ISSN 1806-9312  
Terça, 30 de Abril de 2024
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4398 - Vol. 79 / Edição 1 / Período: Janeiro - Fevereiro de 2013
Seção: Artigo Original Páginas: 35 a 38
Avaliação do recesso lacrimal do seio maxilar: estudo anatômico
Autor(es):
Paulo de Lima Navarro1; Almiro José Machado Júnior2; Agrício Nubiato Crespo3

DOI: 10.5935/1808-8694.20130007

Palavras-chave: aparelho lacrimal; cirurgia endoscópica por orifício natural; seio maxilar; seios paranasais.

Keywords: lacrimal apparatus; maxillary sinus; natural orifice endoscopic surgery; paranasal sinuses.

Resumo: A relação anatômica entre seio maxilar e ducto lacrimonasal adquiriu maior importância com o advento das microcirugias e cirurgias nasossinusais assistidas por endoscopia e pelo crescente uso da endoscopia nasal na realização das meatotomias médias e dacriocistorrinostomiastransnasais. Não foram encontrados relatos de classificação do seio maxilar quanto ao seu recesso lacrimal, tampouco sua frequência.
OBJETIVO: Avaliar a frequência do recesso lacrimal do seio maxilar em peças anatômicas dissecadas.
MÉTODO: Foram avaliadas 31 partes de hemicabeças de cadáveres. Procedeu-se à dissecção da área correspondente ao terço médio da face, por acesso lateral, para que se pudesse observar a posição da porção mais lateral do ducto lacrimonasal em relação ao seio maxilar. Os seios maxilares foram avaliados, por dois examinadores simultaneamente, chegando ao consenso do tipo de ducto lacrimonasal.
RESULTADOS: Foram encontrados 18 seios maxilares do tipo lateral (58,1%) e 13 do tipo anterior (41,9%). A diferença entre a frequência de seios maxilares do tipo anterior nos lados direito (35,7%) e esquerdo (47,1%) não mostrou significância estatística (p = 0,524).
CONCLUSÃO: Observou-se frequência de 41,9% de recessos lacrimais nos seios maxilares.

Abstract: The anatomical relation between the maxillary sinus and the nasolacrimal duct has gained greater importance with the advent of microsurgeries and endoscopic-assisted sinonasal procedures, and the growing use of endonasal surgery to perform middle meatus procedures and transnasal dacryocystorhinostomy. We did not find reports on maxillary sinus classification concerning its lacrimal recess, nor how often it is found.
OBJECTIVE: To assess how frequent the lacrimal recess can be found in the maxillary sinuses of dissected anatomical specimens.
METHOD: We assessed 31 half-heads from cadavers. We dissected the area corresponding to the middle third of the face, by lateral access so as to be able to observe the most lateral portion of the nasolacrimal duct vis-à-vis the maxillary sinus.The maxillary sinuses were assessed by two examiners simultaneously, getting to a consensus in relation to the type of nasolacrimal duct.
RESULTS: We assessed 18 maxillary sinuses of the lateral type (58.1%) and 13 anterior sinuses (41.9%). The difference in frequency of the anterior type of maxillary type of the right side (35.7%) and left (47.1%) did not have statistical significance (p = 0.524).
CONCLUSION: We found a frequency of 41.9% of lacrimal recesses in the maxillary sinuses.

INTRODUÇÃO

O conhecimento anatômico preciso é indispensável a qualquer cirurgião. As cirurgias otorrinolaringológicas que envolvem os seios paranasais, principalmente as assistidas por endoscopia, destacam a importância deste conhecimento devido à íntima relação da cavidade nasal com elementos anatômicos nobres, tais como o encéfalo, a hipófise, os globos oculares com seus nervos ópticos e, também, devido a importantes elementos vasculares, como artérias carótidas internas, artérias etmoidais e seio cavernoso1,2. No interior da cavidade nasal, destaca-se a parede lateral, pela presença de estruturas como as conchas nasais, o processo uncinado, o infundíbulo e a bolha etmoidal. Sua porção mais anterior apresenta estruturas importantes como as células etmoidais do agger nasi, o saco lacrimal e o ducto lacrimonasal (DLN)3-5. A parede da cavidade nasal também é o limite medial do seio maxilar (SM) que, na sua porção mais anterior, pode apresentar o recesso anterior ou lacrimal, assim denominado pela proximidade ao saco lacrimal e ao ducto lacrimonasal6-8.

A relação anatômica entre SM e DLN adquiriu maior importância com o advento das microcirurgias e cirurgias nasossinusais assistidas por endoscopia e pelo crescente uso da endoscopia nasal na realização das meatotomias médias e dacriocistorrinostomias transnasais9-17. Nas meatotomias médias, a ampliação do óstio principal do seio maxilar apresenta maior risco de sofrer estenose se houver manipulação de sua porção anterior, onde há proximidade com o DLN. A presença do recesso lacrimal no seio maxilar, anterior ao DLN, fragiliza a lâmina óssea que o recobre, com maior risco de ocorrer fratura durante a ressecção dos tecidos18,19. Nas dacriocistorrinostomias transnasais assistidas endoscopicamente, além da necessidade de grande domínio no manejo do instrumental cirúrgico inerente à técnica, o cirurgião deve considerar a possibilidade de variações anatômicas da porção mais anterior e medial do seio maxilar, ou seja, da região do recesso lacrimal, para haver a correta localização das estruturas anatômicas e para que se evitem áreas de risco19-22.

Embora reconhecida esta variação anatômica, este recesso é vagamente citados por poucos relatos da literatura1,2,5. Nas diferentes fontes literárias pesquisadas, não foram encontrados relatos de classificação do seio maxilar quanto ao seu recesso lacrimal, tampouco sua frequência. Portanto, o objetivo deste estudo é avaliar a frequência do recesso lacrimal do seio maxilar em peças anatômicas dissecadas.


MÉTODO

Neste estudo descritivo observacional, foram avaliadas 31 partes de hemicabeças de cadáveres fornecidos pelo Departamento de Morfologia da Faculdade de Odontologia de Bauru, da Universidade de São Paulo. O protocolo para este estudo foi aprovado previamente, sem restrições, pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciência Médicas da Unicamp, sob número 26/2002. Foram incluídas, na amostra, as peças anatômicas que apresentassem boa visibilização da parede medial e parede anterior do seio maxilar e da parede lateral do ducto lacrimonasal. Foram excluídas peças anatômicas com sinais de manipulação/alteração prévias da parede medial do seio maxilar e do ducto lacrimonasal. Nas hemicabeças, procedeu-se à dissecção da área correspondente ao terço médio da face, por acesso lateral, para que se pudesse observar a posição da porção mais lateral do ducto lacrimonasal em relação ao seio maxilar (Figura 1). Os seios maxilares foram avaliados, por dois examinadores simultaneamente, chegando ao consenso do tipo de ducto lacrimonasal:


Figura 1. Visão anterolateral da porção média da face em peça anatômica óssea. DLN: impressão do ducto lacrimonasal na parede média do seio maxilar esquerdo; SME: Seio Maxilar Esquerdo, N: abertura piriforme nasal.



  • tipo ANT (anterior): presença de depressão anterior à porção lateral do DLN na parede medial do seio maxilar, o que caracteriza a presença do recesso lacrimal (Figura 2);
  • tipo LAT (lateral): ausência de depressão anterior à porção lateral do DLN na parede medial do seio maxilar, sem a presença do recesso lacrimal (Figura 3).



  • Figura 2. Visão lateral de dissecção de seio maxilar esquerdo do tipo ANT (anterior). Seta laranja: recesso lacrimal; Seta amarela: óstio principal do seio maxilar; DLN: Ducto Lacrimonasal; SME: Seio Maxilar Esquerdo


    Figura 3. Vista lateral de dissecção de seio maxilar esquerdo tipo LAT (lateral). Seta amarela: óstio principal do seio maxilar; DLN: Ducto Lacrimonasal; SME: Seio Maxilar Esquerdo.



    Os resultados são apresentados em forma de tabela por meio de frequência absoluta (n) e percentagem relativa (%). Utilizou-se para análise dos dados o teste exato de Fisher com nível de significância de 5%.


    RESULTADOS

    Nas peças anatômicas, foram encontrados 18 seios maxilares do tipo lateral (58,1%) e 13 do tipo anterior (41,9%), num total de 31 hemicabeças dissecadas (Tabela 1). Embora houvesse critérios de exclusão, todas as amostras se enquadram nos critérios de inclusão, não havendo perdas amostrais. A diferença entre a frequência de seios maxilares do tipo anterior nos lados direito (35,7%) e esquerdo (47,1%) não mostrou significância estatística (p = 0,524).




    DISCUSSÃO

    A frequência do recesso lacrimal do seio maxilar apresentada em nosso estudo em peças anatômicas foi de 41,9%. Este dado ressalta a importância de estarmos atentos para esta variação da normalidade. A avaliação criteriosa desta região antes de procedermos às cirurgias nasossinusais assistidas por endoscopia auxilia na prevenção de complicações1,5-7.

    Dados da literatura chamam atenção para esta importante região do seio maxilar, sem, contudo, fazer inferências sobre sua prevalência3,8,11,17. Nosso estudo é pioneiro em relatar frequências sobre o recesso lacrimal do seio maxilar. Neste estudo, não foram avaliadas importantes estruturas revistas previamente, como as células do agger nasi, a inserção da cabeça da concha nasal média na parede nasal lateral e o processo uncinado. No entanto, por sua importância anatômica e proximidade com o recesso lacrimal, estas estruturas devem ser alvo de futuros estudos.

    A frequência dos tipos de seio maxilares foi semelhante à direita e à esquerda e os dados obtidos permitem dizer que não houve diferença entre eles. Uma das limitações deste estudo é o fato de não podermos ter realizado inferências destes dados em relação ao gênero, idade e etnia, pois as peças anatômicas não continham tais dados. Apenas havia registro que as peças anatômicas eram provenientes de adultos, portanto, os resultados deste estudo não se aplicam a crianças e adolescentes.

    Outros métodos têm sido utilizados, como método diagnóstico para avaliar a anatomia dos seios da face in vivo, como a tomografia computadorizada17. Sugerimos a utilização deste método para avaliar a frequência do recesso maxilar nas diferentes etnias, gêneros e idades.

    A área de atuação do otorrinolaringologista está em contínua expansão e a inclusão sobre campos antes pertencentes a outras especialidades gera tanto novos desafios como a necessidade de um maior conhecimento do aparato lacrimal13,16. Nosso estudo procurou colaborar para o esclarecimento da anatomia de uma área associada a importantes e frequentes procedimentos, como a meatotomia média e a dacriocistorrinostomia endonasal. Salientamos, também, que o recesso lacrimal do seio maxilar é um dos pontos mais importantes a ser estudados quando se pretende intervir na região mais anterior da fossa nasal e seio maxilar, principalmente nas cirurgias intervencionistas das vias lacrimais.

    Na dacriocistorrinostomia, cria-se uma via de drenagem lacrimal para a cavidade nasal para restabelecer a drenagem deste sistema excretor obstruído, por meio de uma abertura realizada mais comumente no nível do osso lacrimal. Classicamente, tem sido realizada pelos oftalmologistas por meio da abordagem externa. Entretanto, com o uso de endoscopia, a dacriocistorrinostomia endonasal tem-se mostrado uma técnica cirúrgica segura e eficaz na resolução das obstruções lacrimais baixas, tornando-se uma alternativa à abordagem da obstrução das vias lacrimais, devido à baixa morbidade e resultados equivalentes à técnica cirúrgica convencional externa21.

    A obstrução das vias lacrimais pode ocorrer em qualquer ponto do seu trajeto, sendo classificada para fins cirúrgicos como pré-sacal (canalículo comum), sacal ou pós-sacal (ducto nasolacrimal). Os pontos lacrimais marcam o início do sistema de drenagem lacrimal, seguidos pelos canalículos superior e inferior que se unem e formam o canalículo comum, com cerca de 1 a 2 mm de extensão, que, por sua vez, desemboca anteriormente no saco lacrimal. Após isso, a lágrima é bombeada, via ducto nasolacrimal, até se exteriorizar na cavidade nasal junto ao meato inferior, cerca de 1,5 cm posterior à borda da cabeça da concha inferior.

    O saco lacrimal encontra-se recoberto pela mucosa nasal e por uma parede óssea (anteriormente pelo processo frontal do maxilar e posteriormente pelo osso lacrimal) localizando-se anterior ao processo unciforme. Sua borda superior situa-se acima da inserção da concha média e a borda inferior próximo à porção superior da concha inferior. O saco lacrimal tem cerca de 10 mm de extensão vertical, dos quais cerca de 3-5 mm estão acima da inserção do canalículo comum. Estudos têm demonstrando que o saco lacrimal pode estender-se até cerca de 8 mm acima da inserção da concha média. O principal sistema valvular do ducto nasolacrimal encontra-se na sua junção com o saco lacrimal e na abertura no meato inferior, impedindo o refluxo lacrimal21,22. Assim, o conhecimento prévio da anatomia das vias lacrimais é essencial tanto para a compreensão dos processos patológicos desse sistema quanto para a realização correta dos procedimentos diagnósticos e terapêuticos22.


    CONCLUSÃO

    Da avaliação de 31 hemicabeças dissecadas, observou-se frequência de 41,9% de recessos lacrimais nos seios maxilares. Não houve diferença estatística na presença de seio maxilar do tipo anterior entre os lados esquerdo e direito.


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    1. Mestre em Ciências Médicas (Otorrinolaringologista).
    2. DDS - PhD - Unicamp Pesquisador - Disciplina de ORL - Unicamp.
    3. Phd (Chefe da Disciplina ORL Unicamp).

    Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.

    Endereço para correspondência:
    Almiro José Machado Júnior
    Rua Maria Monteiro, nº 841, apto 11. Cambuí
    Campinas - SP. Brasil. CEP: 13025-151
    E-mail: almiro@fcm.unicamp.br

    Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) do BJORL em 20 de março de 2012. cod. 9111.
    Artigo aceito em 27 de outubro de 2012.
    Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
    Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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