INTRODUÇÃOHorak et al.1 consideram o equilíbrio como a habilidade do sistema nervoso em detectar tanto antecipada como momentaneamente a instabilidade e de gerar respostas coordenadas que tragam de volta para a base de suporte o "centro de massa corporal", evitando a queda. A manutenção eficaz do equilíbrio envolve inúmeras estruturas no sistema nervoso central (SNC) e no sistema nervoso periférico (SNP)2. Segundo Woollacott3, o sistema vestibular é uma das estruturas fundamentais na manutenção do equilíbrio, já que é considerado como referencial absoluto em relação aos outros que também participam desta função, o visual e o somatossensitivo.
Quando o conjunto de informações visuais, labirínticas e proprioceptivas não é integrado corretamente no SNC, origina-se uma perturbação do estado de equilíbrio, que pode ser manifestada por desequilíbrio corporal, podendo culminar com o evento da queda.4 O envelhecimento pode ser responsável por estes distúrbios. Os idosos podem apresentar dificuldade para regular refinadamente os estímulos, que pode ser melhorada através de programas específicos de treinamento. Considerando que nas atividades de vida diária estão presentes numerosas condições que envolvem redundância sensorial, a habilidade de sopesar e selecionar as diversas informações é fundamental para a prevenção de quedas5.
Todos os sistemas de nosso organismo possuem reservas fisiológicas, que no sistema nervoso são caracterizadas pela capacidade de reorganização conhecida como neuroplasticidade6,7. Com o envelhecimento, as reservas estão diminuídas, porém não depletadas, portanto, a criação de um ambiente ideal de aprendizado motor poderia determinar uma melhora importante da função8. Pohl e Winstein9 colocam que a prática melhora a capacidade de processamento neural também em idosos.
Exercícios vestibulares, como os de Cawthorne e Cooksey, poderiam implementar subsídios para que novos rearranjos das informações sensoriais periféricas aconteçam, permitindo-se que novos padrões de estimulação vestibular necessários em novas experiências, passem a ser realizados de forma automática. Este treino do equilíbrio seria capaz de promover melhoras nas reações de equilíbrio com conseqüente diminuição na possibilidade de quedas10. Estes exercícios caracterizam-se por um programa de reabilitação vestibular e envolvem movimentos de cabeça, pescoço e olhos; exercícios de controle postural em várias posições (sentado, em apoio bipodal e unipodal, andando); uso de superfície de suporte macia para diminuição do input proprioceptivo; exercícios com olhos fechados para abolição da visão.
O objetivo deste estudo foi verificar se a abordagem terapêutica específica para o sistema vestibular, pela aplicação dos exercícios de Cawthorne e Cooksey, gera aprendizado motor e contribui para a melhora do equilíbrio e a diminuição na possibilidade de queda em idosos.
MATERIAL E MÉTODOO Projeto de Pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Castelo Branco de acordo com a Resolução 196 de 10/10/1996 do Conselho Nacional de Saúde.
População e amostra
Os idosos, pertencentes a uma associação de moradores do município de Barra Mansa/RJ, do sexo feminino, com idade entre 60 e 69 anos, foram escolhidos aleatoriamente. Todas as mulheres pertencentes a esta faixa etária cadastradas nesta associação foram convocadas a fazer parte da pesquisa. Os grupos experimental e controle foram formados por ordem de chegada, sendo que as quinze primeiras selecionadas compuseram o grupo experimental e as quinze últimas o grupo controle. Todas assinaram um termo de consentimento, concordando em participar da pesquisa. O período de realização da pesquisa foi entre março e junho de 2003.
O sexo feminino foi escolhido por ser a queda prevalente entre as mulheres4,11. A idade faz parte da primeira década do envelhecimento, quando as respostas às intervenções terapêuticas e à atividade física são mais intensas.
Os critérios de exclusão foram a presença de distúrbios neurológicos, otorrinolaringológicos, vasculares, metabólicos, degenerativos ou neoplásicos, que comprovadamente determinam déficits de equilíbrio.
Instrumento de medida
O equilíbrio foi avaliado pela Escala do Equilíbrio de Berg (EEB) (Anexo A). Este instrumento é utilizado para avaliar o equilíbrio e o risco de quedas em idosos e leva em conta o efeito do ambiente na função. Segundo Gill et al.12, a maior parte das quedas em idosos ocorre em situações corriqueiras do dia-a-dia, especialmente em situações onde as condições ambientais não são favoráveis. Esta escala avalia por 14 testes a habilidade do indivíduo de sentar, ficar de pé, alcançar, girar em volta de si mesmo, olhar por cima de seus ombros, ficar sobre apoio unipodal, e transpor degraus. A pontuação total é de 56 e índice igual ou menor a 36 está associado a 100% de risco de quedas13,14.
Este instrumento mostra excelente confiabilidade (0.96) e de moderada para boa correlação com outros instrumentos de avaliação funcional do equilíbrio, como: Escala de Mobilidade de Barthel, 0.67; Teste do "Up and Go", 0.76; Escala do Equilíbrio de Tinetti, 0.9115. Esta escala possui excelente objetividade de teste-reteste (ICC = 0,98)16.
Os escores absolutos obtidos na EEB foram aplicados para se obter o índice de Possibilidade de Queda (PQ) pela seguinte equação:100% x exp (10,46 - 0,25 x BBS escore + 2,32 x história de instabilidade) / [ 1 + exp (10,46 - 0,25 x BBS escore + 2,32 x história de instabilidade)],sendo que BBS escore é o escore obtido pelo indivíduo na EEB. Na história de instabilidade é atribuído o valor 0 quando não há relato de história de instabilidade, e o valor 1, quando há.
ANEXO A - Escala do Equilíbrio de Berg
1. Sentado para em pé.
Instruções: Fique em pé. Tente não usar as mãos para se apoiar.
Pontuação: Marque a categoria abaixo que se aplica.
(4) capaz de ficar em pé,não usa as mãos e a estabilidade é independente
(3) capaz de ficar em pé independente-mente, usando as mãos
(2) capaz de ficar em pé usando as mãos depois de várias tentativas
(1) precisa de uma ajuda mínima para ficar em pé ou se estabilizar
(0) precisa de uma ajuda moderada ou máxima para ficar em pé
____________________________________________________________________________
2. Ficar em pé sem apoiar-se.
Instruções: Fique em pé durante 2 minutos, sem se segurar.
Pontuação: Marque a categoria abaixo que se aplica.
(4) capaz de ficar em pé com segurança pelos 2 minutos
(3) capaz de ficar em pé 2 minutos com supervisão
(2) capaz de ficar em pé 30 segundos sem se apoiar
(1) precisa de várias tentativas para ficar em pé 30 segundos sem se apoiar
(0) incapaz de ficar em pé 30 segundos sem ajuda
SE O INDIVÍDUO CONSEGUIR FICAR EM PÉ POR 2 MINUTOS COM SEGURANÇA, MARQUE (4) NO ITEM SENTADO SEM APOIAR-SE. PROSSIGA PARA A MUDANÇA DE POSIÇÃO EM PÉ PARA SENTADO.
____________________________________________________________________________
3. Sentado sem apoiar-se, pés no chão.
Instruções: Fique sentado com os braços cruzados durante 2 minutos.
Pontuação: Marque a categoria abaixo que se aplica.
(4) capaz de ficar sentado com segurança pelos 2 minutos
(3) capaz de ficar sentado 2 minutos com supervisão
(2) capaz de ficar sentado 30 segundos
(1) capaz de ficar sentado 10 segundos
(0) incapaz de ficar sentado sem apoiar-se por 10 segundos
___________________________________________________________________________
4. Em pé para sentado
Instruções: Sente-se.
Pontuação: Marque a categoria abaixo que se aplica.
(4) senta-se com segurança, com uso mínimo das mãos
(3) controla a descida pelo uso das mãos
(2) usa a parte posterior das pernas contra a cadeira para controlar a descida
(1) senta-se independentemente, mas com uma descida descontrolada
(0) precisa de ajuda para sentar
____________________________________________________________________________
5. Transferências
Instruções: Ande desde a cadeira até a cama e volte novamente. Uma das vezes, sente em uma cadeira com apoios para os braços e, na outra, em uma cadeira sem apoios.
Pontuação: Marque a categoria abaixo que se aplica.
(4) consegue transferir-se com segurança, com uso mínimo das mãos
(3) consegue transferir-se com segurança, com evidente necessidade das mãos
(2) consegue transferir-se com dicas verbais e/ou supervisão
(1) precisa de uma pessoa para ajudá-lo
(0) precisa de duas pessoas para ajudá-lo, ou de supervisão para sentir-se seguro
____________________________________________________________________________
6. Ficar em pé sem apoio, com os olhos fechados
Instruções: Feche os olhos e fique em pé imóvel durante 10 segundos.
Pontuação: Marque a categoria abaixo que se aplica.
(4) consegue ficar em pé por 10 segundos com segurança
(3) consegue ficar em pé por 10 segundos com supervisão
(2) consegue ficar em pé por 3 segundos
(1) incapaz de manter os olhos fechados por 3 segundos, mas fica estável
(0) precisa de ajuda para não cair
____________________________________________________________________________
7. Ficar em pé sem ajuda, com os pés juntos
Instruções: Junte os pés e fique em pé sem apoiar-se.
Pontuação: Marque a categoria abaixo que se aplica.
(4) capaz de juntar os pés independentemente, e ficar em pé por 1 minuto com segurança
(3) capaz de juntar os pés independentemente, e ficar em pé por 1 minuto com supervisão
(2) capaz de juntar os pés independentemente, mas incapaz de manter a posição por 30 segundos
(1) precisa de ajuda para chegar na posição, mas consegue ficar em pé por 15 segundos
(0) precisa de ajuda para chegar na posição e é in- capaz de mantê-la por 15 segundos - pés juntos
____________________________________________________________________________
OS ITENS A SEGUIR DEVEM SER EXECUTADOS COM O PACIENTE EM PÉ SEM APOIAR-SE.
8. Inclinar-se para a frente, com o braço esticado
Instruções: Erga o braço a 90º. Alongue os dedos e incline o corpo para frente o máximo que puder. (O examinador coloca uma régua nas pontas dos dedos, quando o braço está a 90º. Eles não devem tocar a régua quando o paciente inclina o corpo para frente. A medida registrada é a distância que os dedos atingem quando o paciente está na posição máxima de inclinação para frente).
Pontuação: Marque a categoria abaixo que se aplica.
(4) consegue alcançar com confiança mais de 25 cm
(3) consegue alcançar com confiança mais de 10 cm
(2) consegue alcançar com confiança mais de 5 cm
(1) inclina o tronco para frente,mas precisa de supervisão
(0) precisa de ajuda para não cair
____________________________________________________________________________
9. Pegar objetos do chão
Instruções: Pegue o sapato/chinelo colocado na frente dos seus pés.
Pontuação: Marque a categoria abaixo que se aplica.
(4) consegue pegar o chinelo com segurança e facilidade
(3) consegue pegar o chinelo, mas precisa de supervisão
(2) incapaz de pegar mas chega a 2,5 ou 5 cm do chinelo e mantém o equilíbrio independentemente
(1) incapaz de pegar e precisa de supervisão enquanto tenta
(0) incapaz de tentar/precisa de ajuda para não cair
___________________________________________________________________________
10. Virar para olhar para trás / sobre os ombros direito e esquerdo
Instruções: Vire-se para olhar para trás / sobre o ombro esquerdo. Repita com o direito.
Pontuação: Marque a categoria abaixo que se aplica.
(4) olha para trás, para ambos os lados e transfere bem o peso do corpo
(3) olha para apenas um lado para o outro, mostra menos deslocamento de peso
(2) vira para os lados, mas consegue manter o equilíbrio
(1) precisa de ajuda enquanto vira
(0) precisa de ajuda para não cair
____________________________________________________________________________
11. Girar 360º
Instruções: Dê um giro completo. Faça uma pausa. Depois, execute um giro completo na direção oposta.
Pontuação: Marque a categoria abaixo que se aplica.
(4) capaz de girar 360° seguramente, em menos de 4 segundos para cada lado
(3) capaz de girar 360° seguramente para um dos lados em menos de 4 segundos
(2) capaz de girar 360° com segurança, mas lentamente
(1) precisa de supervisão estreita ou dicas verbais
(0) precisa de ajuda enquanto gira
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DESLOCAMENTO DINÂMICO DO PESO ENQUANTO ESTÁ EM PÉ SEM APOIO.
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12. Contar o número de vezes em que pisa em um banquinho
Instruções: Coloque cada um dos pés alternadamente sobre a banqueta. Continue, até que cada um deles tenha tocado a banqueta quatro vezes.
Pontuação: Marque a categoria abaixo que se aplica.
(4) capaz de ficar em pé independentemente e seguramente, e completa 8 passos dentro de 20 segundos
(3) capaz de ficar em pé independentemente e completa os 8 passos em mais de 20 segundos
(2) capaz de completar 4 passos sem ajuda, com supervisão
(1) capaz de completar mais de 2 passos, mas precisa de ajuda mínima
(0) precisa de ajuda para não cair /incapaz de tentar
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13. Ficar em pé sem apoio, um dos pés à frente
Instruções: (Demonstre para o indivíduo). Coloque os pés diretamente na frente do outro. Se não conseguir colocá-lo diretamente na frente, tente dar o passo mais longo que conseguir à frente, de forma que o calcanhar de um dos pés fique além dos artelhos do outro.
Pontuação: Marque a categoria abaixo que se aplica.
(4) capaz de colocar o pé correta e independentemente e manter a posição por 30 segundos
(3) capaz de colocar o pé à frente do outro independentemente e manter a posição por 30 segundos
(2) capaz de dar um pequeno passo independentemente e manter a posição por 30 segundos
(1) precisa de ajuda para dar o passo, mas consegue manter a posição por 15 seg.
(0) perde o equilíbrio quando dá um passo à frente ou fica em pé
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14. Ficar em pé sobre apenas uma das pernas
Instruções: Fique em pé sobre apenas uma das pernas, enquanto puder, mas sem apoiar-se.
Pontuação: Marque a categoria abaixo que se aplica.
(4) consegue erguer a perna independentementee manter a posição por mais de 10 segundos
(3) consegue erguer a perna independentemente e manter a posição por 5-10 segundos
(2) consegue erguer a perna independentemente e manter a posição por mais de 3 segundos
(1) tenta erguer a perna; incapaz de manter a posição por 3 segundos,mas continua em pé independentemente
(0) não consegue tentar ou precisa de ajuda para não cair
____________________________________________________________________________
PONTUAÇÃO TOTAL _______________
PONTUAÇÃO MÁXIMA _________________
Fonte: Herdman SJ, Whitney SL. Tratamento da hipofunção vestibular in Herdman SJ. Reabilitação Vestibular. São Paulo: Manole; 2002. p.381-419
ProcedimentosDos quarenta e cinco indivíduos que responderam à convocação 33,3% (15 indivíduos) não participaram da pesquisa, ou por se enquadrarem nos critérios de exclusão, ou por falta de interesse. As percentagens foram as seguintes: 46,6% (07 indivíduos) apresentaram distúrbios metabólicos (diabetes mellitus); 6,6% (1 indivíduo) vascular (hipertensão arterial não controlada); 13,3% (2 indivíduos) neurológicos (seqüela de acidente vascular encefálico); 40% (6 indivíduos) otorrinolaringológicos (labirintite); 13,3% (2 indivíduos) apresentaram importante déficit visual e 13,3% (2 indivíduos) estavam aptos a participar, porém não tiveram interesse. A soma das percentagens ultrapassa os 100% porque os indivíduos podem ter apresentado mais de um distúrbio. Assim, foram selecionados 30 indivíduos aptos a participarem da pesquisa.
Todos foram avaliados pela EEB e após nove semanas foram reavaliados. Os componentes do grupo experimental foram submetidos durante este intervalo aos exercícios de estimulação vestibular de Cawthorne e Cooksey, três vezes por semana, durante sessenta minutos (Anexo B). Este intervalo representa o tempo médio recomendado para a avaliação da evolução de um paciente submetido à reabilitação vestibular17.
Todos os participantes apresentaram um percentual de assiduidade ao programa igual ou superior a 75% e, portanto, os dados de todos eles puderam ser aproveitados.
Tratamento e análise dos dados
Os dados iniciais e finais foram analisados e comparados por dois testes estatísticos de significância: o teste T-Student e o teste de Wilcoxon. O teste T-Student exige que as variáveis tenham distribuição de probabilidade normal. Para a verificação de tal pressuposto foi utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov. O nível de significância ( ) determinado foi de 5%, ou seja, p<0,0518.
RESULTADOS E DISCUSSÃOA idade média para o grupo experimental foi de 64,8 anos (±2,95) e para o grupo controle de 65,46 anos (±2,85).
Os 30 indivíduos apresentaram na primeira avaliação os escores na EEB com a respectiva PQ segundo a Tabela 1. A porcentagem de indivíduos em cada valor de PQ está disposta no Gráfico 1. Nenhum idoso apresentou PQ igual a 100%, o que é de se esperar numa pesquisa com idosos saudáveis, porém 24 indivíduos (79,8%) apresentaram PQ entre 28% e 73%, o que demonstra que idosos sem doenças apresentam possibilidade de sofrer quedas em magnitude suficiente para restringi-los em suas atividades de vida diária. O processo de envelhecimento, por si só, determina uma falência gradativa dos sistemas, independentemente da presença de distúrbios, portanto, um mínimo decremento na pontuação geral na EEB, que inevitavelmente ocorre durante este processo, é significativo, dada a sua progressão não-linear. Shumway-Cook et al.15 citam que 25% a 35% da população com mais de 65 anos tende a sofrer quedas.
Os dados apresentados nos Gráficos 2 e 3 constatam a homogeneidade entre os dois grupos na 1ª avaliação já que não foram encontradas diferenças significativas (p>0,05) nos resultados.
ANEXO B - Exercícios de Cawthorne e Cooksey
A) Movimentos de olhos e cabeça, sentado - primeiro lentos, depois rápidos:
1) Olhar para cima e para baixo;
2) Olhar para a direita e para a esquerda;
3) Aproximar e afastar o dedo, olhando para ele;
4) Mover a cabeça (lentamente e depois rapidamente) para a direita e para a esquerda, com olhos abertos;
5) Mover a cabeça (lentamente e depois rapidamente) para cima e para baixo, com olhos abertos;
6) Repetir 4 e 5 com olhos fechados.
B) Movimentos de cabeça e corpo, sentado:
1) Colocar um objeto no chão. Apanhá-lo e elevá-lo acima da cabeça e colocá-lo no chão novamente (olhando para o objeto o tempo todo);
2) Encolher os ombros e fazer movimentos circulares com eles;
3) Inclinar para frente e passar um objeto para trás e para frente dos joelhos.
C) Exercícios em pé:
1) Repetir A e B2;
2) Sentar e ficar em pé; sentar e ficar em pé novamente;
1) Sentar e ficar em pé; sentar e ficar em pé novamente com olhos fechados;
2) Ficar em pé, mas girar (dar uma volta para a direita) enquanto de pé;
3) Ficar em pé, mas girar (dar uma volta para a esquerda) enquanto de pé;
4) Jogar uma bola pequena de uma mão para a outra (acima do nível do horizonte);
5) Jogar a bola de uma mão para a outra embaixo do joelho, alternadamente.
Outras atividades para melhorar o equilíbrio:
1) Subir e descer escadas (corrimão, se necessário);
2) Enquanto de pé faça voltas repentinas de 90 graus (com olhos abertos e, depois, com olhos fechados);
3) Enquanto caminhando, olhe para a direita e para a esquerda (como num mercado lendo rótulos);
4) Pratique ficar em um pé só (com o pé direito e depois com o pé esquerdo), com olhos abertos e depois com olhos fechados;
5) Em pé, em superfície macia;
a) Ande sobre a superfície para se acostumar;
b) Andar pé-antepé com olhos abertos e depois com olhos fechados;
c) Pratique o exercício 4 em superfície macia;
6) Circular ao redor de uma pessoa que está no centro, que joga uma bola grande (que lhe deve ser devolvida);
7) Andar pela sala com os olhos fechados.
Fonte: Herdman SJ, Whitney SL. Tratamento da hipofunção vestibular in Herdman SJ. Reabilitação Vestibular. São Paulo: Manole; 2002. p.381-419
Barbosa MSM et al. Reabilitação Labiríntica: o que é e como se faz. Rev Bras Med Otorrinolaringol 1995; 2(1): 24-34
Neste trabalho conseguiu-se demonstrar que a EEB é sensível para detectar alterações no equilíbrio em idosos saudáveis. Os idosos dos grupos experimental e controle não apresentavam diferenças significativas nos resultados da EEB quando avaliados pela primeira vez (p>0,05), porém à segunda avaliação, observaram-se diferenças significativas entre os dois grupos (p<0.005), proporcionadas pela melhora significativa no equilíbrio (p<0,05), no grupo experimental, após a intervenção (Tabela 2 e Gráfico 2). Houve também melhora significativa na PQ (p<0,05) para o grupo experimental, com uma diminuição da ordem de 30,4% na possibilidade de sofrer quedas (Tabela 3 e Gráfico 3), donde deduz-se que a intervenção específica, baseada na estimulação de um sistema específico gerou respostas funcionais positivas neste grupo de pesquisa. A importância clínica deste resultado está no fato de que a queda é um dos fatores de maior morbidade e mortalidade entre os idosos, portanto, sua prevenção, através da melhora do equilíbrio, traz condições básicas à manutenção da independência física.
As diferenças entre o grupo controle e o experimental para a PQ tanto na primeira como na segunda avaliação não foram significativas (p>0.5 e p>0.05, respectivamente), apesar de ser observada uma tendência em direção ao aumento da diferença entre os dois grupos na 2ª avaliação, o que significa que as melhoras significativas obtidas no grupo experimental, comprovadas nesta pesquisa, não podem ser extrapoladas para outros grupos (Gráfico 3).
Os dados das Tabelas 4 e 5 e dos Gráficos 2 e 3 mostram, respectivamente, que o grupo controle não apresentou diferenças significativas entre as médias na EEB (p>0,05) nas 1ª e 2ª avaliações e nem entre as médias da PQ (p>0,05).
Tabela 1. Escore na Escala do Equilíbrio de Berg e o respectivo índice de Possibilidade de Queda na 1ª avaliação
Tabela 2. Escores da Escala do Equilíbrio de Berg por indivíduo do grupo experimental na 1ª e 2ª avaliação (pré e pós-intervenção)
Tabela 3. Valores da Possibilidade de Queda por indivíduo do grupo experimental na 1ª e 2ª avaliação (pré e pós-intervenção).
Tabela 4. Escores da Escala do Equilíbrio de Berg por indivíduo do grupo controle na 1ª e 2ª avaliação
Tabela 5. Valores da Possibilidade de Queda por indivíduo do grupo controle na 1ª e 2ª avaliação
Gráfico 1: Quantidade (em porcentagem) de indivíduos e seus respectivos
índices de Possibilidade de Queda (PQ) na 1ª avaliação
Média: 53,2 55,1 52,8 52,9
Desvio padrão: 2,2740 1,1872 2,5690 2,2824
Grupo experimental (1ª e 2ª avaliação): IC[ ;95%] = [-3,0695; -0,7971]
Grupo controle (1ª e 2ª avaliação): IC[ ;95%] = [0,4193; 0,1526]
Diferenças entre as médias grupo
controle e experimental (1ª avaliação):
IC[ ;95%] = [-1,4146; 2,2146]
T-Student: t=0,4515 e p=0,6551
Wilcoxon: Z=0,3445 e p=0,7305
Diferenças entre as médias grupo
controle e experimental (2ª avaliação):
IC[ ;95%] = [0,8392; 3,5607]
T-Student: t=3,3118 e p=0,0026
Wilcoxon: Z=2,897 e p=0,0038
Gráfico 2. Valores da Escala do Equilíbrio de Berg (escores) nos grupos controle e experimental na 1ª e 2ª avaliação
Média: 35,6 24,8 34,4 33,7
Desvio
padrão: 0,1758 0,1074 0,2234 0,2123
Grupo experimental (pré e pós intervenção): IC[ ;95%] = [0,0417; 0,1729]
Grupo controle (1ª e 2ª avaliação): IC[ ;95%] = [-0,0076; 0,0209]
Diferenças entre as médias grupo
controle e experimental (1ª avaliação):
IC[ ;95%] = [-0,1383; 0,1623]
T-Student: t=0,1634 e p=0,8713
Wilcoxon: Z=0,3417 e p=0,7325
Diferenças entre as médias grupo
controle e experimental (2ª avaliação):
IC[ ;95%] = [-0,2145; 0,0371]
Gráfico 3. Valores da Possibilidade de Queda (%) nos grupos controle e experimental na 1ª e 2ª avaliação
CONCLUSÕESOs resultados encontrados neste estudo constatam que, segundo a EEB, idosos saudáveis possuem alterações no equilíbrio e, desta forma, correm risco de sofrer quedas.
Os exercícios de Cawthorne e Cooksey aplicados conforme descrito nos procedimentos foram capazes de melhorar o equilíbrio nesta amostra e, conseqüentemente, diminuir a possibilidade de queda.
Os resultados e conclusões descritos confirmam as expectativas de diversos autores19-22 que sugerem a melhora no equilíbrio e na possibilidade de sofrer quedas com a aplicação de exercícios de estimulação vestibular em idosos saudáveis, uma vez que estes indivíduos realmente apresentaram melhoras significativas.
Indivíduos idosos, que relatem ou não a presença de instabilidade postural e/ou o evento da queda devem ser submetidos a exercícios de estimulação vestibular, exercícios estes de fácil aplicação e baixo custo, e que tem o caráter de ser preventivos e curativos em relação às alterações do equilíbrio e ao risco de quedas. Considerando que a queda é um evento que modifica substancialmente a qualidade de vida do idoso e que a expectativa de vida da população em geral tem aumentado significativamente, fazendo com que a porcentagem de população idosa aumente a cada ano, condutas terapêuticas gerais voltadas ao idoso e especialmente aquelas que visem a prevenção da queda pela melhora da estabilidade postural culminarão na melhora da qualidade de vida desta parcela da população, que atualmente deve ser prioridade em toda e qualquer política de saúde.
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1 Fisioterapeuta e Mestre em Ciência da Motricidade Humana pela UCB, professora do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário de Barra Mansa.
2 Doutor em Medicina pela UNIFESP, Professor Titular do PROCIMH - UCB Universidade Castelo Branco (UCB) Rio de Janeiro Brasil.
Endereço para correspondência: Angela dos Santos Bersot Ribeiro - Rua Bráulio Cunha 67 Bairro Ano Bom Barra Mansa RJ 27.323-320
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