Atualmente, a otoneurologia é entendida como o estudo e avaliação do equilíbrio corporal. Sendo assim, as avaliações de outrora foram complementadas por uma série de exames e procedimentos que, em conjunto, avaliam o complexo sistema de equilíbrio. A audiometria e a imitanciometria são partes integrantes da avaliação otoneurológica, ao lado da avaliação vestibular.
A avaliação vestibular clássica consta de três etapas:
1. Anamnese;
2. Testes de observação direta, que compreendem o equilíbrio estático e dinâmico, as provas de coordenação e os testes do reflexo vestíbulo ocular (impulso cefálico, desvio da linha do olhar, nistagmo espontâneo e semiespontâneo);
3. Oculografia, avaliação monitorizada por eletrodos ou óculos de infravermelho, que compreendem o nistagmo espontâneo, semiespontâneo e fixação ocular; a oculomotricidade (sacadas, rastreio e nistagmo optocinético); os testes posicionais e de posicionamento e a prova calórica (PC) bilateral quente e fria, com intervalos adequados entre as estimulações.
A parte técnica da oculografia não possui significado clínico sem a anamnese e o exame físico do doente, pois a interpretação deste depende da avaliação conjunta e da interação entre sintoma e sinal oculográfico. Portanto, a participação do médico é condição necessária para uma conclusão adequada. A execução da avaliação otoneurológica completa tem a duração aproximada de uma hora, na ausência de intercorrências.
A PC fornece informação a respeito do funcionamento do canal semicircular lateral após estímulo térmico e costuma estar alterada nos casos de falência vestibular periférica uni ou bilateral. O exemplo clássico de alteração da prova calórica é a neurite vestibular, em que observamos a hiporreflexia pós-estimulação. No entanto, a PC pode estar normal em várias vestibulopatias. Entre os diagnósticos otoneurológicos que podem apresentar PC normal estão a migrânea, a vertigem posicional paroxística benigna (VPPB), a tontura crônica subjetiva ou doenças em que ocorra flutuação da função vestibular (como a Doença de Menière em seu período de remissão). Portanto, a prova calórica como exame isolado pode não diagnosticar várias doenças do sistema vestibular. É necessária a avaliação médica para que sejam formuladas hipóteses claras e fundamentadas com a finalidade de emitir laudos e indicar exames complementares que confirmem a doença em questão. Entre esses outros exames estão a posturografia, os testes eletrofisiológicos, o videoteste do impulso cefálico, a cadeira pendular e os exames de imagem.
1. Ambulatório de Otoneurologia, Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
2. Ambulatório de Otoneurologia, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil
3. Setor de Otoneurologia, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil
4. Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil
5. Departmento de Otorrinolaringologia, Faculdade de Medicina, Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), Campinas, SP, Brasil
6. Departmento de Otorrinolaringologia, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil
7. Hospital Sírio-Libanês, São Paulo, SP, Brasil
8. Disciplina de Otorrinolaringologia Cabeça e Pescoço, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil
9. Clínica de Otorrinolaringologia, Instituto Penido Burnier, Campinas, SP, Brazil
10. Faculdade de Medicina, Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro, RJ, Brazil
R. Mezzalira
E-mail:
raquelmezzalira@uol.com.brEm nome do Departamento de Otoneurologia, Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF)