INTRODUÇÃOParece ter sitio SCHMIDTI em 1930 quem primeiro descreveu um tumor envolvendo a porção intratemporal do nervo facial.
Os tumores do nervo facial, apresentam uma característica muito especial, pois podem se apresentar clinicamente através de paralisias faciais recidivantes (LOPES, O.2) ou mesmo crescerem sem nenhum sintoma até que quando comprometem um grande número de fibras, aí então surge a paralisia de modo súbito.
Tivemos (LOPES, O.2) a oportunidade de publicar dois casos de neurinomas do nervo facial, um em seu trajeto mastóideo e outro no trajeto timpânico.
Segundo PULEC3 os neurinomas são tumores pouco comuns, tem crescimento lento e podem ocorrer em qualquer ponto do nervo facial desde o tronco cerebral aos músculos faciais.
PULEC4 considera como raros, aqueles casos que tenham menos de 250 citações da literatura. Relata em sua experiência o encontro de 30 tumores do facial, sendo 27 neurinomas e 3 angiomas.
Não se deve fazer biopsia quando haja suspeita de neurinoma do facial. Uma biopsia, quando a tumoração é aparente no conduto auditivo externo, será feita no consultório e certamente será seguida de uma paralisia facial o que será muito aborrecido para o paciente e médico.
Se a massa estiver no ouvido médio, a biopsia exigirá uma timpanotomia, que será seguida de paralisia facial e ele formação de aderências, o que prejudicaria uma futura cirurgia.
Relata PULEC5 que quando o tumor atingir o nervo estapédio, a paralisia decorrente será súbita e indistinguível da paralisia facial.
Estes tumores produzem compressão sobre o tronco do nervo facial e não uni meio seguro de fazer o diagnóstico do neurinoma do ramo do músculo estapédio antes da cirurgia.
PULEC6 em comunicação pessoal, relata nunca ter visto um neurinoma da corda cio tímpano, embora já houvesse removido 38 tumores do nervo facial. Ele acredita que apenas dois casos de Neurinoma da Corda do Tímpano tenham sitio relatados até o momento. O primeiro parece ter sido descrito por JACK POU7 de Shreveport, Louisiania.
APRESENTAÇÃO DO CASOID: JDS, 25 anos, branco, sexo masculino procedente de Bahia.
ANAMNESE: O paciente declara que há cerca de um alto vem notando unta tumoração do conduto aditivo direito e que recentemente tapou-o totalmente. Tem períodos de supuração em pequena quantidade. Não relata dor.
FIGURA 1 - O desenho revela a invasão do tumor no ouvido médio através da corda do tímpano.
FIGURA 2 - Desenho esquemático do achado cirúrgico, mostrando o tumor ocupando a parede posterior do conduto auditivo externo enchendo parcialmente o antro e invadindo a caixa do tímpano.
EXAME OTORRINOLARINGOLÓGICO: O exame do conduto auditivo externo mostrou a presença de uma massa tumoral dura às custas da parede posterior e que obstruía totalmente o conduto auditivo impedindo a otoscopia. A massa era dura e indolor.
Demais exames otorrinolaringológicos, absolutamente normais. A audiometria mostrou audição nos limites da normalidade. Não foi possível a Timpanometria em virtude da dificuldade em selar o conduto auditivo, pela presença daquela massa.
Tomografias dos ossos temporais não revelaram maiores anormalidades no ouvido direito.
A biopsia da tumoração revelou ser um SCHWANNOMA tipo A.
Com a hipótese diagnóstica de Neurinnoma do Nervo Facial (Neurilemona ou Schwanorna), o paciente foi submetido a uma cirurgia exploradora em Abril de 1989. O achado infra-operatório foi a de uma massa tumoral, medindo cerca de 1 cm a 1,5 cm de diâmetro na parede posterior do conduto auditivo externo e que vinha da corda do tímpano. (FIGURA 1). O tumor caminhava pela corda do tímpano e penetrava o ouvido médio ocupando parte de sua porção póstero superior (FIGURA 2). A massa foi totalmente removida sem nenhuma lesão ao nervo facial. Este teve de ser exposto parcialmente a fim de haver uma liberação não traumática do massa tumoral.
O paciente teve um excelente pós operatório sem nenhuma paralisia ou paresia do nervo facial. O exame hispotalógico revelou: SCHWANNOMA DO TIPO A. Eletroneuronografias realizadas no período pós operatório foram normais, assim como os exames audiométricos.
DISCUSSÃONosso diagnóstico após a biópsia foi o de Neurinoma do Nervo Facial, e não tínhamos idéia de que poderia se originário da corda do tímpano. Na literatura aprendemos que mesmo tumores muito grandes do nervo facial nem sempre determinam paralisia como sintoma importante. Foi então o paciente prevenido de que a remoção do turno certamente determinaria uma paralisia facial completa eventualmente alguma perda auditiva. Felizmente isto não ocorreu, pois o tumor tinha sua origem na corda do tímpano.
BIBLIOGRAFIAl. SCHMIDT, C.: Neurinoma des Nervus faciais (Abrstr.) Zbl. Hals NasOhrenheik 16: 32, 1930-1931.
2. LOPES, F.O. et all.: Neurinoma of the Facial Nerve. ORL 40: 254-262,1978.
3. CONLEY J.C.: Neurilennoma of the Facial Nerve, in: Salivary Glands and the Facial Nerve: 103-105. Grune and Stratton, New York, 1975.
PULEC, J.L.: Current Therapy in Otolaryngology-Head and Neck Surgery 1984-1985, B.C. Deker Inc. USA, 1984.
4. PULEC, J.L.: Facial Nerve Tumours, Annals of Otology, Rhinology and Laryngology, 78. 962-982, 1969.
5. PULEC, J.L.: Facial Nerve Neurinoma in Symposium on Ear Surgery. The Laryngoscope LXXXII: 1160-1176, 1972.
6. PULEC, J.L.: em comunicação pessoal
7. POU, J.W.: Neurinoma (Schwanoma) of the facial nerve: report of two cases. Arch Otolaryng, 69: 48-56, 1959.
* Chefe da Clínica de ORL e Titular da Disciplina de ORL.
** Segundo Assistente da Clinica de ORL e Professor Assistente do Disciplina de ORL.
*** Médico(a) da Clinica de ORL e Professor(a) Instrutor(a) da Disciplina de ORL.
Trabalho da Clínica de Otorrinolaringologia da I.S.C.M.S.P. e da Disciplina de Otorrinolaringologia da F.C.M.S.C.S.P.
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