ISSN 1806-9312  
Sábado, 23 de Novembro de 2024
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2104 - Vol. 44 / Edição 2 / Período: Maio - Agosto de 1978
Seção: Artigos Originais Páginas: 169 a 170
COMO FALAR COM DEFICIENTES AUDITIVOS *
Autor(es):
* Arnaldo Linden

Devemos nos conscientizar de que a maneira de conversar com pessoas portadoras de deficiência de audição não é a mesma que empregamos quando falamos com indivíduos de audição normal. Existem algumas regras simples que devem ser lembradas, a fim de que possamos desenvolver uma conversação satisfatória com o deficiente auditivo.

Como primeiro aspecto, o mais importante, devemos estar de frente e olhando nos olhos do deficiente auditivo quando estamos conversando. Normalmente, todas as pessoas que têm problema de audição aprendem a ler nos lábios, muitas vezes sem o saber. Essa habilidade da leitura labial é bastante variável entre os hipoacúsicos. Olhando essas pessoas de frente, estamos lhes dando a oportunidade de ajuda pela observação que fazem das nossas expressões faciais e movimentos dos lábios.

O segundo aspecto é o da altura da voz. Devemos suprimir a tendência natural de elevar a voz ou gritar com o deficiente auditivo. Se ele está usando uma prótese auditiva, falar muito alto ou gritar poderá apenas piorar a discriminação e conseqüente compreensão sobre o que estamos dizendo ou tentando dizer. Desta maneira, devemos iniciar a, falar num tom de voz normal de conversação e se observarmos que o nosso interlocutor não está compreendendo, devemos aproximar-nos, ainda conservando um nível de volume tão baixo quanto possível, condizente com a compreensão. É preciso ter o cuidado de não baixar o tom da voz ao final de cada frase.

Um terceiro aspecto é o que se refere ao excessivo movimento dos lábios. Uma pronúncia exagerada de palavras e frases, apenas trará confusão e falta de compreensão para o deficiente auditivo. A um bom leitor de lábios não interessa ler cada palavra, cada sílaba. Pelo contrário, ele acompanha a conversação no seu conjunto procurando entendê-la a medida que vai se desenrolando. Se super-acentuarmos e super-articularmos, na realidade estaremos reduzindo o nível de compreensão para esses pacientes. De um modo geral, um nível moderado ou lento de falar aumentará em muito a compreensão para eles. Isto é especialmente verdadeiro para o paciente mais idoso e para a maior parte dos pacientes com surdez neurosensorial. E não implica em super-articulação de palavras, mas sim, num nível vagaroso de desenrolar a fala.

Por último, devemos procurar manter o foco de luz em nosso rosto e lábios, para facilitar a leitura labial do nosso interlocutor. Se o deficiente auditivo precisa olhar para uma fonte luminosa ou uma janela aberta à luz do dia a fim de ver nosso rosto, certamente não terá um bom aproveitamento da leitura labial.

Estas poucas regras servem para tornar a comunicação mais fácil e mais agradável ao deficiente auditivo. Elas são úteis a todos nós, proporcionando uma melhor compreensão e melhor relacionamento com esses pacientes que, por sua condição de surdos, tendem a isolar-se e serem isolados da sociedade e da família.




Endereço: Av. Lavras, 247 P. Alegre

* Programa informativo e educacional sobre deficientes auditivos.
** Professor assistente da disciplina de otorrinolaringologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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