ACTA OTO-LARYNGOLOGICA Vol. XXIV - fase. 1.° - 1936.
A. DE KLEYN e C. VERSTEEGH (Utrecht) - "Sobre as reações de equilibrio no homem e animais após inclinação rapida em tonto do eixo longitudinal". - Pag. 34.
Os estudos clinicos e experimentais sobre este assunto, que os autores vêm trabalhando ha alguns anos, foram publicados em dinamarquez. Os animais usados para as experiencias foram as cobaias e lebres. O instrumento usado, era confecionado de tal forma, que o animal, ou a pessoa em experiencia, podia ser inclinado seja em torno do eixo longitudinal seja em torno do bitemporal. Para que as reações labirinticas sejam puras, a inclinação deve ser rapida.
Foram obtidos os seguintes resultados: 1) As reações normais pela inclinação em volta de um eixo longitudinal, não aparecem nos animais labirintectomisados de ambos os lados, e não existem para as pessoas em que as reações vestibulares ordinarias não pudessem ser obtidas.
2) Depois de unilateralmente labirintectomisados os animais, e nos casos de perda de função de um dos labirintos no homem, as reações estarão ausentes imediatamente após a perda da função labirintica. Posteriormente existe um periodo em que as, reações existem somente de um lado, tornando-se finalmente, de novo, normal em ambos os lados.
3) Os AA. estão de acordo com Rademaker em que as reações de inclinação originam-se dos canais semicirculares porque: a) elas continuam imutaveis, quando os reflexos tonicos do labirinto tenham sido abolidos pela centrifugação; b) estão presentes nas cobaias logo após a destruição da mácula sacculi ou do nervo utricular; e c) conservam-se permanentemente .ausentes em um porquinho da India, no qual o labirinto fora removido de um lado, e do outro lado o canal vertical posterior estava sem função.
4) Em relação aos outros reflexos vestibulares, a reação de inclinação deve ser colocada em uma categoria á parte, porque: a) Rademaker e Garcin mostraram que em certos pacientes, ao passo que a reação de inclinação estava ausente, os outros reflexos vestibulares não se apresentavam, aparentemente, normais; b) em um paciente, no qual todos os outros reflexos vestibulares estavam ausentes, as reações de inclinação estavam normais. Isto não pode ser explicado pelo desenvolvimento da compensação, pois que nenhuma compensação; existe senão anos depois da labirintectomia bilateral ou da perda clinica bilateral da função.
B. FARKAS (Szeged) - "Audição dos peixes e a crista acustica". Pag. 53.
O guppy, peixe de aquario, é dotado de uma capacidade auditiva incontestavel e que se manifesta nitidamente. Desde que a transmissão do som ao labirinto não se efetue pelos ossiculos de Weber, que não existem neste peixe ostariophyso, torna-se necessario procurar outra via. O otolito do saculo não pode funcionar como aparelho de recepção; pois que esta formação é imóvel, massiça e muito volumosa. O otolito do saculo é, igualmente, imóvel no Phoxinus laevis si bem que este pertença á grande familia dos ostariophysos.
A conecção, entre o labirinto e o mundo exterior, se estabelece, nos Lebistes, por meio dos ossiculos rudimentares do quinto arco branquial, e pelos ossiculos do sistema hiomandibular. A ligação do canal lateral com o mundo exterior, por intermedio dos ossiculos precitados, é muito importante.
O aparelho ampolar (crista acustica), que se encontra na ampola do canal lateral, mostra analogias acentuadas, tanto no ponto de vista de seu desenvolvimento, quanto no ponto de vista de seus carateres morfologicos, com a papila acustica basilaris dos passaros e, devido á estas analogias, com o orgão de Corti dos vertebrados superiores.
O aparelho ampolar compõe-se das seguintes formações:
1) epitelio acustico; 2) reticulo sub-cupular, derivado do epitelio acustico; 3) cupula;. 4) planum semilunatum que se origina na cupula; 5) tegumentum secretorium (vasos capilares, muito numerosos, que dão ao tegumentum um carater vascular).
A cupula não é formada pelos prolongamentos das celular do neuroepitelio: é uma formação completamente independente. A principio, se compõe exclusivamente de fibrilas da parede ampolar. A secreção do plano semilunatum lhe dá, em seguida, o aspeto de uma membrana gelatinosa e não e, senão mais tarde, que as fibrilas nervosas penetram na substancia desta membrana. A cupula é fixada aos bordos da ampola por filamentos e por pontes de tecido; não podendo, pois, ser sujeita á movimento algum. No ponto de vista morfológico pode-se distinguir na cupula: 1) uma zona parietal externa ou dorsal; 2) uma zona intermediaria e 3) uma zona parietal interna ou ventral.
Abaixo da cupula encontra-se o reticulo sub-cupular, formação independente no ponto de vista embriologico. O reticulo sub-cupular provem das celular auditivas do neuroepitelio e não é senão mais tarde que ele se une, intimamente, á cupula.
A percepção prolongada de um som, emittido por umas corneta eletrica, causa mudanças morfologicas no labirinto dos peixes. Pelo que concerne á cupula, estas mudanças não as seguintes: em consequencia de sua irritação, as fibrilas nervosas da cupula se colorem mais vivamente que no estado normal; os raios alongados, finos e regulares da cupula normal, se modificam; as fibrilas sofrem perturbações em seu agenciamento, e tomam uma disposição irregular. A zona parietal e a zona intermediaria se distinguem, nitidamente, uma da outra. As fibrilas da zona parietal desviam-se para o planum semilunatum; as da zona intermediaria tomam o aspeto de espirais muito finas. E importante notar as perturbações que se manifestam na secreção do planum semilunatum e na formação das laminulas da cupula.
O sphenoticum apresenta uma formação morfologica que pode ser considerada como analoga ao orgão paratimpanal dos passaros; observa-se, igualmente, modificações de estrutura como consequencia da percepção de um som prolongado.
GEORGES PORTMANN, BARRAUD e MOUGNEAU (Bordeaux) - "Relações entre a malignidade histologica e a malignidade clinica do epitelioma das vias acro-digestivas superiores." - Pag. 135.
O exame histologico de numerosos tumores malignos em velhos, tanto no ponto de vista do tecido epitelial quanto do estroma, não permite explicar a lentidão de evolução do cancer em semelhante caso. Parece que esses tumores possuem os mesmos sinais de malignidade que nos jovens ou adultos. Algumas tias preparações dos AA. parecem apresentar um carater de malignidade especial. A evolução clinica dos canceres epiteliais das vias aerodigestivas, no velho, catará ligada a fatores cuja natureza o exame histologico não pode indicar.
Quanto mais se avança no estudo do cancer, mais se observa a necessidade da revisão de certas noções aceitas apressadamente. O divorcio entre a malignidade clinica e histologica dos epiteliomas das vias aerodigestivas, no velho é um exemplo.
Si, em certos casos de tumores epiteliais malignos, não se deve atribuir grande valor ás deduções prognosticas tiradas pela biopsia, assim tambem devemos considerar as indicações terapeuticas fornecidas pela mesma maneira. Os clinicos sabem bem que nem sempre são, os epiteliomas catalogados, pela histologia, como pertencentes á serie dos que devem ser curados pelas irradiações, os que mais aborrecimentos e dificuldades apresentam ao tratamento. E é nesta noção pratica, talvez, que a cirurgia adquire e conserva maiores razões de sua supremacia.
M. O. R.
MONATSSCHRIFT FÜR OHRENHEILKUNDE UND LARYNGORHINOLOGIE Março de 1936.
E. RUTTIN (Vienna) - Sobre a vertigem de posição e a posição de vertigem, nistagmo de posição e posição de nistagmo - Pag. 257.
Sobre vertigem de posição entende-se a vertigem que aparece quando se dá uma mudança na posição da cabeça ou de outra parte do corpo. Posição de vertigem é exatamente essa posição que provocou a vertigem. O mesmo se compreende com relação a nistagmo de posição e posição de nistagmo. O A. estuda aqui apenas os casos nos quais a vertigem e o nistagmo aparecem em uma ou mais posições determinadas. Nesses casos é aceitavel que o processo patologico se ache localizado no aparelho vestibular, ou mais explicitamente no aparelho utrículo-sacular. Ruttin chama a atenção para a diferença que existe entre o nistagmo rotatorio do canal semicircular frontal e o produzido por excitação do aparelho utrículo-sacular (Raddrehungnystagmus). Este estudo continúa no próximo numero.
Z. WEIN (Budapeste) - Os sintomas clinicos da inflamação cronica das amigdalas - Pag. 310.
O A. considera para o diagnostico da tonsilite cronica e indicação da operação, 9 pontos principais: 1.° Riqueza vascular e espessura da mucosa. 2.° Volume. A hipertrofia como consequencia da inflamação cronica. 3.° Consistencia. 4.° Sensibilidade á pressão. Exame comparativo. Unilateralidade. 5.° Exame do excreta. 6.° Foliculos infiltrado supurados. 7.° Fixidez. Paratonsilite. 8.° Inflamação dos órgãos linfaticos regionais. Homolateralidade. 9.° Anamnese.
L. HOERBST (Innsbruck) - Sobre a patologia e clinica do traqueostoma - Pag. 325.
O exame microscopico de 7 fistulas traqueais, com duração diferente de permanencia da canula, trouxe um apanhado sobre o processo patologico do traqueostoma. Nos casos em que a canula permaneceu alguns dias ou semanas, foram notadas apenas modificações inflamatorias na ferida pretraqueal e na traquéa. Nos casos antigos, ao lado dessas reações inflamatorias, notam-se perturbações funcionais; encontra-se tambem revestimento cutaneo do leito da canula. O tecido cartilaginoso mostra durante méses ainda processos destrutivos e sequestros, que se acham em relação com a fistulização da mucosa. Estes exames mostram que ainda muitos méses após a traqueotomia, dão-se processos de destruição e de reconstrução. O conhecimento desses processos tem significação pratica para a tecnica operatoria da traqueotomia e do tratamento post-operatorio.
S. KREPUSKA (Budapeste) - Osteoflebite extensa e sequestro dos ossos chatos do craneo na piemia otogenica - Pag. 346.
O caso descrito minuciosamente pelo autor, é muito interessante não só pela multiplicidade de seus sintomas, como também pela variedade de suas complicações. O ponto de partida da doença foi uma supuração cronica do ouvido médio, tendo seguido 3 vias diferentes. A primeira foi o proprio rochedo e o sistema venoso vizinho: abcesso peri-sinusal, tromboflebite do seio sigmoidêu e do transverso e inflamação da veia mastoidéa. No segundo grupo citam-se as metastases por acometimento da torrente sanguinea: abcesso do pulmão, com relação á pequena circulação e abcesso do pescoço, da fronte, retrobulbar, da nuca, etc., ligados á grande circulação. A terceira série de complicações, explica-se pela infecção latente da parte esponjosa dos ossos do craneo lato, ocasionou 11 operações por abcessos da abóbada craneana. A ultima operação, realizou-se para a retirada de um sequestro ósseo de 2,2 cm. O germe causador foi o estafilococo piogenes albus.
E. RUTTIN (Vienna) - Sobre a septicemia tonsilogenica - Pag. 374.
Apresenta 3 casos nos quais se deu trombose venosa. No primeiro caso houve trombose da facialis comunis em sua abertura, no segundo, essa veia apresentava lesões em sua parede e no terceiro caso, trombose obliterante da jugular interna. O primeiro doente faleceu de abcesso pulmonar, de modo que a ligadura da jugular foi muito tardia. O segundo, teve seu decurso muito rapido de modo que de nada valeria qualquer intervenção; complicou-se de edema da laringe e de difteria. O terceiro caso, mostra como mesmo em casos adeantados a ligadura da jugular e a tonsilectomia podem conduzir á cura. Depende o sucesso da operação, da rapidez de generalização do processo e de sua virulencia.
Abril de 1936.
H.REICHARDT (Freiburg) - Sobre a questão da hereditariedade da ozena - Pag. 389.
O A. faz o estudo de 27 familias compreendendo 192 pessôas das quais 55,7% eram mulheres. O numero de doentes atingiu 56,3%, dos quais 56,4% mulheres. Dos doentes, tinham rinite atrofica simples 72,2%, emquanto que 27,8% sofriam da forma fétida. Os doentes foram em numero de 113, dos quais 58,4% pertenciam ao sexo feminino. Afirma o A. que molestias infectuosas, bem como a hipoalimentação, concorrem para a eclosão da molestia. Cita diversos casos principalmente de gêmeos, que em dado momento ficaram doentes. Conclúe pela probabilidade de uma dominante hereditariedade. Não se trata de herança da propria doença, mas da capacidade de reagir a um excitante sob uma determinada forma patologica.
F. IPOLYI (Budapeste) - Indicação do tratamento cirurgico das sinusites maxilares supuradas - Pag. 401.
No espaço de 11 anos o autor tratou de 1413 empiêmas do antro maxilar, dos quais 921 com lavagens, 320 pelo processo de Lothrop-Claoué (abertura larga endonasal) e 167 com operação radical (Luc-Caldwell, Denker, Sturmann). O processo Lothrop-Claoué deu 98,77% de curas, tendo sido completada a operação apenas em 6 casos. O A. operou segundo Sturmann 67 doentes, dos quais um foi completado pelo processo de Denker. Com seus 90 Luc-Caldwell e 11 Denker, teve um sucesso de 100%.
H. MELLER (Vienna) - Sobre a frequencia das otites medias tuberculosas - Pag. 436.
O método de Loewenstein para a pesquisa do bacilo da tuberculose nas supurações cronicas do ouvido anedio, é das mais interessantes. Em um material de ambulatorio, ao acaso, foi encontrado 22,3% de tuberculose do ouvido medio. Em dois terços dos casos, o diagnostico foi feito em cultura, um terço em esfregaço. Dos 19 casos positivos, 7 apresentavam pulmões normais, 8 lesões especificas antigas curadas só 2 tuberculose pulmonar manifesta. A tuberculose do ouvido media é pois, não raramente o unico fóco tuberculoso do corpo. A' otoscopia, encontra-se, na maioria dos casos, destruição total da membrana, ou uma perfuração central sem localização certa. Polipos são encontrados como nos casos banais. E' dificil diferençar a tuberculose do ouvido medio, nos casos pouco adeantados, das otites não especificas.
F. GERMÁN (Budapeste) - Representação grafica da reação vestibular calorica - Pag,. 446.
O A. usa para a excitação calorica, a reação fraca, com pequena quantidade de agua, observando seus resultados ora em posição indiferente da cabeça, ora na posição ótima. O valor das reações quantitativas resultou dos seguintes fatores:- 1.° Da latencia; 2.° da duração do nistagmo e 3.° da intensidade dos abalos. Nas reações normais a latencia demora 3 a 5 segundos; a duração da reação oscila entre 60 e 90 segundos e a intensidade dos abalos é de ondas medias e meio frequentes. O autor usa, em sua clinica, graficos muito curiosos, nos quais se póde facilmente ler o resultado da reação calorica, comparado com o quadro normal.
MANOS e JANULIS (Atenas) - O azul de metileno como meio de diagnostico da lepra na oto-nino-laringologia - Pag. 453.
O acometimento da rinofaringe pela forma granulosa da lepra, já foi assinalado por muitos autores. O bacilo de Hansen é encontrado na secreção nasal precocemente, quando nenhum sintoma de doença ainda existe. E' grande a quantidade de sintomas observados no nariz: hipertrofias e atrofias dos cornetos, infiltrações e perfurações do septo e finalmente fusão do orgão. A garganta é também séde de infiltrações e de ulcerações, que, por vezes, cicatrizam-se. Na laringe observam-se lesões, que podem provocar dispnéa e mais raramente edema da glote. Com o uso de uma injeção intravenosa de azul de metileno, vêm-se claramente os pontos doentes e mesmo aqueles que antes se achavam ocultos. A solução a empregar é titulada a um por cento e esterilizada a 115°. O autor usou também o medicamento para fins terapeuticos, na dose de 20 a 30 cc., 2 a 4 vezes por semana.
K. TSCHIASSNY - Um caso de molestia de Vincent isolada da lingua - Pag. 481.
Trata-se aqui de um caso extraordinariamente raro de glossite necrotica, isolada, de Plaut-Vincent. Enquanto que não é raro o acometimento da lingua, nas estomatites ulcerosas, a afecção isolada do órgão é rarissima. Ha anos Rusch apresentou um caso de ulcus gangrenosum linguae. O doente do autor apresentava a ulceração na linha mediana, do tamanho de uma ervilha, a cerca de 1,5 cent. da ponta. Era acompanhada de fortes dores e febre de 39°. O tratamento com 914, não deu resultado, quer usado em injeções, quer localmente. O A. curou seu doente com aplicações locais de cloreto de ferro, medicamento que também usa com sucesso nas anginas á Plaut-Vincent.
DR. ROBERTO OLIVA
LES ANNALES D' OTO-LARYNGOLOGIE N.° 1 - Janeiro de 1936.
MOULONGUET ET DEMALDENT - "O tratamento cirurgico das sinusites frontais cronicas." - Pag. 1.
Os AA. fazem o historico da drenagem bilateral das sinusites frontais desde Richter em 1776 passando por Ogston, Grunwald, Janaen, Kuhnt, Czerny, Taptas, Killian, Chaput até chegar a Lothrop, e depois a Sebileau, descrevendo todas as tecnicas e modificações introduzidas. Um dos autores em 1925 descreveu uma tecnica combinando as vantagens das anteriores. Descrevem depois a tecnica que usam atualmente. Anestesia local, posição semi-deitado.
1.°) tempo - Incisão da pele e periosteo no terço interno do supercilio, descendo para baixo a egual distancia do angulo interno do olho. Ruginação plamos superficiais, com descolamento do saco lacrimal e para deante para a aresta nasal. O angulo naco-frontal é um ponto de reparo precioso.
2.°) tempo - Trepanação do angulo supero-interno da orbita (brecha de 1 e meio cents.). Com pinça Hajeck sobe para dentro e para cima até o limite superior. A extremidade inferior ser aproxima a 5 mills. da abertura piriformis. Não alargar muito a abertura. Seio explorado e curetado. Curetagem do etmoide.
3.°) tempo - Retirar o septo intersinusal no seu segmento mais anterior e depois em toda extensão.
4.°) tempo - Cureta introduzida no osteo do lado oposto e levada para doente.
5.°) tempo - Com goiva horizontal, atacar o espesso contra-forte retro-nasofrontal, tirai-o tão completamente quanto possivel.
6.°) tempo - Ataque ao septo nasal até a face post. dos ossos proprios.
7.°) tempo - Aumento da brecha do septo.
8.°) tempo - Cavidades sinusais comunicam largamente com as fossas nasais. Regularisar a cavidade.
9.°) tempo - Revisão do etmoide do lado oposto.
10.°) tempo - Duas sondas de Pezzer, saindo pela narina do lado oposto, cruzando-se acima do segmento restante do septo.
Ferida suturada em um plano.
Os autores fizeram pesquizas anatomicas em 25 cadaveres para ver si esta intervenção é possivel na maioria dos individuos, concluindo que teoricamente o é em 22 sobre 25.
Ensaiaram precisar o nivel horizontal da lamina crivada e as relações do bordo posterior do ostio com a lamina crivada. Terminam fazendo as indicações operatorias. E' preciso ter seios frontais grandes. Radiografias de face e de perfil.
O doente deve ser vigiado depois durante 6 mezes, um ano. Resultados bons.
BENECH - "Hemorragias incoercivais do seio lateral no curso da escarlatina." - Pag. 19.
Observação de doente em convalescença de escarlatina que sofreu trepanação mastoidiana. No primeiro curativo, hemorragia torrencial, compressão mechas. Sinais septicemicos e sinais neurologicos. Foi encontrado seio coagulado.
POGANY - "Patologia das paralisias do nervo aabductor de origem otica." - Pag. 21.
Os autores explicam a causa das p. do nervo abductor nos casos sem complicação intracraneana: 1:° por inflamação purulenta da ponta do rochedo, 2.° por um fator toxico infeccioso. Apresenta o autor uma observação pela qual conclue que é um edema que acarreta as paralisias do abductor. Este edema é produzido pela trombose de algum seio.
REBATTU ET PROBY - "As modificações dos reflexos simpaticos da face em dois doentes tendo sofrido a ablação do ganglio cervical médio e do ganglio estrelado." - Pag. 59.
Em um primeiro doente com 120 a 160 pulsações e vertigens tiram-se ambos os ganglios. Em um segundo doente que sofreu simpatectomia assinalaram: 1) fenomenos espontaneos ou modificações das perturbações aparecidas após as intervenções e 2) as modificações imediatas ou tardias dos reflexos vaso-motores.
Concluem - 1) a secção de parte das raizes simpaticas do pescoço pôde provocar perturbações vaso-motoras dos dedos. 2) os reflexos-que o simpatico não é o unico a provocar; não são modificados. O trigemeo intato deve assegurar o equilibrio vaso-motor normal. 3) A mucosa nasal não parece modificada pela secção do simpatico cervical. 4) A volta das funções normais é longa. 5) A taquicardia não cessou senão alguns mezes após a intervenção.
N.° 2 - Fevereiro de 1936.
LEROUX ET LEROUX-ROBERT - "Os tumores chamados mixtos das glandulas salivares e de outras formações glandulares cervico-faciais." - Pag. 113.
Os AA. estudam os tumores mixtos das glandulas salivares propriamente ditas e juntam os tumores muito mais raros mas histologicamente identicos desenvolvidos no nivel das glandulas lacrimais, das glandulas da mucosa bucco-faringes (véo do paladar faringe, Iabios, bochechas e formações glandulares das fossas nasais).
Mostram que esses tumores, conservando caracteristicos regionais particulares, devem entrar, tanto sob o ponto de vista histologico como do ponto de vista evolutivo, no quadro dos epiteliomas dos parenquimas glandulares.
Sob o ponto de vista histologico, não são tumores de tecidos multiplos, mas tumores estrictamente epiteliais, que não tem individualidade senão pela importancia das modificações que os elementos epiteliais fazem sofrer ao estroma conjuntivo e reciprocamente.
Sob o ponto de vista clinico, elles se comportam como epiteliomas: recidivam em mais de 50% dos casos após extirpação cirurgica, aparentemente completa e si suas metastases são excepcionais, ellas não o existem menos.
Trabalho de quasi 60 paginas, dificil de ser resumido, mas que merece ser consultado pelos que se interessam pelo assento.
AUBIN - "Um cano de diverticulo de pulsão do esofago tratado pela resecção da bolsa associada a esofagotomia extra-mucosa." - Pag. 167.
A vigilancia prolongada dos operados de diverticulo de pulsão do esofago mostra que os resultados longinquos não dão plena satisfação.
As recidivas são frequentes, qualquer que seja o processo empregado. Ellas surgem no fim de 8 a 10 meses. As radiografias mostram que, em caso de recidiva, a bolsa se reproduz gradualmente.
Em presença de um diverticulo de pulsão do hipofaringe o A. aconselha a tecnica seguinte: 1) Escolha do lado. Duas radiografias, face e perfil, são indispensaveis para determinar as dimensões exactas e a escolha da via de acesso. 2) Anestesia local - E' a de escolha, pois permite ao doente ajudar na procura do saco diverticular.
1.° .Tempo - Descoberta do esofago - Uma longa incisão ao longo do esterno-cleido-mastoideo. O omo-hioideo é seccionado. Descola-se até o plano vertebral e confia-se a um afastador os vasos e o esterno, a outro o laringe e o corpo tiroide. Nessa goteira é frequente a tiroidiana inferior, que se secciona entre duas ligaduras.
Descoberta e depois dissecção do diverticulo. A pesquiza da bolsa é delicada, pois ela é vasia e só se separa como um saco de hernia.
2.° tempo - Segue-se a secção das fibras esofagianas. Toma-se com pinça de dessecar a musculatura esofagiana: com ponta do bisturi secciona-se e afastam-se as fibras até que na botoeira apareça a mucosa esbranquiçada.
3.° tempo - Resecção da bolsa. A resecção radical é preferivel e póde ser praticada em um ou dois tempos. A resecção em dois tempos tem a vantagem de permitir a defesa do tecido celular e crear uma barreira á infecção. Ela se faz de duas maneiras:
1) Processo de Goldmann (Ligadura do diverticulo) - e processo de Murphy (resecção secundaria).
Dão os cuidados post-operatorios e concluem que: aos processos de resecção habituais da bolsa dum diverticulo parece indicado acrescentar uma secção das fibras musculares sub-jacentes. A esofagotomia externa extra-mucosa é assim realisada. Este tempo operatorio, que é rapido e simples deve nos fazer desaparecer as recidivas tão frequentes com os processos empregados até então.
PAULO SAES
REVUE DE LARYNGOLOGIE, OTOLOGIE, RHINOLOGIE Ano 57 - Abril 1936 - N.° 4. (Bordeaux).
A. LASKIEWICZ (Poznan) - "Sobre as afecções da base da língua." - Pag. 389.
Este trabalho se baseia em observações feitas na clinica do Prof. Laskiewicz nestes ultimos dez anos; trata, principalmente, de afecções da base da lingua e de suas complicações de modificações concernentes ás papilas circumvaladas, nos estados inflamatorios da cavidade bucal (estomatites), de modificações características provocadas pela tuberculose, sifilis, tumores malignos, e finalmente de dois casos de tumor com tecido tiroideano sobre a base da língua.
Este assunto foi, realmente, muitas vezes estudado nas memorial cienttificas; pela abundante sintomatologia clinica á qual tem-se ultimamente dado bastante atenção, sobretudo, no domínio do diagnostico, ele merece, portanto, ser tratado mais amplamente, conforme a opinião do Autor. A hipertrofia da amígdala lingual é revelada por uma sensação e obstrução no faringe como se aí encontrasse um corpo exsensação é, a maioria das vezes, localizada na região retrohiodeana e sobre os lados do osso hioide; é acompanhada de tosse seca e quintosa. A amigdala hipertrofiada pode-se elevar até o nivel do bordo livre da epiglote. A palpação por meio de uma sonda mostra que certos grupos de foliculos linfaticos são dolorosos. As papilas do gosto estão em geral , tumefeitas e dolorosas ao tato.
Os processos inflamattorios agudos da amígdala lingual evoluem sob a forma de: 1) amigdalite folicular aguda tambem chamada tonsilite pré-epiglotica, 2) peri-amigdalite flegmonosa da base da língua; 3) glossite aguda da raiz e do corpo da língua, acompanhada, muitas vezes, de flegmão sub-maxilar.
As perturbações acusadas pelo doente relacionam-se, sobretudo, a fortes dores na parte anterior do pescoço, irradiando-se para cima e atraz, dores acompanhando a deglutição e provocando um acumulo consideravel de saliva no seio piriforme ou a sialorréa. Os movimentos da língua de protacção e, sobretudo, quando o doente quer falar são fortemente perturbados e é porque, desde ó inicio da afecção a palavra é confusa, balbuciante e surda. Existe, alem disso, uma dificuldade a abrir largamente a boca; ao mesmo tempo a lingua se desvia claramente para o lado são (sintoma de Sebileau). Alem disso o edema da epiglote e, tambem, de todo orifício laringêo, provoca acessos de dispnéa. A palpação digital da parte posterior da lingua faz constatar uma dor acentuada sobre a base; essa região apresenta uma consistencïa pastosa, ou flutuação.
No caso de flegmão de toda a língua (glossite intersticial anterior, Hahn), os sintomas descritos acima se acentuam ainda, existe mais vezes infecção do mediastino em consequencia da propagação abcesso para o pescoço ou por tromboses venosas infectadas.
O A. extende-se, ainda, sobre as doenças micosicas, a tuberculose, a sifilis, como sobre os tumores benignos quisticos ou não e sobre os tumores malignos.
J. VERNIEUWE (Gand) - "Contribuição ao estudo clinico da hipertrofia do timus." - Pag. 421.
A hipertrofia do timus, mormente frequente sobretudo até a idade de dois anos, foi observada pelo A. num menino de 14 anos, o qual faleceu pela compressão da traquéa devido ao timus. Os traços da compressão traqueal são algumas vezes observados na autopsia no ponto em que a traquea é achatada, mas o exame post-mortem mostra, bem mais frequentemente, uma traquéa normal. Sabe-se que a morte subita é assinalada, fora de toda estenose respiratoria, em portadores de hipertrofia timica, e sabe-se, tambem, que hipoteses as mais diversas foram emitidas sobre a causa dessa morte sem que se tenha a palavra do enigma.
A sintomatologia funcional da hipertrofia timica pode-se resumir da seguinte maneira: a tiragem aumenta no decubito dorsal, o que se explica pelo fato da traquéa infantil ser muito delgada e deformavel. A qualquer esforço aumenta o estridor e pode produzir crises de asfixia; a extensão forçada da cabeça aumenta, tambem, a dificuldade respiratoria, que é aliás variavel de um dia para o outro.
O exame radiografico é do mais importantes: devem ser feitas duas radiografias, sendo uma em posição vertical e outra em posição deitada, e isso fora de toda crise de sufocação no momento da inspiração. Os desvios e acotovelamentos da traquéa serão procurados porque não reveladores da compressão timica.
Quanto á terapeutica, a radioterapia é o tratamento ideal. A timectomia não perdeu, no entanto, os seus direitos, pois que o A. foi obrigado dela se recorrer duas vezes em vinte casos.
J. DUCUING e L. DUCUING (Toulouse) - "Sobre uma forma rara de cancer da lingua: o esquirro atrofico." - Pag. 433.
Deixando de lado a sua localisação organica, considerando, somente, sua morfologia, as principais formas do cancer lingual não: 1) a forma nodular profunda; 2) a forma ulcerosa; 3) a forma ulcero-vegetante; 4) a forma vegetante hipertrofica; 5) a forma esquirrosa atrofica. O trabalho dos AA. considera, somente, a ultima forma, devido ao caso curioso por ele observado.
Os tumores malignos esquirrosos são aqueles cujo estroma apresenta uma abundancia muito grande devido ao tecido canceroso propriamente dito. Essa super-abundancia de estroma faz com que tais tumores retraiam os tecidos, os atrofiem e possuem evolução lenta. Ao nivel da lingua, esses tumores são excessivamente raros. Os AA. narram a observação de doente de 66 anos, cuja lingua, atrofiada na proporção dos 4/5, se apresenta sob a forma de uma verdadeira lingua de pagagaio. Encontra-se realizada a um pequeno coto movel do volume de uma grande azeitona. A afecção data de 4 anos. Radioterapia.
F. DUGOUJON (Bordeaux) - "Contribuição ao estudo do epitelioma do pavilhão." - Pag. 439.
Trata-se de uma afecção rara que atinge, sobretudo, o sexo masculino e os trabalhadores rurais. E' um cancer de evolução lenta, sobretudo, no inicio, mas com marcha quasi sempre fatal. Seja qual for o tratamento instituido, ele recidiva a maioria das vezes, quer in situ, quer geralmente por uma metastase ganglionar que aparece mesmo depois da ablação precoce do pavilhão, em um periodo em que não existe reação ganglionar alguma.
Dos 59 doentes tratados, 18 curas clinicas, das quais 5 de menos de 4 anos. Foram usadas a diatermo-coagulação, a radioterapia, a curieterapia e a ablação cirurgica, a maioria das vezes associadas uma a outra, ou completadas uma por outra.
A radioterapia é o metodo que menos dá resultados e que apresenta as maiores dificuldades de aplicação. Não pode ser empregada senão após a destruição do tumor inicial pela coagulação ou pela exérese cirurgica e, somente, sobre as propagações cervicais.
J. E. DE REZENDE BARBOSA
L' OTO-RINO-LARINGOLOGIA ITALIANA (Bolonha)Ano IV - N.o 4 - Agosto 1936.
V. A. BORGIOLI - "Desenvolvimento da cavidade nasal humana com considerações particulares sobre o epitelio da zona da mucosa olfativa e do tecido cavernoso." - Pag. 259.
O A. evidencia a importancia de sua observação de um revestimento pavimentoso da parte vestibular do nariz nos primeiros tres mezes de vida intrauterina. O epitelio olfativo é considerado, pelo A., como já completamente constituido lá pelo 5.° ou 6.° mez, não sendo simplesmente uma membrana limitante. Considera as celulas baseie como um fator ativo, proliferativo de maxima importancia. Ainda lá pelo 6.° mez temos a considerar o desenvolvimento quasi completo das glandulas de Bowmann e a presença em determinados pontos (cornetos inferior e medio, parte anterior do septo) de um rico plexo de veias e grossos capilares, que formarão o tecido cavernoso definitivo das fossas nasais. Esta turgescencia vascular é precedida de um notavel desenvolvimento da massa conetiva que constitue os cornetos. Com respeito ao restante, a rede vascular se define em tres quadros respetivamente para a cartilagem, epitelio e sistema glandular.
VIRGILIO SANGIOVANNI (Milão) - "Um caso de traumatismo acustico agudo." - Pag. 284.
O A. descreve o caso de um homem, de 36 anos de idade, acometido de um traumatismo acustico agudo, produzido pela subita movimentação de um motor a explosão. Ao traumatismo acustico seguiu-se a comoção labirintica e, após algumas semanas, uma sindrome ménièriforme. Não houve perfuração do timpano. Audição normal á direita. A' esquerda, ligeira diminuição dos tons baixos, percepção reduzida para 2048 v. d. e completamente abolida para 4096 v. d. Desvio da marcha, com olhos cerrados, de 90° para a esquerda após 5 voltas. Melhoras progressivas a partir do 20° dia. O A. chama a atenção para a importancia dessas alterações sob o ponto de vista do prognostico e medico-legal (tratando-se de um caso de acidente do trabalho).
CESARE BACCARANI (Bolonha) - "Considerações sobre a evolução clinica e o exame histologico em 23 laringectomisados". - Pag. 294.
O estudo comparativo do quadro histologico e da evolução clinica em 23 laringectomisados, permitiu observar que não se pode tirar conclusão alguma precisa, sob o ponto de vista clinico (decurso, prognostico), pelos simples exames dos cortes histologicos. Não observou o A., igualmente, nenhuma diferença, confrontando os quadros histologicos, entre o carcinoma dos moços e dos velhos. O exame biopsico não perde, entretanto, de sua importancia e, como no caso de neoplasia laringéa, é elemento fundamental para um diagnostico de certeza.
P. F. PIERI - "Resultados a distancia da autovacinoterapia massiça na ozena". - Pag. 304.
O A. faz um exame critico dos diversos metodos curativos da ozena, baseados nas numerosas teorias que disputam o campo na etiopatogenia desta doença, e que reunem-se em duas fundamentais, endogena e exogena, relata 52 casos tratados pela autovacinoterapia massiça, e trata, particularmente, de 18 casos, nos quais obteve cura definitiva contralada a distancia. Terminando, o A., salienta a importancia de tal metodo, convenientemente empregado e sem perda de vista, nos tratamentos gerais associados, nestas entidades morbidas rotuladas de escrofulas e onde se identifica, de fato, verdadeiras taras tuberculosas e sifiliticas.
E. BAZZANA - "Os tumores malignos do rinofaringe". (Considerações clinica, radiografia, roentgen e curieterapica sobre 19 casos. Com 56 figuras no texto e 2 quadros fora do texto).
Trabalho completo sob multiplos aspetos. Resume-se no estudo sistematico de 19 casos observados, nos ultimos 5 anos, no Serviço de O. R. L. de Brescia, do Prof. Pietrantoni. Após haver recordado a anatomia do rinofaringe, e a anatomia patologica dos tumores que originam se nesta região, trata da sintomatologia das formações malignas rinofaringéas, distinguindo-a em sintomatologia de inicio e sintomatologia de invasão. Classifica os sindromes nervosos decorrentes de lesões dos nervos da base do craneo. Dedica-se particularmente ás pesquizas radiologicas, fazendo resaltar, com a documentação de numerosas radiografias, o seguinte: 1) a possibilidade de se evidenciar, com ou sem meio de contraste, a presença de um tumor do rinofaringe e não se podendo seguir as modificações durante a cura; 2) a possibilidade, demonstratando a invasão tumoral da base craneana, de explicar a sintomatologia clinica e de se poder traçar uma verdadeira historia radiografica de um tumor do rinofaringe. O A. salienta o grande auxilio que prestam os meios de contraste. Sobre seus 19 casos, 14 morreram e 5 vivos. A sobrevida dos mortos foi de 3 anos em um caso, de 2 anos em 4, de um ano e meio em um, de um ano em 2, de 9 mezes em 3, de 6 meses em um, de 5 meses em 2. Os sobreviventes são: um linfosarcoma sem recidiva após 4 anos e meio; um linfosarcoma sem recidiva após um ano e meio; um reticuloma com recidiva local e em extensão ao lado oposto 2 anos após o inicio dos sintomas; um reticuloma sem recidiva após um ano; um epitelioma estacionario depois de um ano, mas com inicio de usura da fossa média do craneo e ganglio metastatico latero-cervical. Tratando do capitulo da terapeutica, no qual descreve os diversos meios e metodos adotados na cura dos tumores do rinofaringe, o A., cita os resultados de diversos autores e o seu proprio, utilisando sobretudo a tecnica de Coutard, mas intervindo quando possivel.
J. E. DE REZENDE BARBOSA
OTO-RHINO-LARYNGOLOGIA JAPONEZA MONATSSCHRIFT (Tokio) Vol. 10 - Fasc. 1 - Janeiro 1937.
PROF. YUTAKA TSUIKI - (Nagasaki) - "Mastoidite aguda por fratura do craneo". - Pag. 2.
Paciente com 40 anos, homem. Ha 55 dias caiu de uma arvore de 5 metros de altura, sobre o chão e teve uma fratura do craneo com hemorragia pelo ouvido direito. 5 dias sem sentidos. Desde essa epoca queixa-se de otalgia direita e otorréa. Por ocasião da sua entrada na clinica notavam-se sintomas nitidos de mastoidite. No pús existia estreptococo hemolitico. Radiograficamente notavam-se duas linhas de fratura, que partindo da região temporal direita ia até a base do craneo, uma outra atravessando o epitimpano. Pela operação radical o A. poude descobrir uma fratura que atravez da parte posterior do conduto auditivo externo caminhava para a taboa interna da apofise mastoide. Melhoras lentas.
DR. RYO TAKAHASHI (Tokio) - "Surdez labiríntica com sigmatismo em uma família de parentesco durando varias gerações." - Pag. 7.
O A. observou uma serie complicada de parentes, que eram casados entre si, primos com primas, casamentos repetidos em 4 gerações. Em um dos casais, o Pae e tres dos seus 5 filhos sofriam de surdez ligada ao sigmatismo e os outros dois filhos restantes morreram de profusa hemorragia nasal. Pelo exame cuidadoso descobriu-se ainda que a surdez unia-se a uma perturbação labiríntica com sigmatismo. A letra S era trocada pelo T, mas essa perturbação da vóz melhorava aos poucos á medida que o paciente crescia. Essa surdez labiríntica é sem duvida a consequencia da consanguinidade dos paes e o sigmatismo parece ser sua consequencia. O A. supõe que o sigmatismo deva ser atribuido, segundo Kohler ás perturbações dos tons altos, correspondendo ao parasigmatismo de Gutzmann.
HIROSHI KITAMURA - "Estenose traqueal grave por abcesso de penetração. - Pag. 43.
Paciente de dois anos de idade. Ha 4 dias febre, rouquidão e dificuldade de inspiração que peiora aos poucos. Fisionomia sofredora, ganglios do pescoço engorgitados, algumas massas ganglionares eram palpaveis. Na garganta e no laringe o A. nada poude descobrir de importante. Devido ao aumento da dispnéa foi praticada a traqueotomia inferior no decurso da qual o A. encontrou do lado direito da traquea, um tumor mole do tamanho da ponta de um polegar. A punção deu pús esverdeado, no qual foram observados abundantes bacilos tuberculosos. Pela incisão do tumor saíu abundante massa purulenta que melhorou a dispnéa. Logo após, porem, repetiu-se a retenção. 18 dias após a incisão sintomas de tuberculose laringéa ocasionando a morte. O A. pensa que se tratasse de um abcesso de penetração do lado direito da traquea, ocasionado, provavelmente, pela carie de uma das vertebras cervicais.
Vol. 10 - Fasc. 2 - Fevereiro 1937.
KENJI YAMASHITA c MASAYOSHI IKEMA (Taihoku) - "Petrosite purulenta e abcesso retrofaringeano otógeno". - Pag. 110.
Após esboçarem os sintomas mais importantes da supuração da ponta da piramide, os AA. referem-se a um caso de abcesso retrofaringeano, ocasionado pela supuração da ponta da piramide. Uma mulher de 42 anos sofreu de otite média aguda direita em consequencia á um resfriamento, que regrediu logo após a paracentese. Recediva tres semanas após com febre e dor de cabeça. Pus com estreptococos mucosus. A radiografia demonstrou sombra nas celulas da mastoide. Mastoidectomia. Muito embora o conduto auditivo externo estivesse seco e a ferida retroauricular estivesse limpa existia febre e dor de cabeça.
Na suposição de uma complicação intracraneana foi praticada a radical do ouvido direito que nada demonstrou de patologico e tambem nenhum sintoma de supuração da ponta da piramide. Vinte e nove dias após a reoperação, o A. observou um abaulamento vermelho e fluctuante na parede do epifaringe que aos poucos invadiu o mesofaringe. Incisão. Estreptococos mucosus no pús. Após a incisão desapareceram a febre e a dor de cabeça. Pela sondagem sob os raios X poude o A. demonstrar uma comunicação entre a cavidade do abcesso e a ponta da piramide. Cura.
TOKUJIRO NOGAKI (Kanazawa) - "Perturbações da deglutição por estagnação alimentar nas valeculas." - Pag. 140.
O A. refere-se a dois casos de perturbações de deglutição produzidos por retenção alimentar na valecula glosso-epiglotica. 1) Homem de 42 anos ao alimentar-se sente repentinamente grande dificuldade para engulir. Exame laringoscopico: amigdala lingual vermelha e inchada. Esofagoscopia: nenhuma modificação importante assim como a radiografia de contraste não demonstrou nenhuma estenose de esofago. Somente na radiografia com contraste espesso observou-se a retenção deste na valecula glosso-epiglotica. Cura após dois meses pelo tratamento antiflogistico da amigdala lingual. 2) Homem de 23 anos. Ha dois meses perturbações periodicas da deglutição. Laringoscopía mostrou hipertrofia das amigdalas lingual e palatina, alem disso nada de notavel. Radiografia com contraste espesso sombra na valecula glosso-epiglotica. Melhora relativa após extirpação da amigdala palatina. Como causa etiologica o A. considera a hipertrofia da amigdala lingual.
M. O. R.
DIVERSOS
DR. VICENTE DE PABLO - "Medicación local pulmonar por via intratraqueal" - Buenos Aires, 1933.
Chega-nos ás mãos a monografia publicada pelo Dr. Vicente de Paulo, medico argentino que esteve recentemente em S. Paulo em visita ao nosso meio clinico. Nessa monografia o autor aborda a momentosa questão da terapía pulmonar pelas vias naturais.
O assunto tem merecido a atenção das grandes Clinicas endoscopicas do mundo, esforçando-se os tisiologos por cooperar com os lariagologistas na solução dos complicados problemas relacionados com esse ponto da terapeutica. Em primeiro lugar é necessario que o tisiologo estabeleça o diagnostico, auxiliado pelo radiologista. Em segundo logar é necessario que passe o doente ao laringologista, que praticará a injeção de liquido de contraste, voltando o paciente ao radiologista. Feitas novas chapas, já então com o meio de contraste, o tisiologo se encarregará da indicação terapeutica, cuja aplicação será da alçada do laringologista.
Vemos, assim, que se trata de um autentico trabalho de "équipe", no qual se torna necessaria a mais estreita colaboração entre os tres especialistas, o que só se consegue, na pratica, em um serviço bem organisado e especializado. Acrece que ás vezes se torna necessaria a colaboração do laboratorio clinico, seja para um exame hiato-patologico, sejá para um exame de secreção aspirada, seja para preparar uma vacina autogena com material retirado durante o exame.
O metodo de tratamento local pulmonar já se acha, ha anos, em plena pratica, na formidavel Clinica de Jackson, em Philadelphia. Em S. Paulo, o Prof. Sergent realizou, ha uns 5 anos, uma conferencia sobre o assunto, mostrando os progressos realizados na França, paiz onde se multiplicam os trabalhos sobre o palpitante assunto. Ainda no numero de Maio ultimo, da "Presse Médicale", Soulas se extende em interessante artigo sobre "tratamento broncoscopico dos abcessos do pulmão". No Brazil, parece que os clinicos não compreenderam, ainda, o alcance da terapeutica pulmonar local, talvez devido ás dificuldades dessa colaboração indispensavel de tisiologos, laringologistas, radiologistas e analistas. Em outros paizes o interesse pela questão crece dia a dia.
O Dr. Vicente de Paulo relata os aperfeiçoamentos introduzidos na Hespanha por Garcia Vicente, ao mesmo tempo que ele proprio se esforça para melhorar a tecnica na Argentina, ao passo que Piaggio Blanco e Garcia Capurro publicam, no Uruguay, esse belo volume "A broncografia no estudo das afecções do torax".
Abstraindo da redação algo tortuosa, que dificulta a leitura do trabalho, trata-se de um opusculo de grande interesse para o especialista em molestias do aparelho respiratorio, radiologista e, principalmente, para o laringologista, dada a sua feição prevalentemente tecnica.
O autor principía encarecendo as vantagens do tratamento local de todas as afecções, mas no que se refere aos pulmões, as aplicações locaes ainda não se vulgarizaram como sería de desejar. Os pulmões oferecem uma extensa superficie de absorpção, tanto para tratamento local como geral. Os processos locaes usualmente empregados são insuficientes, pois as pulverizações e inalações só atingem os primeiros segmentos do aparelho respiratorio, ficando os medicamentos no laringe, traquéa e primeiros bronquios. Por isso temos que recorrer á ação direta.
Chama a atenção sobre varios pontos da fisiologia classica que estão sendo revistos por meio das novas tecnicas de exame. A radiografia, a radioscopía e a endoscopía têm derrubado muitos dogmas. Estuda as vias artificiais de penetração pulmonar, mostrando seus inconvenientes e defeitos.
Das vias naturais estuda as supra-gloticas, que prova serem imperfeitas, passando á transglotica que é a via de escolha.
Para essa via podem ser empregados dois metodos: O laringólogico, ou do controle pelo espelho e o digital, ou ás cegas. O primeiro é mais complicado, dificil para um medico não laringologista; o segundo é o mais facil, podendo ser executado por qualquer clinico.
O autor aborda, com especial interesse, a tecnica de García Vicente, que se presta a tres objetivos: Injeção intratraqueal, instilação de medicamentos atravez de sondas, e lavagens pulmonares. Para a injeção intratraqueal a canula termina em um cone especial cuja construção se baseia no "paradoxo laringêo", de García Vicente. Para a sondagem, Vicente de Pablo emprega a pinça especial de García Vicente, que ele modificou.
O autor se detem, em seguida, em considerações sobre a chegada de liquidos ao pulmão, passando depois a um estudo medico-cirurgico do aparelho respiratorio, baseado nas aquisições mais modernas obtidas pela observação "in vivo" e não no cadaver. Passa, depois, a relatar uma serie de experiencias em animais, com o fito de estudar a Nisto-fisiologia do revestimento do aparelho respiratorio, e assim esclarecer o destino das substancias injetadas traquéa-abaixo. A nosso ver, o autor, nesse capitulo, lança-se um pouco arrojadamente á aplicação dos modernos conhecimentos de histología á interpretação da fisiologia das celulas do aparelho respiratorio. Orar a Nisto-fisiologia, nestes ultimos anos, tem se tornado extremamente complexa. Para bem compreendê-la é necessario aprofundar conhecimentos de fisica, quimica, anatomia macroscopica, histologia e fisiologia classicas, mas é necessario, sobretudo, lançar mão da fisico-quimica, que tem evoluido, ultimamente, de maneira velocissima. O proprio autor diz que, ás suas experiencias, aplica rudimentares conhecimentos sobre as substancias coloidais. Dessa macieira, o capitulo "experiméntação em animais" assume, aqui, o valor de simples sugestões para novas investigações, sendo, de qualquer maneira, muito interessantes.
O autor aborda o problema da proteção do operador contra a expulsão de secreções, durante o seu trabalho e passa a tratar da broncoaspiração, que realisa por meio de sondas semi-rigidas. Finalmente, chega ás seguintes conclusões gerais, em resumo:
l.º Deve-se fazer o tratamento local das afecções pulmonares. 2.º A melhor via é a transglotica. 3.º Pode-se localisar a terapeutica em tal ou tal ponto dó pulmão. 4.º Os medicamentos lançados na traquéa são absorvidos. Portanto a terapeutica por via intratraqueal é local e geral, ao mesmo tempo. 5.º A broncoaspiração pode ser realisada por meio de sondas semirigidas. 6.º A via intra-traqueal será a principal via de tratamento de afecções pulmonares.
A bibliografia nos indica mais de 100 trabalhos sobre o assunto focalisado.
DR. FÁBIO BELFORT
FOLIA CLINICA ET BIOLOGICA Vol. IX - fase. 12 - 1937. S. Paulo - Brasil.
ADOLPHO LINDENBERG (S. Paulo) - "Transmissão experimental das doenças do grupo pemphigus". - Pag. 33.
Adolpho Lindenberg, dermatologista brasileiro, acaba de conseguir a transmissão experimental das doenças do grupo pemphigus. Esta descoberta, como outras, já conhecidas, do mesmo A., no territorio da dermatologia e parasitologia, honra sobremaneira a ciencía brasileira e demonstra a capacidade de nossos pesquizadores.
Pela inoculação, em lebres e cobaias, do sangue de doentes de "fogo selvagem", de dermatite de Duhring e de pemphigus vulgaris, obteve, tanto pela via intra-peritoneal, quanto pela via testicular ou sub-dural, o aparecimento de uma molestia cutanea, cujo quadro clinico é a principio o das dermatites eritemo-erosivas do homem, apresentando, entretanto, em alguns casos, lesões de aspecto vegetante, cujo quadro anatomo-patologico corresponde ao do pemphigus humano vegetante e, foliaceo.
As tres molestias, sobre que praticou as suas experiencias, provocam, nos animais, lesões do mesmo tipo e, por conseguinte, não diferenciaveis em relação á molestia inicial.
O agente das molestias do grupo pemphigus se comporta, sob certos pontos de vista, como um virus.
Não ha necessidade de se realçar o grande valor desta descoberta, basta só o de se saber que as tres molestias citadas, e sobre as quais recairam as experiencias, não são senão modalidades de uma só molestia e, alem disto, são produzidas, provavelmente, por um virus filtravel.
O pemphigus das mucosas, do territorio, tambem, da oto-rino-laringologia, diz do interesse com que seguimos, de perto, as brilhantes pesquizas de Adolpho Lindenberg, cujas consequencias praticas são, ainda, imprevisiveis. M. O. R
|