ISSN 1806-9312  
Terça, 23 de Abril de 2024
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3859 - Vol. 75 / Edição 4 / Período: Julho - Agosto de 2009
Seção: Editorial Páginas: 471 a 471
Rinologistas: Quem somos?
Autor(es):
Olavo Mion, Nilvano Andrade

Nos últimos anos a rinologia tornou-se uma área de extremo interesse para a otorrinolaringologia, e seus tópicos tornaram-se muito populares entre a especialidade. Existem muitas razões para tal fato. Grande parte da atração da classe médica otorrinolaringológica brasileira e mundial em rinologia se deve ao rápido desenvolvimento tecnológico que aumentou os métodos diagnósticos e os diagnósticos das doenças do nariz e seios paranasais. Houve uma ampliação dos tipos e das várias possibilidades do tratamento clínico e, sobretudo do tratamento cirúrgico. As áreas que mais se desenvolveram nos últimos anos foram a de treinamento, com o aumento do número de técnicas, novos aparelhos e indicações da cirurgia endoscópica endonasal, e o advento da cirurgia guiada por navegador. Devemos salientar que esse aumento no número de possibilidades de tratamento e as novas técnicas e aparelhos devem ser testados, e julgados pela classe médica e pelos especialistas, cirurgiões e pesquisadores renomados na área. Somente assim vai-se chegar a uma conclusão e ocorra o estabelecimento de quais são realmente as melhores técnicas e quais os melhores aparelhos para treinamento, ensino e pesquisa, no Brasil e no mundo.

Outro fator que estimula o interesse na área de rinologia é que a própria prevalência e incidência das doenças do nariz e seios paranasais é comprovadamente alta. Conjuntamente, não podemos deixar de ressaltar que as doenças inflamatórias alérgicas e não alérgicas na área específica da rinologia tem aumentado. Um dos grandes temas que ainda nos são desconhecidos, ou parcialmente conhecidos, é a razão para este aumento das doenças alérgicas. O que ainda não sabemos, pelo menos no Brasil, é o quanto elas aumentaram, e se ainda continuam aumentando, dentre outras incógnitas da especialidade. Estes fatos permanecem ainda muito nebulosos, e necessitam exaustivamente de pesquisas, principalmente as de cunho epidemiológico.

Uma das grandes áreas que são promissoras e que ainda tem muito a se desenvolver são as áreas da olfação e suas áreas relacionadas, áreas em que a pesquisa é extremamente árdua e com altos níveis de dificuldade em metodologia, e pela falta de equipamentos de medidas objetivas adequados, por exemplo.

Citando a olfação como área de promissora de pesquisas, vemos que uma das áreas no Brasil que ainda necessitam de estímulo é a pesquisa e a publicação científica, e na rinologia não é diferente.

No ano de 2007 foi realizado o segundo censo da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia. Segundo esta pesquisa realizada entre todos os sócios daquele ano, perfazendo 6857 otorrinolaringologistas que responderam ao questionário, cerca de 38,63% dos otorrinolaringologistas atuam na área de rinologia, e cerca de 2,65% atuam na área de alergia, perfazendo cerca de 41,28% do total dos médicos otorrinolaringologistas nacionais, uma maioria esmagadora dos especialistas do Brasil, em comparação com outras especialidades (figura 1).


Figura 1. Área de atuação (Censo 2007 da ABORLCCF)



Deveria-se esperar que todo este interesse na àrea clínica e cirúrgica refletissem em uma maior produção científica, se não na área básica, mas sobremaneira na área de pesquisa clínica, por ventura na epidemiológica ou até mesmo de pesquisa em cirurgia.

Em relação à produção científica nacional, podemos ver um quadro um pouco diferente. Na Brazilian Journal of Otorhinolaringology, se usarmos o mecanismo de busca para algumas palavras relacionadas á rinologia, teremos alguns resultados interessantes. Vemos que nos últimos 3 anos (2007, 2008, 2009) as palavras, rinologia, nariz, rinite, sinusite, seios paranasais, foram encontradas 182 vezes em artigos nacionais. No ano de 2007 foram 85 citações, no ano de 2008 foram 69 citações, e no ano de 2009, até março/abril, foram 28 citações pelo mecanismo de busca no site da revista (www. bjorl.org.br).

No total, foram publicados nestes 3 anos, 85 artigos relacionados a área de rinologia, 35 no ano de 2007, 36 no ano de 2008 e 14 no ano de 2009. No ano de 2007, um total de 146 artigos foram publicados na Brazilian Journal of Otorhinolaringology, no de 2008, 170 artigos, e no ano de 2009, até março/abril, foram publicados 57 artigos, totalizando nos últimos 3 anos, 373 artigos. Portanto, a quantidade de publicações em rinologia foi de 22,7% nos últimos 3 anos (figura 2). Esta análise superficial mostra que a publicação nacional de artigos na área, não reflete o interesse dos médicos otorrinolaringologistas brasileiros em geral. O número de publicações é menor que a atuação dos médicos dentro da área de rinologia, que é de mais de 40%, ou seja, os artigos publicados na área têm um peso menor em relação ás outras especialidades.


Figura 2. Número de artigos publicados na Braziliam Journal of Otorhinolaryngology



Pode-se concluir, portanto, que é necessário um maior estímulo á pesquisa na área de rinologia, sem esquecermos da clínica, cirurgia, e também das campanhas de conscientização da população, como a campanha respire pelo nariz e viva melhor. Esta iniciativa extremamente importante deve ser mais divulgada e tratada com a máxima atenção pelos rinologistas, pois visa o esclarecimento da população em geral sobre o papel do rinologista
no tratamento da obstrução nasal.

Olavo Mion
Secretário da Academia Brasileira de Rinologia Professor Colaborador da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Assistente Doutor do Grupo de Alergia do Departamento de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Nilvano Andrade
Presidente da Academia Brasileira de Rinologia Doutor em Otorrinolaringologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Professor Adjunto da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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