ISSN 1806-9312  
Sábado, 23 de Novembro de 2024
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313 - Vol. 3 / Edição 6 / Período: Novembro - Dezembro de 1935
Seção: Revista das Revistas Páginas: 553 a 566
REVISTA DAS REVISTAS - PARTE 1
Autor(es):
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ARCHIVES OF OTOLARYNGOLOGY.
Vol. 21 - Março de 1935 - N.º 3
(Chicago, U. S. A.)

ABRAHAM COHEN. (Boston.) - Alergía, suas relações com as sinusites e condições congeneres do nariz. - Pag. 265.

Comenta o A. as dificuldades com que lutamos frente ás manifestações nasais de fundo alérgico. Insiste que as cauterisações para os pacientes que sofrem de frequentes descargas aquosas provenientes do nariz, acompanhadas de espirros, peso na cabeça, lacrimejamento, são de efeitos por demais transitorios e quiçá nulos. A mucosa nasal apresenta-se sempre branca, saliente e a radiografia revela tambem um grande espessamento nas mucosas dos seios.

Afirma que a técnica dos testa cutaneos, como são em geral praticados, é bastante falha. Frequentemente o alergista manda um resultado negativo para todos os excitantes, e, entretanto as condições clinicas levam a conclusões contrarias. Por este motivo resolveu o A. praticar êle mesmo a cuti-reação, adoptando uma técnica diferente da classica. A ponta de um pequeno bisturi é delicadamente atravessada na espessura do extracto corneum, com precaução de evitar sangue. Depois coloca êle uma gota de solução de Ringer, de maneira a dissolver quantidade de proteina alimentar correspondente a uma cabeça de alfinete. Ele prefere a solução de Ringer em vez da solução decinormal de hidroxido de sodio, porque não causa reação irritativa em peles muito sensiveis, como muitas vezes acontece com o hidroxido.

Contrariamente ao pensamento geral, seguindo esta técnica foi o A. verificar em uma serie de 175 casos, que o factor predominante em casos de alergía nasal, residia nos alimentos, e que praticamente todos os doentes melhoraram de sua sintomatologia, pelo afastamento das causas alimentares. Nos casos em que havia cornetos grandes e turgescentes, os doentes foram examinados depois de seis meses de diéta, tendo o A. verificado que os cornetos haviam muito regredido e a respiração estava livre, alem do desaparecimento das descargas nasais.

Apresenta uma estatistica de cem casos onde predominam aqueles de febre do feno, asma e eczema. Houvev resultado satisfatorio em 93 pacientes; dos 7 restantes, 2 não seguiram a diéta, de modo que o A. pensa que só houve 2 % de insucesso.

HAROLD LILLIE. (Rochester) - Sinusite supurada cronica. Pontos de vista de seu tratamento. - Pag. 274.

Comenta o A. doutrinariamente o que se tem escrito nestes ultimos anos, quasi em um tom dogmatica, a respeito da remoção completa da mucosa doente nas sinusites cronica. Com o desenvolvimento dos conhecimentos modernos a respeito, da patologia e da etiologia da mucosa nasal hiperplastica ou polipoide, diz o A. que ha necessidade de muita meditação para se resolver satisfatoriamente os casos. E preciso não perder de vista o que se tem instituido hoje no tocante as perturbações alergicas e endocrinicas. Si as hiperplasias correspondem a processos supurados, ha necessidade de acudir prontamente com a cirurgia; mas, si as hiperlasias não respondem a regimens adequados, tambem ha necessidade de extensas medidas cirurgicas. De qualquer modo, entretanto são ás vezes necessarios meses de observação, antes de resolver definitivamente o caso.

Condena o uso das palavras "consevadora" e "radical" no tratamento das sinusites. O que é mais logico é individualisar o tratamento pelo que fôr mais "racional". Não pode haver dogmatismo.

RUDOLPH KRAMER e MAX SOM. (New York). - Deposito amiloides do laringe com aparencia de tumor. - Pag. 324.

A ocurrencia de depositos amiloides, simulando tumores nas vias aereas superiores, tem uma significação variavel, dependendo de associações patologicas assim como da presença ou ausencia de um factor etiologico basico. Podemos classificá-los em 4 grupos:

1. Depositos amiloides que ocorreram secundariamente a neoplasmas ou em areas de inflamação cronica.

2. Depositos amiloides, simulando tumores que fazem parte de uma amiloidose generalisada, cujo tipo usual envolve figado, baço, rins e glandulas suprarenais.

3. Depositos amiloides que fazem parte de uma amiloidose atípica. Nesta fórma, aquelas vísceras que são atacadas na fórma típica, são aqui poupadas; restringem-se á musculatura estriada e aos musculos lisos, pulmões, coração e pele.

4. Depositos amiloides primarios ou idopaticos.

O A. cita a observação de uma moça italiana, de 19 anos, que, pouco a pouco estava se tornando rouca. O exame laringologico revelou: proeminencia das pregas laterais do faringe e fossas tonsilares claras. Quanto ao laringe, encontrou-se na falsa corda vocal direita, assim como no ventriculo, uma massa nodular circunscrita, cinzenta, de 2cm. de diametro, aparentemente inserida na parede lateral do laringe e prega ariepiglotica. Havia uma protusão como um bico de seio na parte media, além de pequena proeminencias ao longo da falsa corda vocal, estendendo-se até a comissura anterior. O tumor comprometia a luz do laringe, tornando impossível a visibilidade da corda vocal direita por meio da laringoscopia indiréta. A respiração, entretanto, era normal sendo o movimento da aritenoide correspondente perfeitamente livre nos movimentos respiratorios.

A doente foi operada, por laringoscopia de suspensão; o tumor foi visto emergir do ventriculo direito, dando a impressão de haver infiltração na parede lateral do faringe; não poude ser retirado in toto, devido á sua larga inserção.

Um mês depois a doente foi examinada outra vez; a voz tinha melhorado bastante, a-pesar-de ainda não ser normal. Um pequeno nodulo removido da corda vocal direita demonstrou inflamação cronica. A paciente foi enviada para a radioterapia, para prevenir recidivas.

HARRIS H. VAIL (Cincinato). - Vias reflexas na nevralgia vidiana. - Pag. 277.

Depois de passar em revista as opiniões de diversos autores concernentes á nevralgia vidiana, interpreta o A. o reflexo da maneira que segue.

A irritação afectando o grande nervo petroso superficial, passa para o gânglio esfenopalatino ao longo dos nervos simpaticos eferentes através dos ramos orbitarios, para as anastomoses que estes têm com os ramos terminais do ramo oftalmico na orbita; a sensação é percebida pelos ultimos e reconhecida pelos centros, como uma dôr atraz do globo ocular, ao longo do bordo do nariz e na testa. Através das vias sensoriais do grande petroso superficial, o estimulo é levado para o gânglio geniculado. Deste gânglio é transmitida através dos nervos simpaticos eferentes do ramo geniculo-timpanico para o plexo timpanico, onde vae interessar o nervo gloso-faringeo e daí transmitida aos centros superiores, como dôr no ouvido. Um estimulo forte passa através o glosso-faringeo e vago ou talvez através do nervo petroso profundo para o gânglio cervical simpatico superior e daí para os nervos sensoriais e percebida pelos centros, como dôr no pescoço, ombro e braço. Um reflexo mais longo poderia, provindo do gânglio geniculado através do nervo intermediario chegar á medula e ao tracto solitario, composto de fibras descendentes do VII.º, IX.° e X.° pares. Este é aparentemente o mesmo curso que aquele das fibras gustativas proveniente da corda do tímpano. Como as perturbações gustativas não são assinaladas pelos doentes de nevralgia vidiana, provavelmente esta via reflexa mais longa não entra em cena.

Observação. Um homem de 31 anos queixa-se de forte dôr no ouvido e uma sensação de desconforto na parte alta do rosto, bochechas, testa e região ocipital do lado esquerdo. Uns dias antes tivera um resfriado, que lhe produzira dôr no ouvido. Melhorou por 12 dias depois da injecção de procaina hidroclorica no gânglio esfeno-palatino. Injeções posteriores não deram resultado. Além destas dores no ouvido, tinha prurido no meato auditivo e sensibilidade na região da mastoide. Os seios foram operados, dentes extraídos e outra vez a procaina injetáda no citado gânglio, sem resultado: Ulteriormente os paroxismos apareciam cada um a três minutos. Foi então empregado o metodo cirurgico cerebelar de Dandy com anestesía local. Quando o feixe contendo o VII.° e o VIII.º nervos craneanos foi tocado, ó paciente acusou dôr no conduto auditivo, mas não o classico "tic". Foi então tocado o IX.° par e então o paciente acusou o "tic doloroso". Quatro vezes o nervo foi tocado com o mesmo resultado. O glosso-faringeo foi então cortado e quatro meses depois o paciente não mais se queixava de dôr, quer dizer que a anestesía continuava com bom resultado.

A sensibilidade foi perdida no palato mole no, lado esquerdo, na parede faringiana de 2cms, para dentro da trompa de Eustaquio até a epiglote e o terço posterior da lingua.

E. W. HAGENS (Chicago) - Patologia da otoesclerose - Pag. 297.

O artigo não se presta a resumo; contem assinalar que contem o resultado de quatro autopsias em pessoas que em vida haviam sofrido de oto-esclerose; contem microfotografias.

Resume as diversas teorias para etiologia da otoesclerose:

1. Constricção vascular (Mayer).
2. Vascularisação alterada devido a processos inflamatorios na caixa timpanica (Siebenman).
3. Infecção cronica local no mucoperiosteum do timpano, tal como se processa na otite media (Fraser).
4. Inflamação cronica (Manasse)
5. Estase venosa (Wittmaack).
6. Deficit gradual e progressivo no mecanismo vasomotor que regula a nutrição do ouvido (Gray).
7. Desenvolvimento de parte do labirinto em ossificação tardia (Pierce).
8. Regressão (Guggenheim).

Segundo o resultado das autopsias nenhum dos processos alvitrados satisfaz plenamente; o nome otoesclerose não é satisfactorio, mas ainda é o melhor.

DR. FRANCISCO HARTUNG

ANNALS OF OTOLOGY, RHINOLOGY AND LARYNGOLOGY
Vol. 44 - n.º 3 - Setembro 1935.
(St. Louis, U. S. A.)

H. MARSHALL TAYLOR (Jacksonville) - Ossificação das cartilagens do laringe e sua relação com alguns tipos de molestias laringeanas Pag. 611.

Em geral a ossificação das cartilagens do laringe começa tardiamente mais lentamente na mulher que no homem. Estados radiograficos mostram que o processo de ossificação tem inicio na cartilagem tireoide, seguindo-se a cricoide e por ultima a aritnoide. Algumas molestias parecem retarda-la, ao passo que outras a apressam. Um nucleo ossificado, seqüestrado poderá constituir o momento etiologico de um abcesso da laringe. A pericondrite é encontrada, frequentemente, na época da vida em que a ossificação costuma processar-se e, quando de sua existencia, uma radiografia poderá deixar ver que as cartilagens já se tem transformado em osso. Radiografias do laringe, nos processos laringeos inflamatorios profundos são de valor incalculavel no diagnostico e devem ser feitas com frequencia.

R. F. FARQUHARSON (Toronto) - Diagnostico diferencial dos infartos gânglionares do pescoço .- Pag. 662.

O A. classifica estes infartos do seguinte modo:

INFARTAMENTO GANGLIONAR LOCAL:

1) - Linfadenites secundaria á infecções: amigdalites, faringites, herpes, estomatite aftosa, furunculos da cabeça, face e nuca, lesões infectadas da face, do couro cabeludo e do pescoço.
2) - Adenite tuberculosa (raramente generalisada)
3) - Molestia de Hodgkin
4) - Linfosarcoma (raramente generalisado)
5) - Carcinoma secundario (primitivamente da face, cabeça, nuca, nariz, seios, laringe e estomago).

INFARTAMENTO GANGLIONAR GENERALISADO:

1) - Sarampo alemão
2) - Sifilis
3) - Infecção mononucleose
4) - Leucemía linfoide (agúda e cronica)
5) - Molestia de Hodgkin avançada.

Estuda, em seguida, particularmente, o diagnostico estas especies, dando grande importancia mais ao exame hematologico que ás provas de biopsia que, por vezes, apresentam caracteres indeterminados.

D. M. LIERLIE e P. M. MOORE (lowa City) - Outros estudos sobre o efeito de medicamentos sobre a atividade ciliar: um novo metodo de observação em animais vivos - Pag. 671.

Os AA. descrevem um novo metodo de observação dos efeitos de drogas medicamentosas sobre a atividade ciliar dos seios maxilares. Este metodo permite a observação através da parede transparente da mucosa sinusal, por meio de um dispositivo microscopico especial.

Suas conclusões são as seguintes:

1) - O uso de janela transparente na parede lateral do seio maxilar, de uma cobaia viva, permite o estudo dos cilios da mucosa sob condições muito mais proximas do normal do que anteriormente.

2) - Não existem diferenças essenciais, até onde se poude determinar, entre as reações dos medicamentos, empregados em series de animais recentemente mortos e as apresentadas pelos animais vivos.

3) - A mucosa do animal vivo não constitue uma barreira á penetração das drogas dissolvidas em agua ou em solução de Locke.

4) - Muito embora muitas drogas deprimam a atividade dos cilios, só as causticantes produzem lesão permanente. O efeito dos outros é, sómente, temporario se aplicadas em gotas, vaporisações ou tempões deixados no lugar durante pouco tempo.

5) - Si possivel, é aconselhavel usar-se as drogas menos toxicas, ou em grandes diluições, afim de se obter o efeito desejado. O mentol e o eucaliptol, se usados, não devem ter diluições maiores de 0,5% e são preferiveis ao emprego do timol. A efedrina seria melhor que a adrenalina.

6) - E' melhor evitar-se, o quanto possivel, o uso de drogas que embaracem, com precipitados, a mucosa, interferindo com sua ação fisiologica.

Isto tem que vêr, sobretudo, com o mercurio-cromo, e, em menor proporção, com as soluções concentradas de prata proteicas de ação leve.

7) - Quando do emprego de tampões, estes deverão ser frouxos e colocados com delicadeza.

8) - A agua distilada e de torneira produzem diminuição dos movimentos ciliares, por isto todas as drogas, que o possam, devem ser dissolvidas, em uma solução isotanica, tal como a de Locke.

WILLIAM D. GILL (Santo Antonio, Texas) - Micosis produzida pela Torula no homem, com referencia especial ao comprometimento das vias aéreas superiores. Relação de varios casos - Pag. 702.

Ha, diz o A., uma fórma localizada de infecção, causada pela Torula, nas mucosas das vias aéreas superiores, que se deixam curar pela aplicação do iodo e dos raios X. A esta fórma losalisada da torulosis deve, provavelmente, preceder uma invasão geral séria nas visceras e no sistema nervoso central. Este periodo da infecção poderá ser observado na maioria dos pacientes.

O sintoma capital da fórma losalisada da torulosis é a dor na cavidade bucal e faringeana. Excisão, a menos que seja praticada com o termo-cauterio, não é aconselhavel, pelo perigo de uma invasão generalisada.

O uso do iodureto de potassio internamente, será de 1,20 centigramas 3 vezes ao dia e do iodureto de sodio intravenoso, 1 grama por dia, durante uma semana.

M. O. R.

THE JOURNAL OF LARYNGOLOGY AND OTOLOGY
Vol. 50 - N.º 8 - Agosto 1935.
(Londres).

HOWARD H. BURNHAM (Toronto) - Investigações anatomicas sobre os vasos sanguineos da parede lateral do nariz e suas relações com os cornetos e com os seios nasais - Pag. 569.

O A. estuda, minuciosamente, e com metodo proprio, a distribuição vascular da parede lateral do nariz e as relações que esta rede de vasos sanguineos tem com os cornetos e seios nasais. O trabalho que apresenta é fartamente documentado e comentado no ponto de vista anatomico. Tira conclusões de grande alcance sobre os canais arteriais osseos; sobre as vias venosas, sobre as camadas venosas e, finalmente, sobre as aplicações clinicas de seus estudos.

Entre estas ultimas, citaremos, por exemplo: três grandes canais osseos existem nos 315 posteriores do corneto inferior osseo e é, por isto, de grande importancia, que esta parte do corneto osseo não seja removido cirurgicamente, sem extrema necessidade.

Os dois canais mais inferiores servem para a drenagem venosa de todo o corneto inferior e do atrio, e constituem a melhor desaguadouro de sangue, que contem, para o foramen esfenopalatino.

Os três canais osteo-vasculares do corneto inferior possuem uma outra relação interessante com a anatomia e a clinica. Esses canais osseos são colocados de tal fórma, nas largas vias venosas, que um consideravel estreitamento do serum sanguineo tem lugar quando de sua penetração no quinto central do corneto inferior. Neste gargalo a constricção se apresenta exatamente atraz das conecções mais importantes entre as veias periostais e o tecido erectil, que precisa ser drenado através dele. O tecido cavernoso erectil, quando completamente dilatada, contem grande volume de sangue e é, comparativamente, superficial e sensivel aos estimulos externos e sujeitos á contrações rapidas. Este gargalo poderá causar grandes perturbações á circulação e uma serie importante de reações poderá ter lugar. Isto nos diz do como explicar, em muitos casos, certas causas do engorgitamento dos cornetos.

Uma terceira observação clinica deve, ainda, ser mencionada. E sabido que áreas hipersensiveis são, frequentemente, encontradas na mucosa da parede lateral do nariz. Estes pontos sensiveis (nodulos sensiveis), como são chamados, correspondem á abertura dos canais osseos e, deste modo, uma explicação será, assim, dada a estes nodulos, cuja sensibilidade é melhorada pela aplicação de efedrina sobre estas áreas; e é que este medicamento, contraindo temporariamente, o tecido erectil, produzirá um desembaraço da circulação.

O interesse deste problema circulatorio recáe no campo da patologia e pesquizas concernentes aos vasos periostais e intra-osseos e é de muita importancia para os rinologistas no estudo, quer das condições de hipertrofia, quer nas de atrofia da mucosa nasal.

M. O. R.

ACTA OTO-LARYNGOLOGICA
Vol. XXII - Fasc. 3 e 4
(Stockolmo).

ERNEST SAARESTE (Tartu) - Resultados de exames otologicos praticados em 1366 escolares de Tartu - Pag. 487.

RESUMO DO AUTOR:

1) - O exame dos ouvidos de 1366 alunos, entre 7 e 20 anos de idade, foi praticado com todo o rigor que se tem o direito de exigir de um aurista, e deu os resultados seguintes: Uma má audição foi constatada em 151 crianças (11%); 96 destas ouviam mal de um ouvido e 55 dos dois. A porcentagem de creanças, ouvindo com inferioridade, era maior nas escolas primarias gratuitas que nas pagas.

2) - Sobre 2.732 ouvidos examinados encontrou-se 207 (7,6%) com uma audição má. Esta enfermidade era mais frequente nas creanças das cidades que nas dos campos.

As crianças mais novas apresentavam, mais frequentemente, uma audição mais baixa (7 a 13 anos) que as mais idosas.

A porcentagem de audição má antes da puberdade (7-13 anos) era de 9,7% e depois desta idade (13 a 20 anos), de 5,4%.

3) - Os pais de 57 crianças (37,7%), sobre 151 atingidas de má audição, foram os unicos a perceberem este abaixamento da capacidade auditiva. Eles representam sómente o terço, ao passo que os outros dois terços nada haviam notado; este fáto demonstra a importancia pratica do exame sistematico da audição nas escolas.

4) - O progresso destas crianças, portadores de audição má, é inferior ás de ouvidos normais. Esta diferença será tanto maior quanto mais acentuada fôr a baixa da audição.

5) - A porcentagem das crianças que ouvem mal, aumenta com o volume das vegetações adenoides: 13,5% e 2,4%.

6) - Sobre 1.366 crianças haviam 236 (17,6%), que respiravam pela boca. Esta particularidade se manifestava três
vezes mais constante nas crianças que ouviam mal que nas que ouviam normalmente (21,2% e 7,6%).

7) - Sobre 2.732 ouvidos examinados havia 16 (0,5%) portadores de uma otite média supurada. Nas escolas primarias, considerados isoladamente, esta porcentagem elevava-se a 1,7%.

Sobre as 1.366 crianças examinadas contava-se 13 (0,95%) atingidas desta afecção.

Nas escolas primarias gratuitas esta porcentagem subia a 2,3%.

8) - Sobre os 2.732 ouvidos examinados, 289, sejam 10,6%, apresentavam um passado de otite média supurada, ao passo que sobre 207 ouvidos com audição má encontrava-se 88 crianças nestes casos, seja 42,5%.

9) - Em conjunto, as causas produtoras de uma má audição, foram as seguintes: catarros da trompa e do ouvido médio: 32,4%; supurações cronicas do ouvido médio: 7,7%; reliquats de uma supuração cronica do ouvido médio: 19,8%; timpano-esclerose: 14,5%; rolhas ceruminosas ou epidermicos, 6,8%; lesões do aparelho perceptor: 4,8%.

10) - O perigo das otites catarrais diminue com a idade das crianças; pelo contrario, os decorrentes de uma otite média supurada e seus reliquats, bem como os da timpano-esclerose, aumentam.

11 ) - Na maior parte das crianças, acima de 13 anos, haverá poucas esperanças de se remediar a audição má; quanto ás de menos de 13 anos, a metade cura-se-á espontaneamente, por um tratamento racional. Muito embora o numero de ouvidos com audição má diminúa com a idade, o das afecções auriculares incuraveis aumenta consideravelmente.

12) - Para se prevenir o desenvolvimento de doenças incuraveis do ouvido, convem instituir, o mais cedo possivel, exames cuidadosos e periodicos, durante o periodo escolar.

ANTONIO CIOCCO - Encurtamento exagerado da condução ossea: um estudo estatistico e clinico - Pag. 529.

O A. analisa uma estatistica do tempo de audição pela condução ossea, em 907 pessôas com audição normal pela via áerea, inclusive para o diapasão 512 v.d., tendo-a encontrado normal em 58% dos examinados, ligeiramente encurtada em 36,8% e encontrada verdadeiramente em 5,2%. A idade avançada aumenta a condução ossea. Não ha relação alguma entre a diminuição da condução ossea e o sexo, a raça, a anamnése de uma otite média, o aspecto otoscopico do timpano, as zoadas, as vertigens, a sifilis, as molestias tardio-vasculares, os tumores malignos, as molestias do aparelho digestivo, a nevralgia do trigemeo, os tumores cerebrais e cerebelares, bem como uma anamnése de pneumonía, difteria, escarlatina e febre tifoide. De especial interesse, por estar em desacordo com o conhecido e admitido, é que a condução ossea encurtada nada tem que vêr com a sifilis.

Ao A. parece que só a idade constitue fator explicativo da condução ossea diminuida.

STEPHAN KREPUSKA (Budapeste) - Contribuição á clinica e patologia da trombose do bulbo da jugular. - Pag. 545.

De 1911 a 1932, isto é, em dois decenios, o A. observou, no material da clinica oto-rino-laringologica da Universidade de Budapest, 73 casos de trombose do bulbo da jugular. Este numero de casos representa 0,065% dentre os 112.649 pacientes registados no ambulatorio e 0,89% dentre as 8.238 intervenções cirurgicas praticadas na região dos ouvidos e finalmente, uma frequencia de 20,8% sobre es 351 casos operados de sinustrombose.

Só em três casos a trombose decorreu sem complicações primarias e em 70 casos houve complicações que curaram em 39 casos operados, 53,42%.

Só em três casos houve indicação para uma exposição diréta do bulbo da jugular que se curaram, no entanto, com uma operação indiréta sobre o bulbo.

Quanto ao metodo empregado para a intervenção indiréta foi utilisada o de Voss, com certas modificações. A elevação da porcentagem de cura esteve ligada mais a uma intervenção praticada em tempo e limitada, que á grande e radial intervenção sobre o bulbo (Grünert).

Só a presença de complicações como a meningite, o abcesso pulmonar exigiu o emprego de metodos amplos.

PROF. H. BURGER (Amsterdam) - Hipertrofias papilomatosas da amigdala - Pag. 605.

O A. descreve e documenta minuciosamente três casos de hipertrofia papilomatosa da amigdala, sendo que em um deles não só a amigdala palatina, mas tambem a lingual participava da hipertrofia e nesta, de tal fórma que chegava a recobrir quasi que por completo, a epiglote. Este caso foi tratado pela eletrocoagulação, os outros dois foram submetidos á amigdalectomia. Em todos os casos o microscopio nada revelou de malignidade. O aspecto desta amigdala papilomatosa é em cacho de uva ou em amora, vermelho intenso, podendo chegar a grandes proporções. O A. resumiu, ainda, a literatura médica relativa ao assunto e reproduziu gravuras contidas nos trabalhos dos diversos autores.

M. O. R.

ARCHIV FÜR OHREN- NASEN- UND KEHLKOPFHEILKUNDE
Vol. 139 - Fasc. 4 - Agosto 1935.
(Berlim).

ALFRED DENKER (Munich) - Sobre a morfologia e histologia do labirinto dos peixes - Pag. 321.

Os estudos do A. são um proseguimento dos que não só o A., como numerosos anatomistas, zoologos, fisiologos e otologos, vêm fazendo nos tempos modernos, em torno da questão da audição dos peixes. Sabido é que, si bem que uma afirmativa categorica não possa, ainda, ser feita sobre a audição nos peixes, pôde-se dizer que, pelo menos certas especies de peixes possuem, por meio do labirinto do ouvido, uma capacidade, auditiva.

O fato de que o labirinto goza de propriedade auditiva nestes animais, é que não possuindo eles uma papila basilar, têm, no entanto, capacidade auditiva.

Se comparar as relações anatomicas entre os labirintos de um peixe de constituição ossea e o outro de constituição cartilaginosa, encontrar-se-á muitas cousas identicas e, tambem, muitas diferenças. Nas duas especies encontra-se uma "pars superior", com os três canais semicirculos e o utriculo, e uma "pars inferior", com o saculo e a lagena; tambem o numero das terminações nervosas (as três cristas, a macula recessus utriculi, a macula saculi, a macula lagenae e a papila neglecta), foram encontradas sobre todas as especies de peixes estudados.

Já quanto a capsula do labirinto, que envolve o labirinto membranoso, existe uma diferença acentuada. Nos peixes osseos o labirinto membranoso só é envolvido pela capsula ossea, em pequenos tractos, ao passo que a parte restante do labirinto é situada em fossas e sulcos ou caminha, livremente, pelo espaço peri-linfatico. Este fato não se dá como os peixes cartilaginosos, que possuem uma forte capsula cartilaginosa, que envolve, concentricamente, o labirinto membranoso. Esta capsula apresenta, com exceção dos orificios para entrada dos nervos e vasos, duas aberturas, uma que serve para á entrada dos ductus endolinfaticus, provindo do saculo, outra na parede da capsula cartilaginosa (janela oval), situada no pólo superior do canal posterior e desembóca em orificio cégo, debaixo da pele.

O utriculo pouco varia de fórma, mesmo para os peixes osseos de agua doce, constituindo no entanto, seu interior, um unico espaço dilatado, ao passo que para os peixes cartilaginosos, modifica-se em fórma, de um lado porque o recessus utriculi é completamente separado, formando um espaço isolado do utriculo, mais ou menos do tamanho de uma ampola, de outro lado a crus communae divide-o em utriculo anterior e posterior, com três aberturas de comunicação: com a ampola anterior, com o utriculo anterior e com o saculo, formando uma topografia bastante complicada. Tambem, quanto ao saculo, as ligações com os arredores, nos peixes cartilaginosos, não são tão simples quanto nos peixes ósseos, para os quais existe uma ligação, mais ou menos larga (ductus utriculo sacularis), entre a pars superior e inferior. Para aqueles não só existe ampla comunicação com o recessus utriculi, como com o utriculo anterior; além de outra ligação indiréta com esta mesma parte. Comunica, além disto, com o utriculo posterior pelo canal utriculo-sacular posterior. Em sua parede mediana vem ter, finalmente, o dutus endolinfatico.

Nos peixes osseos, os otolitos são formados de massa de pedra compacta e de fórmas diversas; nas outras especies de inumeros otocomios reunidos em uma unica pedra. Rara é a ligação direta dos otolitos da macula do recessus utriculi, com as da macula saculi, ao passo que uma ligação da massa de otolitos do saculo e da lagena, nos elasmobraquios, segundo Werner, é, frequentemente, observada, sendo que este mesmo fato não se dá entre o saculo e o recesso do utriculo. Segundo os resultados das pesquizas feitas por K. v. Frisch, a macula recessus utriculi serve, tão sómente, para a conservação do equilibrio, ao passo que a macula saculi e, provavelmente, tambem, a macula lagenae devem servir como orgão de percepção dos sons.

É possivel que, ha tempos imemoriais, as maculas saculi e lagenae tenham servido estritamente como orgãos do equilibrio e que teriam sido, mais tarde, transformadas em aparelhos de audição, tanto assim que se considera o mustelus, filogeneticamente, como um antigo representante do Elasmobraquio.

Menciona, o A., ainda, o fato de que a papila neglecta não está situada, tal qual para os peixes osseos, no soalho do utriculo, mas sim no canal utriculo-sacular posterior.

T. HASEGAWA (Osaka) - A ação do coração sobre a influencia da excitação do labirinto - Pag. 383.

Dos estudos que praticou tira o A. as seguintes conclusões sobre as relações entre o labirinto e o coração:

1) - A ação de uma excitação do labirinto sobre o coração é sempre identica, quer a produzida pela calorisação, quer pela pressão. Esta ação é representada, sempre, por uma determinada modificação reflexa sobre a ação cardíaca.

2) - Está fóra de questão que estas modificações cardíacas decorrem por conta do labirinto, pois que do lado em que o labirinto não existe, elas não aparecem, mas sim exclusivamente, do lado em que ele estiver intacto.

3) - Cada excitação do labirinto reforça a contração e a dilatação do coração, ocasionando um aumento reflexo da velocidade dos batidos cardíacos.

4) - Estes fenomenos reflexos cardíacos existem mesmo quando da secção bilateral do nervo vago, ao passo que não se produzem quando da secção do nervo acelerans de ambos os lados. Assim sendo, póde-se dizer que a excitação do labirinto atúa sobre o coração por intermedio do "nervo acelerans".

5) - Este reflexo aparece de fórma pouco clara nos animais vagotomisados de ambos os lados, comparados com os que não são vagotomisados, tornando-se patente após a secção dos nervos depressores. Este fenomeno fala na existencia de uma paralisia central entre os centros do vago e do simpatico. Desde que a excitação do labirinto, de um dos lados, irrite o centro do simpatico, paralisará, dó outro lado, o centro do vago pela excitação do centro do simpatico. Disto decorrerá, pela excitação do labirinto, sintomas para o lado do coração de um animal normal, produzidas pela excitação do simpatico, alem dos causados pela paralisia do vago. Pela secção do vago o animal perderá os fenomenos decorrentes da paralisia do vago, tornando o reflexo pouco nitido. O nervo depressor é um nervo centrípeta, que pelo aumento da ação cardíaca atuará, seja como excitante do vago, seja como paralisante do simpatico. O destino deste nervo é o de uma ação paralisante do coração, quando da casualidade de um aumento da mesma. Daí a sua secção tornar mais evidentes os fenomenos.

M. O. R.
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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