A endoscopía (etimologicamente - ver dentro), é o conjunto de metodos que permite, por meio de tubos adequados, o exame de cavidades e grandes condutos acessiveis do corpo humano. Compreende, pois, a cistoscopía, a uretroscopía, a retosigmoidoscopía, a pleuroscopía, a gastroscopía, a duodenoscopía, a esofagoscopía, a laringoscopía direta, a traqueoscopía e a broncoscopía. Os metodos endoscopicos nos quais se utilisa a vía bucal constituem a denominada endoscopía peroral.
No que se refere às pneumopatías, desperta interesse, apenas, a laringoscopía direta, a traqueoscopía (superior e inferior) e a broncoscopía.
Em sentido amplo, podemos denominar de endoscopía não só os metodos de ver e observar, que constituem, propriamente, o exame, mas tambem todas as manobras, praticadas com o escopo de diagnostico e tratamento, e que se utilisem dos tubos endoscopicos. E' assim que se costuma incluir no campo da endoscopía a cauterisação, bem como as lavagens, aplicações de diatermía etc, uma vez que, para seu emprego se utilisem os tubos endoscopicos. Vê-se, pois, que o termo endoscopía abrange tanto as técnicas para fins diagnostico, como para finalidades terapeuticas.
Afinal, os tubos endoscopicos não passam de especulos longos, rigidos e a endoscopía não é mais do que a arte de colocar os condutos naturais em linha reta e observá-los por meio de especulos tubulares adequados.
Endoscopía com fins diagnosticos - Compreende as seguintes técnicas:
l.° - Laringoscopía direta, realisada com os tubos-espatulas;
2.° - Traqueoscopía, que pode ser superior ou inferior. A primeira é realisada pelas vias naturais, enquanto na segunda passa-se o tubo através de abertura de traqueotomía feita previamente.
3.° - A broncoscopía, metodo com o auxilio do qual se podem examinar os grandes bronquios e suas principais ramificações;
4.° - A biopsia, praticada com pinças saca-bocados, através do broncoscopio;
5.° - A aspiração, que faculta a retirada, sem contaminação apreciavel, de material para exame microscopico, cultural ou para inoculação em cobaias ou outros animais de laboratório;
6.° - Broncografía, pela instilação de oleo iodado diretamente em zona a se opacificar.
Endoscopía para fins terapeuticos.
1.° - Aspiração, a qual é praticada através de tubos finos, ligada a um aspirador, seja pêra de borracha, seja bomba de mão, seja trompa dagua, seja aspirador elétrico. Este último sistema é, incontestavelmente, mais poderoso e mais pratico. A aspiração, alem de facilitar certos diagnosticos, como vimos acima, serve para retirar as secreções muito espessas ou pús, que nem os cilios vibrateis nem a tosse, permitem expulsar. Tambem serve para a colheita de material destinado às vacinas autogenas, usando-se, para isso, um dispositivo tipo Luckens;
2.° - Lavagens, praticaveis com sonda de borracha ou por meio de canulas metalicas, de vae-vem, que podem ser inseridas na própria parede de broncoscopios especiais;
3.° - Aplicações de raios ultra-violeta, diretamente dentro de determinadas zonas pulmonares, por meio de uma pequenissima lampada introduzida através do tubo endoscopico;
4.° - Insuflação de pós medicamentosos, tais como iodoformio etc. Para isso serve o próprio tubo metalico aspirador, modificado para permitir colocação e projeção de pós, mais dificeis de transitar que os líquidos aspirados;
5.° - Toques medicamentosos com substancias modificadoras do terreno para que se usam longos estiletes porta-algodões;
6.° - Instilações de drogas como sejam soluções de argirol, oleos gomenolado, eucaliptolado etc. A seringa de precisão de Luckens é o instrumento padrão para esse, processo;
7.° - Cauterisações. Estas podem ser praticadas por meios químicos, empregando drogas como acido cromico, acido latico, nitrato de prata etc.; ou por meio da alça galvanica (a alça do aparelho de Jacobeus pode servir); ou, melhor, por meio de diatermo-coagulação, existindo, para isso, um broncoscopio especial, já munido de alça diatermica. A cauterisação faculta a destruição de pequenas formações inflamatórias ou de neoplasias benignas, alem de permitir a obstrução artificial de bronquios correspondentes a certas zonas pulmonares, obtendo-se o isolamento das mesmas e a disseminação de processos patologicos para outras zonas, ao mesmo tempo que se produziria a atelectasía da zona correspondente e consequente cura (A discussão desse ponto ainda se acha aberta e essa indicação vai a título precário) ;
8.° - Aplicação de radom, para o que pode ser empregado um interessante aparelho ideado por Frank Simpson, recentemente;
9.° - Aplicação de pequenas velas dilatadoras dos bronquios estenosados;
10.° - Retirada de corpos extranhos que estejam sendo a causa da pneumopatia.
Essas diversas técnicas encontram sua aplicação no tratamentos dos abcessos, pulmonares cronicos e, de maneira geral, em todos os sindromos pulmonares de supuração, tais como a supuração por infarto pulmonar, por pneumonia post-operatória e por corpo extranho. As bronquectasías em suas diversas formas, os cistos congenitos infectados, certos tipos de asma, a atelectasia por obstrução bronquioa rernovivel (tampão de secreção, corpo extranho etc.) todas essas entidades podem se beneficiar com a endoscopía.
Na tuberculose, a endoscopía abre caminho para a dilatação progressiva dos bronquios estenosados, suprimindo a atelectasía ou o enfizema correspondentes. Outras vezes demonstram a existencia de obstruções das quais o clinico não suspeitava. Auxilia grandemente o diagnostico da traqueo-bronquite tuberculosa, uma entidade clinica entrada recentemente em patologia pulmonar.
(1) Trabalho apresentado ao Congresso de Tuberculose reunido em S. Paulo em Maio de 1941. (2) Oto-rino-laringologista da Liga Paulista Contra a Tuberculose e do Instituto Clemente Ferreira.
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