INTRODUÇÃOLeiomioma é um tumor benigno de músculo liso, mais comumente encontrado no útero (95%), pele (3%), tratos alimentar e gastrointestinal (1,5%)1. Foi descrito inicialmente na cavidade nasal por Maesaka et al. em 19662.
O objetivo foi descrever um caso com manifestações clínicas e achados histopatológicos de um angioleiomioma de septo nasal, uma rara neoplasia benigna que representa menos de 1% de todos leiomiomas do corpo humano3.
APRESENTAÇÃO DE CASOM.F.L.S., 62 anos, sexo feminino, negra, procurou o serviço de Otorrinolaringologia queixando-se de um tumor em cavidade nasal esquerda, com 6 anos de evolução. Nos três anos iniciais, apresentou crescimento progressivo associado a episódios de epistaxe, de pequeno volume. Após esse período, evoluiu com obstrução nasal, à esquerda, e dor facial. Ao exame físico e armado, observou-se uma lesão de coloração parda, lisa, pediculada em septo nasal esquerdo, bem delimitada, com aproximadamente 4 x 2cm, obstruindo totalmente a cavidade nasal esquerda e abaulando o septo nasal. A tomografia computadorizada de seios paranasais mostrou imagem com atenuação de partes moles, de limites bem definidos, abaulando o septo e a parede lateral. A biópsia da lesão revelou diagnostico de leiomioma. A tumoração foi submetida, posteriormente, à ressecção endoscópica, com margem de 1cm, considerada adequada pelos critérios anatomopatológicos. A microscopia evidenciou fragmentos polipoides, revestidos por camada única de células cilíndricas ciliadas pseudoestratificadas típicas, exibindo, no estroma, feixes de leiomiócitos típicos que se dispõem ao redor de vasos de paredes espessas. (Figura 1)
Figura 1. Conjunto fotográfico ilustrativo da paciente, tomografia computadorizada, pós-operatório tardio, macroscopia e microscopia da lesão.
DISCUSSÃO E COMENTÁRIOS FINAISTumor de crescimento lento. Os sintomas mais comuns são: obstrução nasal, epistaxe, dor facial e cefaleia. O tratamento mais frequente do angioleiomioma do septo nasal é excisão endoscópica com margem macroscópica. A opção terapêutica para este caso foi a mesma, excisão com margens macro e microscopicamente livres. Os leiomiomas vasculares constituem-se de feixes de células musculares lisas relativamente organizadas, entremeados por vasos de paredes espessas4.
Leiomioma vascular do septo nasal é um tumor extremamente raro e de etiologia incerta5. A ressecção é o procedimento de escolha e tem alto índice de cura. O procedimento endoscópico é uma boa opção para os tumores de pequena a moderada extensão6.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Ardekian L, Samet N, Talmi YP, Roth Y, Bendet E, Kronenberg J. Vascular leiomyoma of the nasal septum. Otolaryngol Head Neck Surg. 1996;114(6):798-800.
2. Barr GD, More IAR, Path FRC, McCallum HM, Path FRC. Leiomyoma of the nasal septum. J Laryngol Otol. 1990;104:891-3.
3. Bloom DC, Finley JC Jr, Broberg TG, Cueva RA. Leiomyoma of the nasal septum. Rhinology. 2001;39(4):233-5.
4. Campelo VES, Neves MC, Nakanishi M, Voegels RL. Angioleiomioma de cavidade nasal: relato de um caso e revisão de literatura. Braz J Otorhinolaryngol. 2008;74(1):147-150.
5. Singh R, Hazarika P, Balakrishnan R, Gangwar N, Pujary P. Leiomyoma of the nasal septum. Indian J Cancer. 2008;45:173-5
6. Timirlyaleev MKH. Angioleiomyoma of the nasal septum. Vestnik Otorinolaringol. 1973;35:106-10.
1. Graduação em medicina, Médico Residente de otorrinolaringologia e cirurgia cérvico-facial da Santa Casa de Misericórdia da Bahia.
2. Médico otorrinolaringologista e cirurgião crânio-maxilo-facial, Preceptor da residência médica de otorrinolaringologia e cirurgia cérvico-facial da Santa Casa de Misericórdia da Bahia.
3. Médico otorrinolaringologista, Preceptor da residência médica em otorrinolaringologia e cirurgia cérvico-facial da Santa Casa de Misericórdia da Bahia.
4. Doutorado em clínica cirúrgica pela USP, Chefe do serviço de residência médica de otorrinolaringologia e cirurgia cérvico-facial da Santa Casa de Misericórdia de Bahia.
Santa Casa de Misericórdia da Bahia
Endereço para correspondência:
Praça Conselheiro Almeida Couto 500 Nazaré
Salvador BA 40050-410
Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da BJORL em 16 de outubro de 2009. cod. 6714
Artigo aceito em 15 de dezembro de 2009