ISSN 1806-9312  
Domingo, 28 de Abril de 2024
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21 - Vol. 20 / Edição 3 / Período: Maio - Junho de 1952
Seção: Revista das Revistas Páginas: 90 a 95
Revistas das Revistas
Autor(es):
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PROF. G. PORTMANN - "A Audiometria moderna". Revue de Laryngologie, Otologie, Rhinologie - N.º 1 e 2, 1952.

Neste importante trabalho, o autor faz um detalhado estudo sobre os metodos modernos da Audiometria, julgando que eles fixam, ainda de um modo relativo, o local do aparelho auricular ou, dos centros nervosos que o comandam, onde está situada a lesão. Considera o valor da técnica eletro-acustica moderna no diagnóstico da surdez e a importancia da audiometria tonal e vocal (teste de inteligibilidade = valor social da função auditiva). Com referencia à tonal, estuda as suas modalidades "limiar" e "supra-limiar", detendo-se mais na ultima, através do teste de Fowler - recrutamento - e da determinação dos "Limiares diferenciais de Luscher e Zwislocki". Passa em revista o "Teste de inteligibilidade" mostrando sua interdependencia a fatores que devem ser mantidos constantes: sexo e qualidade vocal do operador, articulação, acento, volume da voz em intensidade igual, etc. Não concorda com a utilização de discos, porque apesar de serem interessantes por um lado, suprimem a possibilidade da leitura labial, indispensavel à certas pesquisas. Quanto ao material fonetico, esclarece que os trissilabos são melhor percebidos que os dissilabos, estes, sobre os monossilabos, desde que seja conservada a intensidade.

Estuda minuciosamente a aplicação dos testes eletro-acusticos, dividindo-os em 3 grupos de investigação.
1) problemas de diagnóstico.
2) problemas médico-legais.
3) problemas terapeuticos.

1) problemas de diagnóstico: Provas de Rinne, Weber, Scchwabach, Bing, Gellé, ressaltando de importancia o diagnóstico oto-neurologico.
2) interesse de serem bem apreciados os chamados "limiares de invalidez funcional" e o despistamento da simulação.

Finalmente, com relação aos do ultimo grupo, considera o autor que eles constituem meios seguros de contróle funcional e, esclarece que se a audiometria tonal permite incontestavelmente fixar a indicação protética, a vocal deve ser a preferida para a adaptação da protese, pois neste dominio a experiencia tem mostrado que, até um certo ponto, torna-se necessario o empirismo na escolha de tal ou qual aparelho, da via óssea ou aérea, desde que entram em jogo fatores subjetivos individuais e imprevisiveis. A respeito da indicação da protese prefere só utilizá-la quando existe uma surdez bilateral de 30 a 35 decibels.

Considera a surdez pura de transmissão, o verdadeiro triunfo da protese. Refere que uma surdez é tanto menos aparelhavel quanto o seu "recrutamento" é mais importante e esclarece a dificuldade de se aparelhar bem uma surdez do tipo coclear.

Testes eletro-acústicos na criança - Sua importancia social - estudo pormenorizado da "Audiometria Infantil", através do condicionamento de reflexos (testes psico-galvanicos) ou da audio-encefalografia, fatores preponderantes no dificil diagnóstico da surdez infantil. Este diagnóstico deverá ser seguro e precocepois, o interesse da reeducação começa entre 18 a 24 meses. Os testes audiometricos infantis são divididos de acordo com a idade dos pacientes:

a) Antes dos 3 anos : Audio-eletroencefalografia - Teste de Bordley - Hardy ou "galvanic skin rcsistence test" (mais utilizado).
b) dos 3 aos 7 anos - "Pcep-show" de Hallpike e Miss Dix. - Teste das imagens de Kantzer e Fournier - (camara telefonometrica).
c) depois dos 7 anos - mesmos metodos aplicados aos adultos - através da repetição por vários dias e da escolha de palavras conhecidas.

Dos testes acima, surgem 2 grupos de doentes:

1.º) sem reliquat auditivo ou só com ilhotas muito reduzidas - reeducação oral e leitura labial.
2.º) Maiores vestígios auditivos - ilhotas médias - reeducação por amplificação eletro-acustica.

A. MEDICIS DA SILVEIRA

HEIMENDINGER e LAFON - "Tratamento das otorreias infecciosas pela terramicina e cloromicetina local". "Revue de Laryngologie, Otologie, Rhinologie", n.º 3 e 4, 1952.

Os autores fazem uso da aplicação terapeutica anti-infecciosa local com os dois antibióticos citados em casos de otorreia tubaria muco-purulenta com lesão limitada da mucosa e, tambem de otorreia purulenta que se faz acompanhar de lesões profundas. Consideram esta terapeutica de importancia mesmo quando se trata de otorréia purulenta com osteite ou colesteatoma, com o intuito de "sêcar" o fóco no pré-operatório. julgaram de interesse a publicação dos seus resultados, desde que os tratamentos locais classicos só, dificilmente chegam a sécar o fóco e, raramente, de modo persistente, constatando, no emtanto que, a maior parte dos germens responsaveis pelas otorreias, e sensível à Terramicina e à Cloromicetina. A respeito das indicações, entre as otorreias crônicas obterão resultados bem mais favoraveís aquelas nas quais a perfuração do timpano é larga, enquanto nas com mínima perfuração, o "sécamento" só dificilmente será conseguido.

Antes de qualquer tratamento, fazem sistematicamente o exame bacteriológico da secreção, para pesquisa da sensibilidade aos anti bióticos. Com a intenção de prevenir possiveis resistencias ou reações secundarias, os autores empregam fortes concentrações de terramicina e cloroanicetina sob a fôrma de suspensões a razão de 12 por 1.000, preparadas extemporaneamente no sôro fisiológico môrno. A técnica de aplicação empregada é a de banhos de ouvido, mantidos diversas horas por um tampão de algodão e renovados duas vezes ao dia. julgam esta modalidade de aplicação superior às outras. O uso dos antibióticos é precedido por uma lavagem com sôro fisiológico môrno para desembaraçar a caixa do timpano do acumulo de secreções. Os resultados obtidos têm sido dos anais rápidos - após 2 a 3 dias, o ouvido não escorre mais, melhorando portanto, nitidamente, a audição. Não têm sido encontradas reações secundarias, em particular nunca otite externa como tem sido observado com o uso da Penicilina e, sobretudo, da Streptomicina. Tambem não ficou constatado qualquer acrescimo de resistencia dos germens após o tratamento. No entanto, apontam como inconveniente desta terapeutica a formação de concreções friáveis, não aderentes, sendo retiradas por lavagem no fim do tratamento, sem maiores aborrecimentos.

A. MEDICIS DA SILVEIRA

F. L. WEILLE - A. B. RICHARDS - "Influence of fundamental concepts in allergy on specific problems in otolaryngology". A.M.A. Arch. otol. - 54: - 231-240 Setembro 1951.

A fim de avaliar o valor da cirurgia sinusal da asma, 197 pacientes foram acompanhados pelo menos 6 (seis) meses após a operação.

Os doentes foram divididos em grupos com asma extrínseca (66) e grupos com asna intrínseca ou não classificada (131). Esses casos foram encaminhados ao otorrino e operados por apresentarem sinais de infecção sinusal, e obtiveram o seguinte resultado: 59 curados da asma e 43 melhorados (total de 52%).

O grupo de asma extrínseca, obteve maior percentagem de bons resultados (68%), do que o grupo de asma intrínseca.

Quando seleciona-se o caso adequadamente, sob o ponto de vista de cirurgia sinusal, e esta é executada sem prejudicar a função das cavidades nasais, os resultados são sempre vantajosos não só para a afecção raso-sinusal como para os sintomas asniaticos.

ANTONIO CORRÊA

NILS G. RICHTNER - "Tonsillectoiny in chronic and postacute rheumatoid arthritis". Acta otolar. - 38: - 419-438 - Outubro 1950.

O A. investigou o efeito da amigdalectomia na poliartrite post-aguda e crônica, no período de 1942-1946, mim total de 810 pacientes, dos quais 432 foram operados.

A cirurgia foi baseada nos antecedentes faríngeos, e na associação de sintomas amigdalianos e articulares, ou na elevação da taxa de hemosedinmentação.

Não se notou uma diferença evidente, na taxa de hemosedimentação, entre o grupo operado e o grupo de doentes não operados, e mesmo comparando os casos com dados amigdalianos positivos e ciados negativos. Parece diante dêste estudo que o fator inetabolico na poliartrite crônica tem tanto ou mais importancia que o fator infecção.

Comparando-se a influencia da amigdalectomia no sintoma articular entre os 2 grupos de doentes, operados e não operados, o A. não pode responder pela afirmativa, sob o ponto de vista estatístico.

ANTONIO CORRÊA

ROBERT H. PARROTT, SIDNEY ROSS, F. G. BURKE, C. RICE - "Herpangina: Clinical studies of specific infections disease". New Engl. J. Med. - 245: - 275-280; Agosto 1951.

A "herpangina" é uma doença comun das crianças, durante o verão, e caracterisada por febre, dôr de garganta e lesões vesiculo-ulceradas dos pilares amigdalianos anteriores e palato mole. Foram estudados, 22 crianças, que apresentaram além da febre alta, também anorexia, disfagia e lesões papulo-vesiculosas do orofaringe.

A evolução é benigna e sem complicações, e a penicilina não altera o quadro clínico. O exame bacteriológico e o hemograma não tem particularidades. Parece tratar-se de uma moléstia à virus, pois que foram isolados virus tipo Coxsackie, das fezes em 86% dos casos, e da garganta em 45% dos casos. Também foi verificado uma alta taxa de anticorpos para vírus homologos, durante a doença, em 70% dos casos.

ANTONIO CORREA

SHIRLEY HAROLD BARON - "Experiences with parenteral vitamin A therapy in deafness and tinnitus". Laryagoscope - 61: 530-54, junho 1951.

O A. procurando avaliar o efeito terapêutico da vitamina A, fêz liso de injeções intramusculares de 50.000 ou 100.000 unidades desta vitamina, 2 vezes por semana, em 36 pacientes. Esses apresentavam surdez de percepção, de condução ou surdez alista; no total de 10 a 20 injeções, foi verificado que 5 pacientes só podiam ter melhorado pela vitaminoterapia A, embora o fator psícogênico, também não deva ser afastado.

De 17 pacientes com tinnitus, 4 melhoraram e em nenhum desapareceu este sintoma.

ANTONIO CORRÊA

RAYMOND CARHART - "The cars of industry,". Arch . Indust. Hyg - vol II: 534-511 - Novembro 1950.

A audição pode ser prejudicada por ruidos de intensidade acíma de 100 db., principalmente quando o som é continuo ou apresenta variações intensas de pressão (explosões). A hipoacusia manifestada é do tipo percepção atingindo a frequencia de 4.000 c.p.s., e mesmo 2.000 c.p.s., quando não há capacidade de recuperação após o trauma acustico. Como a suscetibilidade à fadiga auditiva é muito variavel, há necessidade de um exame audiometrico do empregado em ambientes rudosos, antes do período inicial do trabalho e repetir o exame seis a oito semanas depois.

O aparecimento da queda no limiar da audição nos tons agudos, mostra que o indivíduo é suscetível ao trauma sonoro.

Para diminuir o ruído ambiente, recomenda-se o uso de material isolante nas paredes e tetos, assim como nas maquinas das industrias. Apesar desses cuidados, si o nível ruidoso ainda pode ser prejudicial, é conselhavel o uso de protetores auriculares, no canal auditivo ou sobre o pavilhão, que pode reduzir 25 a 30 db. do som ambiente.

ANTONIO CORRÊA

SIDI E. - CASALIS F. - "Os tetos de contacto sobre a mucosa bucal no estudo das glossites e estomatides. - Rev. Laryngologie, Otologie e Rhinologie - N.º 7 e 8 - 1951.

Nas dermatoses alergicas a reprodução experimental de uma lesão é muito importante. As mucosas tambem apresentam reações por intolerancia, que devem ser distinguidas das manifestações toxicas.

O test ideal é aquele que reproduz as condições do aparecimento da lesão. Nas estomatites e glossites o reatogeno é introduzido por via geral ou por contato. Neste ultimo caso a pesquiza deverá ser orientada pelos tests de contacto.

Na mucosa bucal deveremos procurar não traumatisar e isolar do meio salivar, o que é difícil. Diversos metodos têm sido propostos a saber: Tabletes, dentifrícios, pincelações, aparelhos de protese para manter a substancia in loco, etc. O autor é de parecer que o melhor metodo é aquele que emprega as cupulas flexiveis de borracha, pois evita a diluição da saliva e que o paciente degluta a substancia. Coloca-se na mucosa do labio superior fazendo uma ventosa fraca. O tempo de aplicação é curto, inferior a 2 horas. A reação traumatica (eritema) do lado testemunha em geral desaparece em menos de 48 horas.

Considera como positivas as reações que durem mais de 48 horas ou as que aparecem secundariamente, 24 horas após a supressão do test.

As manifestaeões de intolerancia na mucosa bucal não são sempre paralelas àquelas da pele, e não têm carater especifico. As reações (enantemas, edemas, vesículas) podem ser devidos a pastilhas, dentifrícios, essencia, aerosoes. Certas substancias como a sulfa e o piratuido dão as vezes reações na mucosa bucal e genital. As glossites por intolerancia parece que tem aumentado, e é necessario cuidado, pois as vezes aumentamos o uso do antibiotico piorando a situação.

As estomato glossites por intolerancia não são frequentes, mas não devem ser esquecidas uma vez que a sua frequencia cresce com, o uso dos novos antibioticos.

A tecnica, o tempo de contacto, e as concentrações não podem ser estabelecidos de maneira standard para o test de contacto.

F. B. MATHEUS

GUNS P. - "Vertigem de Menière. Sua terapeutica".Acta Otorino Laryngologica Belgica - Tomo 4 - Fasc. 6 - 1950.
A verdadeira vertigem provem de perturbações no orgão terminal do vestibulo ou nos nodulos vestibulares.

Hautant distingue a vertigem do tipo central e periferico.

O autor reserva o nome de doença de Meniere só para a hemorragia labiríntica - que se caracterisa pela vertigem, inexcitabilidade total ou parcial do vestíbulo. As causas são gerais (arterioesclerose da arteria vestibular, sifilis, leucemia, purpura) ou locais (traumatismo).

As outras vertigens divide em:

1) Síndromes para Meniericos
A - De origem infecciosa e
B - De origem toxica

2) Síndromes pseudo meniericos. A origem central.
1) Por comprometimento do 1.º neuronio
a) vertigem nevralgia
b) vertigem nevrite

2) Por comprometimento troncular
a) aracnóidite ponto cerebelar
b) Tumor ponto cerebelar.

B - Origem periferica
vertigem ocular
vertigem gastrica
vertigem ceruminose
vertigem genital

Dohlman acha que a vertigem é de origem alergica.

Lermoyez atribue a um vagoespasmo da arteria auditiva interna.

Mygind considera o edema das celulas vestibulares como resultante de perturbação do metabolismo da água; enquanto que Furstemberg atribui à retenção do cloreto de sodio.

Eisenberg responsabilisa as perturbações emdocrinas ou intoxicação intestinal.

Hoje não se põe mais em duvida que o simpático tem influencia sobre a excitabilidade vestibular.

Sintomas vertigem (em geral com os movimentos bruscos da cabeça). Surdez do tipo percepção, zumbidos, e hipoexcitabilidade labirintica do lado surdo. Podem aparecer sintomas acessorios: urticaria, cefaléa, palidez, suores frios, pulso vagal, perda de consciencia.

Tratamento:

Tratamento medicamentoso e regime:
Drogas simpático mimeticas.
Regime acloretado.
Substituir por cloreto de amonio, 15 grs. por dia (Furstenberg).
Diminuição de liquidos (Mygind).
Acido nicotinico - Fenobarbital.
Fowler curou sindrome de Meniere destruindo o labirinto com streptomicina (2 grs. por dia durante 3 a 4 semanas).
Histamina - 0,1 de uma solução a 1/100.000, 2 vezes por semana.

Cirurgia:
Lake destroi o aparelho vestibular.
Putman trepana o canal semi circular superior pela via sub temporal.
Molison trepana o canal semi circulação horizontal e injeta alcool.
Wright injeta alcool pela janela redonda (as vezes dá paralisias faciais).
Outros ressecam a raiz vestibular do 8.º par pela via occipital.

O autor conclui dizendo que o tratamento médico é o preferivel e que nos casos rebeldes poder-se-a tentar a operação de Molison.

F. B. MATHEUS
Indexações: MEDLINE, Exerpta Medica, Lilacs (Index Medicus Latinoamericano), SciELO (Scientific Electronic Library Online)
Classificação CAPES: Qualis Nacional A, Qualis Internacional C


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