Acerca da síndrome de Ménière, de que já nos ocupámos em nossa Tese de 1947 (pag. 111), acrescentaremos apenas que, em vista da grande divergência em definir o que seja aquela síndrome (já foi descrito uma "Ménière sine Ménière"), preferimos o termo popular de tonturas para designar a sensação de máu estar e de incerteza, ou desequilíbrio físico, considerando-a como um choque ou colapso. Este pode se apresentar em diferentes graus de intensidade. A vertigem rotatória, acompanhada de nistagmo e de vômitos, que caracteriza a participação do labirinto, não é considerada neste trabalho. Entre os sinais clínicos de infecção focal amigdaliana (nossa Tese de 1947), devem-se destacar as tonturas, que em geral são pouco intensas e aparecem pouco depois do levantar. Focos dentários ocasionam, também, vertigens intensas, sobrevindas geralmente, a movimentos laterais da cabeça, às vezes durante o sono, alarmando o paciente que ao acordar sente tudo girando à volta. No consultório, tais pacientes não apresentam nistagmo espontâneo, mas repetir-se-ão as tonturas, se os constrangermos a movimentos de cabeça, e, em muito poucos casos, o nistagmo. O estímulo local da fagocitose, provocado nas amígdalas, ou nos dentes, trazendo melhoras imediatas, mas de duração variável, permitirá a localização do foco infectuoso, que então poderá ser tratado mais radicalmente. Quando o foco infectuoso situa-se nas proximidades da hipófise, como é o caso das sinusites posteriores, as tonturas costumam ser acompanhadas de sintomas discretos de hipofunção hipofisogenital, como o demonstram as observações 11 e 25 (páginas 123 e 131, respectivamente), exemplificando o circulo vicioso desgoverno capilar-infecção-desgovêrno capilar. O tratamento hormonal, obedecendo à sintomatologia atrás descrita, com freqüência é de efeitos surpreendentes. No desgoverno capilar, o fígado é o órgão mais frequentemente atingido pela inflamação serosa, que lhe aumenta o volume pronunciada mente; em tais casos a imunização com histamina (pag. 1.44) remove imediatamente as tonturas.
No edema de Quineke, como na rinite vasomotora, o cálcio, antigamente tão usado, quase não surte efeito, ao passo que a vitamina C, por via bucal, ou em inalações traqueais e em dozes elevadas (até três gramas no dia), exerce influência favoraveis, às vezes rápida, reforçando a substância cimentaste das paredes capilares.
A enxaqueca (migraine) permanece um problema de Terapêutica. Para seu diagnóstico correto é preciso, antes de tudo, excluir as outras formas de dor de cabeça, lembrando que a enxaqueca típica ocorre em acessos periódicos, com náuseas e intolerância à luz, e costuma aparecer entre 5 a 20 anos, raramente depois dos trinta, sendo às vezes, comum a membros da mesma família. É habitualmente, precedida por perturbações visuais (escotomas) ou por parestesias nas extremidades e, às vezes, por tonturas. Está freqüentemente ligada à menstruação e pode desaparecer na gravidez e na menopausa, ou, ao contrário, exacerbar-se nesses dois estados fisiologicos (49). A dor pode ser lancinante e durar horas, ou alguns dias, sem perda, porém, de consciência e sem convulsões. Durante os acessos, que podem sobrevir por várias causas, verificam-se transtornos na circulação cerebral, como o indicam as manifestações vaso-motoras acessórias e a observação, varias vezes feita, de espasmos e paralisias passageiras nas arterias retinianas. Embora haja semelhança entre a enxaqueca e o glaucoma, ambos espasmos e paralisias passageiros - (hípertonia-hipotonia do desgoverno capilar) - o lobo posterior da hipófise (Pitressin), ao contrário do que se dá com o glaucoma, não exerce realmente influencia sôbre a enxaqueca. Bons resultados são obtidos com o Gynergéne e a Cafeína (50), cuja administração fica muito facilitada pelo emprêgo por via nasal. Em geral usamos ambos, duas gotas do primeiro e duas de uma solução a 25% da segunda. F. Lange (51), diz ter colhido bons resultados com o emprêgo em mulheres, três vezes por semana, de injeções de hormônio estrogênio em doses altas, o que não podemos confirmar por ser pequena nossa experiência. Em homens vimos, num caso, o hormônio sexual masculino dar bom resultado, mas, em dois outros, obtivemos melhor resultado com comprimidos do antihistaminico Coristina, com o qual a maioria dos clientes não sente os efeitos secundários de sonolência, e que, além disso, contêm ácido ascórbico e cafeína. As manifestações hipotônicas e hipertônicas acompanhadas de edema, de regra no desgoverno capilar, alteram o estado de tensão normal na pia mater, que é ricamente provida de filetes nervosos sensitivos, originando dores espasmódicas, características das dores de cabeça chamadas "funcionais". Tais dores, como as da enxaqueca, na realidade têm fundo orgânico (52), provindo da permeabilidade capilar aumentada por ação da histamina libertada por causas muitas vezes psíquicas. Daí o bom efeito nas enxaquecas, dos antibistaminicos, da vitamina C, do Gynergéne e cafeína, moderadores da permeabilidade capilar. Por motivos análogos, a alimentação em que os vegetais predominem é melhor tolerada pelos migrainosos, sendo lhes favorável o uso excessivo da carne e do sal, pela ação que tem sôbre os capilares (O. Muller obra citada, vol. I, pags. 282 a 286 e nossa Tese de 1947). Os antihistaminicos, cuja ação sôbre os estados inflamatórios das mucosas das vias aéreas superiores foi simultâneamente afirmada e negada, têm-nos sido de grande utilidade. De fato, os tecidos reagem aos agentes físicos, químicos ou bacterianos, com a liberação imediata de histamina, a qual determina dilatação das arteriolas e dos capilares, e aumento da permeabilidade destes, fenômeno este conhecido pelo nome de reação tríplice de Lewis, e que atingindo certa intensidade, passa a ser uma inflamação (53). A ação dos antihistaminicos é tanto mais eficiente quanto mais cedo forem administrados, exatamente como o recomendam empiricamente vários fabricantes. Os antihistaminicos, diminuindo a permeabilidade anormal dos capilares às albuminas; evitam a inflamação serosa, que é terreno propício à proliferação dos micróbios. Qual seja a influencia dos antihistaminicos sôbre a saída de fagócitos da corrente circulatória, é asssunto que não temos elementos para esclarecer, sendo da competência de cientistas de laboratório. Clinicamente, porém, registramos bons resultados.
Interessante é o fato da histamina ter sido usada no tratamento ela enxaqueca. Nós, mesmo, a empregamos, com efeito imediato, por instilação no nariz de duas a três gotas de solução milesimal de bícloridrato de histamina (54). Essa aparente contradição pode ser explicada pelos estudos de O. Muller, que verificou ter a histamina efeitos vasoconstritores no fígado e no pulmão, sendo, entretanto, alhures, o mais possante vasodilatador (55). Da ação vaso-constritora da histamina sobre o fígado tivemos prova cabal em duas pessoas de nossa família (um adulto e uma criança), ambas com desgoverno capilar e que, depois de tratamento, numa, feito por clinico geral, e, noutra, por pediatra, continuavam a sentir o fígado "como uma almofada" no ventre. Apoiados em outro ensinamento de Muller, de que no desgoverno capilar o fígado é o órgão mais constantemente atingido, fizemos durante 20 minutos a ionização de histamina embebendo o pólo positivo colocado sobre a pele da região hepática. Terminada a ionização, havia desaparecido a sensação de "almofada", ficando a pele moderadamente rosada e empolada, como na urticária, sem qualquer reação geral. A duração do efeito foi de mais de um ano para cada um dos dois tratamentos a que se submeteu o adulto. A criança, tratada ha cêrca de sete meses, poude voltar a praticar ginástica e a tomar parte em folguedos e jogos de muito movimento, sem que o fígado lhe desse qualquer incômodo.
Estrias gravídicas (ranhuras lineares, que aparecem na pele do ventre e das coxas, sobretudo depois do parto, mas que podem ser encontradas em donzelas) e lobinhos (lipomas subcutâneos), só os encontrámos em conjunto com o desgoverno capilar. Não são suscetíveis de regressão.
Intolerância pelo calor, do máu estar generalizando até á insolação, temos, com freqüência, notado no desgoverno capilar. Ainda nestes casos o Pitressin age com eficiência.
Relatamos à pag. 22 a ação preventiva do Pitressin na asma. Em vasoneuróticos que, em seguida a um resfriado, se apresentam com leve chiado e pequena dificuldade no respirar, e nos quais às vezes a laringoscopia indireta não mostra inflamação da mucosa traqueal, o emprêgo da Pitressin, seja por inalação traqueal, ou por instilação nasal, é de efeito curativo, às vezes após um único tratamento. Colega nosso, de Clinica Geral, refere-nos ter obtido bons resultados na asma e na rinite vasomotora com Cortisona. Em uma cliente com desgoverno capilar, de que ambos tratamos, podemos verificar não sómente aquele efeito sobre a asma, como ainda melhora consideravel, subjetiva e objetivo, de uma velha pansinusite hiperplástica operada varias vezes. Essa paciente referiu estar em tratamento contínuo há pouco mais de um ano, tomando um a quatro comprimidos de Cortisona ao dia, porque lhe reaparecia a asma se parava com a medicação; o nariz, porém, sem a Cortisona, continuava desobstruído e sem secreção depois de trinta dias. Acrescentou, em Dezembro de 1951, ter necessidade de tomar arsenicais para melhorar da opressão no peito, o que com a Cortisona não conseguira. Em outro caso de asma pouco acentuado, os freqüentes acessos eram rapidamente cortados com a simples pincelada (toque realmente) das amígdalas com Nitrato de Prata a 30%.
Nos poucos casos de ozena tratados em nossa clínica particular, sempre encontrámos desgoverno capilar e insuficiência hipófiso-gonadal discreta. Em quatro casos apenas, em mulheres; fomos possível conseguir doseamento de hormônios na urina,(pag. 120). O de uma senhora de 26 anos de idade, pudemos acompanhar, de outubro de 1942 até janeiro de 1949. Tinha tonturas freqüentes, incômodos acompanhados de cólicas e apresentava outros sinais, de desgoverno capilar, que indicavam insuficiência hipofisária-anterior. O estímulo local da fagocitose e a administração, por via nasal, de Foluteina, fizeram com que, em menos de um mês e com seis tratamentos, o máu cheiro desaparecesse, diminuindo as crostas e desaparecendo as dores de cabeça. Durante o ano de 1943, continuou o tratamento em séries curtas, voltando, nas interrupções, o estado anterior, embora sempre em grau menos intenso. A Foluteina, na dose de 1.000 U., produzia cefaléias temporais fortes; reduzida a dose a 500 U., deixou de manifestar-se tal efeito secundaria. Diminuindo, com alguma relutância, o excesso de hidrocarbonatos na alimentação e a conseqüente insuficiencia de vitamina B1, um dos fatores responsáveis pela diminuição da resistencia das mucosas das vias aéreas superiores, sentiu melhoras gerais, desaparecendo as tonturas e decorrendo os incômodos quase sem cólicas e com menor perda de sangue. Em janeiro de 1944, um atrazo, aliás anormal, do incômodo, trouxe-lhe grande esperança, pois seu casamento até então fôra estéril. A gravidez sobreviera, possivelmente, segundo a opinião do Dr. Cyro C. Nogueira, pela ação luteinisante da gonadotrofina. Durante a gestação e algum tempo depois do parto continuou a passar bem. Em janeiro de 1946, voltaram as crostas, o máu cheiro no nariz, as tonturas e a sêde. Além do estimulo local da fagocitose, foi dessa vez feito uso de Foluteina, Pitressin e corpo amarelo, voltando ela a melhorar o engravidando pela segunda vez. Cesariana, teve as trompas ligadas. O doseamento de hormônios na urina, feito em fevereiro de 1946, acusou diminuição acentuada de corpo amarelo e das gonadotrofina, leve diminuição dos estrógenos e quantidade normal de andrógenos. Nesse ano e no de 1947, piorou o nariz, voltando as crostas e o máu cheiro, sintomas que desapareceram com a instilação nasal de Proluton, (ampolas de 10 mg). Quanto at) estado geral, queixava-se de grande apatia, vontade de deitar e, freqüentemente, tonturas. A nosso pedido recorreu a um endocrinologista, que, alguns meses depois, convocou-nos para uma conferência. Haviam-se agravado os padecimentos nos três dias anteriores, declarando-se estado de inconsciência havia oito horas. Encontrarmo-la desacordada, muito pálida, tendo o marido informado que nos dias anteriores tivera muita sêde e pouco sono. Fizemos instilação nasal de 2 gotas de Pitressin em cada narina e saímos do quarto para justificar ao colega nosso tratamento de estados inflamatórios das mucosas: dirigir e aproveitar as defesas naturais, repondo no normal a permeabilidade e o tonus dos capilares sanguíneos. Indicamos os sintomas clínicos sôbre os quais se baseava nosso diagnóstico de desgoverno capilar, alguns dos quais, inclusive o choque periférico, a paciente apresentava no momento; e explicamos a razão de usar a via endonasal. Pedimos excusas de não revelar o hormônio que fôra empregado, por não estarem completos nossos estudos, e exprimimos nossa confiança em que a paciente, ao menos, já devia ter recobrado os sentidos. Foi o que realmente sucedeu, pois a paciente não só tinha voltado a si, como havia, mesmo, pronunciado algumas palavras. Repetimos então a instilação de Pitressin, na mesma dose, tendo a paciente passado três dias muito bem, mostrando-se, por isso, o colega muito interessado com a fisiopatologia dos capilares. Posteriormente viémos a saber que pesquisas de laboratório revelaram taxa baixa de potássio. Administrado êste sob a forma de pílulas, pronunciaram-se melhoras consideráveis, podendo a paciente voltar aos seus deveres de dona de casa, abandonados há muito tempo (56). A repartição normal dos minerais nos tecidos é, segundo O. Müller, função da permeabilidade normal das paredes dos capilares e das membranas celulares, razão por que, no caso dessa paciente, com acentuado desgoverno capilar, não será de admirar alguma recaída. Vemo-la pela ultima vez em janeiro de 1949. Passava bem, e haviam desaparecido as crostas e a secreção com máu cheiro, no nariz.
Outro caso de ozena, combatido pela gonadotrofina (Foluteina de 500 U.) foi o de N. R., único paciente masculino dessa doença desde 1944, em nosso consultório, ao qual já nos referirmos anteriormente. Rapaz forte, sofria, contudo, do nariz, desde criança. Apresentava alguns sinais de insuficiência hipofisária, como aftas, suores abundantes e fétidos nos pés, pruridos na axila e na dobra do cotovelo, não, porém, de origem infectuosa. Como relutasse em fazer o doseamento de hormônios na urina, enviamo-lo a um endocrinologista, que disse não ter encontrado sinais de insuficiência hipofisária, mas receitou a mesma Foluteina de 500 unidades, para ser aplicada em injeções. Dois meses depois encontrámos o paciente com menos crostas, sem o máu cheiro, e, tambem sem uma frieira antiga no dedo mínimo de um dos pés. Havia ainda atrofia não acentuada da mucosa nasal, ambos os lados. Passados mais quatro meses voltou para que o examinássemos, pois sentia-se bem disposto, quasi sem secreção nasal. Sòmente nessa ocasião confessou que anteriormente não sentia atração sexual, o que já se normalizara; e referiu mais que em lugar das injeções voltara ao uso da instilação nasal com a Foluteina. A mucosa nasal ainda estava atrofiada, mas era úmida e não apresentava vestígio de pús. Sete anos depois, em junho de 1951, procurou-nos por causa das amígdalas. A rinoscopia mostrou, então, normalização daquela mucosa.
Reportando-nos, agora, à pagina 121, notamos que três outros casos de ozena, em mulheres, foram curados com o hormônio heterogênico, sòmente porque estas apresentavam de modo acentuado, as manifestações clínicas enumeradas na pagina 38. Em outra doente de ozena, sem doseamento de hormônio, agravou-se a moléstia com o uso de estrógeno no nariz, o que justificaria a opinião de que a foliculina por provocar espasmo nas arteriolas, determina necrose dos tecidos, explicando-se por essa ação o fluxo menstrual feminino.
A êsse respeito (fisiologia e patologia da menstruação), como vimos atrás, as opiniões variam de maneira desconcertante. Nossa experiência, entretanto, convence-nos da importância dos "pequenos sintomas" resumidos no quadro sinótico abaixo e, a seguir, ilustrados com três casos clinicos:
Quadro sinótico dos sintomas de deficiencia hormonal do desgovêrno capilar
Carência em foliculina: Sensação de secura na péle do rosto e das mãos e menos frequentemente na mucosa da boca e nariz; cabelos rachando nas pontas e, em certas épocas, embaraçando muito e caindo; frio exagerado nas extremidades sobretudo nos inferiores; nervosismo agressivo; incômodos com perda de sangue pouco maior do que normal e acompanhados de cólicas fortes nos primeiros dias; cefaléias na região occipital, aparência de feminilidade.
Carência em corpo amarelo: dôr nas cadeiras irradiando-se pelas pernas; nervoso emotivo, facilidade para choradeira (nervoso materno); desânimo acentudo; corrimento vaginal não específico, nos intervalos de incômodo, prurido vulvar; inflamação serosa das cordas vocais, falsas e verdadeiras, com rouquidão freqüente.
Hipofunção do lobo anterior: Aftas; frieiras (ragadas doloridas ou coceira e ardor entre os dedos dos pés); gengivites; dentes abalados em épocas; facilidade para caries de cólo e depósitos de tártaro; afastamento dos incisivos centrais superiores; calosidades nos pés; engasgos; dores simétricas nos ossos da face; sulcos quádruplos no rosto; dores com características de cãibras na região do canal anal; assaduras; estrias gravídicas; lobinhos.
Hipofunção do lobo posterior: Muita sêde; pouco sono; unhas frágeis; suor fétido nos pés e, nos lactentes, na cabeça; enurese noturna; assaduras; opressão no peito e falta de ar; tendência a acumular gordura nas onças; tendência o colapsos; dores no globo ociflar à pressão digital (glaucoma); edemas de Quincke; tonturas; intolerância por calor; torcicolo; sangue doce; hipersensibilidade cutânea à dôr; gagueira, (outra, perturbações na voz falada, como o ciciar, parecem estar mais ligadas à insuficiência do lobo (interior).
1) Um advogado de grande clientela, com 53 anos de idade, procurou-nos em 15 de dezembro de 1951, por estar há um mês, com a garganta "em braza", o que o levará dez dias antes, a se submeter a uma roentgenterapia, com alívio passageiro. A dôr voltara havia três dias e, tão intensa, que não podia engulir e nem mesmo dormir; além disso, apresentava forte rouquidão, interferindo com a sua profissão, e, sobretudo, angustiava-o o receio de câncer. A laringoscopia indireta mostrou uma afta pequena no bordo da epiglote, lado direito, onde, próximo à comissura das cordas vocais (que estavam apenas rosadas e, com movimentos normais), parecia haver uma pequena erosão. Tinha, além disso, amigdalite e sinusite posterior, crônicas, e com sinais clínicos de infecção focal, carência em tiamina, niacina e riboflavina. A inflamação da laringe foi tratada como infecção do tecido linfóide dos ventrículos de Morgagni, trazendo logo alívio e nebulização feita com mistura adrenérgica; foram prescritos bismuto, vitaminas, sendo tratadas, no consultório, pelo estímulo local da fagocitose, amígdalas e a sinusite posterior. Voltando no dia seguinte, referiu que as melhoras da véspera tinham durado cerca de meda hora, achando-se ele pior. Depois da nebulização da laringe com cocaina-adrenalina, foi feito mais minucioso exame, tendo sido então encontradas no bordo direito da epiglote duas pequenas aftas, e, na mucosa do ventrículo de Morgagni, agora bem retraída e anemiada pela cocaina, mais três, das quais uma bem grande. Esta verificação nos fez inquerir por outros sinais de insuficiência epifisária, sendo então informados que o paciente tinha em certas épocas aftas na bôca, bem como assaduras e frieiras. Ao tratamento da véspera acrescentamos instilação nasal de Pregnyl de 500 U, (3 gotas) e Pitressin (4 gotas), no início e no fim do tratamento no consultório. Nesse dia o paciente poude jantar; no seguinte, após repetição do tratamento, a voz teve melhora acentuada e no dia imediato verificamos o desaparecimento das aftas, não acusando ele dor alguma e falando normalmente. Três semanas depois informou-nos por telefone, continuar bem. Neste caso a influência do tratamento hormonal foi decisiva, tendo sido ineficaz o tratamento orientado, apenas, contra a infecção aguda da laringe e as infecções crônicas das amígdalas e do nariz.
2) O segundo exemplo é também muito interessante. MMM., moça de 18 anos, muito alta, de porte vigoroso, apresentava em 4 de janeiro de 1952 uma otite externa, circunscrito no lado esquerdo, extremamente dolorosa. A mãe fôra, por nós, tratada oito meses antes, de uma furunculose no ouvido esquerdo, com resultados negativos e até contraproducentes, como observámos, com a ionização local com cocaína; anteriormente haviam falhado também os antibióticos, autovacinas, e roentgenterapia, aparecendo os furunculos alternadamente no ouvido, ou na axila. Uma irmã, pouco mais velha, casada, procurara-nos igualmente, quatro meses antes, com idêntica furunculose no ouvido esquerdo, reagindo exatamente como a mãe, sendo, em ambas, normal, a taxa de glicose. Tendo a familia continuado a evitar excessos de hidrocarbonatos, como lhe aconselhamos, e não sendo o caso de diabete, fomos levados a atribuir à deficiencia hormonal, a diminuição familiar da resistência à furunculose. Realmente a jovem M.M.M. queixava-se freqüentemente, à mãe, de secura nas mãos, no rosto, na garganta e, os cabelos, tendo na menstruação, irritação extrema. Notámos ligeiro ciciar e afastamento discreto dos incisivos centrais superiores, confirmando a mãe ter ela, às vezes, engasgos, dentes abalados, e aftas, sêde exagerada e unhas frágeis. Em vista dessa sintomatologia e do insucesso anterior na família abstivemo-nos de tratamento anti-infeccioso e Administramos o Progynon, 1 mg, por via intratraqueal, com aproveitamento, apenas, da metade da dose, como é habitual no início dessa administração. Sentindo alívio a paciente, foi-lhe receitado, para casa, o mesmo hormônio por via nasal. Poucas horas depois, elevando-se a temperatura a 38,5Cº, prescrevemos por telefone, 600.000 U. de Penicilina. No dia seguinte contou-nos a mãe que, ao chegarem à casa, voltara o ouvido a doer muito, mas que a instilação nasal do Progynon trouxera alivio quase imediato, e que somente depois fôra injetada a Penicilina, passando a paciente bem o resto da noite. No dia seguinte, domingo; foi o Progynon (1 mg) instilado no nariz três vezes, de cada vez com alívio imediato da dor, conforme referiu a mãe. Na visita seguinte ao consultório, a otoscopia revelou edema acentuado e coloração vinhácea da pele do conduto. O maior incomodo não era mais a dor, mais a surdez. Estando em vésperas de menstruação, já sentia a paciente, como nos outros meses, tumefação dos seios e do ventre, este, com a prisão que é um dos sintomas de desgoverno capilar. Prescrevemos sulfato de sódio (10 g) com o dual contavarnos provocar também pequena desidratação. Com o mesmo fim foi instilado Pregnyl no nariz, após a nebulização tráqueo do Progynon. Nas dias seguintes a paciente fez, em sua propria casa, alilxação endonasal do Progynon, e, quando voltou ao consultório, nada mais encontrámos no ouvido esquerdo. Tinha a audição voltado ao normal e desaparecera a tumefação dos seios e no ventre. Não chegamos a usar os hormônios hipofisados. Informou a mãe ter havido grande melhora no "gênio" da moça: e era natural que influísse no estado de alma a correção de deficiência física Hormonal, sendo este caso, juntamente com o da observação n.º 14, pág. 150, exemplificação das relações intimas entre o corpo e a alma. Impressionada com os resultados, a mãe da jovem quis experimentar o mesmo hormônio, por apresentar igualmente o sintoma de secura na pele; e com algumas instilações, melhorou, também, de incômoda coceira no ouvido, a qual costumava anteceder o aparecimento de furunculo. Dois meses depois, estando a moça ausente, informou-nos a mãe que seu estado continuava bom, inclusive no que dizia respeito ao temperamento irritadiço; e que, quanto a ele, o Progynon, instilado no nariz, continuava a aliviar a coceira de ouvido, não mais aparecendo furúnculos; teve-as, contudo, na axila esquerda, na pálpebra inferior direita, e posteriormente no nariz, mas o Progynon aliviou as dores e abreviou a cura, estando, há um mês, sem furúnculos e sem a sensação de secura na pele. Em um outro caso - uma jovem senhora de 18 anos, que, como sintoma de carência em foliculina, sentia os pés sempre "gelados" - o Progynon, em três dias, debelou a furunculose do ouvido esquerdo, que resistira a uma semana de medicação antibiótica intensa. Doze dias depois, porém, o ouvido direito apresentou-se com otite externa difusa, muito dolorida, que só cedeu após uma semana de doses de Progynon repetidas mais vezes do que as empregadas para o outra ouvido. Nesse meio tempo a paciente, de propria vontade, fez-se examinar pelo ginecologista, que encontrou anexite à direita. Mais um caso interessante de otite externa difusa foi o de um paciente de 28 anos de idade, que, não tendo alívio com Penicilina e Streptomicina, teve reduzidas as dores consideravelmente, dentro de uma hora, com a instilação nasal dos homônios antero e pós-hipofisários (Pregnyl 500 U. - 6 gotas - Pitressin 8 gotas) dos quais apresentava os "pequenos sintomas" típicos de carência, atrás enunciados. No dia seguinte, não somente continuava sem dores, como desaparecera o edema que, na véspera, obstruía todo o conduto auditivo externo, tendo alta.
3) Sinusite maxilar aguda. Moça de 16 anos de idade, com desgoverna capilar acentuado e sujeita nos últimos anos a achaques de sinusites e anginas. Em fevereiro, dez dias, e, em março de 1952, seis dias antes do incômodo, apresentou-se resfriada, com espirros e secreção nasal aquosa, piorando gradativamente, secreção purulenta é abundante dos dois lados do nariz, e dores de cabeça, principalmente quando se abaixava. O estimulo local da fagocitose não trouxe melhora alguma, tornando-se indicada a puncção dos maxilares. Em lugar desta foi feita instilação nasal de uma ampola: de 1mg de Progynon; a primeira vez, por estar a paciente com muito frio, sobretudo nas pernas apezar de se estar em verão, e, a segunda, por sentir fortes etílicas e tonturas. Em ambas as vezes, logo no dia seguinte ao emprêgo nasal do hormônio folicular, despareceram a secreção nasal e os outros sintomas subjetivos e objetivos, locais e gerais, verificados na véspera.
Devemos notar que na literatura médica da década passada, sobretudo na literatura alemã, encontravam-se referências ao emprêgo de hormônios em O.R.L. Na rinite atrófica e na rinite vasomotora, Jannulis (57), dizia ter conseguido bom resultado com os hormônios hipofisários. Para a asma, Condorelli (58), aconselhava o lobo anterior da hipófise, ao passo que Kwanji Tsuji, Prof. da Universidade de Kyoto, Japão, suspeitando da participação dos capilares, recomendava o lobo posterior (Pituitrina) (59). Estas citações fazemos para respeitar a prioridade, embora tais trabalhos só tivessem chegado a nosso conhecimento em 1952.
Os trabalhos de endocrinologia, mesmo os mais recentes, advertem quanto às conseqüências que possam advir do emprêgo dos hormônios hipofisários. Jamais verificamos hipertensão, com o uso, mesmo diário e por alguns anos de Pitressin, provávelmente porque o desgoverno capilar associa-se na maioria dos casos à hipotensão arterial. Apenas em um caso, nestes dez anos, verificamos intolerância ao Pitressin, numa senhora, com desgoverno capilar acentuado, que sentiu máu estar e forte cefaléia logo após à primeira instilação nasal do hormônio. Em outros casos temos visto o aparecimento de espirros logo após a instilação no nariz, com obstrução dêste, às vezes por longo tempo. Nestes casos de pequena intolerância lançamos mão da nebulização traqueal.
Stehle (obra citada) diz ser o Pitressin potente constritor das artérias coronárias, em animais de laboratório. Entretanto, dois de nossos pacientes vasoneuróticos, sujeitos a "angina pectoris" funcional, emotiva, nunca tiveram manifestações cardíacas apesar do uso prolongado de Pitressin. Um deles, apesar de ter apenas ultrapassado os trinta anos, era sujeito a crises de hipertensão, vivendo por êsse motivo sob os cuidados constantes de um clínico geral, o qual nenhuma alteração verificou no coração, ou na pressão, com o uso de Pitressin; ao passo que uma solução de sulfato de efedrina a 3%, instilada no nariz em quantidade não maior que duas gotas, provocava logo alterações subjetivas e objetivas. Nunca observámos aumento de peristaltismo com o uso, mesmo prolongado, do Pitressin; nem tão pouco podemos confirmar a ação anti-hemorrágica que lhe atribuem. A rapidez com que aparecem os efeitos do lobo posterior, como registramos nas observações clínicas, encontra explicação nos trabalhos de Jones e Schlaff, em 1936, os quais verificaram que, cinco a dez minutos após a injeção endovenosa de vinte Unidades por Kg de extrato pituitário, cêrca de 50% dêsse hormônio já eram encontrados no plasma do sangue, fazendo-se a eliminação pela urina; o restante é destruido enzimàticamente (60). Apesar de mostrarem êsses trabalhos que a eliminação se efetua também sem demora, os efeitos corretores podem permanecer como o atesta nossa observação n.º 12, pag. 124, na qual os resultados perduravam; seis anos após o tratamento pelo Pitressin.
Três observações em clientes nossos fazem acreditar haver um fator estimulante de foliculina como "impureza" no Pitressin. Cliente de 60 anos de idade, industrial farmacêutico bem sucedido, tipo feminoide, em 1944-1945 livrou-se de forte rinite vasomotora e de acessos leves de asma e de dermatite mal definida, com o uso intranasal de Pitressin. O doseamento de hormônios, feito durante o tratamento, revelou eliminação considerável de estrógeno na urina. As outras são as pacientes das observações n.º 10, pag. 122 e n.° 12, pag. 124, as quais sòmente com o Pitressin livraram-se de vários sintomas de desgoverno capilar, entre os quais os que traduzem carência em foliculina.
O abuso do lobo anterior, pode, segundo os tratados, determinar diabete por destruição das ilhotas de Langehans pelo hormônio do lobo anterior. Nossa observação de alguns anos, porém, não confirma essa opinião, e, nem em nós mesmo, tão pouco, pudemos verificar o decréscimo da ação do Pregnyl, que se daria, segundo os endocrinologistas, pela formação de anticorpos.
A ação fretadora sôbre a hipófise anterior temo-la visto, sobretudo, exercida pelos hormônios-sexuais masculinos e 17-Ketoesterois. O Testoviron, 10 mg e o Cortexon, 5 mg provocam aparecimento de aftas, gengivites, cãibras no canal anal, sulcos quádruplos no rosto, sintomas esses que desaparecem prontamente com a administração nasal do lobo anterior (Pregnyl). A frenação da hipófise anterior por hormônios sexuais femininos, sobretudo foliculina, traduz-se mais por cefaléia intensa na região temporal, que desaparece rapidamente com o Pregnyl.
Por êsse motivo, achamos que o uso dos hormônios, sendo tratamento de substituição, deverá ser repetido, sempre que voltem a se manifestar os "pequenos sintomas" de carência atrás mencionados. Poucos insucessos temos tido, não nos sendo, porém, possível apresentar estatísticas. Os rápidos efeitos registrados nas observações referidas atestam a absorção rápida dos hormônios por parte dos capilares do nariz e da traquéia-bronquios, a propagação se fazendo, em parte, pela circulação sanguínea e, em parte, pelos centros nervosos neuro-vegetativos do tálamo e hipotálamo (61), caracterizando-se a ultima via pelos efeitos quasi instantâneos, às vezes em um quarto de hora, exercidos pelos hormônios hipofisários sôbre certas manifestações distróficas, como as frieiras, gengivites, calos nos pés. Para os efeitos dos hormônios e vitaminas sobre a forma dos capilares reportamo-nos à obra de O. Müller, vol. l, pags. 255-257 e vol. 11, pags. 59-62-750 e 756.
Em nossa Tese de 1947, comunicámos os bons resultados conseguidos com alimentação rica em vitaminas, na profilaxia das doenças infecciosas de ouvidos, nariz e garganta, sobretudo pela ação preventiva das vitaminas da alimentação, em contraste com a ação curativa das vitaminas sintéticas, (Starkenstein) (62). Maior importância assumiram, ainda, as vitaminas, pelas pesquisas dos últimos doze anos, sobretudo na Europa, pelas quais se verificam terem varias delas ação paralela à dos hormônios, aos quais podem servir de estímulos naturais. Esta é uma nova esperança de minorar por meio de alimentação adequadamente vitaminada as manifestações do desgoverno capilar, que não podemos eliminar por que não podemos alterar o "Genes".
Para começar devemos ter presentes à lembrança, nesta época de fome imposta pela moda feminina, os efeitos depressivos que a desnutrição exerce sobre a hipófise anterior, diminuindo-lhe a produção do hormônio gonadotrófico.
Nas observações n.º 1, pag. 113, e n.º 2, pag. 26, vimos os efeitos, semelhantes dos do Pitressin, sôbre a enurese noturna, das vitaminas C e E, possivelmente por ação estimulante sôbre o hipotálamo.
É interessante saber que o sal de cozinha (cloreto de sódio), estimulante do hipotálamo, quando em pequena quantidade, (uma pitada na língua à noite) diminui a insonia e a sêde exagerada, do mesmo modo que o Pitressin, embora tal efeito não se repita depois de algumas administrações, conforme temos verificado várias vezes, nestes ultimos seis meses. Aliás, no desgoverno capilar, a atração pelo sal é quase sempre acentuada, sobretudo nas crianças.
Faz já bastante tempo que foi demonstrada a sinergia entre a vitamina C e a foliculina (63) ; e ha anos temos visto desaparecerem as cólicas menstruais com nebulização traqueal de uma ampola de vitamina C de 1 g, repetindo-se o mesmo efeito da nebulização traqueal de 1 mg de Progynon. Nas infecções, os bons efeitos da vitamina C são devidos à ação estimulante sôbre a córtex das suprarenais, como o provou Selye nos seus trabalhos sobre estafa.
As vitaminas B1 e B2 estão relacionadas com a eliminação no fígado de excessos de foliculina, e sua carência deve ser pesquisada nos feminoide. Em 1944, antigo cliente nosso, então com 60 anos de idade, após 15 dias de uso de vitamina B1, em injeções intramusculares de 50 mg, alternadamente com a mesma vitamina por via bucal, não sòmente curou-se de cãibras intensas generalizadas, como melhorou consideravelmente na função sexual. No ano anterior tivéramos resultados análogos com clientes mais moços, um colega de quarenta anos e uma senhora de pouco mais de vinte, com o uso de comprimidos perlinguais, preparados gentilmente pelo Prof. Dutra de Oliveira, de vitamina B1, associada à vitamina E, esta possivelmente estimulante das gônadas, segundo Pende. Recentemente a vitamina E vem sendo empregada por via gástrica em doses grandes e demoradas, no tratamento da diabete, chegando a dispensar o uso de insulina. Os efeitos corretivos sôbre a fragilidade capilar, determinada pela vitamina E (64) justificam o emprêgo que dela se fêz durante bastante tempo no aborto habitual, quando a tendência a estados hemorrágicos parece facilitar a morte do feto.
O Dr. Antonio Corrêa, Assistente de O.R.L. na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo confirmou, em 1942, observações anteriores de King acerca dos bons efeitos do ácido nicotínico na angina Paul Vincent e, posteriormente, ampliou suas observações, apresentando casos de cura com 300 a 800 mg de ácido nicotínico ao dia, em crianças que, logo após infecções graves, se apresentavam com angina de Vincent e estomatite ulcerosa, evoluindo para a necróse (noma). Mais tarde, em casos de gangrena do palato duro, após tifo e sarampo, acrescentou ao ácido nicotínico o complexo B e a vitamina C, sobrevindo a cura em todos os casos. Em comunicação verbal relatou-nos ter tido cura de aftas tambem com o ácido nicotínico. Desconhecendo ainda os estudos de Corrêa e de King, por ele referidos, relatamos em nossa Tese de 1947 (pg. 201) a cura conseguida em 1945 de casos de angina de Vincent com ácido nicotínico e riboflavina. Na afta temos conseguido resultados com a riboflavina, às vezes até aplicada topicamente. O ácido pontotênico (Bepàntol) age tambem nas aftas quando no inicio e nas dores pós-amigdalectomia (gargarejos). Citámos êsse casos para lembrar que as lesões da mucosa bucal, sobretudo em seguimento a infecções graves, consideradas por Speransky como manifestações neurodistróficas típicas, são influenciadas pelos hormônios epifisários como notámos atrás, especialmente gengivites e aftas, e pelas vitaminas do grupo B.
Nas menstruações que habitualmente se prolongam por uma semana ou mais, a vitamina K, por via oral, faz cessar a hemorragia, às vezes com uma só pérola ou comprimido, quando administrada no quarto dia do encomodo. Nos três primeiros dias, 6 inativa, mesmo em doses grandes, o que torna incerto se age sobre as paredes-capilares ou sôbre a coagulação, que no período menstrual sofre alteração local por influências hormonais.
Embora sejam conhecidas, há algum tempo, as influências de certas perturbações hormonais graves (Addison, Cushing) sôbre os elementos figurados do sangue, há escassas referências especiais acerca de alterações nos leucócitos pólimorfonucleares, que apresentam cêrca de 70% dos globulos brancos do sangue, e, que, sendo os fagócitos por excelência, constituem a pedra angular dos processos de defesa natural do organismo. Importante, por isso, é o trabalho, datando já de 11 anos, de Cramer (65) sôbre ação curativa do hormônio folicular (Progynon) em leucopenia de diversas origens, para o qual constituiu confirmação a seguinte observação clínica.
Mocinha de treze e meio anos de idade procurou-nos em principio de abril de 1952, queixando-se de mau hálito e dor de garganta pouco acentuado. As amigdalas consideravelmente hipertrofiadas e com numerosos pontos brancos de falsas membranas irremovíveis, realmente faziam lembrar bolas de golf como pitorescamente as comparara a propria mãe da paciente. A febre era pouca, mas acusava cefaléias e tonturas, e adenite cervical mais pronunciada à esquerda; não havia gânglios axilares ou inguinais. O seu médico internista alarmado com o hemograma, que mostrára leucopenia próxima a agranulocitóse (23% de pocolimorfonucleares e 64% de linfócitos), prescrevera ácido fólico e seis doses de Venicilina-Streptomicina (400.000 U. e 0,5 g), com o que, em quatro dias desapareceram a febrícula e melhorou o hemograma (para 27% de neutrofilos e 56% de linfócitos), não se alterando, porém, o aspeto das amigdalas e o estado subjetivo da paciente. O estímulo local da fagocitóse pouco estava adiantando, quando bruscamente melhorou a patente com a descida da menstruação atrazada de doze dias. No mês subsequente e estando a menstruação atrazada de doze dias, reproduziu-se o quadro clínico da angina lacunar, adenite cervical, febrícula, tonturas e indisposição geral. A paciente acusava grande frio nas extremidades, grande secura nas mãos, nervosismo (sintomas de carência em foliculina), depressão e corrimento vaginal, com prurido vulvar (sintomas de carência em corpo amarelo), frieiras, quatro sulcos no rosto (lobo anterior), tonturas, sêde intensa e insônia (lobo posterior). Uma ampola de Progynon de 1 mg e outra de vitamina C de 500 mg foram nebulizadas na traquéia, referindo a paciente, no dia seguinte, que a dor de garganta, a secura na pele e o frio nas extremidades haviam desaparecido logo após o tratamento. Este foi repetido, acrescentando-se Proluton de 10 mg (traqueal) e 2 gotas de Pregnyl de 500 U. e 3 gotas de Pitressin (intranasal). No dia imediato (terceira vinda ao consultório), as amígdalas Haviam voltado ao tamanho e à cor normais, os gânglios do pescoço estivam fortemente reduzidos e Haviam desaparecido os outros sintomas acessórios. A menstruação sobreveio dois dias depois sem alterar o estado da paciente. Uma semana depois o hemograma revelou 40% de pólimorfonucleares e 49% de linfócitos, estando a paciente em observação por necessitar amigdalectomia por reumatismo articular.
Ainda um caso, oferecendo bastante interêsse para sustar por alguns dias a composição tipográfica dêste trabalho.
Jovem senhora, bruscamente, durante o café da manhã, engasgou e sentiu dores ao deglutir o pão, regurgitando pela narina esquerda o café com leite que pretendia, tomar. Repetindo-se o fato no almoço, procurou-nos à tarde e deu-nos ensejo para verificar objetivamente suas queixas. Trata-se de uma moça de 23 anos, branca, magra, estatura pequena, de aspecto saudável e com a vivacidade propria da idade, casada há dois anos. Nenhum catarro nasal ou retro-nasal antigo; nenhum resfriado recente ou gripe precedera o estado atual. O Wassermann, feito durante a gravidez do primeiro filho, fóra negativo, assim como o do marido. Eram normais os movimentos dos músculos da face, da língua, da faringe, do véu do paladar e da laringe. Seus incômodos são abundantes e duram, habtualmente, cinco dias, sendo acompanhados de dor nas cadeiras e de ligeiro corrimento vaginal alguns dias depois, sem outros sinais de deficiência. Nenhum"pequeno sinal" de insuficiência hipofisária, a não ser a dificuldade de engulir; nenhuma manifestação de carência em vitaminas. O segundo filho, limito robusto, foi amamentado com leite materno até sete meses e meio de idade, sobrevindo, estão, abscesso em um dos seios, do qual se curou há 1mês, com meios conservadores. Só então desmamou o menino. A hipótese de uma exaustão da hipófise anterior, pela prolongada amamentação a uma criança robusta não se justificava, uma vez que a lactação houvera durado até o aparecimento do abscesso e, tambem, havia decorrido 1 mês entre o desmame e o aparecimento dos sintomas de que se queixava. O regurgitamento de líquidos, dando-se sòmente pela narina esquerda, a sim como a ausência completa de paralisias musculares, suscitaram a suspeita de histeria, para a qual, entretanto, não encontrámos fundamento. Restava a Hipótese de uma insuficiência aguda na hipófise anterior, embora baseada em um só sinal clínico; outra alternativa seria a de doença de maior gravidade, que o estado geral da paciente não justificava. Realmente, a instilação, em cada narina; de 2 gotas de Preguyl de 500 Unidades, fez com que, meia hora depois, cessasse o regurgitamento péla narina, embora a paciente sentisse o líquido subir até a coana. Foi repetida a mesma dose de Pregiryl, no consultório. No dia seguinte, referiu a paciente não ter irais embaraço algum na deglutição dos líquidos, sentindo, porém, ainda, algum incômodo em deglutir sólidos. Terceira e idêntica dose de Pregilyl fêz desaparecer, no consultório, êsse último sintoma, como verificarisos dando-lhe um pedaço de pão. Mesmo assim, foram-lhe prescritas duas injeções intramusculares de vitamina B1, associada a Estricnina. Cinco dias depois, por telefone, informou a paciente estar perfeitamente bem.
SUMMARY
"Relations between Oto-Rhino-Laryngology and endocrinology by means of capillary "discontrol"
The blood capillaries play a very important role in inflammatorv conditions and allergic phenomena. The permeability of their thin walls is regulated by several differerrt factors.
In a previous work, which was submitted as a thesis to the Medical College of the Univérsity of São Paulo, Brazil, some of these factors were studied, especially the vitamins, either synthetic or from an alimentary source. Vitamin B1 deficiency, together with the overuse of starches, induces thickening of the capillary walls and, thereby, inhibits or renders very difficult the migration of phagocytes, which represents the cornerstone of phagocytosis, the natural defense of the body against infections.
Other, even more important factors of this selective permeability of the capillary walls are discussed, namely hormones and certain conditions of the soul. The imbalance of these factors reveals itself in inflammatory or infections manifestations, due to poor nutrition of the infected tissues (distrophy) ratheir than to an insufficient phagocytosis.
One-hundred-and-twelve hormone assays in both sexes were compared with local and general symptoms. This allowed the author to establish some rules concerning the anamnesis of lhe patients. It was, thus, possible to regard those assays as unnecessary, as well as the intervention of endocrinologists, since these specialists usually do not pay any attention to little and beginning symptoms, which indicate reversible changes.
Shortly before the publication of the present paper, the author presented several clinical stories. Two of them, the most interesting ones, were read to his fellow oto-rhino-laryngologists of the Hospital das Clinicas (São Paulo, Brazil). There are, also, references to the stimulating influence of certain vitamins on the production of hormones. It would, thus, be possible to change the manifestations of capillary "discontrol" by means of an adequate diet.
(*) Palestras realizadas na Clinica Otorrinolaringológica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em maio, junho e julho de 1952. (**) Otfried Müller. Die Feinsten Blutgefäse des Menschen in Gesunden und Krankentagen. Tübingen, 1937-1939, 2 volumes. (1) O. Müller, obra citada, vol. II, pag. 54. (2) J. G, Whitaker "Sinusites e defesas naturais", estatísticas feitas em cadáveres, durante três anos. Rev. Bras. de ORL, vol. h, Set.-Out. 1942. (3) A. ONODI (Budapest) Die Eröffnung der Schädelhöhlen und Freilegung des Gehirns vou dem Nebenhöhlen der Nase aus. Zeitschrift für Rhinol. Laryngol. Band IV, 1912, com otimas ilustrações facilitando a compreensão das relações anatomotopográficas do hipotálamo e da hipófise com os sinus esfenoidais e com o rinofaringe. A consultar, tambem ; "Handbuch der Anatomie des Kindes", Friedrich Heiderreich, 1938. (4) O. Müller, ob. cit., vol. II, pag. 854. (5) As varizes podem também ter como causa fatores exógenos, como a gravidez repetida, a posição estática, a obstipação. Devemos lembrar também que são causas freqüentes de hemorragias nasais e nefrite e a hipertensão arterial, para a qual, aliás, a epistaxis é válvula de segurança. O. Müller, ob. cit. 11, pags. 245-246 e R. Imbofer in Handbuch A. Denker e O. Kahler, vol. V, pag. 9. (6) O. Müller, ob. cit, vol. II, pag. 267. (7) O. Müller, ob. cit, vol. I, pag. 136. (8) J. G. Whitaker, Tese 1947, pag. 102. (9) O. Müller, ob. cit. vol. 11, pag. 30. (10) "A Basis for the Theory of Medicine", by A. D. Speransky, Director of Patho-Physiology of the All-Union Institute of Experimental Medicine, Leningrad. 1943. International Publishers, New York. (11) A. D. Speransky, oh. cit., pag. 315. (12) A. D. Speransky, ob. cit., pags. 293 e 294. (13) Gedanken über die Lehre G. Rickers und A. D. Speransky, von Prof. Fritz Lange. Deutsche Medizinische Wochenschrift, Stuttgart, 7 Januar 1949. Num. 1, pag. 8. (14) O. Müller, ob. cit, vol. II, pag. 25. (15) A. D. Speransky - ob. cit. pag. 164. (16) O. Müller, en nossa Tése de 1947, pags. 114-118. (17) H, Waring & F. W. Landgrebe "The hormones", edited by Gregory Pincus and Kenneth V, Thiman - 1950 - vol. II, pag. 431. (18) J. G. Whitaker - "Absorção de hormônio e vitaminas pelos capilares das mucosas e da péle. Utilização clinica". Rev. Bras. de Oto-Rino-Laringología, N.º 5-6 volume XVII, 1949. (19) O hipotálamo e o bulbo (medula oblongata) são sempre afetados nas doenças graves, acentuando-se os sinais do enfraquecimento de suas funções na agonia: cessação do eritema reflexo, hipotonia dos músculos estriados, refletindo-se na musculatura facial sob a forma do facies hipoeratico", perda parcial da consciência e da sensibilidade, queda da pressão arterial com pulso rápido e pouco perceptível, suor espesso... "The Hipothalamus". Proceedings of the Association for Research in Nervous and Mental Diseases. Vol. XX, 1940, pag. 705. (20) Para o diagnóstico e localização dos focos de infecção, vêr nossa Tése de 1947. (21) O. Müller, ob. cit. vol. I, pag. 457. (22) O. Müller, ob. cit. vol. I, pag. 459 - No hipotireoidismo observam-se diminuição da permeabilidade e entrave no desenvolvimento dos capilares; no hipertircoidisma observa-se apenas aumento da permeabilidade. (23) Denker e Kahler, vol V, pags, 2 a 14. (24) Baruk demonstrou em animais de laboratório a ação vaso-dilatadora da foliculina sobre os vasos cerebrais e, em outros trabalhos, estabeleceu as relações entre esses vasos e o psiquismo "Amiales d'Endocrinologia" Tomo 9, n.º 4, 1948, pag. 354. (25) A rouquidão aparece tambem nas insuficiências acentuadas da foliculina. (26) Esta paciente foi apresentada em 29-V-1952, em reunião realizada na Clinica ORL. da Faculdade de Medicina da U. de S. P., Hospital das Clinicas. (27) Esta paciente foi apresentada em 15-V-1952, em reunião realizada na Clinica ORL, da Faculdade de Medicina da U. de S. P., Hospital das Clinicas. (28) O hormônio folicular exerce ação nitida sobre o crescimento dos ductos da glândula mamaria. (29) Ferreri, citado no artigo de R. Imhofer (Prag) "Erkrankungen der oberen Luftwege bei allgemeinen Krankheiten der Organismus", do tratado de Denker & Kahler, vol. V, pag. II, diz que os abstinentes hipogenitais, isto é, aqueles que são forçados à abstinência por defeito na função sexual, quase sempre apresentam rinite atrófica. (30) Dois anos antes outra cliente aproximadamente da mesma idade referia-nos o mesmo bem estar e fôrça de ânimo que lhe permitiram em menos de dois cujos, efetivar cento e seis viagens aéreas por todo o Brasil. Esse resultado atribuímos então mais ao desaparecimento de um foco infeccioso etmoido-esfenoidal, mas a paciente fazia igualmente longo uso, (cêrca de seis meses) de Pitressin e Pregnyl. (31) Os edemas no rosto revelam varias doenças. Os da pálpebra inferior foram objeto de interessantes observações de W. Berardinelli "Edema inferopalpebral", sinal de estrie vesicular", Seminário Clinico, I (2) : 32, 1947. (32) Nossa Tése de 1947, pag. 89 e O. Müller, obra citada, vol. I pags. 570, 676, 692 e vol. II, pag. 267. (33) O. Muller oh. cit. vol. II, pag. 466. (34) Stehle é do parecer que não existem hormônios diuréticos ou antidiuréticos. L. Stehle, The Actions of the Hormones of the Posterior Lobe of the Pituitary Gland upon the Circulation and the Secretion of the Urine. No tratado editado por R. S. Harris & K. V. Thimanu "Vitamines and Hormones". Advances in Rasearch and Applications. 1949, vol. VII, pags. 408 e seguintes. (35) O. Müller, ob. citada, vol. II, pag. 138. (36) Langwortliy, em artigo do vol. XX, pag. 617 - "The Hipothalamus", 1940. Proceed. of the Ass. for Resear. in mental anca nerv. diseáses. (37) O. Müller, ob. citada, vol. II, pags. 875 e 886. (38) O. Müller, ob. citada, vol. II, pag. 878. (39) Eppinger, citado em O. Müller, ob. citada, vol. II, pags. 849, 851. (40) O. Müller, obra citada, vol. I, pag. 360, e vol. II, pag. 877. (41) O. Müller, ob. citada, vol. II, pag. 881. (42) V. Koehler, R. Bauer, e H. Müller. - Endocrinol., 26:253 - 1949, (Cit. Resenha Clinico-Cientifica Instituto Lorenzini, Janeiro 1952). (43) -S. Stephens e W. Blunt, - Am. J. Surg., 6:1950- Cit. Resenha Clinico-Cientifica, janeiro 1952. (44) Vêr Resenha Clinico-Cientifica, (Instituto Lorenzini), jan. 1952. (45) Os traumatismos influem tambem desfavoravelmente sobre a fagocitóse, Nossa Tése de 1947, pags. 135 e 149. (46) O. Müller, obra citada, vol. II, pag. 403. (47) Harold Scarborough (Lab. Glaxo, .Inglaterra), no capitulo "Vitamina P" de "Vitamines and Hormones", edited by Robert S. Harris and Kennett V. Thimann - 1949, (New York) - Vol: VII. (48) Na carencia em vitamina P, temos encontrado equimóses e não pequenas petéquias puntiformes ao redor dos pelos. (49) W. Wöhrmann, com grande experiência na estação balneária de Karlsbad, refere uma "enxaqueca da vesícula biliar", em que os pacientes acusam pouca tolerância às gorduras e vômitos de cor amarela ou verdes, e localizam a dôr de cabeça sempre à direita. Decholin, em injeções, dá bons resultados. Wiener Medizinisclie Wochenschrift 1940, n.º 20 (citado Müuch. 19-VII-1940 pag. 790). (50) O Gynergéne, como a vitamina C, e o cálcio, diminui a permeabilidade capilar anormal (Kriech, citado em O. Müller, vol. II, pag. 846). Para a Cafeína, verificou-se efeito vasoconstritor no territorio do esplâncnico, dilatador sôbre os capilares da pele é do cérebro (Starkenstein, citado em O. Müller, vol. II, pags. 780 e 781). O. Müller assinala efeitos paradoxais conforme sua concentração e segundo as doenças. (51) Prof. Fritz Lange (Dresden), "Die Behandlung der Migráne mit oestrogenen Stoffen". Münch. Medz. Wochr., 28 Februar 1941. (52) O. Müller, obra citada, vol. I, pag. 653. (53) J. G. Whitaker. Nossa Tése de 1947, pags. 34 e 61. (54) Preparada gentilmente pelo Prof. Q. Mingoia, do Lab. Paul. de Biologia. (55) Otfried Müller, ob. cit. vol. I, pag. 609, ou nossa Tese 1947, pag. 114. (56) Êsse resultado forneceu mais uma explicação do bem estar sentido pelo paciente com a administração da Pitressin, pois que, um dos efeitos desta é alimentar a excreção do cloreto de sódio pelos rins, com restabelecimento do equilibrio eletrônico dos tecidos. Vêr Prof. A. Querido (Holanda), em seu artigo "O hormônio" (Organon Brasil) Setembro 1949, pg. 4. (57) G. E. Jannulis "Hormonale Behandlung der Rhinitis Atrophica und Rhinitis Vasomotorica". Cit. Munch. Mediz. Wschr. 4-X 1940, pag.1100. (58) L. Condorelli "de Behandlung des Bronchialastimas mit Prolan". Múnch. Mediz. Wschr. 5-I-1940, pag. 26. (59) Kwanji Tsuji "Wesen and Behandlung des Bronchialastimas", Urban und Schwarzenberg, Berlim und Wien 1939, cit. Münch. Mediz. Wschr. 20-IX-1940, pag. 1034. (60) A. Stehle, obra citada, pag. 237. (61) O. Muller, admite ambas as vias - obra citada, vol. II, pags. 109-610 e 620. Ver pagina n.º 95. (62) Emil Starkenstein: "Lehrbuch der Pharmakologie, Toxikologie und Arzneiverordnung", 1938, Deuticke, pag. 580. (63) H. Winkler-Parallelen zwisclien Ascorbinsäuremehrausscheidung und Hormonproktion in der Schwangerschaft - Klinisch Wochenschrift 1939, n.º II. (64) Stanley R. Ames, J. G. Baxter, J. Q. Griffith -Jr. - Prevention hy d'a Tocopherol, of Increased Capillary Fragility in Rats following Inadiation. - Internationale Zeitschrift für Vitaminforschung. Vol. XXII, n.º 4, 1951. (65) Prof. Heinrich Cramer e Dr. Hans Brodersen "Follikelhormon bei Leulopenie". Munch. Mediz, Wschr. 30-Mai-1941, pag. 619.
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