ISSN 1806-9312  
Sexta, 19 de Abril de 2024
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60 - Vol. 21 / Edição 3 / Período: Maio - Junho de 1953
Seção: Trabalhos Originais Páginas: 65 a 66
HEMORRAGIAS EM O.R.L. E ANTI-HISTAMÍNICOS. (*)
Autor(es):
JORGE FAIRBANKS BARBOSA
FABIO BARRETO MATHEUS

Temos usado os anti-histamínicos no tratamento de certas hemorragias post amigdalectomia e epistaxis, com resultados apreciaveis.

Esta idéia nos foi sugerida pelo hematologista Dr. Dalbio Palhano, que há muito vem estudando este problema e apresentou ainda no mês passado uma nota prévia sobre o assunto na A.P.M.

A histamina, libertada e acumulada, parece-nos responsavel por um grande numero de hemorragias.

Ensaiando uma explicação para o modo de ação da droga poderemos admitir que no campo operatorio há um acumulo de histamina que pôde ter 2 origens:

a) consequencia do choque antigeno anticorpo, podendo talvez funcionar como antigeno tanto os produtos de desintegração tissular, como os constituintes do exsudato das amígdalas.

b) consequencia da destruição tissular, pois que sabemos que ela é sempre acompanhada de uma libertação de histamina.

Os 2 mecanismos podem se juntar num mesmo caso, sendo que o primeiro predomina no terreno alergico:

A histamina atuaria como fator hemorragiparo:
1 - Pela vaso dilatação que produz.
2 - Pelo aumento da permeabilidade capilar.
3 - Pela queda do numero de plaquetas.

Sabe-se que a histamina nos humores circulantes tende a se acumular dentro dos leucocitos e plaquetas, e, talvez este acumulo no interior das plaquetas, causando a precipitação das mesmas explique a hipoplaquetemia que acompanha os acidentes alergicos; típica no choque anafilatico.

O acumulo de histamina num ponto favorece a hemorragia por agir sobre o vaso (vaso dilatação e aumento da permeabilidade capilar) e seu conteudo (hipoplaquetemia).

Parece-nos que o primeiro elemento é o de maior importancia. Basta lembrar os valores normais dos tempo de sangramento (1 a 3), e coagulação (até 9). Quer isto dizer que em condições normais um vaso deixa de sangrar num tempo menor que o necessario para que o sangue se coagule no seu interior.

Queremos lembrar aqui um dos nossos casos por ser bem patente o efeito benéfico do anti-histaminico: num caso de hemorragia em que o numero de plaquetas era de 80.000, o uso exclusivo de anti histaminico elevou esta taxa para 160.000. Num outro caso de epistaxis rebelde a todos os tratamentos instituidos, o emprego de anti histaminicos fez cessar prontamente a hemorragia. Como este paciente apresentasse cefaléa tomou medicação a base de piramido tendo se instalado novamente a hemorragia, que só cedeu com o uso de novas doses de anti-histaminicos.

Nosso intuito ao fazermos estes comentarios, é chamar a atenção dós colegas para que investiguem a ação destas drogas, a ver si terão a mesma impressão favoravel que tivemos; pois sempre seria um medicamento a mais de combate a um acidente que nos traz sempre apreensões.

(*) Apresentado na 1.ª Reunião da Federação Brasileira de ORL e Broncoesofagologia, em julho de 1952.
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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