INTRODUÇÃOO conhecimento de princípios científicos e de interpretação de artigos é importante na formação profissional de qualquer médico especialista. Há um número crescente de publicações como consequência da geração de novos conhecimentos que devem ser incorporados à prática médica. Para manter-se atualizado e garantir a qualidade da assistência, é essencial que o médico compreenda o processo de produção científica, analise criticamente e aplique de forma racional a informação científica
1. O médico com experiência na área científica interpreta corretamente os dados da literatura para escolher a melhor opção terapêutica para seus pacientes e pode participar de pesquisas para desenvolvimento de novas condutas, terapias e métodos preventivos
1.
Há carência na formação científica do médico brasileiro durante a graduação. A minoria dos alunos da graduação médica no Brasil participa de pesquisas científicas. Segundo Oliveira et al.
2, apenas 12% dos estudantes de Medicina de seis diferentes faculdades da federação participaram de iniciação científica durante a graduação. O envolvimento em pesquisa durante o curso de Medicina estimula o interesse do acadêmico na área científica e a futura inserção em atividade de pesquisa na pós-graduação
3.
Existem poucas informações disponíveis sobre o tipo e qualidade do treinamento em pesquisa durante a especialização médica. Em um programa de residência médica de medicina da família, observou-se que aqueles que tiveram treinamento em pesquisa durante a especialização reconhecem sua importância em guiar decisões de tratamento
4. Entretanto, apenas uma pequena proporção dos residentes almejam a carreira acadêmica com enfoque em pesquisa ou buscam cursos de pós-graduação
5.
Em relação ao especialista em Otorrinolaringologia, não há trabalhos na literatura que analisem a qualidade da sua formação em pesquisa no Brasil, a despeito da importância da experiência e conhecimento científicos na prática médica
1. Neste trabalho, pretendemos avaliar o conhecimento teórico e prático em pesquisa científica dos residentes e especialistas em Otorrinolaringologia.
MÉTODO
Desenho de estudo e participantes Trata-se de um estudo transversal sobre conhecimento e prática científica entre médicos residentes e especialistas em Otorrinolaringologia no Brasil. O questionário utilizado por Reis-Filho et al.
6 em estudantes da graduação (Medicina e Direito) foi adaptado para os médicos e especialistas em Otorrinolaringologia, permanecendo com as mesmas perguntas sobre conhecimento e prática científica, e acrescentando questões relativas ao local de trabalho, tempo de formado e se tratava-se de médico especialista ou residente. Foram convidados aleatoriamente para participar do estudo os médicos que frequentavam dois congressos nacionais da especialidade nos anos de 2009 e 2010 durante sua passagem pelo estande onde estava sendo aplicado o questionário. O preenchimento ocorreu no momento da entrega e os voluntários foram orientados a responder ao questionário apenas uma única vez. Foram considerados apenas os questionários preenchidos de forma completa e não houve identificação dos participantes. Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o número de protocolo 361/2011.
QuestionárioFoi aplicado questionário (Anexo 1) com informações sobre idade, gênero e participação em programas de iniciação científica durante a graduação, além de seis questões de múltipla escolha sobre conceitos básicos da ciência, conhecimento de estatística e da estrutura de um artigo científico
6. Adicionalmente, foram incluídas questões relativas à capacidade de interpretação e escrita de artigo científico e de planejamento e condução de projetos de pesquisa.
Análise dos dadosAs respostas foram estratificadas de acordo com: a participação prévia em projeto de pesquisa durante a graduação; diferença no conhecimento científico teórico e avaliação subjetiva em relação à escrita prévia de artigo científico e tempo desde a conclusão da graduação. As questões de múltipla escolha foram expressas em porcentagem de respostas corretas e as diferenças foram analisadas por teste exato de Fisher. O desempenho teórico médio de cada grupo foi calculado como a média de acertos de cada indivíduo nas seis questões teóricas de múltipla escolha e foi analisado com o teste Mann-Whitney. O programa
GraphPad Prism® 5.0 foi utilizado para as análises dos dados e foi considerado estatisticamente significante o
p < 0,05.
RESULTADOS
Perfil dos participantes Participaram do estudo 73 médicos, sendo a maioria do sexo masculino (62,5%; n = 45), entre 26-35 anos (62,9%; n = 44) e com menos de 10 anos de conclusão da graduação (66,7%; n = 48). Cerca de 52% (n = 38) eram especialistas e 38% (n = 28) residentes de Otorrinolaringologia. (Tabela 1). A maioria participou de alguma atividade científica durante a graduação (76,5%; n = 52) e/ou escreveu pelo menos um artigo científico (78,4%; n = 40) (Tabela 1).
Conceitos teóricos em ciênciaNas seis questões de múltipla escolha destinadas a avaliar o conhecimento dos conceitos gerais da pesquisa e ciência aplicada, houve um percentual médio de acerto de 46,1%. Apenas 21,92% (n = 16) acertaram a questão sobre definição de hipótese científica, enquanto cerca de um terço acertou as questões sobre citações (31,08%; n = 23) e estrutura de um artigo científico (32,43%; n = 24) (Figura 1). A maioria dos participantes respondeu corretamente às perguntas referentes ao processo de escrita da introdução de um artigo, à conceituação de MedLine e à categorização de representatividade (Figura 1)
Figura 1. Percentual de acertos nas questões teóricos de pesquisa científica. Desempenho geral dos participantes do estudo nas questões teóricas sobre pesquisa científica. Valores são mostrados no valor percentual de acertos em cada questão.
Participação em pesquisa ou escrita de artigo científicoOs médicos e residentes otorrinolaringologistas que participaram de projeto de pesquisa tinham menos tempo de graduação (< 10 anos) e já haviam escrito um artigo (
p = 0,0324 e
p < 0,0001, respectivamente) (Figura 2). Além disso, os participantes que tinham uma experiência prévia em projetos de pesquisa sentiram-se mais capazes em interpretar um artigo científico sem assistência (
p = 0,01), assim como planejar um projeto científico com assistência (
p = 0,02) (Figura 3).
Figura 2. Associação entre o tempo de formado ou escrita de artigo e a participação em projetos de pesquisa. Valores são mostrados como o número relativo (em porcentagem) de indivíduos que participaram em projetos de pesquisa de acordo com (A) o tempo de formado (< 10 anos e
> 10 anos) e (B) escrita de artigo científico. O teste exato de Fisher foi utilizado em ambos gráficos para estabelecer as diferenças estatísticas.
Figura 3. Influência da participação em pesquisa na capacidade em interpretar um artigo ou planejar um projeto científico. Valores são mostrados como o número absoluto de indivíduos. As barras brancas representam os indivíduos que participaram e as barras pretas aqueles que não participaram em projetos de pesquisa. O teste exato de Fisher foi utilizado em ambos gráficos para estabelecer as diferenças estatísticas.
Apesar de 76,47% já terem participado de atividade de pesquisa durante a graduação e 78,4% já terem escrito um artigo científico, o conhecimento teórico científico entre residentes e otorrinolaringologistas foi baixo (média de 46,1% de acertos). A média de acertos nas seis questões teóricas para cada participante do estudo foi maior entre os indivíduos que participaram de projeto de pesquisa comparado aos que não participaram (3,1
vs. 2,16,
p = 0,0103) ou que escreveram um artigo científico em relação aos que não escreveram (3,2
vs. 2,2;
p = 0,0101) (Figura 4). Nesse último caso, o desempenho daqueles que relataram já ter escrito um artigo foi melhor apenas no quesito sobre "representatividade" (
p = 0,0287), o que elevou a média desse grupo (Figura 5). Por outro lado, a participação em atividades de pesquisa (monitoria, iniciação científica) durante a graduação não elevou o número de acertos nas questões teóricas (Figura 4).
Figura 4. Desempenho teórico médio de acordo com a participação em pesquisa, projeto e escrita de artigo. Valores são mostrados como a média da média de acertos de cada indivíduo nas seis questões teóricas múltipla escolha presentes no questionário aplicado. O teste Mann-Whitney foi utilizado para estabelecer as diferenças estatísticas dos gráficos, apenas os valores de
p significativos (
p < 0,05) são mostrados.
Figura 5. Desempenho nas questões teóricas de acordo com a escrita prévia de artigo científico. Valores são mostrados como o número absoluto de indivíduos que acertaram cada questão. As barras brancas representam os indivíduos que escreveram e as barras pretas aqueles que não escreveram artigo científico. O teste exato de Fisher foi utilizado nos gráficos para estabelecer as diferenças estatísticas, apenas os valores de p significativos (
p < 0,05) são mostrados.
DISCUSSÃONesse estudo, investigamos variações na qualidade da formação em pesquisa no decorrer dos anos por meio da análise dos participantes de acordo com o tempo de formado. A participação em projetos de pesquisa foi maior no grupo com menos de 10 anos de formado, demonstrando melhora do acesso à prática de atividade científica. Entretanto, o desempenho desse grupo nas questões teóricas foi semelhante aos médicos com maior tempo de formados.
A participação em projetos de pesquisa está associada à maior média de acertos em várias questões teóricas sobre conhecimento científico. Aqueles com uma experiência prévia em projetos de pesquisa também sentiram-se mais capazes de interpretar um artigo científico sem assistência e a conduzir um projeto de pesquisa com assistência. É necessário aumentar a inserção de otorrinolaringologistas brasileiros em grupos de pesquisa para melhorar a qualidade do conhecimento científico na área. Além de elevar o conhecimento científico dos especialistas, a participação em projetos também é importante para aumentar o interesse pela atividade acadêmica e a formação de novos pesquisadores.
Neacy et al.
7 descreveram que residentes que completaram um projeto de pesquisa original durante a escola médica estavam mais interessados na carreira acadêmica. Os indivíduos que participaram de atividade de pesquisa durante a graduação de medicina publicaram um número maior de artigos (média de quatro) do que aqueles que não participaram (média de um) nos 14 anos seguintes a conclusão do curso
8. O estímulo de pesquisa durante a graduação pode suprir a necessidade por médicos cientistas e ajudar países em desenvolvimento a alcançarem a autossuficiência na área da pesquisa em saúde
9.
Verificamos, também, que aqueles que já participaram de um projeto de pesquisa tinham uma experiência maior na escrita de artigo científico. Apesar da escrita prévia de artigo ter se correlacionado com melhor desempenho teórico nas questões sobre conhecimento científico, este resultado se contradiz com o histórico de publicação, pois era esperado que esse grupo tivesse mais conhecimento sobre a estrutura de um artigo. Nesse trabalho não colhemos informações sobre o tipo (artigo original, de revisão, relato de caso, etc) e qualidade da publicação citada, o que poderia ajudar a compreender o baixo desempenho teórico desse grupo.
Sabe-se que, apesar do aumento do número de publicações brasileiras em Otorrinolaringologia na última década, passando de aproximadamente 140 em 2000 para 260 em 2010, há um baixo índice de citação dessas publicações comparado com outros países (média aproximada de 4,9 por ano nos artigos brasileiros contra 13 na Tailândia e 7,5 na Turquia, por exemplo) ou mesmo com as publicações brasileiras de outras especialidades (média aproximada de 7,4 citações por artigo de Oftalmologia e de 10 citações por artigo de Urologia, por exemplo)
10. Acreditamos que a maior participação em projetos de pesquisa poderá modificar essa realidade e refletir-se em uma melhoria na qualidade das publicações.
O baixo desempenho nas questões sobre conhecimento científico observado nesse estudo pode ser resultado de deficiências na formação em pesquisa desde a graduação e que persiste durante o período de residência. Como forma de reforçar a experiência científica durante a graduação, os programas de residência médica devem contemplar em seu currículo atividades de pesquisa. A realização de pesquisa científica durante a residência pode melhorar o atendimento clínico por meio da promoção de habilidades para avaliação crítica, raciocínio clínico e de aprendizagem permanente
11,12.
Programas que contemplam a pesquisa no currículo apresentam residentes com maior apreciação pela pesquisa, mais confiantes em suas habilidades em pesquisa científica e mais confortáveis em conduzir projetos de pesquisa
4. São fatores de sucesso em um treinamento em pesquisa: a disposição e orientação de mentores, o treinamento em métodos básicos de pesquisa, disponibilidade de tempo e uma estrutura de suporte à pesquisa científica
13-15. Nos cursos de residência, estratégias educacionais em ciência incluem palestras e seminários sobre conceitos científicos, realização de projetos de pesquisa e apresentação de trabalhos
16.
Durante um congresso da especialidade nos EUA, foram discutidas formas de incentivar, principalmente durante a residência médica, a formação de otorrinolaringologistas pesquisadores
17. Foi sugerido que modelos de formação mais flexíveis e apoio contínuo das fases de treinamento clínico por meio do desenvolvimento e maturação do corpo docente são necessários para estimular otorrinolaringologistas a exercer uma carreira que combine a investigação com a prática clínica
17. No Brasil, não dispomos de dados objetivos sobre a qualidade das atividades de pesquisa científica nos diversos serviços de residência, o que poderia ajudar a compreender os nossos resultados.
A ampliação e qualificação da participação em atividade de pesquisa dos residentes de Otorrinolaringologia poderá resultar em melhora no conhecimento científico teórico do especialista e, consequentemente, na qualidade das publicações da Otorrinolaringologia.
CONCLUSÕESO conhecimento científico adequado é importante para a excelência do médico especialista. Observou-se neste estudo um baixo índice de acertos nas questões teóricas de pesquisa científica. Esse desempenho foi melhor entre aqueles que já participaram previamente de projetos de pesquisa, demonstrando a importância dessa experiência na formação científica básica do otorrinolaringologista. Os que participaram previamente de grupos de pesquisa também afirmaram estar mais preparados para interpretar um artigo científico e conduzir um projeto de pesquisa. Acreditamos que um investimento maior na educação científica durante a residência médica poderá reverter esse quadro, enriquecendo a formação do otorrinolaringologista brasileiro e contribuindo para a geração de novos pesquisadores nessa área.
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http://dx.doi.org/10.1016/j.otohns.2006.05.0141. Estudante de doutorado.
2. Médico Otorrinolaringologista (Médico Otorrinolaringologista da Santa Casa de Misericórdia da Bahia - Hospital Santa Izabel).
3. Médico Otorrinolaringologista PhD (Coordenador do Programa de Residência Médica da Santa Casa de Misericórdia da Bahia - Hospital Santa Izabel).
4. Médico, Doutor (PhD) - Fellow em Pesquisas Clínicas do Laboratório de Doenças Parasitárias do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas - Instituto Nacional de Saúde.
5. Médico PhD (Pesquisador Titular do Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz - FIOCRUZ/BA; Professor Titular do Departamento de Anatomia Patológica - Faculdade de Medicina - UFBA).
6. Médica Otorrinolaringologista PhD (Preceptora da Residência Médica de Otorrinolaringologia do Hospital Santa Izabel e Professora Adjunta do Departamento de Anatomia Patológica - Faculdade de Medicina - UFBA).
Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz - FIOCRUZ/BA e Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Endereço para correspondência:
Viviane Boaventura
Rua Waldemar Falcão, nº 121. Candeal
Salvador - BA. Brasil. CEP: 40296-710
Tel: (71) 3176-2259
E-mail:
vsboaventura@gmail.com Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) do BJORL em 19 de novembro de 2012. cod. 10603.
Artigo aceito em 8 de abril de 2013.