IntroduçãoCom a evolução dos processos semióticos em otorrinolaringologia, surgiu como instrumento e método marcante, o exame microscópico. Inicialmente em otologia, contribuindo como fator importante no avanço da técnica cirúrgica, segura e eficiente. Atualmente, além de outras áreas desenvolve-se como método de escolha para tratamento e diagnóstico de inúmeras patologias laríngeas. Novas facilidades de estudo foram trazidas pelas reproduções fotográficas, que possibilitam a posteriori do exame, constatações de ordem clínica e cirúrgica. Aliados a estes novos procedimentos, os tradicionais e complementares de radiografia simples de perfil, em condições normais ou xero-radiografia, às tomografias antero-posteriores, ao exame clínico superficial e indireto, e às informações de anamnese, poderemos estabelecer critérios laringológicos muito eficientes. Esta apresentação, visa demonstrar que anexando e sistematizando todas estas possibilidades, atingiremos em breve a uma documentação muito valiosa, especialmente se continuarmos a pesquisar no sentido de cada vez mais podermos fixar procedimentos de exatidão terapêutica. Existe inclusive a possibilidade de computarmos tais dados, e com simplicidade destes, sem exageros de excesso de minúcias, darmos como clínicos e cirurgiões otorrinolaringológicos, uma contribuição bastante fundamentada ao nosso meio universitário. Várias experiências anteriores foram vistas, com a frustração de vermos dois opostos degladiando-se: de um lado, fichários complexos, extremamente minuciosos, mas com muita liberdade individual de aferição de dados, que não eram preenchidos na clínica quotidiana, movimentada e escassa de tempo; de outro, fichários sintéticos, talvez até demais, sem dos mesmos podermos tirar mais que alguns poucos dados estatísticos, insuficientes para qualquer tipo de trabalho científico mais aprofundado. Relacionamentos importantíssimos entre o otorrinolaringologista e o patologista são perdidos e torna-se nossa vida de médicos, uma simples rotina de quase um socorro imediato, massificado impiedosamente. Tal panorama, chamou-nos a atenção, e tentamos elaborar um tipo de fichário, reunindo opiniões de vários colegas e principalmente de mestres. Mestres como Ivo Kuhl, Adolfo Azoy, Justo Alonso, Arruda Botelho, Jorge Fairbanks Barbosa e tantos outros que sempre encontramos em cada congresso, em cada curso, cada livro ou trabalho. Será iniciado seu uso experimentalmente na Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Como tudo o que é tentativa de aferição de' dados, será usado de acordo com normas que o modificarão paulatinamente, orientadas pelo Serviço de Processamento de Dados do referido hospital e computado pelo Centro de Processamento da UFRGS. A orientação dos técnicos desses serviços será de inestimável valor na consecussão de padrões controle que serão reestudados periodicamente.
Material e MétodoForam consultados vários fichários de serviços de otorrinolaringologia locais, de outros pontos do país e do exterior, chegando-se a conclusões que formaram denominadores comuns, padronizados em tamanho para serem anexados aos prontuários médicos do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. A síntese de dados sobre história clínica, sintomas, exame objetivo, exame laringológico indireto, direto (microlaringoscopia), exames subsidiários incluindo radiografia simples, tomografia, fotografia e abrindo possibilidades para xero-radiografia, linfografia de região cervical e anátomo-patologia geográfica, é agrupada. Todas as variáveis podem ser comparadas rápida e conjuntamente, sem possibilidades de perda e de aumento de volume. Facilita o manuseio no estudo retrospectivo da casuística a ser buscada e o que é mais importante, tem possibilidades de rapidamente ser tabulada eletronicamente.
Aspecto da lesão
? exofitica
? plana
? ulcerada
Estadiamentol T___ N___ M___
Biópsia__________________________________________________________________________________
Diagnóstico______________________________________________________________________________
Orientação terapêutica _____________________________________________________________________
Acompanhamento pós-operatório
1.º mês T____ N____ M____ Data ____/____/____
2.º mês T____ N____ M____ Data ____/____/____
ConclusõesOs detalhes de "follow up" serão particularizados de acordo com os critérios habituais de seguimento clínico. As partes descritivas topográficas serão repetidas com as tabulações e esquemas quando necessário durante o pós-operatório, complementando a ficha inicial. As informações serão computadas com um número de código correspondente ao prontuário do paciente, ficando à disposição para qualquer busca no serviço de processamento de dados. Os gráficos apresentados visam dar uma idéia tridimensional das lesões, influindo de forma importante na conduta terapêutica. Nesta tentativa inicial em nosso meio de trabalho, esperamos continuar a receber as sugestões: de todos os colegas que se interessam pelo estudo e tratamento das doenças da laringe.
SumárioOs autores apresentam um modelo de ficha clínica de forma a que se possa tabular para processamento dos dados sobre patologia do câncer de laringe. E uma tentativa local de avaliação metódica para observações futuras em ambiente universitário.
SummaryThe authors present a new model of avaluation register which is purposed to the computation of the elements about the pathology of the cancer of larynx. It is one local attempt of the methodic appraisement for future observations in the universitary environment.
Bibliografia1. Barney. P. L. - Histopathologic problems and frozen section diagnosis in diseases of the larynx. - Otolaryng. Clinics of North Am. Vol 3, N. 3:493-515, Oct. 1970.
2. Botelho, J. A. A. e Marchi, W. A. - Fotografia e Cinematografia de endoscopia peroral. Rev. Paul. Med. 43:323-329; Out. 1953.
3. Rewell, R. E. - Pathology of the upper respiratory, tract - E. & S. Livingstone Ltd. 1963.
Endereço dos autores:
Vigário José Inácio, 399 - Conj. 1011
Porto Alegre (Centro) 90.000
Rio Grande do Sul - Brasil
* Auxiliar de Ensino - Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
** Residente - 2 - Disciplina de ORL. - Fac. Medicina P.A. UFRGS.