a Oftalmologia.

O Sr. Presidente disse que tal caso dependia de combinação para ver o que se poderia organizar, e que seria interessante associar, à Secção de Oftalmologia e de Otorrinolaringologia a, de Neurologia.

Posto em discussão, ficou deliberado que o assunto seria combinado pessoalmente, do que ficou incumbido o Dr. Rezende Barbosa.

O Sr. Presidente falou acêrca do prêmio "OTTONI REZENDE", dizendo que havia necessidade de uma campanha, a qual êle já iniciara com êxito no sentido de que o valor do prêmio compensasse, a participação dos concorrentes. Sugeriu ainda que fosse nomeada uma Comissão para tratar dos estatutos do prêmio, tendo sido nomeada a seguinte: Drs. Roberto Oliva, Ernesto Moreira, Prof. Paula Santos, Rafael da Nova, J. Matos Barreto, J. E. de Paula Assis, Homero Cordeiro Hugo Ribeiro de Almeida e Prof. Mangabeira Albernaz.

Tendo o Sr. Presidente comunicado à ter, por motivo de doença, se excusado o Dr. Enio D'Aló Salerno foram apresentados os seguintes trabalhos:

SISTEMATISAÇÃO DO TRATAMENTO DAS LARINGO-TRAQUEOBRONQUITES AGUDAS NA INFÂNCIA

Drs. PLÍNIO DE MATTOS BARRETO e JORGE BARRETTO PRADO

Os AA. disseram em primeiro lugar que, com prazer vieram atender a um convite do Sr. Presidente, para apresentar aos colegas os métodos de tratamento que ultimamente estavam usando, sistematicamente nos seus serviços no Sanatório Esperança e Hospital das Clínicas, porque estavam convencidos da real eficácia do método que vinham seguindo.

Lembram que aos endoscopistas, no geral, chegavam apenas os casos graves ou complicados, pois que os outros eram resolvidos pelos pediatras ou pelos colegas otorinolaringologistas. Os AA. na grande maioria dos casos que observaram, verificaram que tinha havido dificuldade em primeiro lugar com o diagnóstico e em segundo lugar dificuldades para o tratamento, tanto a domicílio como em hospitais não aparelhados para enfrentar as complicações das laringo-traqueo-bronquites. Disseram que em nosso meio está muito generalisado o hábito de instituir-se o tratamento anti-difterico em todos os casos com obstrução laríngea, e referiram-se a numerosos casos de, pacientes que foram encaminhados ao Hospital do Isolamento e nos quais, mais tarde poude ser firmado o diagnóstico de corpo extranho ou de uma laríngo traqueo bronquite aguda não difterica.

Realmente disseram êles, o diagnóstico diferencial precoce só poderá ser estabelecido com o auxílio da laringoscopia direta e quem a praticar deverá estar aparelhado para colher material para exames de laboratório, para uma broncoaspiração, para uma possível remoção de um corpo extranho e também para uma eventual traqueotomia.

Referiram-se aos diferentes tipos de casos, desde aqueles de menor gravidade até aqueles que poderiam ser classificados de casos fulminantes.

Quando as condições dos pacientes permitiam, depois de uma cuidadosa. anamnese, faziam exames radiológicos do tórax e do pescoço em perfil, para determinar as condições dos campos pulmonares e do mediastino toráxico e cervical.

Com estes exames poderiam esclarecer a situação da laringe e da traqueia e verificar a presença de corpos extranhos ou de massas ganglionares, de uma hipertrofia de timus na parede posterior do faringe ou de formações tumoraes ou císticas, que poderiam estar obstruindo as vias aéreas.

Depois dos exames radiográficos, que são feitos enquanto se espera a, ação de uma dóse conveniente de cardiazol-efedrina, passam ao exame endoscópico.

Com o laringoscopio pode-se examinar as amigdalas e expôr rapidamente a laringe das creanças sem necessidade de qualquer anestésico.

O diagnóstico das laringo traqueo bronquites deve ser feito rapidamente e a colheita de material para exame deve ser praticada em causar qualquer traumatismo para a laringe que já está infiltrada.

Removidas as falsas membranas ou corpos extranhos, que passam existir, ou colhido o material para exame, procuram avaliar o gráu de infiltração da subglote e praticam ou não a passagem de um broncoscopio para a aspiração das secreções que estão retidas nas aias aéreas inferiores.

Se julgam necessária a traqueotomia, esta é feita enquanto a creança permanece intubada com o broncoscópio.

Logo depois, aplicam revulsivos externos no pescoço, e as creanças são colocadas em tendas de oxigênio, saturadas de humidade.

Chamaram a atenção para a grande importância, para o gráu de humidade na atmosfera em que devem ser mantidas as creanças, especialmente aquelas que forem traqueotomizadas. Ha uma maior tendência ao ressecamento das secreções nestas creanças traqueotomizadas e elas poderão ficar asfixiadas por verdadeiras rolhas de secreção se não forem cuidadosamente observadas e atendidas.

Além disso, iniciam sem mais demora uma terapêutica que visa manter a creança convenientemente hidratada e desintoxicada e, empregam altas doses de Penicilina, administrando concomitantemente a Soluthiazamida a 22%.

Mais tarde conforme os resultados dos exames de laboratório, ou continuam só com êstes medicamentos ou empregam os sôros específicos ou iniciam as vacinas preparadas com cultura do material colhido no primeiro exame endoscópico.

Referiram-se ainda a outras complicações das laringotraqueo bronquites, especialmente as estenoses de laringe que podem sobrevir mesmo em casos que não foram traqueotomizados.

Terminaram dizendo que depois que têm seguido a orientação que acabam de expôr, têm conseguido resolver todos os casos que lhes foram confiados.

COMENTÁRIOS: Dr. Prudente de Aquino fez menção a dois casos fulminantes que teve oportunidade de observar, um deles mesmo em companhia do Dr. Plínio de Mattos Barretto. Em menos de 20 horas, vieram a falecer apesar dos cuidados terapêuticos que puderam ser tomados. Êle pediu ao Dr. Plínio, para falar alguma cousa mais a respeito dos germens mais frequentemente encontrados.

Dr. Espírito Santo, depois de cumprimentar os AA. pelo brilhante e prático pelo qual expuzeram este assunto de tão grande significação para a Pediatria, falou na necessidade de salientar a importância do fator constitucional da creança em relação a frequência e evolução da moléstia. Êle considerava que todos esses casos que poderiam mesmo dispensar os cuidados dos pediatras, fossem tratados em estreita colaboração para que pudesem ser tomadas todas as medidas terapêuticas indicadas de acôrdo com o estado constitucional do enfermo, e com a gravidade da moléstia. Êle tomava a iniciativa de convidar os AA. para repetir sua palestra na Seção de Pediatria, onde certamente seriam ouvidos com o maior interêsse.

O Dr. Mário Ottoni de Rezende, disse que mais uma vez tinha sido cabalmente demonstrada a gravidade do problema do diagnóstico das laringotraqueobronquites, problema este que só poderia ser resolvido em hospitaes convenientemente aparelhados. Êle aconselhava que todos os casos fossem hospitalizados e continuassem aos cuidados dos pediatras e tos endoscopistas. A dificuldade estava justamente na falta de hospitais com centros de endoscopias bem organizados.

Dada a rapidez de evolução e a gravidade assumida pela moléstia, nestes casos seria indispensável que todos os hospitais não só os da Capital como os do interior organizassem os seus centros de endoscopia.

Lamentava que o dr. Plínio Barretto, não tivesse conseguido formar até hoje um maior número de discípulos para atender a esta imperiosa necessidade.

Dr. Plínio de Mattos Barretto, respondendo pela ordem disse: que tinha procurado se limitar as questões do diagnóstico e tratamento e em publicação que pretendiam fazer em futuro próximo, abordariam com detalhes a questão da etiologia da moléstia. Mas para responder ao dr. Aquino diria que já tem verificado outros casos, em que obteve cultura pura do bacilos coli. Ultimamente tinham tido uma série de três casos em que predominavam os "Diplococus Pneumoniae".

Pela mesma razão de se ter que limitar ao tema, deixaria para em outra ocasião desenvolver as questões apontadas pelo Dr. Espírito Santo. Mas queria frizar que sempre teve por norma invariavel solicitar que os clínicos e cirurgiões continuassem a colaborar no tratamento de todos os casos que enviavam para os serviços de Endoscopia. Os AA. agradeciam o honroso convite, para em uma reunião da Secção de Pediatria desenvolver com mais minúcia além do diagnóstico e tratamento, outras questões importantes a respeito das laringo traqueo_bronquites agudas da infância.

Ao Dr. Mário Ottoni, o Dr. Plínio respondeu lembrando o esforço constante que foi feito nestes 8 anos para divulgar conhecimentos sobre a Endoscopia peroral e para formar novos especialistas e auxiliares.

Lembrou o nome do Dr. Arruda Botelho, seu primeiro assistente, que hoje já dirige com grande eficiência grandes serviços de Endoscopias. Citou também um grande número de Otorrinolaringologistas que frequentaram o ambulatório de Endoscopia da Sta. Casa, mas que depois de algum tempo voltaram a prática de otorrinolaringologia convencidos de que não podiam fazer as duas especialidades.

Lembrou a iniciativa da Associação Médica Argentina de O.R.L. que o convidou para dar uni curso de Broncoesofagologia em Buenos Aires, curso este que foi assistido não só por especialistas argentinos como também uruguaios e chilenos. Em relação aos hospitais do interior disse que aqueles que se julgassem com possibilidade para manter um centro de endoscopia, deviam seguir o exemplo da Sta. Casa de Santos, mandando um de seus especialistas e auxiliares para fazerem no Hospital das Clínicas o aprendizado necessário.

SÔBRE A PRESCRIÇÃO DOS APARELHOS AUXILIARES DO SURDO

J. E. DE REZENDE BARBOSA

(Publicado na Revista Brasil de O.R.L. XIV: Julho-Agosto, 1946, pág. 357)

Nada mais havendo que tratar, foi encerrada a reunião.

Reunião de 26 de Abril de 1946

Presidida pelos Drs. J. E. Resende Barbosa, M. Roxo Nobre e secretariada pelo Dr. António Corrêa, realizou_se, no dia 26 de abril de 1946, uma reunião conjunta das Secções de Otorrinolaringologia e Cirurgia Plástica e Radiologia e Eletricidade Médica da Associação Paulista de Medicina.

Expediente: O Sr. Presidente, abrindo a sessão, disse da importância daquelas sessões conjuntas, as quais deviam ser intensificadas pela oportunidade, que proporcionavam de um confronto de idéias e pareceres acêrca dos mais variados assuntos.

Passando_se à ordem do dia, fôram apresentados os seguintes trabalhos:

ESTUDO CLÍNICO DOS TUMORES DAS CAVIDADES PARANASAIS

Dr. RAFAEL NOVA

Disse que faria um apanhado resumido dos tumores paranasais e sua patologia.

Dividiu-os então em tumores hiperplasiogênicos e disontogênicos, os quais podiam ser benígnos e malígnos.

Que os benígnos caracterizavam-se pelo crescimento lento enquanto os ma1ígnos por caracteres infiltrativos com tendência à metástase.

Classificou em três períodos a evolução dos tumores das cavidades paranasais: a) período de início; b) período de compressão e c) período de invasão.

Expôs ainda que tais tumores, quando desenvolviam para cima atingiam o cérebro, produzindo a sintomatologia típica.

Referiu-se ainda aos tumores do seio maxilar, do seio frontal e do seio esfenoidal.

Referiu-se ainda ao período de deformação pronunciada que pede advir dêsses tumores.

Teceu algumas considerações acêrca dos tumores, concluindo pela exposição seguinte:

Tumores do seio maxilar - Caractéres: dores nevrálgicas mais ou menos intensas, período de deformação, podendo-se dirigir para frente, para tráz, para cima ou para baixo;

Tumores do seio frontal - também com três períodos;

Tumores do seio esfenoidal - êstes primitivos do seio esfenoidal, sendo muito raros, porque era difícil o diagnóstico, sobretudo na fase inicial dos mesmos.

ESTUDO CLÍNICO DAS AFECÇÕES DO NASO-FARINGE

J. E. DE REZENDE BARBOSA

A região do naso-faringe, verdadeira encruzilhada de nossa especialidade, é geralmente esquecida nos exames de rotina. Verifica-se um verdadeiro desprezo em seu exame clinico, negligenciando-se comumente sobre o seu valôr semiológico. O desconhecimento das estruturas que concorrem para sua formação, suas relações de continuidade, ao lado de sua localização profunda para traz do massiço facial, abaixo da base do crâneo, na frente da coluna vertebral e para dentro dos ramos ascendentes da mandíbula, contribuem para que essa importantíssima região não seja tratada com o devido interêsse. Além do mais, dependente mesmo dessas condições topográficas especiais, a visualização do naso-faringe não é manobra fácil e accessível aos menos experimentados. Na maioria dos casos a sua inspeção deve ser feita por diversas vias, técnica e instrumental especial, necessitando, em bom número de pacientes, uma prévia anestesia. Entretanto, apesar de todos esses embaraços comuns na visualização conscienciosa do naso-faringe, o especialista não se deve dar por vencido enquanto não ficar inteirado do aspécto macroscópico da região.

A importância do estudo clínico do naso-faringe ainda decorre do fato comum de que suas afecções poderão apresentar queixa que se referirá a, muitos outros departamentos da medicina, antes mesmo de nosso território. Não é raro vermos esses pacientes procurarem inicialmente o clínico, o neurologista, o oftalmologista, o cancerologista, e, por último, o otorrinolaringologista.

Já pela, anamnese, uma determinada queixa e história pregressa conduzirão forçosamente o especialista a examinar meticulosamente o naso-faringe. A sintomatologia das afecções do naso-faringe pode ser encaixada, esquematicamente, em um dos seguintes quadros clínicos, ou, contemporaneamente, em diversos deles:

1) síndrome de insuficiência respiratória nasal e retro-nasal, uni ou bilateral;

2) síndrome de obstrução mecânica ou inflamatória do ouvido médio;

3) cefaléia: discreta, intensa, localizada (vertex, occipital, frontal), difusa, gravativa, nevrálgica;

4) perturbações de deglutição: disfagia, refluxo de líquidos, etc.;

5) perturbações visuais;

6) perturbações nervosas diversas (nevralgias, paralisias, anestesias, alterações do olfato);

7) estado geral de infecção aguda (fébre, toxi-infecção, etc.) ;

8) reação ganglionar regional cervical (alta, profunda, retro e latero esterno-cleido) .

A inspeção do naso-faringe pode ser feita, diréta ou indiretamente, por: a) através das fóssas nasais; b) através da oro-faringe: c) pela otoscopia, acumetria e determinação da permeabilidade tubaria, e, d) pelo exame radiográfico.

A inspeção do naso-faringe pode ser conseguida, diretamente, pela iluminação através das fóssas nasais, especialmente nas fóssas amplas. Alem do reflexo luminoso sôbre a parede posterior, podemos observar, às vêzes, o rebôrdo coanal. Esta via é também aconselhada quando de um tóque com estilete ou para a verificação da motilidade do véo palatino por meio da emissão da vogal i, i, i, ou pela simples deglutição.

As fóssas nasais servem de via, sobretudo, para a inspeção local do naso-faringe por meio do nasofaringoscópio. Apesar dêsse instrumento fornecer imagens parceladas da região e com certo aumento, o especialista experimentado interpretará corretamente cada imagem e fará a recomposição global em seu subconsciente. Atualmente o nasofaringoscópio constitue um dos processos mais completos de observação diréta do nasofaringe.

A nasofaringoscopia posterior ou inspeção do naso-faringe através da oro-faringe é obtida por pequenos espelhos, tipo laringoscópio. Torna-se necessária, ás vezes, anestesia da região e elevação do véo mole por aparelhos especiais. Além do mais, o naso-faringe poderá ser examinado através da oro-faringe pelo antigo aparelho de Harold-Hays - o faringoscópio o qual fornece uma visão de conjunto das parede posterior, laterais e teto da região.

Através ainda da, oro-faringe poderemos executar o tóque digital do cavum, manobra essa de valôr insubstituível.

Finalmente, ao lado do exame radiográfico do naso-faringe, assunto que será tratado ainda, esta noite e por pessôa habilitada, incluimos, no exame do naso-faringe, a otoscopia, acumetria e determinação da permeabilidade tubaria. É evidente que em certos indivíduos a determinação de uma lesão do aparelho auditivo de tipo obstrutivo conduzirá nossas vistas para um provável bloqueio mecânico ou inflamatório do naso-faringe.

No capítulo das inflamações agudas do naso-faringe consideraremos, entre outras afecções, as seguintes: 1) as infecções estreptocócicas; 2) abcesso da parede posterior; 3) nasofaringite diftérica; 4) nasofaringite fusoespiroquética; 5) sífilis do naso-faringe em seus períodos primário e secundário; 6) alterações mucosas de origem hemopática (anemias, leucemias, mononucleose, agranulocitose) . De todos esses processos agudos destacam-se pela sua frequência os consequentes à infecção estreptocócica (estrep. hemoliticus e viridans) . A infecção devida ao estreptocóco viridans, além de ser rara, é característica: ulceração às vêzes única, superficial, indolente. No grupo das nasofaringites a estreptocóco hemolitico devemos destacar: a) o tipo catarral, agudo, comum também nas infecções gripais, a. pneumocóco, etc.; b) o tipo folicular agudo, com acentuado comprometimento da amigdala nasofaringea ou vegetação adenóide, podendo evoluir em poucos dias ou prolongar-se às vêzes por semanas. Nêsse último tipo, de evolução demorada, a execução do tóque naso-faringeo com expressão das adenóides constitue ás vêzes medida benéfica; c) a nasofaringite escarlatinosa; d) a nasofaringite sética epidêmica ("septic sore throat") : infecção da faringe de timo epidêmico, atacando diversas pessôas em uma mesma residência ou comunidade, proveniente da infecção do leite por inflamação do úbere da vaca.

No capítulo das inflamações crónicas do naso-faringe destacam-se: 1) a amigdalite nasofaringea crónica hipertrófica, adenoidite crónica ou vegetações adenóides; 2) os granulomas inflamatórios crónicos. O A. demorou-se no estudo das inflamações crónicas das vegetações adenóides no lactente, no infante e no adulto, estudando seus malefícios e os processos terapêuticos atuais para combatel-as (curieterapia do naso-faringe).

Entre os granulomas do naso-faringe destacou o tuberculose, luético (goma), actinomicótico, blastomicótico, leishmaniótico e leprótico.

No capítulo dos tumores benígnos do naso-faringe o A. assinalou que essa classe de tumores produz sintomatologia contemporânea de vizinhança, seja com representação faringea ou nas fossas nasais, seja invadindo as cavidades paranasais, fóssas ptérigo-maxilar e temporal.

Entre os tumores benignos do naso-faringe mais comuns, temos: a) quistos; b) t. t. poliposos (fibro-mixomas, fibro-mucosos ou polipos coanais) ; c) t. t. benignos derivados de diferentes estruturas (papilomas, lipomas, xantomas, hemangiomas, neurofibromas, teratomas, cordomas, t. t. mixtos, etc.) ; d) t. t. fibrosos (fibroma nasofaringeo, duro, sangrante, da puberdade masculina ou melhor conhecido por naso-fibroma) .

No capítulo dos tumores malígnos do naso-faringe o A. chamou atenção para as dificuldades, ás vêzes, do diagnóstico precoce desses tumores, os quais ao contrário das variedades benignas, estão comumente localizados nas paredes do naso-faringe, apresentam maior tendência para infiltrarem as regiões vizinhas, especialmente através da trompa de Eustáquio e aponevróses peritubarias. Após um período inicial, latente, esses tumores evoluem ás vêzes surdamente até apresentarem sintomatologia mais ou menos evidente devido á sua invasão local e á distância. Esses t. t., que podem ser endocavitários (pediculados ou sesseis) ou parietais, infiltrantes, apresentam as seguintes localizações: a) nas paredes laterais (regiões tubaria e peritubaria), muito comum, com invasão secundária do andar médio do crâneo; b) na parede superior, com invasão do seio esfenoidal; c) na parede anterior (coanal, pericoanal, vomeriano), invadindo posteriormente as fóssas nasais, seios da face; d) na parede posterior, raro; e) na parede inferior, raríssimo.

Segundo sua estrutura histo-patológica os t. t. malignos do nasofaringe podem ser classificados em 4 grupos (Furstenberg) : 1) carcinomas derivados das estruturas epiteliais; 2) sarcomas derivados dos tecidos conetivos; 3) t. t. derivados das estruturas linfáticas e 4) t. t. de origem teratológica.

RADIODIAGNÓSTICO DAS CAVIDADES PARANASAIS

Dr. J. M. CABELO CAMPOS

Disse da grande satisfação de que estava possuido pela oportunidade de falar aos colegas sôbre matéria de grande valía, muito embora não trouxesse nenhuma novidade no assunto sôbre o qual discorreria.

E que o maior entendimento entre o radiologista e o clínico sempre traria os mais salutares proveitos nos exames, afim de estabelecer a terapêutica.

E que a posição do paciente era fator importante.

Referiu-se à dosagem do raio X, sendo de opinião que se devia empregar dosagem adequada.

Quanto ao meio de contraste, opinava pela Neoiodipina a 20%. Com relação á sinusite, disse que o simples exame não autorizava o diagnóstico de sinusite crónica ou aguda. Apresentou então chapas de sinusite, chamando a atenção para casos de sinusite complicada.

Expôs chapas radiográficas de diversos casos de polipos, onde se viam diversos aspectos do seio maxilar.

Concluindo disse que as fraturas do osso deviam ser cuidadosamente observadas.

ESTADO ATUAL DO EXAME RADIOLÓGICO DA FARINGE

Dr. J. M. MORETZSOHN DE CASTRO

Inicialmente, frizou a necessidade de se fixar o exame da nasofaringe.

E que trazia aquele estudo afim de demonstrar o que se fazia e o que, até então, se podia fazer.

Quanto à radiologia lateral, citou a importância nos tumores da naso-faringe, mórmente os tumores da parede posterior que não eram os mais frequentes.

Referiu-se ao método de Zupinger para conhecer a extensão tumoral e que a tomografia tinha importância capital na naso-faringe, quanto ás lesões estabelecidas nas paredes laterais da naso-faringe.

Frizou a importância, ao caso da naso-faringe, a importância da cine-radiografia, dizendo que continuava, com o Dr. Matos, a estudar o caso.

Citou ainda um trabalho de Garcia Capurro, em que dizia nunca dever se radiografar sem ouvir o relato do doente, pois muitas vêzes havia desencontro entre a radiografia e o relato do doente.

O A. concluiu a sua comunicação apresentando uma série de chapas em que a cine-radiografia obtivera os mais positivos resultados.

O Sr, Presidente, agradecendo a colaboração prestada pelos autores das comunicações apresentadas, convidou para o próximo dia 30, ás mesmas horas e no mesmo local, quando seriam realizadas nova sessão conjunta, quando seriam discutidas as comunicações apresentadas.

Nada mais havendo que tratar, foi encerrada a reunião.

Reunião de 17 de maio de 1948

Sob a presidência do Dr. A. Ancona Lopez, realizou_se no 17 de maio de 1946, uma sessão conjunta de Otorrinolaringologia e Cirurgia. Plástica e Dermatologia e Sifilografia da Associação Paulista de Medicina.

Antes de entrar para a Ordem do Dia, foi apresentado, pelo Dr. Humberto Cerruti, um caso de leishmaníase cutânea, cujo paciente se encontrava presente para ser examinado.

Projetou o aspecto inicial da lesão, mostrando a lesão após dois meses de saída da enfermaria, quando já estava muito melhor.

Projetou também o aspecto, dois ou três dias após a entrada para a enfermaria, caso que começou em março de 1945.

A permanência do paciente, no hospital, foi de 21_9_45 a 1_3_946, a 6 meses.

Tratamento: 54 injeções de Tribi forte.

Disse mais que alguns casos de leishmaníase cutânea haviam sido discutidos através de publicações anteriores.

Chamava a atenção para o sucesso rápido terapêutico obtido com tratamento de bismuto.
COMENTÁRIOS - Dr. José Aranha Campos - Disse que sôbre o emprego de bismuto no tratamento da leishmaníase, no serviço em que clinicava era rotina o seu emprêgo, aprovado também por diversos autores.

Esclareceu ainda os vários sucessos obtidos com a aplicação de Tribi forte, mesmo do ponto de vista monetário.

A propósito da reação de Montenegro, a sua eficácia continuava positiva no tratamento.

Os Drs. Argemiro R. Sousa e Luís Patrício, apresentaram um caso, também com a paciente presente, tratando_se de um caso interessante sob o ponto de vista dermatológico, desde que a inflamação se havia infiltrado pelo nariz, produzindo até mesmo alteração na voz.

Foi ainda apresentado um caso de cancro duro num menor, também presente, situado no lábio inferior, por contágio familiar adquirido de uni irmão mais velho que tivera um caso não tratado.

O Sr. Presidente agradeceu os casos clínicos apresentados, pelo interêsse despertado.

Antes de passar à Ordem do Dia, agradeceu também ao Dr. J. E. Resende Barbosa, ter cedido o dia da reunião para aquela realização conjunta, pedindo ao Dr. Barbosa que assumisse a presidência da sessão, o que foi feito.

Disse que, a pedido do Dr. Aguiar Pupo, devia usar da palavra, primeiramente, como relator, o Dr. Matos Barreto, no trabalho inscrito, que era o seguinte:

TRATAMENTO DA LEISHMANÍASE

Relatores: Prof. JOÃO AGUIAR PUPO (Secção de Dermatologia)

Dr. J. F. MATOS BARRETO (Secção de Otorrinolaringologia)

De inicio, disse o Dr. Matos Barreto considerar até mesmo ousadia a sua antecessão ao Dr. João Aguiar Pupo. E que apenas se propunha dizer algumas palavras sôbre o tratamento da leishmaníase em suas formas mucosas.

Ressaltou o fato de ser a leishmaníase sempre tratada como um caso de lesão cutânea, ficando as lesões mucosas relegadas a um plano muito secundário.

Citou a eficácia do antimônio no tratamento, e que autores como Dutra e Silva, de Manguinhos, e mesmo o Dr. João Aguiar Pupo haviam concluído, entretanto, depois de observações em diversos caso, pelo fracasso do antimônio.

Observou, em diversos casos na Santa Casa, a ação do tratamento com antimônio e arsênico, sempre eficazes, mas que nenhum deles tivéra ação definitiva e segura, em mais de 30% dos casos.

Citou também casos, em 1929, em que havia sido empregada, com êxito no tratamento da leishmaníase, a arsenoterapia.

Disse ainda que a sua participação era mais no intento de colaborar, porém, exigia que os colegas fizessem comentários sôbre os pequenos detalhes da terapêutica. No Hospital das Clínicas, onde os doentes eram tratados com todos os meios, ainda não havia lançado mão desses últimos recursos ou a última modalidade da arsenoterapia.

Com a palavra o Prof. João Aguiar Pupo, disse que antes de Gaspar Vianna, Roger, em 1907, havia instituido o tratamento específico e que Castelani, em seu Manual de Clínica - 1937, também fazia referências a isso, ficando ressaltado, das experiências levadas a efeito na prática de diversos casos, que o antimônio era mais ativo na leishmaníase tegumentar americana.

Citou então a Fuadina cujo emprêgo obtivera grande êxito, e que além do grupo dos antimoniais havia também os arsenicais.

Os de emprêgo corrente tais como a 914 - o 606 - o Sulfarsenol e os demais dêsse grupo, Salvarsan, todos eram de deficiente ação terapêutica na leishmaníase.

Quanto ao emprêgo do bismuto, daria uma sugestão não sob forma isolada, mas imediata e, porisso mesmo, mais rápida para o ataque.

Citou ainda as injeções de emetina-óleo canforado.

E que o antimônio-arsênico e bismuto eram de iguais propriedades terapêuticas no tratamento da leishmaníase.

Teceu mais algumas considerações em tôrno da questão concluindo por dizer que o seu trabalho era mais uma homenagem aos colegas da Associação Paulista de Medicina, pela ligação que tinham, cujo testemunho era aquela reunião, com os problemas especializados.

COMENTÁRIOS - Dr. Aranha Campos - Disse que ouvira o trabalho interessante do Prof. Aguiar Pupo e que estando o assunto ligado ,à dermatologia, julgava interessante alguns comentários acêrca da leishmaníase.

Citou então o caso de 50.000 trabalhadores, que haviam sido atingidos, 80% dos quais com lesões mucosas, sendo, portanto, o problema serissimo. E o importante seria insistir para que novas pessoas não adquiris, sem a moléstia e que o problema do Departamento de Saúde era justamente a profilaxia da leishmaníase.

Sôbre o tartaro emético - 1911, do Dr. Gaspar Vianna, não tinha termo de comparação pelo gráu de eficácia produzindo, entretanto, como todos os eméticos, vomitos.

Dr. Humberto Cerruti - Disse que desejava fazer alguns comentários para explicar o insucesso deste ou daquele medicamento.

E que nem todos os casos apresentavam lesões semelhantes e que os pesquisadores não estabeleciam, em todos os trabalhos, os diferentes tipos de lesões.

Que os arsenicais, bismúticos, antimoniais e a cirurgia deviam ser aplicados com certo critério.

Disse que observara que doentes com lesões da leishmaníase, em absoluto haviam obtido resultado com bismuto. Era muito importante quis o clínico tivesse a atenção voltada, logo de início, para o aspecto da lesão. Estava elaborando um trabalho sôbre a questão da cirurgia na leishmaníase, onde pretendia explicar os grandes sucessos de uns setores e os insucessos em outros setores.

Disse o Sr. Presidente que, sem dúvida, o problema da leishmaníase era o assunto de caráter nacional e que era digno de estudo, desde que a leishmaníase em seu aspecto terapêutico ainda não estava resolvido e muito faltava para a sua solução.

O estudo da profilaxia e terapêutica da leishmaníase não deve ser um problema de medicina estática e sim dinâmica.

Fazendo votos para que outros pontos da importante questão fossem, em reuniões futuras, trazidas para discussão, declarou encerrada a reunião

Reunião de 21 de Agosto de 1946

Presidida pelo Dr. J. E. Rezende, e secretariada pelos Drs. Antonio Corrêa e Jorge Fairbanks Barbosa, realizou_se no dia 21 de agôsto de 1946, uma reunião da Secção de Otorrinolaringologia e Cirurgia Plástica da Associação Paulista de Medicina.

Da ordem do dia constaram os seguintes trabalhos:

O FATOR Rh - SUA IMPORTÂNCIA

Dr. CARLOS DA SILVA LACAZ

Veja o resumo publicado na Rev. Paul. Med. Vol. XXIX, n.° 3, págs. 233-237, setembro de 1946.

ANGINAS HEMOPÁTICAS

Prof. P. MANGABEIRA_ALBERNAZ

(Publicado na Revista Brasil de O.R.L. XIV - Nov.-Dez. 1946, pág. 449.)

A sistematização dos processos inflamatórios da garganta, que se apresentam nas várias afecções do sistema hematopoético, constitui um dos problemas mais intrincados de nossa especialidade. Em verdade, há, em tais casos, a considerar, não só a possibilidade de certas doenças do sangue serem secundárias a processos flegmásticos da garganta, como a de êstes por sua vez, não passarem de meros sintomas locais daqueles. Acresce que, no tocante às chamadas hemopatias, estamos ainda em fase incipiente, nem só quanto à etiologia, como à terapêutica, e mesmo à posição delas no quadro nosológico.

Há anginas, amigdalites ou faringites hemopáticas, isto é, caracteristicas, tipicas, de determinadas hemopatias ou mesmo das hemopatias em geral? Absolutamente não. Há processos inflamatórios da garganta que, quando muito, podem sugerir ao clinico a possibilidade de existir uma doença geral, mas quase sempre isso acontece pela disparidade entre o sintoma e o estado de decadência orgânica ou de reação somática, apresentado pelo paciente.

Se não há nenhum tipo de angina característico das hemopatias, entenda-se logo que também não há anginas hemopáticas. Apenas nas hemopatias podem aparecer, ou não, processos anginosos, que representam tão sómente epifenómenos da discrasia sanguínea.

De onde, angina monocítica, linfocítica, agranulocítica, etc. representar uma impropriedade terminológica.

Muitos autores são de parecer que as hemopatias - e em particular a agranulocitose - podem ter início na garganta, e daí concluiram que, em determinados casos, a extirpação das amígdalas poderia ser medida terapêutica eficiente. Nada mais absurdo, não só porque, de maneira conclusiva, o mal começa pelos órgãos hematopoéticos, como porque há casos em que a própria amigdalectomia foi, pode-se dizer, o detonador do processo hemático. Nada prova, aliás, de modo indiscutível que qualquer das hemopatias tenha por ponto de origem a amígdala.

Insistem diversos autores no aspecto especial, característico, das manifestações inflamatórias observadas na garganta no curso das doenças do sangue. Estudando e comparando êstes processos flogísticos nas hemopatias - as leucemias, a linfadenose benigna (impropriamente dita angina linfocítica, monocítica ou mononucleose infecciosa) ; a linfocitose infecciosa; as agranulocitoses (granulopenia maligna, etc.) ; a linfogranulomatose maligna - pôde o A. coligir, de 441 casos, entre os principais, 99 de linfadenose benigna, 59 de leucemias das várias espécies, quer agudas, quer crônicas, 283 de agranulocitoses, dos vários tipos. Em 99 casos de linfadenose, registram-se dez aspectos diferentes de inflamação da garganta; em 59 casos de leucemias, 14 aspectos; em 283 casos de agranulocitose, 24 tipos. Predominam na linfadenose benigna, a angina de Plaut-Vincent, a angina úlcero-necrótica simples e a amigdalite fibrinopurulenta; nas leucemias, a angina úlcero-necrótica, e, em incidência muito menor, a hipertrófico-hiperplástica; nas agranulocitoses, os tipos úlcero-necróticos (amigdalite, faringite e angina), seguidos da forma edematosa, semelhando o fleimão velopatino.

Em conclusão:

1.° - Não há absolutamente manifestações de caracter especifico localizadas na garganta, em qualquer tipo de hemopatia, não se podendo, pois, falar, a rigor, em angina ou amigdalite hemopática.

2.° - As amigdalites, faringites e anginas, pelo seu decurso ou por associação a grande depressão somática, podem levar o clínico à suposição de hemopatia, a ser verificada pelo hematologista.

3.° - As reações inflamatórias, que as hemopatias possam vir a determinar na garganta, são manifestações secundárias, não raro terminais, de males de natureza pouco precisa, em que o fator exaustão do aparelho defensivo hematopoético está combinado à infecção secundária.

Nada mais havendo a tratar, foi encerrada a reunião.

Reunião de 23 de setembro de 1946

Presidida pelo Dr. Antonio Prudente Corrêa e secretariada pelo Dr. Jorge Fairbanks Barbosa, realizou-se, no dia 23 de setembro de 1946, uma reunião da Secção de Otorrinolaringologia e Cirurgia Plástica da Associação Paulista de Medicina.

Da ordem do dia constou os seguintes trabalhos:

HEMOGRAMA NOS PROCESSOS INFECCIOSOS OTORRINOLARINGOLÓGICOS

Dr. PEDRO JANNINI

O A. não enviou um resumo desta comunicação ao Serviço de Atas.

TUMOR MISTO DA LOJA AMIGDALIANA

Dr. MOYSES CUTIM

O A. não enviou um resumo desta comunicação ao Serviço de Atas.

ESTUDO RADIOGRAFICO DOS OZENOSOS

Dr. JORGE FAIRBANKS BARBOSA

O A. não enviou um resumo desta comunicação ao Serviço de Atas.

Nada mais havendo a tratar, foi encerrada a reunião.

Reunião de 17 de Dezembro de 1946

Presidida pelo Dr. J. E. Rezende Barbosa e secretariada pelos Drs. Antonio Prudente Corrêa, e Jorge Fairbanks Barbosa, realizou_se, no dia 17 de dezembro de 1946, uma reunião da Secção de Otorrinolaringologia e Cirurgia Plástica da Associação Paulista de Medicina.

Na hora, do expediente foi procedida a eleição da mesa da Secção para o ano de 1947, cujo resultado foi o seguinte: Presidente - Dr. Plínio Matos Barreto; para. 1.° secretário - Dr. Jorge Hirschmann, e para 2.º secretário - Dr. Mauro Candido de Souza Dias.
Passando_se à ordem do dia, foram apresentados os seguintes trabalhos:


RESPIRAÇÃO NASAL DO OZENOSO ANTES E DEPOIS DA OPERAÇÃO DE LAUTENCHLAGER-MOREIRA

Dr. JORGE FAIRBANKS BARBOSA

O A. não enviou um resumo desta comunicação ao Serviço de Atas.

CISTE AMIGDALIANA

Dr. FÁBIO BARRETO MATHEUS

(Publicado na Revista Brasil de O. R. L. XV: Março-Abril 1947, pág. 92.)

O A. apresenta a observação de um ciste amigdaliana de tamanho pouco comum (comprimento: 35 mm.; largura: 30 mm.; espessura: 25 mm.: peso: 8 grs.), em um paciente do sexo masculino de 23 anos.

Faz a seguinte consideração em tôrno da etiologia e estrutura das cistes amigdalianas segundo os diversos autores consultados.

As paredes das cistes variam de acôrdo com o estado evolutivo mas qualquer que seja a sua estrutura, a ectasia da cripta representa no comêço um ciste por proliferação para acabar sob a, forma de um ciste de retenção.

Em seguida, nada mais havendo a tratar, foi encerrada a reunião.

Reunião de 17 de Janeiro de 1947

Presidida inicialmente pelo Dr. José Eugenio de Rezende Barbosa, secretariada pelos Drs. Antonio Prudente Corrêa e Jorge Fairbanks Barbosa, realizou-se, no dia 17 de janeiro de 1947, uma reunião da Secção de Otorrinolaringologia e Cirurgia, Plástica da Associação Paulista de Medicina.

O Dr. José E. de Rezende Barbosa antes de passar os encargos da Providência à nova Diretoria para o ano de 1947 proferiu as seguinte palavras:

"Ao iniciarmos os trabalhos desta noite é de praxe, como também oportuno, antes que a Diretoria eleita tome as redeas da Secção de Otorrino, a apresentação de contas das atividades do ano findo.

Realizamos nove (9) sessões ordinárias e três (3) sessões conjuntas: duas (2) com a Secção de Fisioterapia e Eletricidade Médica e uma (l) com a Secção de Dermatologia. Um total, portanto, de 12 sessões.

Foram feitas 32 comunicações científicas, 25 delas por especialistas em O. R. L. e endoscopia peroral e 7 por colegas de outros setores médicos.

A Secção de O. R. L. e a Associação Paulista de Medicina fizeram_se representar no primeiro certame máximo Pan_americano de O. R. L. e na reunião anual da Academia Americana de Oftalmologia e Otorrinolaringologia.

Três de seus membros compareceram às reuniões de Chicago em outubro de 1946.

Poderemos ter impressão, à primeira vista, que as atividades de nossa Secção, durante o decorrer de 1946 foram de igual frutificação aos anos anteriores. Que continuamos aquele ritmo de entusiasmo que caracterizaram, desde o início, esta, Secção dentro da família de Secções da Associação Paulista de Medicina, pelo volume e assiduidade de comparecimento às suas reuniões, pela constância e entusiasmo na discussão do grande número de trabalhos científicos apresentados.

Infelizmente, e triste é confessar, o nosso ritmo de produção baixa de frequência, a olhos vistos. O calor de nossas ponderadas e instrutivas discussões em plenário sofre uma queda em sua temperatura. Exemplo objetivo é o fato que se deu durante esta presidência: os 25 trabalhos apresentados por especialistas correspondem a 14 colegas. Somente 4 dentre êsses fizeram 13 comunicações entre as 25 do total. Portanto, as 12 restantes diluíram_se entre os outros 70 e poucos colegas inscritos nesta Secção.

A crise, sem dúvida, é passageira. Nem todos colegas podem, no momento, equilibrar entre o volume de serviço hospitalar e particular e uma maior dedicação às atividades vitais de nossa Sociedade. Entretanto, já, é tempo de verificarmos que as raizes do mal se aprofundam e que um determinado reajustamento se torna necessário.

Ao deixarmos esta Presidência, apelamos para os distintos colegas para que apoiem e contribuam com material científico e com frequência assídua as nossas reuniões, afim de que a Secção de Otorrinolaringologia enfileire_se, novamente, entre as primeiras da Associação Paulista de Medicina.

Continuamos, durante todo decorrer de 1946, as consultas sôbre a organização da Federação Brasileira das Sociedades de Otorrinolaringologia, idéia esposada pela Diretoria anterior. Estamos com esperanças que o atual Presidente da Sociedade de O. R. L. do Rio de Janeiro, o dinâmico e progressista Prof. Paulo Brandão, responda à nossa 3.ª consulta e contribua, assim, para o estabelecimento de uma Comissão de Estados do Presidente eleito tôda correspondência trocada a respeito com os diferentes órgãos e Professores catedráticos do Brasil, todos unânimes pela concretização da idéia.

A amizade e a generosidade dos amigos e colégas corresponderam ao apêlo feito por esta Presidência, em janeiro de 1946, para a organização do Patrimônio de um Prêmio que constituísse, pelos anos afóra, um incentivo à aplicação e pesquizas sistemáticas em nossa especialidade. Um dos membros da Comissão organizadora do Prêmio "Mario Ottoni de Rezende", Dr. Roberto Oliva, tratará ida questão logo mais. Entretanto, os membros desta Diretoria desejam agradecer, de coração, o apoio imediato e completo, moral e financeiro, de todos colegas e amigos.

Seria injustiça de nossa parte olvidármos os nomes de Antonio Corrêia e Jorge Fairbanks Barbosa, distintos companheiros que compartilharam de todos trabalhos de nossa Diretoria. Além de contribuírem com volumosa produção científica, para nossa tribuna canalizaram colégas de outros setores. Orientaram com acêrto as atividades da Secção durante bom período do ano. Aqui ficam os nossos agradecimentos.

O caro amigo e companheiro Plínio Freire de Mattos Barretto, responsavel pelos destinos da Sociedade no decorrer de 1947, não necessita apresentação.

Conhecido, relacionado e acatado, dentro e fóra de nossas fronteiras, dispensará, podemos assegurar, a nossa Secção o mesmo esforço e brilho, característicos de suas atividades e que honram a Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Ao terminarmos desejamos reconhecer e agradecer, em nosso próprio nome e dos companheiros de Diretoria, o apôio e amizade com que pudemos contar da parte de tidos colégas desta Secção.

Foi em seguida empossada a nova Diretoria que ficou assim constituida: Presidente: Dr. Plínio de Mattos Barretto 1.° Secretário: Dr. Jorge Hirschmann 2.º Secretário: Dr. Mauro C. de Souza Dias.

O Dr. Plínio de Mattos Barretto, em rapidas palavras saudou os colegas presentes e, em nome da mesa, agradeceu a honra e o previlégio de terem sido escolhidos para dirigir os trabalhos da Secção durante o ano do 1947.

Avisou que não iria apresentar plataforma pois que todos os colégas nesta vespera de eleições, já deviam estar saturados de programas e promessas, mas que desejava apenas dizer uma palavra em relação a Federação Brasileira das Sociedades de O. R. L. e outra sobre um projeto para o qual necessitava do apoio de todos.

A nova diretoria desejava que prosseguissem sem esmorecimento os trabalhos para a organização da Federação das Sociedades Brasileiras de O. R. L. e pedia ao Dr. José Rezende Barbosa para conservar em seu poder todo o arquivo de correspondência da futura Sociedade, até que fosse nomeada a comissão de Estudo para a Organização da mesma e esperava que o Dr. Rezende Barbosa continuasse a frente dos trabalhos que em tão boa hora fôram iniciados.

O projeto sobre o qual a mesa desejava ouvir a opinião dos colegas era o de um curso básico ele Otorrinolaringologia a ser patrocinado pela Secção.

A idéia deste curso originou_se na análise da situação dos diversos Serviços de Ouvido, Nariz e Garganta, da Cirurgia Plástica e de Endoscopia Peroral da nossa. Cidade.

Em todas as grandes Clínicas da Capital verifica_se uma tremenda sobrecarga de serviço para alguns abnegados especialistas, que forçosamente são obrigados a trabalhar mais depressa, sem tempo para observações trais cuidadosas e para os estudos necessarios para acompanhar os progressos da especialidade e mesmo ainda para qualquer produção cientifica de real valôr.

Esta situação foi causada pelo constante aumento da nossa população e pela falta de novos elementos para substituir no corpo clínico aqueles que foram se afastando por esta ou aquela razão.

É indispensavel despertar o interesse de um maior numero de médicos para a O. R. L. e facilitar_lhes a especialização.

Mas em São Paulo nunca se organizou um curso de O. R. L. que é ensinado apenas aos estudantes de medicina, que em uns poucos meses apenas podem adquirir noção sumária sôbre as moléstias do ouvido, nariz e garganta e sôbre os meios propedeuticos e terapeuticos de que disporemos para cuidar delas.

Por outro lado às dificuldades políticas e sociais destes ultimos anos não têm permitido que as nossos jovens, médicos sigam para o estrangeiro para se especialisarem.

Sendo assim a Diretoria da Secção da O. R. L. da A. P. M. está. disposta a patrocinar um curso básico aproveitando todos os elementos, de valor da O. R. L. paulista, que estejam dispostos a colaborar na realização deste curso.

É verdade que não temos em nosso meio especialistas que se dedicam quasi exclusivamente ao ensino, como na velha Vienna, mas temos muitos colegas de grande preparo que bem poderiam fazer o sacrificio de alguns dia do ano em beneficio de toda a classe de Otorrinolaringologistas.

Na próxima secção será trazida para discussão nesta casa o programa deste curso básico, que será dado com os nossos proprios recursos e que deverá atender ás necessidades do nosso meio.

O presidente convidou o Dr. Mario Ottoni para manifestar a sua Opinião em relação à necessidade e viabilidade dêste projeto.

O Dr. Mario Ottoni, com a autoridade de chefe de um dos maiores Serviços e O. R. L. do País e porque é talvez quem melhor conhece a.s nossas necessidades, disse que a ninguem escapava a lamentavel situação dos Serviços do O. R. L. da Capital, os quais necessitam de urgentes e inadiaveis medidas de proteção. Ele tambem acredita que esta situação decorre do aumento da população e da diminuição do numero de bons especialistas.

Fez veemente critica aos colégas que depois de frequentarem as clinicas especializadas, durante algum tempo, (quase sempre muito limitado) logo se afastam atraídos por cargos remunerados, ou a procura de uma clientela particular.

Disse que estes elementos sem base, poucas probabilidades teriam de progredir e que poderiam mais facilmente concorrer para o descredito da Especialidade.

Discorreu sôbre a importância dos conhecimentos básicos de Anatomia, Fisiologia e Patologia e energicamente reprovou aqueles que afoitamente procuram aprender umas tantas operações e, mesmo antes de tornarem_se capazes ele executá_las com segurança, já se anunciavam como especialistas.

Terminou dizendo que não só considerava util o projeto como o achava perfeitamente viavel.

O Dr. José Mattos Barretto, tambem convidado a se manifestar, secundou as palavras do Dr. Mario Ottoni e concluiu pela necessidade inadiavel de serem iniciados cursos periodicos de O. R. L. na nossa Capital.

Lembrou que o programa da American Medical Association de Viena poderia ser util para a organização do nosso primeiro curso.

O Dr. Homero Cordeiro, tambem mostrou_se muito favoravel ao projeto e disse que já era tempo de seguirmos o exemplo dos oculistas, que impulsionados pelo dinamico Prof. Moacyr Alvaro já tinham dado mais que uma dezena de cursos especializado de Oftalmologia.

O Dr. Plinio Barreto agradeceu as palavras e o apoio dos colegas e insistiu que o curso a ser patrocinado pela secção seria um curso básico, que naturalmente poderá ser seguido de cursos de aperfeiçoamentos.

Em continuação pediu ao sr. Secretario que desse inicio aos trabalhos que constavam na ordem do dia.

PREMIO "DR. MARIO OTTONI"

O Dr. Roberto oliva dá conta dos trabalhos da comissão encarregada, de obter os meios necessários à organização do prêmio "Mario Ottoni de Rezende". Relembra a justiça com que se houve a Secção, dando o nome de Mario Ottoni a esse premio cientifico. De fato, foi esse ilustre colega o organizador das duas semanas da especialidade de que resultaram não só o 1.° Congresso Brasileiro, como ulteriormente o 1.º Congresso Sul_Americano de Otorrinolaringologia. Além disso, tem sido o conceituado patrono do premio, um incansavel estudioso e grande incentivador do progresso da especialidade.

A comissão desincumbiu_se de sua tarefa, graças aos esforços do Dr. José de Rezende Barbosa, apresentando uma arrecadação total de Cr$ 50.000,00, com a qual foram adquiridos bonus de guerra.

Os juros desses titulos serão distribuidor bienalmente aos vencedores do concurso, de acordo com o regulamento já discutido e aprovado pelo colegas e que será entregue à Diretoria da Associação Paulista de Medicina afim de receber sua aprovação.

O "Livro de Ouro", no qual se acham as assinaturas dos doadores do prêmio, é entregue, debaixo de calorosa salva de palmas ao Dr. Mario Ottoni, como lembrança de seus colegas.

O Dr. Mario Ottoni respondendo.

Meus amigos;

Este Livro de ouro, contendo as assinaturas de todos meus caros colegas, e amigos, que souberam por bem contribuir, materialmente, para que meu nome, insignificante e destituido de qualquer valor, em serviços prestados, passasse à posteridade, atravéz do premio, que ele representa, ao melhor trabalho, escrito sobre a especialidade que professei, nesta grande cidade de São Paulo, tão cara a meu coração de filho forasteiro que sempre a soube amar, com afeto e carinho filiais, muito fundamente fala a minha alma.

Ele representa a cuspide de todos os meus ideáis na medicina; a amizade sincera de todos os que me querem bem; o premio ao roeu esforço do trabalho pela Otorrinolaringologia Brasileira; a distinção sem par que me fazem os meus próprios colegas; a grandeza d'alma dos que concorreram para sua instituição; a vontade de ver engrandecida a Especialidade a que dediquei toda minha vida, toda força de meu cerebro, todo o entusiasmo de minha alma, pelo prêmio que êle atribue àquele que, maiormente esforçar_se, para seu renome e para seu brilho entre as demais especialidades irmãs.

Meus caros amigos, agradeço_vos, "ab imo tectore", a grandeza d'alma com que me distinguistes e, desde já, passo esta preciosidade, êste livro com que tanto me tocou o coração, às mãos daquele que irá seguir as minhas pegadas, no caminho áspero da otorrinolaringologia, que dele muito espera, tanto agora, quanto para seu aperfeiçoamento futuro, o Dr. José Eugenio de Rezende Barbosa.

Tenho certeza que ele saberá honrar o nome que, modesto, acompanha o premio, dignificando_o e dignificando a Especialidade que, com maestria, está professando.

MICOSES DE INTERÊSSE OTORRINOLARINGOLÓGICO

Dr. CARLOS DA SILVA LACAZ

O Autor da palestra inicia seu trabalho chamando a atenção dos otorrinolaringologistas para a importância do assunto.

Mostra como são extremamente difundidas em nosos meio as: infecções graves e com quadros anátomo-clínicos os mais variados possíveis.

A seguir, apresenta um esbôço de classificação das micoses de interêsse otorrinolaringológico, classificação esta que atende aos interêsses clínicos e micológicos.

Divide tais micoses em três grupos: as de localização do nariz e cavidade nasal, ouvidos e porção inicial do aparelho digestivo e laringe.

Estuda no 1.º grupo, a rinosporidiose e a blastomicóse sul-americana e no 2.° grupo as otites micóticas por bolores e leveduras assim como a histoplasmose, denominando esta última infecção de "micose do futuro".

No grupo das micoses que se localizam no buco-faringe e laringe destaca aquelas que são superficiais e benignas, das micoses profundas, de decurso lento e progressivo, com estrutura granulomatosa.

Estuda, então, a estomatite blastomicótica ou sapinho bucal, a língua negra pilosa, as queilites e glossites por leveduras, assim comi o granuloma criptocócico, a actinomicóse, a blastomicóse sul-americana, o granuloma coccidióidico, a blastomicóse norte-americana e a histoplasmose.
Terminando a sua palestra, destaca os pontos fundamentais referentes ao diagnóstico das micoses, assim como a sua terapêutica.
A comunicação foi comentada pelos Drs. Mario Ottoni de Rezende, Homero Cordeiro, Mattos Barretto e Roberto Oliva.

Em seguida foi encerrada a reunião.
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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