INCIDÊNCIA:
Nesses 5 anos tivemos 30 doentes, sendo 20 do sexo masculino e 10 do sexo feminino.
Quanto às complicações endocramanas os- doentes foram distribui(íos por ordem de frequência das afecções encontradas em:
a) tromboflebite do seio lateral - 11 casos;
b) meningite - 5 casos;
c) abscesso cerebral - 4 casos;
d) tromboflebite + abscesso + meningite - 1 caso;
e) tromboflebite + abscesso - 1 caso;
f) meningite + tromboflebite - 1 caso;
g) abscesso cerebral + meningite - 1 caso;
Radiogramas contrastados evidenciando a cavidade de abscesso cerebral consequente a otomastoidite.
Quanto ao grupo etário tivemos:
0 - 10 anos - 11 casos;
11 - 20 anos - 12 casos;
21 - 30 anos - 1 caso;
31 - 40 anos - 3 casos;
41 - 50 anos - 0 casos;
51 - 60 anos - 2 casos;
61 - 70 anos - 1 caso.
Os achados cirúrgicos foram: otite média crônica colesteatomatosa - 20 casos, antro-aticite hiperplástica - 6 casos e, não determinados em 4 casos.
DIAGNÓSTICO:
Diante de um doente com suspeita de complicação endocraniana, o otorrinolaringologista deve esclarecê-la o mais precocemente possível.
Para tanto, utilizamos os seguintes exames complementares, ao lado da história clínica, exame físico e em especial o exame neurológico que é de suma importância:
1) fundo de ôlho: - revelando ou não as alterações da papila;
2) liquor cefalorraquidiano: - a hipertenção liquórica, o aspecto, a bacteriologia e citologia do liquor nos darão preciosas informações;
3) angiografia cerebral: - em caso de suspeita de abscesso cerebral;
4) eletroencefalografia: - eventualmente.
TRATAMENTO:
Na vigência de uma complicação endocraniana ou otomastoidite, êste deverá ser iniciado o mais precocemente, por meios clínicos e cirúrgicos.
Bacteriologia e cultura do material obtido durante a cirurgia. Enquanto aguardamos o resultado da cultura, devemos fazer uma ampla cobertura antibiótica e quimioterápica, além de usar medidas gerais para elevar o estado geral do doente.
Frente a um caso de otomastoidite, instituímos diàriamente, por via endovenosa, gôta a gôta, a seguinte medicação:
1) Manitol a 20º/0, para redução do edema cerebral, 500 ml.
2) Cloranfenicol, 2,0 g;
3) Penicilina cristalina, 10 milhões de unidades;
4) Sulfacetamida sódica a 30% (Albucid), uma ampôla.
Desta forma cobrimos amplo espectro bacteriano no pós-operatório. Devemos também proceder a correção do eventual desequilíbrio hidroeletrolítico.
EVOLUÇÃO:
Com o tratamento instituído, tivemos nesses 5 anos, 8 óbitos. Tendo em vista que todos os casos eram de acentuada gravidade, o número de óbitos foi relativamente pequeno, cêrca de 26,6%, que vem demonstrar o valor da conduta adotada.
CONCLUSÕES
O especialista deve ver o doente como um todo e não ficar restrito ao problema otológico, intervindo precocemente na mastóide, visando a eliminação do fóco infeccioso, causa primária da complicação endocraniana.
SUMMARY
The AA. reports 30 cases of intracranial complications of otontastoiditis and diagnostic and therapetttic means followcd, in the Department of Otolaryngology (Head, Prof. R. Nova M.D.) of the University of S. Paulo.
BIBLIOGRAFIA
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(*) Trabalho realizado na Clínica Otorrinolaringológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Serviço do Prof. Raphael da Nova) e apresentado no XIV Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia, em Curitiba, setembro de 1964.
(**) Assistente.
(***) Professor-assistente Dr. - Chefe de clínica.
(****) Professor-assistente Docente.
(*****) Médico residente.