ISSN 1806-9312  
Sexta, 19 de Abril de 2024
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3382 - Vol. 72 / Edição 3 / Período: Maio - Junho de 2006
Seção: Relato de Caso Páginas: 428 a
Mucocele FrontalBilateral
Autor(es):
Flavio Akira Sakae1, Bernardo Cunha Araújo Filho2, Marcus Lessa3, Richard Lois Voegels4, Ossamu Butugan5

Palavras-chave: cirurgia endoscópica nasossinusal, mucocele, seio frontal.

Keywords: endoscopic sinus surgery, frontal sinus, mucocele.

INTRODUÇÃO

Mucoceles são lesões benignas revestidas por um epitélio pseudoestratificado que afetam os seios paranasais. A grande maioria ocorre no seio frontal (60%). O acometimento bilateral é extremamente raro1.

RELATO DE CASO

Paciente, 37 anos, sexo masculino, sofreu traumatismo cranioencefálico há 21 anos. Há 4 meses, surgimento de tumoração frontal esquerda. A ressonância magnética revelou lesão compatível com mucocele (Figura 1). Foi submetido a sinusectomia frontoetmoidal bilateral endoscópica. Pela intensa esclerose óssea no recesso frontal, optou-se por frontoetmoidectomia externa esquerda. O septo intersinusal estava íntegro, sendo realizada sua abertura. Após 5 meses de cirurgia não há evidências de recidiva da mucocele.


Figura 1. Ressonância Magnética de Seios Paranasais, corte coronal, T2. Mucocele Frontal Bilateral.


DISCUSSÃO

As mucoceles desenvolvem-se após obstrução dos óstios de drenagem, com crescimento lento dentro dos seios, expandindo-se e erodindo as estruturas ósseas adjacentes1. A etiologia inclui os processos inflamatórios, neoplásicos, pós-operatório e pós-traumático2.

A sua principal localização é no seio frontal, contudo a ocorrência bilateral é extremamente rara1,3. Na literatura existem apenas dois relatos de casos2,4.

O diagnóstico depende da história, exame físico e exames radiológicos. Na mucocele frontoetmoidal os sintomas variam de nenhum até dor frontal incapacitante, cefaléia e distúrbios visuais3.

Na tomografia computadorizada temos uma imagem isodensa homogênea que não capta contraste, desde que não esteja infectada, com perda do contorno normal do seio3.

A ressonância magnética estaria indicada quando existe dúvida diagnóstica. O achado característico é hiposinal em T1 e hipersinal em T2, porém qualquer combinação de intensidade de sinais pode ser encontrada dependendo da presença de partículas de sangue ou do grau de hidratação do conteúdo5.

Atualmente, a marsupialização ampla da mucocele e a simples drenagem do seio via endoscópica tem sido realizada com ótimos resultados cirúrgicos. As vantagens incluem baixa morbidade, baixo risco de complicações e a recorrência é rara6. Contudo, no tratamento endoscópico o cirurgião deve ter conhecimento profundo da anatomia do recesso frontal.

COMENTÁRIOS FINAIS

O tratamento endoscópico nos parece ser a melhor opção terapêutica, porém na presença de algumas variações anatômicas pode não ser tecnicamente possível realizar uma ampla marsupialização apenas por abordagem endoscópica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Arrue P, Kany MT, Serrano E, Lacroix F, Percodani J, Yardeni E, Pessey JJ, Manelfe C. Mucoceles of the paranasal sinuses: uncommon location. J Laryngol Otol 1998;112(9):840-4.

2. Santoro PP, Medeiros IRT, Queiroz E, Voegels RL, Butugan O. Mucocele Frontal Bilateral. Arquivos da Fundação Otorrinolaringologia 1999;3(1):14-8.

3. Voegels RL, Balbani AP, Santos Junior RC, Butugan O. Frontoethmoidal mucocele with intracranial extension: a case report. Ear Nose Throat J 1998:77(2):117-20.

4. Rao ABN. A Case of Bilateral Complicated Frontal Mucocele. Pract. Oto-Rhino-Laryngol 1966;28(1):117-20.

5. Lloyd G, Lund VJ, Savy L, Howard D. Optimum imaging for mucoceles. J Laryngol Otol 2000;114(3):223-6.

6. Har-El G. Transnasal endoscopic management of frontal mucoceles. Otolaryngol Clin North Am 2001;34(1):243-51.

1 Médico Pós-graduando da Divisão de Clínica Otorrinolaringológica da Faculdade de Medicina da USP.
2 Médico Pós-graduando da Faculdade de Medicina da USP.
3 Médico Colaborador do Departamento de Otorrinolaringologista da Universidade Federal da Bahia.
4 Médico Livre Docente da Divisão de Clínica Otorrinolaringológica da Faculdade de Medicina da USP, Professor Associado da Divisão de Clínica Otorrinolaringológica da Faculdade de Medicina da USP.
5 Livre Docente da Divisão de Clínica Otorrinolaringológica da Faculdade de Medicina da USP, Professor Associado da Divisão de Clínica Otorrinolaringológica da Faculdade de Medicina da USP.
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Endereço para correspondência: Flavio Akira Sakae - Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar 255 6°andar sala 6021 05403-000 São Paulo SP.
Tel: (0xx11) 3069-6288 - Fax: (0xx11) 270-0299.
Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da RBORL em 20 de março de 2005.
Artigo aceito em 1 de maio de 2006.
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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