INTRODUÇÃOParagangliomas são tumores originados em estruturas microscópicas associadas ao sistema nervoso autônomo (SNA) nas regiões para-axiais do tronco, vizinhança dos arcos branquioméricos e periferia do SNA, os paragânglios1.
RELATO DE CASON.F.S., 76, melanodérmico, queixava-se de tontura, que não cedia medicamentosamente, zumbido pulsátil e perda auditiva progressiva há 3 anos em ouvido direito, bem como abaulamento cervical esquerdo há 30 anos de crescimento insidioso, indolor, consistência fibroelástica, não-pulsátil.
À tomografia relata extensa massa sólida de contornos lobulados e mal-definidos, ocupando o espaço carotídeo bilateralmente, com destruição óssea temporal direita por massa de igual aspecto radiológico à descrita, sendo o paciente alérgico a iodo. Foi feita RNM que evidenciou lesões hipervascularizadas (vide Figura), nas regiões citadas corroborando os achados da TC. Foi então solicitada uma angiografia que confirmou o diagnóstico.
RNM - Presença de lesões bilaterais a nível cervical e júgulo-timpânico, mais intensa à esquerda.
DISCUSSÃOOs paragangliomas cervicais devido a sua raridade irão apresentar-se como uma patologia de diagnóstico e tratamento difíceis, entre causas diversas de abaulamento cervical como: cistos branquiais, aneurisma carotídeo, neurofibroma, tumores parotídeos, metástases tumorais, linfoadenopatias inflamatórias, entre outros.
Benignos em sua maioria, malignizando em 2 a 10% dos casos, os paragangliomas respondem por 0,012% dos tumores da cabeça e pescoço. O mais freqüente sítio é o corpo carotídeo, os sítios menos comuns são ouvido médio, jugular, vago, laringe e arco aórtico2.
A TC é o método mais indicado para obter dados de extensão e localização. RNM é considerada superior à CT na documentação de detalhes do tecido mole e na caracterização do tumor3. Entretanto, somente a angiografia seletiva fornece o diagnóstico definitivo, delineia a estrutura e pesquisa tumores sincrônicos. A PAAF não deve ser realizada; raramente estes tumores secretam catecolaminas, entretanto níveis de ácido vanil mandélico e catecolaminas urinárias podem ser investigados.
A cirurgia é o tratamento de eleição; a radioterapia é questionável. Conduta expectante e embolização com avaliação rotineira são opções de tratamento aqueles em que a cirurgia não se enquadra4, tal como o nosso caso.
CONCLUSÃOCirurgia é a principal alternativa terapêutica. A radioterapia, discutível, pois não se provou que estes tumores sejam sensíveis à radiação. A conduta expectante e a embolização também aparecem como opções, sendo esta preferida em nosso paciente, devido ao seu comprometimento cardíaco, com excelente resultado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS1. Austin MB, Mills SE. Neoplasms and neoplasm-like lesions involving the skull base. Ear, Nose Throat J 1986;65(2):57-73.
2. Burihan MC, Albuquerque RGB, Nascimento JFB, Nasser F, Ingrud JC. Tumor de corpo carotídeo: relato de dois casos. Cir Vasc Ang 1997;13:13-18.
3. Chakeres DW, La Masters DL. Paragangliomas of the temporal bone; hightresolution CT studies. Radiology 1984;150(3):749-53.
4. Dickinson PH, Griffin SM. "Carotid body tumor: 30 years experience".Br J Surg 1986;73:14-16.
1 Médico Residente da Clínica Pedro Cavalcanti/ Hospital Universitário da UFRN.
2 Médico Residente da Clínica Pedro Cavalcanti/ Hospital Universitário da UFRN.
3 Estudante Graduanda em Medicina da UFRN.
4 Médico Residente da Clínica Pedro Cavalcanti/ Hospital Universitário da UFRN.
5 Otorrinolaringologista, Chefe do Serviço de Residência Clínica Pedro Cavalcanti/ Hospital Universitário da UFRN.
6 Otorrinolaringologista, Médico do Serviço De Residência Clínica Pedro Cavalcanti/ Hospital Universitário da UFRN.
7 Doutor em Otorrinolaringologia, Professor Adjunto de ORL da UFRN.
Clínica Pedro Cavalcanti / Hospital Universitário da UFRN.
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Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da RBORL em 22 de agosto de 2005. cod. 687.
Artigo aceito em 20 de julho de 2006.