ISSN 1806-9312  
Sábado, 27 de Abril de 2024
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222 - Vol. 33 / Edição 1 / Período: Janeiro - Março de 1965
Seção: - Páginas: 29 a 32
STAPHYLOCOCCUS PYOGENES EM AMIGDALAS EXTRAIDAS (*)
Autor(es):
Dr. Luiz de Gós Mascarenhas (**)
Dr. Zenshi Heshiki (***)
Aryovaldo Costa (****)
Octavio Barachini (*****)

Resumo: Os autores estudaram a incidência de Staphylococcus pyogenes em 115 pares de amígdalas extraídas, bem como a resistência dessa bactéria a vários antibióticos in vitro". Os resultados encontrados 68% de positividade são bem mais elevados dos apresentados por Frega; Rogers, Pastore. Os testes de sensibilidade a antibióticos realizados in vitro" mostram que a eritromicina, cloranfenicol e novobiocina foram, respectivamente, os antibióticos mais ativos. Diante dos resultados encontrados, os autores chamam a atenção dos clínicos para a importância do problema, uma vez que o Staphylococcus pyogenes pode ser o agente enológico de infecções graves como: pneumopatias; bronquites; otites; enterocolits; alergias etc. O problema "estafilococcias" assumiu tamanha importância nêstes últimos dez anos, que são inúmeras as publicações sôbre os mais variados tipos de infecções produzidas por essa bactéria (pneumopatias, bronquites, otites, enterocolites alérgicas etc).

Baseados em trabalhos por vários pesquisadores Rountree & Thompson ; Lepper et alii; Edmunds et alli; Sahffer et alli; Hurts; Scatena et alli; Baracchini et alli; sôbre a colonização de Staphylococcus pyogenes resistentes a antibióticos em crianças e adultos, o Departamento de Otorrinolaringologia e Endoscopia do Hospital das Clínicas e o Laboratório Regional do Instituto Adolfo Lutz de Ribeirão Prêto organizaram um programa de pesquisa, cuja finalidade foi estudar a incidência de Staphylococcus pyogenes em amígdalas extraídas, afim de verificar o comportamento dêsse tecido linfóide, como fonte de destribuição dessa bactéria para os mais variados pontos do organismo.

Trabalhos anteriores (Fraga, Rogers e Pastore) tratam mais do estudo da flora bacteriana das amígdalas ou, mais especificamente, dos estreptococos, porém, sôbre os estafilococos, pelo menos entre nós nada foi feito.

MATERIAL E MÉTODOS

As amigdalectómias foram realizadas no Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina e no Hospital São Francisco de Ribeirão I'rêto.

As indicações cirúrgicas foram baseadas na anamnese, exame físico geral, exame otorrinolaringológico e exames subsidiários. Foram operados os pacientes com amigdalites crônicas, com ou sem hipertrofia das amígdalas e adenóides.

Empregou-se tanto a anestesia local como a geral. Dos casos que requerem anestesia geral, esta foi praticada por entubação naso-traqueal, pela equipe do Serviço de Anestesia do Hospital das Clínicas. Nas anestesias locais, empregou-se como medicação de base no pré-operatório, morfina e atropina por via endoflébica, seguindo-se a anestesia tópica com solução de neututocaína a 2% na faringe e infiltração em cada loja com 10 ml de solução) de scurocaina a 1 ou 2%.

O ato cirúrgico foi sempre realizado com o paciente em decúbito dorsal horizontal e com a cabeça em extensão, guando submetido a narcose e em posição sentada, quando submetida a anestesia local. A técnica cirúrgica foi sempre o da dissecção.

As amigdalas extraídas foram recolhidas assèpticamente e logo encaminhadas ao laboratório para os exames bacteriológicos, os quais foram sempre realizados nas primeiras 12 horas após ato cirúrgico.

As amígdalas foram cortadas com tesoura e as criptas tocadas com estiletes de arame contendo algodão numa das extremidades e embebidos em caldo comum, com os quais procedeu-se a semea dura de duas placas de agar-sangue (Agar-sangue: Clroeto de sódio P.A. - 5,0g; triptose (Difco) - 20,0g Dextrose anidra (Merck) - 5,0g; Água destilada - 1.000 ml: Sangue humano desfibrilado - 50 ml.) que foram incubadas por 24 horas em estufa a 37º C.

As culturas que se desenvolveram foram examinadas quanto à sua morfologia, pigmento, comportamento bioquímico e reações tintoriais.

As provas de coagulase foram realizadas pelo método de aglutinação em lamina e pelo método de aglutinação em tubos.

As determinações da sensibilidade para com os antibióticos foram realizadas usando-se o método dos discos. (30 mcg por disco, exceto para a penicilina que foi empregada na concentração de 30 unidades Oxford).

RESULTADOS

Dos 115 pacientes, cujas amígdalas foram examinadas bacteriològicamente de 79 (68%) foram isolados Staphylococcus pyogenes, fato que demonstra a alta incidência dessa bactéria em portadores de amigdalites crônicas.

Os resultados apresentados no quadro mostram que os antibióticos mais ativos nos testes "in vitro" foram: a eritromicina, cloranfenicol e novobiocina respectivamente.



ABSTRACT

The authors based on papers publislied by various workers on colonization of Staphylococcus pyogenes in children and adults organizad a research program to verify the incidence of this bacteria in extracted tonsils from patients with cronic tonsilites.

One hundred and fifteen pairs of tonsils from 115 patients were examined bacteriologícaly and from 79 (68%) the Staphylococcus pyogenes were isolated.

It is interesting that almost all the Staphylococcus pyogenes isolated were resistant to various antibiotics. The best results were obtined w ith erytromicin, cloranfenicol and novobiocin respectively.

The authors call the attention of the physicians for the cronic tonsilites, since S. pyogenes can be the etiologic agent ot any important diseases.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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SHAFFER, R.E., DALDWIN, J. N., RHEINS, M.S., SYLVESTER, R, F. JÚNIOR. - Staphylococcal infections in newborn infants. - Pediatrics 18: 750, 1956.

(*) Trabalho realizado com auxílio do Fundo de Pesquisa do Instituto Adolfo Lutz.
(**) Chefe do Serviço de Otorrinolaringologia e Endoscopia Peroral e Cirurgia da Cabeça e Pescoço do Departamento de Cirurgia do Hospítal das Clínicas da Fac. de Med. de Ribeirão Prêto.
(***) Instrutor do mesmo Departamento.
(****) Biologista do Laboratório Reg. do Inst. Adolfo Lutz de Ribeirão Prêto e Assistente do Departamento de Microbiologia da Fac. de Farm. e de Odontol. de Ribeirão Prêto.
(*****) Diretor do Lab. Reg. do Inst. Adolfo Lutz de Rib. Prêto e Professor Catedrático de Microbiologia da Fac. de Farm. e de Odontol. de Rib. Prêto.
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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