ISSN 1806-9312  
Sexta, 19 de Abril de 2024
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646 - Vol. 9 / Edição 3 / Período: Maio - Junho de 1941
Seção: Análises Páginas: 251 a 253
ANALISES
Autor(es):
Francisco Hartung

LEIGHTON JOHNSON. (Boston) - Deduções de significação endocrinica tiradas das radiografias dos seios e da mastoide. Archives of Otolaryngology 33 - n.° 5 - Maio, 1941.

Este estudo é bastante interessante.

O assunto é dividido em três partes como se seguem:

1 - A atividade pituitaria exerce alguma influencia sobre a suceptibilidade da piramide petrosa às infecções?

2 - Pôde o otorinolaringologista julgar do indice inteletual de um paciente pelos roentgenogramas dos seios e da mastoide?

3 - Os característicos de um craneo em casos de hiperpituitarismo terão alguma influencia sobre a irrupção de osteomielite em casos de sinusite frontal?

Relativamente à primeira indagação, si a pituitaria influe sobre as infecções dá ponta petrosa, o A. reporta-se a um trabalho de Mortimer e seus assistentes. Estes dividem os craneos em 4 tipos:

Tipo I - A hiperatividade do lobo anterior da hipofise gera uma expansão para o tecido do osso, na sua rede trabecular. A taboa diploética do craneo torna-se extensa e mais vascularisada, enquanto que as taboas externa e interna se adelgaçam. Em consequencia deste fato, as estruturas que se formam no díploe (seios paranasais e celulas mastoidianas), tornam-se alargadas. Este mecanismo encontra o seu maximo na acromegalia. Em tais casos a abobada craneana é espessa, mas clara em extrutura, o díploe largamente desenvolvimento ao mesmo tempo que os seios paranasais e celulas da mastoide são hiperpneumatisadas. Neste tipo de craneo, tambem a piramide petrosa e o apex mostram pneumatisação. Em gráus menores, tais tipos são mais frequentemente encontrados de que na verdadeira acromegalia, possuindo entretanto as mesmas características extruturais. O diploe é extenso e mais vascularisado: os seios paranasais e a mastoide hiperpneumatisados. Este tipo de discrasia craneana pôde variar de ligeiro afastamento do normal até o estado propriamente chamado de subacromegalia.

Tipo 2 - Deficiencia adquirida, post-adolescencia, do lobo anterior, que se reflete no craneo sob um aspecto justamente oposto àquele proporcionado pela hiperatividade. Ha ausencia de expansão diploetica: por consequencia, os seios e a apofise mastoide são pobremente pneumatisadas. O craneo é denso e duro. A ponta da piramide é não pneumatisada e a porção petrosa esclerotica. Este tipo é frequentemente associado à obesidade.

Tipo 3 - A hiperatividade do lobo anterior é frequentemente seguida de involução hipofuncional. As radiografias craneanas de tais pacientes apresentam características típicas desta fase. O díploe é expandido, enquanto que os seios paranasais e a mastoide são hiperpneumatisados. Ha evidentes resíduos do estado de hiperatividade, mas entretanto ha uma esclerose secundaria, interessando a taboa interna e extendendose para o díploe. As alterações são mais evidentes no osso frontal. Estes ultimos fatores indicam uma decadencia variavel do lobo anterior.

Tipo 4 - Deficiencia congenita ou pre-adolecente do lobo anterior da hipofise produz o tipo conhecido como pituitaria anã. As radiografias do craneo de tais pacientes mostram uma manifesta ausencia de expansão diploéica, de modo que as taboas externa e interna são muito proximas, uma da outra. Em consequencia disto, a abobada é fina, densa e não vascularisada. Os seios paranasais e celulas mastoidianas são muito pobremente pneumatisadas e densa a piramide petrosa. Com frequencia não ha seios frontais. A face e os maxilares são pequenos e a dentição atrazada.

Estes estudos demonstram claramente o evidente paralelo entre o desenvolvimento do craneo e da piramide petrosa. Em outras palavras, um craneo provido de grandes seios e mastoides terá tambem uma hiperpneumatisação da piramide petrosa, enquanto que um craneo esclerotico e denso terá tambem uma piramide condensada e esclerotica.

Assim embora, como sempre não se possa dar um valôr absoluto a tais fatos, é incontestavel que estas constatações são da maior utilidade clinica, porque da observação das taboas do craneo o otologista poderá concluir sobre o perigo ou não de um processo do ouvido medio invadir o osso petroso. Não é porém sómente esta a conclusão pratica, porque tambem na eventualidade de operarmos uma mastoide cujo aspecto radiologico demonstra o seu grande desenvolvimento pneumatico, é necessario que sejamos bastante meticulosos no sentido de não deixar celulas doentes abandonadas que possam acarretar complicações posteriores.

Quanto à segunda indagação concernente a possíveis relações entre o desenvolvimento do lobo anterior da hipofise e o quociente de inteligencia de um determinado indivíduo, não se percebe no artigo analisado conclusões de melhor valor pratico. Diz o citado autor americano que este assunto foi explorado por um colega tambem americano, que a morte veiu surpreender quando estavam os estudos em andamento. Contudo Leighton Johnson afirma ter observado fatos que nos levam a acreditar que um alto nível intelectual é relacionado com uma hiperatividade da glandula pituitaria. Segue-se o resumo de observações deste genero, curiosas, mas que não nos cabe aqui transcrever.

Finalmente, quanto à ultima pergunta, indagando das relações entre o hiperpituitarismo e as osteomielites, diz o autor o que se segue:

A osteomielite do frontal é uma das mais devastadoras molestias que assaltam o organismo humano. Ela difere das osteomielites dos ossos longos porque ela não tende à limitação, mas progride até que todo o callvarium seja envolvido ou que á morte sobrevenha por alguma complicação endocraneana. Já foi bem demonstrado por Furstenberg que a osteomielite do frontal progride através dos vasos meningeanos. Si nos lembrarmos que a taboa externa do craneo é nutrida pelo sangue que vem do periosteo externo, e que por outro lado a taboa interna recebe o sangue da dura e do periosteo interno, poderemos compreender com facilidade a sua patogenia e certos fenomenos que acompanham a molestia:


1. Abcessos extradurais, subdurais e cerebrais, devido a tromboflebites retrogradas.
2. Septicemias por tromboses dos seios da dura, pçinçipalrntnte o longitudinal.
3. Comprometimento da taboa interna do craneo, com aparente normalidade da taboa, externa.
4. A presença de focos osteomieliticos distantes, no craneo, com interposição de osso normal.

O aspecto patologico, o diagnostico e o tratamento da osteomielite frontal, foram magistralmente descritos por Nlosher, Judd e Furstenberg. Mosher, referindo-se ao edema da testa, enuncia esta proposição que se deve repetir: Lembrae-vos que a osteomielite escreve no supercilia do doente não só o diagnostico como o tratamento.

Devemos lembrar que nos craneos tipos 1 e 3, de acordo com o que foi descrito em relação à pituitaria, há um aumento de vascularisação, em resultado da hiperatividade da citada glandula, e que o desenvolvimento da osteomielite parece estar subordinada à vascularização e à estrutura do craneo.

Em conclusão, sem querer estabelecer normas definitivas sobre a atitude da cirurgia em face das osteomielites, acredita o autor que estas constatações endocrinicas são do maior relevo para este capítulo de patologia. Em 14 casos de osteomielites que fazem, parte da casuistica pessoal sempre foram encontrados os elementos comprobatorios de hiperpituitarismo.
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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