ISSN 1806-9312  
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566 - Vol. 5 / Edição 2 / Período: Março - Abril de 1937
Seção: Revista das Revistas Páginas: 189 a 205
REVISTA DAS REVISTAS - PARTE 1
Autor(es):
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ARCHIVES OF OTOLARYNGOLOGY
Volume 24 - Agosto de 1936 - Numero 2 (Chicago)

WELLS P. EAGLETON (Newark) - Uma nova classificação dos ossos do crâneo - (Baseada na função e origem embriologica e a sua influencia sobre a especie, curso e frequencia de infecções dos ossos, com aplicações cirurgicas, especialmente as relações das infecções que geram meningite). - Pag. 159.

Este é um artigo que não deve ser resumido, porque é de toda a necessidade que cada otologista moderno o conheça em detalhe. Percebe-se que o grande otologista americano desvia, com o seu imenso preparo cientifico e filosofico, a cirurgia das meningites para um campo completamente diferente daquele onde costumamos ataca-la, desde que a parte do temporal atacada seja o rochedo. Começa o estudo, com uma parte preliminar embriologica; não se pôde compreender a parte clinica sem bem assimilar esta base; a segunda parte estuda a influencia da origem embriologica e o estado de crescimento sob o ponto de vista cirurgico. Esta parte é muito exaustiva, mas extremamente interessante. Assim conclue Eagleton:

O estudo da embriologia ossea e do seu crescimento tem me ensinado muitas cousas. Ensinou-me como reconhecer o perigo dos casos de supuração do ouvido; os casos de supuração apical nos quais a operação
é necessaria, e aqueles nos quais não deve haver trauma cirurgico, e porque o estreptococus mucosus (pneumococus tipo III) em pessôas adultas frequentemente produz uma meningite terminal desde que o ouvido cessou de purgar, enquanto que na creança este estreptococus apenas produz uma mastoidite, ou no maximo uma sinus-trombose curavel pela operação. Este estudo explica muitas cousas. Elle explica porque possa haver um esboço de paralisia do facial quando ha lesão avançada do apice petroso, emquanto que não ha outro sintoma algum que denuncie lesão deste apice. Elle explica porque a prova rotatoria seja um meio de diagnostico de lesão localisada no sistema basal e porque a resposta occorra antes que apareçam os sintomas alarmantes de irritação meningea. Mas, a rotação de um paciente cuja molestia está situada nos pequenos vasos que correm do apice petroso para o cerebro, póde ser perigosa, porque em caso de infecção destes vasos, os vasos da piamater são tambem bastante frouxos, e, neste caso, o equilibrio que existe entre a circulação do rochedo e o sistema cerebro-espinal póde ser rompido e precipitar-se assim uma meningoencefalite.

Em resumo, este estudo mostra quão pouco se sabe a respeito da supuração dos ossos da base do craneo; mostra tambem que o tratamento da meningite otogenica e nasal está ainda em sua infancia; mas ao mesmo tempo prova que as novas bases desta orientação indicam um futuro dos mais esperançosos.

F. E. STONE e M. D. BERGER (Brooklin) - Sinus trombose retrograda complicando trombose da veia jugular - Pag. 142.

O A. apresenta quatro observações deste genero. Admite diversos modos de interpretar a infecção: vias hematogena, linfatica, continuidade, pterigoide, esfenoidal, aural e tonsilar. Faz tambem uma descrição do quadro clinico e afirma que, diagnosticada prontamente, póde ser curada cirurgicamente.

ELLISON ROSS e ÀXEL OLSEN (Chicago) - Reajustamento do equilibrio em seguida á labirintectomia unilateral - Pag. 190.

Publica o A. o resultado de uma serie de experiencias realisadas em cães labirintectornisados. Confirmam as investigações antigas, segundo as quais a dextruição de um labirinto produz um nistagmo expontaneo, horizontal em direção, de componente rapido dirigido para o lado normal, e que desaparece depois de tres a quatro dias. A intensidade da resposta para uma pressão positiva ou negativa em cada canal, tende a tornar-se igual depois que um labirinto foi dextruido. O estimulo maximo para cada canal diminue com o tempo, mas a resposta ao estimulo minimo fica relativamente imutavel. Em outras palavras, o estimulo positivo para o canal horizontal e negativo para os verticais decrescem com o tempo passado.

A dextruição parcial do vermis cerebelar e a secção das columnas de Goll e Burdach em um lado da corda, não alteram o reajustamento que se opera depois da labirintectomia, duas semanas ou mais depois da primeira operação. Estas experiencias confirmam as conclusões de outros autores, que a corticalidade cerebral tem um grande papel no reajustamento em seguida a lesões organicas do labirinto.

Volume 24 - Setembro de 1936 - N.° 3.

HAROLD I. LILLIE (Rochester) - Significação clinica da faringite granulosa compensatoria - Pag. 319.

E' da pratica diaria o aparecimento de doentes que se queixam de sensações desagradaveis do nasofaringe. Ha uma idea muito divulgada de atribuir estes padecimentos a influencia doa seios paranasais, porém Lillie está firmemente, convencido de que na realidade estes sintomas dependem do proprio faringe. Queixam-se os pacientes de dores na garganta, sensação de corpo extranho e um catarro matinal muito dificil de remover. E' muito frequente este fato em pessoas que foram operadas de amigdalas e adenoides. Não raramente verifica-se que não pacientes em cuja alimentação predominam os hidratos de carbono e que fogem á carne e á gordura de carne. Como já disse, muitas vezes as amigdalas foram operadas, mas quando elas existem são grandes, frouxas e vermelhas, ás vezes cheias de criptas com débris. As pregas laterais do faringe são vermelhas e de aparencia granulosa com teridencia á secúra; a parede posterior do faringe mostra os foliculos linfoides bem visiveis. Lillie diz que, nos operados isto é uma tipertrofia compensatoria; nos não operados, é preciso saber si ha uma causa focal que indique decisivamente a operação, porque podemos peiorar os sintomas com o áto cirurgico. Diz Lillie que o tratamento iodado internamente dá bons resultados, de nada adeantando tratamento local.

DUNBAR ROY (Atlanta) - Frequencia e efeito dos residuos linfoidez do nasofaringe sobre a trompa de Eustachio - Pag. 325.

Este artigo chama a atenção do especialista para os restos linfoides que ficam á entrada da fosseta de Rosemüller mesmo depois da adenoidectomia. Traz um apanhado da literatura sobre este assunto, concluindo que estes restos de adenoides que não foram retirados são, muitas vezes causas de lesões do ouvido, do fracasso do cateterismo, assim como podem continuar a ser fócos de infecção, trazendo desapontamentos quanto ao resultado cirurgico da operação. Diz o A. que em parte isto é o resultado da preocupação de se operar adenoides com muita rapidez; na opinião dele, que aliás me parece uma pretensão impraticavel, depois da operação deveria se esperar cessar o sangue completamente afim de verificar si nada mais havia em redor da fosseta de Rosemüller, afastando suficientemente o palato mole por meio de um retractor. Aconselha a electrocoagulação para os restos que possam ter ficado.

HARRY P. SCHENCK - Infecções cronicas do faringe - Pag. 299.

Não deixa de ser bem interessante ente estudo. Elle diz respeito ao resultado de 108 biopsias realizadas de mucosa de faringe em pacientes portadores de estados gerais atribuidos á infecção focal. Foram as seguintes observações que levaram o A. a investigar o estado da mucosa faringéa.

1) Quando ha evidencia de infecção focal e que falham as pesquizas nos focos comuns, frequentemente a mucosa do faringe tem um aspecto anormal.

2) Sintomas que desaparecem depois da amigdalectomia, com frequencia voltam á cena porque o tecido extratonsilar se torna infectado e hipertrofico.

3) Ha exacerbações de manifestações cronicas gerais, que comumente se seguem ou coincidem com infecções agudas do faringe.

4) Ha exacerbações de manifestações gerais, com ou sem febre, que se seguem á electrocoagulação de nodulos linfaticos anormais do faringe.

5) Ha casos de artrites, neurites e miosites que apresentam melhoria sensivel depois da dextruição do tecido anormal extratonsilar.

6) No reumatismo juvenil, a taxa de sedimentação é frequentemente elevada. A electrocoagulação dos foliculos faringeos, em pacientes cujas amigdalas e adenoides foram removidas antes do aparecimento desta condição, é seguida de notavel abaixamento da taxa de sedimentação, indicando assim uma melhora clinica.

7) A chamada hipertrofia compensatoria dos tecidos extratonsilares raramente occorre em associação com as manifestações subclinicas.

8) A hipertrofia e infecção dos foliculos faringeos póde occorrer sem que entretanto nada se encontre nas amigdalas.

9) Alguns pacientes portadores de febriculas inexplicaveis voltam á temperatura normal depois da dextruição de nodulos linfoides do faringe.

Seguem-se comentarios de ordem histologica em diversas eventualidades. O primeiro grupo corresponde a mucosas tidas como o segundo grupo corresponde a pacientes portadores de uma geral, como dôres articulares, manifestações coreiformes, mialgias cronicas, nefroses ou pequenas hipertermias, cujo comentario não é possivel fazer sem acompanhar nas microfotografias; que aliás são bastante interessantes e elucidativas.

FREDERICK FICI (Rochester) - Tratamento de hemangioma da face - Pag. 271.

O radium é o melhor agente para o tratamento da face da creança. A electrocoagulação é o tratamento de escolha em muitos casos para os hemangiomas cavernosos no adulto.

O hemangioma que, previamente foi tratado sem sucesso com irradiação, deve ser excisado, a ferida sendo então fechada primariamente ou coberta com um retalho de pele.

A injeção de substancias esclerosantes está se tornando muito popular no tratamento dos angiomas da face e é provavel que este metodo com o tempo suplante os velhos metodos de terapeutica.

HYFRANCISCO HARTUNG

ANNALS OF OTOLOGY, RHINOLOGY AND LARYNGOLOGY
Vol. 45 - Junho 1936.
(S. Louis)

L. W. DEAN (S. Louis) - "Os fundamentos da rinite alergica com referencia especial á ionisação (lontoforesis) - Pag. 326.

O A. depois de se esplanar sobre os estudos, já bastante conhecidos, da etiopatogenia da rinite alergica e sobre os metodos usuais para diagnostica-la, menciona os resultados da ionisação sobre o nariz humano, que considera como os seguintes: 1.°) fibrose com espessamento da tunica propria; 2.°) hiperplasia do epitelio com alguma metaplasia; 3.°) destruição parcial da função glandular e 4.°) diminuição evidente das celulas mucosas. Ha, geralmente, espessamento das paredes vasculares, especialmente dos capilares. Muitos dos acinos das glandulas parecem obstruidos pela hiperplasia celular. Estas perturbações modificam a função secretoria da mucosa nasal que não se edemaciará tão facilmente quanto antes. Com estas mudanças sobre a secreção ao lado do espessamento da mucosa basal, é facil compreender a causa da diminuição das probabilidades da reabsorção do polen.

O A. apresenta a unica biopsia existente, praticada sobre uma mucosa nasal ionisada dois anos antes, retirada dum paciente que se queixava de rinite posterior e crostas. Nesta biopsia observou: a hiperplasia do epitelio, areas de celulas escamosas, não existiam celulas mucosas. Base da mucosa espessada. Tunica propria fina e fibrosa semelhante a tecido cicatricial. Poucos eosinofilos. Muitas glandulas atrofiadas. Paredes dos capilares espessadas.

Certamente com estas perturbações na mucosa, hesita-se na repetição das ionisações. Rinite atrofica não se processará pela ionisação mas a rinite seca é de observação frequente. Quanto mais alergico for o individuo, tanto mais persistente a secura da mucosa.

O A. conclue que, em muitos casos a ionisação melhora a rinite alergica. Os menos sensiveis ao alergeno são os que obtem melhores resultados. A ionisação produz resultados nefastos sobre a mucosa nasal, que duram pelo menos dois anos. Muitas perturbações são permanentes. Não ha excusas para o uso da ionisação, tendo-se em mãos metodos outros que não produzem resultados nocivos e que, no entanto resultam em beneficio. A ionisação só deveria ser usada se os beneficio., por elas ocasionados, fossem maiores que os maus efeitos produzidos.

M. H. LURIE (Boston) - "Como o orgão de Corti distingue o som? - Pag. 339.

O A. conclue:

1) que a neuro-anatomia e fisiologia falam a favor da teoria da resonancia.

2) a percepção do som está, definitivamente, situada na membrana basilar da coclea.

3) ha uma diferença aparente entre a sensibilidade das células de cabelos internas e externas. As externas são responsaveis pela muito baixos. As celulas internas se dedicam á fina discriminação dos sons.

4) as celulas externas degeneram-se mais facilmente que as internas.

5) a causa principal da surdez perceptora é, provavelmente, devido á degeneração das celulas externas de cabelos.

KENNETH PHILLIPS (Miami) - "O quinto, o nono e a decimo par craneano na asma bronquica - Pag. 373.

Dois mecanismos estão em jogo, diz o A., na produção do espasmo bronquico, a anormalidade do metabolismo geral, sempre presente, e o mecanismo auxiliar que desencadeia o aceso. Alem disto ficou demonstrado que ente mecanismo age por meio das vias reflexas neuro-anatomicas. O broncoespasmo experimental foi produzido em cães e no homem, utilisando-se destas vias. O comprometimento do metabolismo ficou bem evidenciado. E necessario um trabalho de cooperação entre os oto-rino-laringologistas e o clinico, para solução deste problema.

IRA FRANK (Chicago) - "Sub-luxação espontanea atloido-axial não traumatica - Pag. 405.

Diz o A. que na maioria dos casos existentes, de sub-luxação atloido-axial, os pacientes tiveram processos inflamatorios na cabeça e pescoço, logo antes de se processar a sub-luxação, entre entes, mencionam as amigdalites agudas, mastoidites, faringites, ulcerações do faringe, abcesso cervical, infecção dentaria agúda, coriza, influenza, etc.

A maioria destes casos seguiu-se ao reumatismo com complicação da garganta. A anamnese demonstra tratar-se de uma doença que dura ha uma semana, ou 10 dias, em seguida a qual o doente sentira uma caimbra no pescoço e ficou com a cabeça de lado evitando os movimentos. A cabeça é mantida rigida, ligeiramente para a frente, o occiput virado para uma das espaduas, com o queixo unido ao pescoço e apontando para a espadua oposta. Não ha contratura ou espasmo do musculo externo-cleido, a rigidez provindo do espasmo da musculatura profunda. A inclinação da cabeça é para o lado e sua rotação para o lado contrario ao que o atlas se tenha movido, podendo a espinha da segunda vertebra, ser apalpada no lado oposto.

O naso-faringe é, segundo Swanberg, grandemente reduzido de tamanho devido a. projeção do arco do atlas para frente.

M. O. R.


THE JOURNAL OF LARYNGOLOGY AND OTOLOGY
Vol. 51 - Março 1936 - N.° 3. (Londres)

LUMSDEN, R. B. (Edimburgo) - "Algumas observações sobre o sindrome de Gradenigo e as petrosites". - Pag.150.

O A. inicia seu artigo passando em revista os conhecimentos atuais sobre o sindrome de Gradenigo e inflamações profundas do rochedo. Descreve em seguida 5 casos de sindrome de Gradenigo ocorridos na Infermaria Real de Edimburgo desde 1927, e mais outros 4 casos observados, resumindo suas principais manifestações. Desses 9 casos, 5 restabeleceram-se e 4 faleceram. O mais moço com 6 anos e o mais velho com 33 anos. Seis homens e tres mulheres. Todos os casos estavam em relação com uma mastoidite aguda, sendo que em dois casos o sindrome desenvolveu-se antes da operação e em sete após a operação.

Dos dois casos em que o sindrome declarou-se antes da operação, um sarou e o outro faleceu. No caso que restabeleceu-se, a paralisia do abducens cedeu 16 dias após a operação. O paciente que faleceu apresentava a seguinte historia: cefaléa homolateral, otite média com 4 semanas de duração seguida de paralisia do abducens antes de qualquer sinal de meningite da qual faleceu. Durante a operação encontraram todas as celulas zigomaticas tomadas pelo processo.

Dos sete casos em que o sindrome declarou-se após a operação, 4 sararam e 3 faleceram. Em um, uma segunda operação demonstrou a existencia de uma galeria de celulas doentes, trilhando adiante para a ponta do rochedo. Restabeleceu-se completamente da paralisia em seis mezes. Em outro caso, a paralisia do abducens estabeleceu-se do lado oposto após a operação. Durante esta operação, encontrou-se o seio lateral trombosado, sendo feita a exposição do bulbo da jugular e a ligadura da jugular interna. O edema da papila, desenvolveu-se antes da paralisia (a qual cedeu em 11 mezes) primeiramente do lado operado e depois do lado oposto.

Em um caso que sarou, uma paralisia facial precedeu a operação, sendo que os sinais de irritação labirintica e o estabelecimento do sindrome seguiram-se á operação.

Os tres casos nos quais o sindrome desenvolveu-se após a operação e que morreram de meningite, apresentam um quadro clinico interessante: a cefaléa homolateral foi a primeira queixa acompanhada por elevação da temperatura. Seguiu-se a isto em um, dez e treze dias a paralisia do abducens, coincidindo com o desaparecimento da cefaléa e queda da temperatura ao normal em dois.

O A. assinala que em caso algum poude ligar o aumento da supuração do ouvido médio ou da mastoide com o estabelecimento do sindrome.

Em todos os casos em que a punção lombar foi praticada na epoca do acometimento paralitico do abducens, notou-se ligeiro augmento da pressão cefalo-raquideana, mas o liquido encontrava-se claro e sem aumento do numero das celulas.

Em um ultimo capitulo, o A., analisa 78 casos publicados, em que todos apresentavam ou l.°) o sindrome de Gradenigo tipico, ou 2.°) seja na ausencia da paralisia do 6.° par, outros sinais de petrosite postos em evidencia pela radiografia, operação ou autopsia.

A paralisia do abducens estava presente em 44 casos, sendo que lestes, 28 restabeleceram-se e 16 faleceram.

ROY, J. N. (Montreal) - "Paralisia bilateral, de origem gripal, dos abductores laringêos". - Pag. 167.

Individuo homem, com 43 anos, apresentou-se ao hospital queixandose de dificuldade á respiração. A anamnése revelou o seguinte: febre tifóide aos 13 anos e pneumonia. Aos 30 anos, infecção sifilitica, tendo, entretanto, seguido um tratamento intensivo. Justamente ha dois meses, foi acometido de um serio ataque de gripe e, 15 dias mais tarde, ligeira rouquidão acompanhada de alguma dificuldade á respiração. Um mez mais tarde novo ataque de gripe com grande aumento das perturbações respiratorias. Um mes após procurou-nos, dando entrada no hospital.

Ao exame nota-se paralisia bilateral das cordas vocais que encontram-se na posição paramediana. Um acurado exame de todos os outros departamentos oto-laringologicos e um exame neurologico perfeito, demonstrando o perfeito estado do cerebro e do eixo spinal, revelaram o estado de higidez em que se encontrava o resto do organismo.

Para evitar a asfixia foi praticada a traqueotomia.

Afastado, de inicio, qualquer manifestação neuro-sifilitica, achou desnecessario reativar o sangue para nova reação de Wassermann.

Foi administrada a striquinina. A paralisia do posticus permaneceu, sem nenhuma melhora, por um mez após a traqueotomia. Ao fim da 5.ª semana as melhoras tiveram inicio gradativamente e, dois mezes mais tarde, a canula foi retirada e o orificio suturado. A terapeutica foi completada pela aplicação de raios infra-vermelhos, durante 30 minutos, diretamente sobre a parede anterior do pescoço. O restabelecimento da função foi completo.

Passando ao estudo do agente etiologico da paralisia do posticus, considera-se, primeiramente, a sifilis. A-pesar-de contar no seu passado morbido uma infecção sifilitica, ha 13 anos, o tratamento severo a que se submeteu naquela epoca, o Wassermann negativo, assim como as reações cerebro-espinais serem, tambem, negativas, o exame neurologico nada demonstrar da presença de neuro-lues e, finalmente, sem nenhum tratamento especifico, a canula da traqueotomia foi removida, parece pouco possivel que o agente etiologico fosse a sifilis pois, do caso contrario, o individuo ainda seria portador, por muitos anos da canula de traqueotomia. O A., ao contrario da escola de Lermoyez, é de opinião que nem todas paralisias dos abductores do laringe são devidas á lues.

Os raios X demonstraram que o mediastino encontrava-se livre de qualquer lesão. O esofago era normal. O paciente nunca sofreu traumatismo algum sobre o pescoço, operações, tumores ou a presença de glandulas hipertrofiadas. Foi eliminado, tambem, o sindrome do foramen jugular. Não sendo amante do alcool e fumando moderadamente, elimina-se, assim, uma nevrite toxica. A artrite da articulação cricoaritenoidéa foi afastada por não ter sido possivel, do primeiro exame do paciente, determinar a existencia de uma laringite aguda.

O A. chega, assim, á conclusão de que o paciente era portador de uma nevrite infecciosa dos nervos recurrentes de origem gripal.

Depois de fazer uma extensa revisão na literatura, o A., considera o caso em vigencia como o primeiro de sua especie publicado na literatura medica.

J. E. DE REZENDE BARBOSA

ZEITSCHRIFT FÜR HALS- NASEN- UND OHRENHEILKUNDE
Vol. 39 - Fasciculos 3 e 4 - 1936.

EDUARD NEUBER - (Debrecen) - "Novos exames sobre o diagnostico e terapeutica do escleroma". - Pag. 281.

Cada doente de escleroma foi, de principio, tratado pelo A., com injeções intramusculares de um preparado de ouro (no caso Solganal B), numa dose total de 3 a 5 gramas, de acordo com a recetividade, sem cuidar se os doentes eram anergicos ou não. A este tratamento seguiu se, então; um outro, pela vacina especifica, de 10 a 15 injeções em intervalos de 4 a 5 dias. Como dose inicial foi escolhida aquela que ocasionava, ainda, forte reação alergica, sem, no entanto, produzi-la no individuo de controle. As doses devem ser aumentadas de tal forma, que cada injeção seguinte produza, ao menos, uma reação local da pele.

No caso de uma unica cura (ouro+vacina) não fôr proveitosa, o A. repete-a, depois de 4 a 8 semanas. Finalmente poude, o A., com esta terapeutica, curar a quasi totalidade dos doentes, sendo que as perturbações funcionais foram melhoradas em todos os casos. A experiencia (ouro+vacina especifica) é completamente nova.

DR. BRUNO KECHT e DR. HANS DIBALD (Vienna) - Diabetes e as supurações dos ouvidos, das cavidades anexas do nariz e da garganta". - Pag. 288.

Ao contrario da opinião geral, sobre o diabetes nas supurações dos ouvidos, das cavidades anexas e das amigdalas, o modo de vêr dos AA. é o seguinte:

1) No ponto de vista oto-rino-laringologico:

a) O curso da otite média aguda é, até certo ponto, de aspeto benigno, comparado com a frequencia que leva a mastoidite, relativamente aos não diabeticos.

b) A mortalidade da mastoidite é mais elevada nos diabeticos, se considerarmos a mortalidade, em todas as idades, do que nos não diabeticos (23,5% contra 10,9%); no entanto ela é aproximadamente igual, consideradas somente as pessoas edosas.


c) O prognostico para os diabeticos jovens, muito embora a molestia seja grave, é melhor.

Nas pessoas edosas (acima de 55 anos), com a sobrecarga de outra molestia (tuberculose, doenças do aparelho vascular) e, tambem, nos anemicos e cacheticos, o prognostico é mau.

d) A indicação operatoria deverá ser precoce para os pacientes deste ultimo grupo. Para os jovens e doentes ainda, fortes pode-se esperar atendendo ao lado otologico.

e) As supurações das cavidades anexas e peri-amigdalianas, não apresentam nenhuma particularidade para os diabeticos.

2) No ponto de vista clinico deve-se considerar as perturbações nas trocas organicas; que são peiores em qualquer supuração, seguindo-se, naturalmente, a melhora dessas trocas, desde que se remova e cure o fóco de supuração.

3) Decorre, do que ficou dito, a necessidade de uma intervenção cirurgica mais precoce e urgente do que para os não diabeticos.

4) O A. refere-se, por fim, sobre alguns pontos de vista do tratamento do diabetes antes e após a intervenção cirurgica.

KARL OTTO MARCKSTADT (Berlim) - "Contribuição á agranulocitose". - Pag. 301.

O A. apresenta 6 casos de agranulocitose assim discriminados: a idade variou entre 32 e 66 anos, 3 homens e 3 mulheres. A anamnese faz referencia, de acordo com a maioria dos autores, a uma serie de molestias anteriores: poliartrite reumatica, nefrite, amigdalite, lues, eczema, ulcera do estomago etc. que, ocasionalmente, atuam como momento predisponente, conforme se admite hoje, provocando uma diminuição da resistencia ou sensibilisando o organismo e causando a molestia. O inicio desta é, quasi sempre, agudo e acompanhado de elevação repentina da temperatura de carater septico post-calefrios. Em 2 casos do A. a temperatura foi de ascenção lenta, precedida de mau estar. Nestes dois casos existia, alem da leucopenia, uma diminuição do numero dos eritrocitos. Casos desta especie são de extrema gravidade. A ictericia só foi observada em um dos casos acompanhada de diatese hemorragica.

Engorgitamento generalisado dos ganglios não foi observado nem uma, só vez. Fígado e baço só se apresentaram aumentados num caso. Este caso faleceu 6 mezes depois de endotelioma do baço. A necrose da boca e garganta primam sobre os outros achados da molestia. As amígdalas encontravam-se necrosadas somente em 2 casos, nos 4 restantes os pilares, a parede do faringe, a base da língua, a entrada do laringe e a epiglote apresentavam-se assim. A dureza inflamatoria de tipo lenhoso da base da língua, foi observada uma vez. O esfregaço da garganta demonstrou pneumococus e bacilos pseudo-diftericos.

Alimentação difícil devido á infiltração da garganta, tornando-se necessaria alimentação artificial.

A hematologia da totalidade dos casos demonstrou: hemoglobina entre 73 e 95%, o numero dos eritrocitos entre 2,5 e 5,4 milhares. O pequeno numero de globulos vermelhos no 3.° caso, ocasionou a marcha lenta da molestia, seguida de morte. O numero de plaquetas era normal nos casos examinados. Pela quasi completa neutrofilia o numero dos leucocitos caiu entre 300 e 1250, sendo que estes eram quasi que exclusivamente linfocitos. Em um dos casos os monocitos estavam aumentados; neste caso de relativa monocitose o decurso da molestia foi tido como bom. Os dois unicos casos que não faleceram durante o periodo de neutropenia, comportaram-se, diferentemente, quando da fase de regeneração. Um deles inclinou-se para remissão, pelo aumento gradativo dos leucocitos, no espaço de 8 semanas, sendo, porem, que o numero normal dos leucocitos não foi alcançado, conservando-se ao -redor de 3.600.

Formação de abcessos se deu em 2 casos, sendo uma vez no pescoço, sobre o musculo externo-cleido-mastoidêo e outra vez na nuca. E' importante que ambos os casos que não faleceram, muito embora um deles tenha morrido, de endotelioma do baço, 6 mezes depois, tenham sido portadores de abcessos. Sob a influencia da formação dos abcessos a leucopenia sofreu uma modificação caraterística, no sentido de forte aumento, em poucos dias, no numero dos leucocitos, para cair, este aumento, logo após a abertura dos abcessos. Ao passo que um desses casos o numero dos leucocitos conservou-se em 5.000, no outro caiu, de novo, até 650.

Como terapeutica pelo emprego do fígado, foi o que deu resultado nestes casos. Ela paralisou a queda do numero dos leucocitos e melhorou o poder de regeneração do sistema leucopoietico. Formar descreveu 5 casos de agranulocitose, dos quais 4 curaram-se por este tratamento.

A queda dos tecidos necrosados da boca e faringe, iniciou-se desde que aumentou a riqueza de granulocitos no sangue. Isto significa que a falta deles, no sangue periferico, seria a causa principal das necroses. A maior duração em vida, de um paciente portador de completa ausencia de neutrofilos, foi de 7 dias. A duração da molestia, nos casos letais, foi curta - nos casos agudos de 3, 7 e 8 dias do inicio. O caso lento da molestia morreu aos 19 dias.

Como terapeutica, nos casos de decurso letal, foi utilisada, somente, a sintomatica, sôro glicosado e tonicos cardiacos. Em alguns casos, devido a fraqueza dos pacientes, não foi possivel o uso das irradiações dos ossos longos. As injeções de alcool (30 cc. a 30% em solução a 10% de cloreto de sodio) fizeram cair a temperatura.

Dois casos morreram de pneumonia hemorragica, por paralisia toxica vaso-motora.

Como terapeutica já foram empregados os mais diversos meios: Neosalvarsan, Omnadin, Yatren--caseina, Solganal, Neosfenamina e Mercuriocromo, sem resultado. De melhor efeito é a injeção de alcool à 30%, em sôro fisiologico á 10%. Quanto á transfusão sanguinea, as opiniões dividem-se, assim tambem para os raios X. Em vista das frequentes remissões, em consequencia da formação de abcessos, está indicado o uso do abcesso de fixação. O emprego das injeções de Pentosenucleotid K. 96, é aconselhado pelos americanos. Ao A. parece que o melhor tratamento é pelo emprego da medicação hepatica. Nos casos de agranulocitose com trombopenia e diatese hemorragica, o emprego de adrenalina, feito diariamente, dá bom resultado (dose diaria: 1 cc. da solução 1/ 1.000), sobretudo nos casos de marcha lenta. O resultado de qualquer tratamento dependerá, sobretudo, do estado geral do organismo.

M. O. R.

ARCHIV FÜR OHREN-, NASEN- UND KEHLKOPFHEILKUNDE
Vol. 141 - Fasc. 4 - Agosto 1936.

DR. BRUNO KECHT (Vienna) - "Sobre o conhecimento e tratamento das supurações ascendentes da boca e da garganta, para o endocraneo." - Pag. 275.

As fontes de complicações endocraneanas por supurações localisadas na boca e na garganta provém: 1) dos dentes, 2) das amigdalas, 3) das paredes da garganta. Os dois casos observados, na clinica, pelo A. não bastam para ajuizar da frequencia, destas complicações, provenientes dos dentes. Diz o A., no que se refere ás complicações de origem amigdaliana, que de 465 casos de amigdalites e peritonsilites agudas houve 1 caso de morte por complicação endocraneana (1,18%). A totalidade dos casos falecidos por complicações gerais originarias nas amigdalas perfazem 18,1 %. Foram descritos 5 casos de processos amigdalianos Ascendentes, dos quais 4 morreram e 1 curou-se.

Ainda mais rara é a complicação de origem faringeana. A infecção se processou:

1 ) atravez do tecido frouxo do espaço parafaringéo para cima, na direcção da base do craneo em forma de abcesso ou fleimão e, secundariamente, atravez do foramen oval, redondo, lacero, jugular.

2) pela via venosa, ou seja:

a) pelo plexo pterigoidêo, ou em ligação venosa direta com o fóco primario (particularmente nas amígdalas), ou pela invasão deste no espaço para-faringêo e ascenção, por este, até o plexo, deste seguirá pela rica rede venosa para o interior do craneo, de onde, na maioria dos casos, caminha para a orbita.

b) atravez de uma trombose retrograda da veia facial posterior á veia jugular interna e seio sigmoidêo ou ao plexo carotico.

O mais frequente é a combinação dos dois modos descritos em 1 e 2a - sendo raro o modo 2b. Outros modos de propagação, por não terem sido, ainda, observados em clinica, são hipoteticos. Os sintomas dividem-se em extra e intracraneanos.

Dos extracraneanos são mais frequentes: trismus, dores de dentes (nevralgia trigemeo), parotidite, infiltração da região temporal, sintomas auditivos (ferroadas, zoadas, surdez), pontadas nos olhos, quemosis homolateral e protusão do globo ocular.

Dos intracraneanos: nevralgia do trigemeo nos tres ramos, eventualmente herpes zoster, sintomas oculares contra ou bilaterais (protusão do globo ocular, quemosis, paralisias musculares), sintomas gerais intracraneanos (vomitos, dores de cabeça, liquor patologico, sintoma focal).

Aos sintomas extracraneanos deve-se dar grande importancia.
O decurso do processo é vario, frequentemente tempestuoso, levando o paciente á morte em poucos dias, sobretudo nas supurações das amígdalas, raramente caminha por etapas, durando varias semanas (os casos de origem dentaria).

A terapeutica não é, no entanto, sem esperança de sucesso. Ela consiste:

1) Irradicação do fóco primario (amigdalectomia, extração dos dentes, incisão do abcesso retrofaringeo).

2) Abertura do espaço parafaringeo e da fossa pterigomaxilar pela via externa e interna, ou seja

a) por uma incisão ao longo dos vasos sanguíneos e paralela ao ramo horizontal do maxilar inferior.

b) pela incisão acima da arcada zigomatica com ressecção da mesma e do processo coronoide da mandíbula.

c) atraz do nicho da amígdala, logo após a amigdalectomia.

d) atravez da parede lateral do epifaringe.

e) atravez da préga do vestíbulo bucal, ao longo da parede lateral do antro maxilar.

f) atravez do antro maxilar.

3) Operações pela via orbital:

a) incisão no bordo lateral da orbita.

b) exposição da orbita segundo Krönlein.

c) exposição da orbita atravez do antro maxilar.

d) exenteração da orbita.

4) Inspeção cuidadosa e ligadura eventual das veias importantes, com atenção particular ás anomalias do desague da veia facial posterior.

DR. ERICH WIRTH e DR. THEA BRAUN (Heidelberg) - "Exames bacteriologicos comparados do epifaringe, do nariz e das amigdalas palatinas, sobretudo que infectadas de forma aguda." - Pag. 317.

1 ) O epifaringe somente, muito raramente, está livre de germens, mesmo em condições de saude, ele alberga, em regra, numerosos germens da flora bucal (estreptococus, cocus gram-negativos do grupo micrococus catarralis. Ao contrario das ideias de Simonis, o A. acha que a divisão exata desses germens, das vias aereas superiores, em saprofitas e não saprofitas é de grande necessidade. A existencia de numerosos germens não saprofitas (estreptococus hemoliticus, pneumococus dos primeiros 3 tipos, os bacilos de influenza) significam, quando encontrados no naso-faringe, assim como no nariz e nas amigdalas, a presença de um processo patologjco localisado nestes orgãos.

2) A flora do epifaringe, num mesmo individuo, não é sempre a mesma que a do nariz e amigdalas. A maioria das pessoas tem, em cada secção das vias aereas superiores, uma flora constante; sua especie, porem, é diversa de homem para homem, ou melhor, é atinente a determinadas pessoas.

3) Uma infecção aguda das vias aereas superiores fornece cultura pura do agente causador pelo material do epifaringe. Este material do epifaringe ainda é mais certo do que o retirado do nariz e das amigdalas. Quando da infecção das amigdalas tambem o nariz e o epifaringe estarão, constantemente, tomados. Este fato fala contra as propriedades curativas das pastilhas e dos gargarejos.

4) O local da infecção predomina tanto no nariz, quanto no epifaringe - sendo que as amigdalas, como fóco primario de infecção, não tem importancia que lhe costuma ser atribuida.

5) Após a diminuição dos sinais clinicos da molestia, os germens causadores (sobretudo o estreptococus hemoliticus) ainda são encontrados nas mucosas das vias aereas superiores.

DR. I. ERNYEI (Szeged) - "Os elementos dos nervos e ganglios do ouvido interno." - Pag. 343.

O A. praticou, em diversos animais, uma serie de cortes do ouvido interno, que foram tratados, uma parte pelo metodo prolongado de osmium, e outra pela impregnação pela prata.

Tanto nos cortes longitudinais, quanto nos transversais, encontrou, o A., feixes revestidos de mielina no nervo vesticular. No ganglio vestibular existem duas variedades de celulas: grandes, claras e pequenas e escuras.

No nervo coclear existem feixes com envolucros medulares finos. Na visinhança dos vasos encontram-se nervos nús, sem mielina. O ganglio coclear é composto de duas variedades de celulas: claras e escuras. Parece provavel, que as fibras amielinicas do nervo simpatico, gozam de grande importancia no mecanismo dos reflexos vaso-motores do labirinto.

DR. BRUNO KECHT (Vienna) - "Sobre a histologia de um abcesso do "lobo frontal, caso operado e curado. - Pag. 349.

O A. apresenta um caso de abcesso do lobo frontal que tinha sido operado e curado, 5 mezes antes da morte que se seguiu a um ataque epiletico.

O exame histologico do abcesso e de sua visinhança mostrou que o abcesso propriamente dito estava curado pelo enchimento de tecido conjuntivo cicatrizado e de gliose com degeneração das bainhas medulares. Ao lado deste processo cicatricial, e independente dele, havia um nucleo de encefalite fresca, perifocal, que foi considerado como causa dos ataques de contratura e, tambem, da morte.

M. O. R.


DER HALS-, NASEN- UND OHRENARZT (1.ª Parte)
Vol. 28 - 1.° fasc. - 1937.

DR. WALTER SCHUTZ (Giessen) - "Perturbações da voz na tuberculose do laringe". - Pag. 1.

Na tuberculose do laringe distinguem-se diversos tipos de perturbações da voz, e isto de acordo com a situação da molestia:

1) Rouquidão.

A) Disfonia primaria pela

1) diminuição ou ausencia de vibração das cordas vocais:

a) pelos diversos graus de inflamação tuberculosa das cordas

b) pelas perturbações da pressão expiratoria devido á inflamação tuberculosa sub-glotica.

c) pelos diferentes graus de cicatrização após cura.

2) diminuição da abducção e da aducção das articulações das aritenoides, produzida pela tuberculose destas articulações, assim com pelas, anquiloses cicatriciais.

B) Disfonia secundaria pela

1) ausencia de vibração das cordas vocais causadas. pelo prolapso do ventriculo de Morgagni.

2) impedimento da aducção (diminuição do fechamento da glote ou dos movimentos das articulações das ritenoides.

a) pelos polipos, infiltrações, granulações na comissura posterior ou anterior.

2) Voz pelas falsas cordas

A) Pela infiltração das mesmas.

DR. H. RUDERT (München) - "Sobre a clinica dos canceres do esofago". - Pag. 18.

Foram observados, nos ultimos 4 anos, 40 casos de canceres do esofago e, destes, 24 foram irradiados. Como resultados destas observações:

1) que o meio de diagnostico de escolha é a esofagoscopia com biopsia. A vantagem da esofagoscopia, sobre os raios X, está na maior segurança que é ainda maior para os carcinomas da boca do esofago, do terço superior e médio.

2) o Radium é o tratamento mais indicado nos canceres do esofago. A média das doses empregadas pelo A. foi de 800 mgehiicm (distancia 4,0 mm; filtro: 0,3 mm. Pt+2,4 mm. latão) e foram ministradas em varias frações. Repetir a mesma dose 2 mezes depois. Os raios X não deram melhores resultados. Os resultados sintomaticos do tratamento pelo Radium foram, relativamente, bons. Este tratamento foi o que proporcionou sobrevida maior.

HANS HAARMANN (Marburg) - "Sobre a questao das lesões dos ouvidos nos acidentes pela electricidade. -
Pag. 49.

Nossos conhecimentos, sobre as lesões dos ouvidos causados pela electricidade, apoiam-se, sobretudo, em observações clinicas; ainda não existe um exame hiato-patologico de um acidentado desta sepecie. Os acidentes elétricos, transportados ás pessoas que telefonam, podem ser causados pelo raio e pela intensidade da corrente elétrica mesma. A corrente elétrica normal do telefone é muito fraca para poder causar um dano.

O lugar da lesão está situado, possivelmente, nos nucleos do acustico na medula alongada. As lesões dos tecidos provocadas pelas perturbações vasculares, que, tambem, já foram demonstradas experimentalmente em animais (Loebell) são diferentes das modificações organicas degenerativas produzidas pela electricidade.

As perturbações da audição são mais constantes que as do equilibrio. Na maioria dos canos existe uma surdez do ouvido interno, raramente do aparelho de condução.

As perturbações podem ser precoces ou tardias.

M. O. R
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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