SERGIO RAMOS - VITÓRIA/ ES
A Síndrome de Ramsay-Hunt apresenta-se como quadro de paralisia facial súbita que é precedida ou sucedida pelo aparecimento de vesículas no pavilhão auricular, no meato acústico externo, na face, no pescoço e até mesmo da cavidade bucal, ocorrendo também forte dor local. Muitas vezes está acompanhada de sintomas cocleares, vestibulares e mesmo sintomas relacionados a outros pares cranianos, principalmente o trigêmio.
Há sinais evidentes de neurite. A lesão envolve diretamente o nervo por extravasamento sangüíneo e infiltração de células inflamatórias. A eletroneuroniografia mostra em geral degeneração nervosa acima de 90% das fibras, e o potencial de ação apresentando redução de 90% em relação ao lado normal indica mau prognóstico na recuperação.
A Síndrome de Ramsay-Hunt deixa muitos pacientes com disfunção permanente do nervo facial, como sincinesia, contraturas e espasmos. A denervação maior que 90% dentro das duas ou três semanas da instalação da paralisia é indicação clássica de descompressão. A finalidade é evitar denervação maior que 95% que tem prognóstico de péssima recuperação em 75% dos casos. Usando este conceito, a cirurgia está indicada, e assim procede grande parte de especialistas, considerando ser a única conduta que pode trazer algum benefício ao paciente. É importante ressaltar o uso rotineiro de corticoesteróides, embora sua eficácia seja questionável, e o uso recente de aciclovir em caráter experimental e de investigação clínica. Outros especialistas, apesar do mau prognóstico, não indicam a descompressão cirúrgica defendendo o ponto de vista de que o acometimento é do tecido nervoso e não da compressão do nervo por si mesmo.
DECIO CASTRO - PORTO ALEGRE/RS
Sim. Há indicação para descompressão do nervo facial com 95% de degeneração, se o tempo de paralisia não ultrapassou 21 dias. A fisiopatologia da paralisia por Herpes Zoster Oticus é em tudo semelhante a Bell e ainda mais severa. Em evolução sem cirurgia, doentes com 95% de degeneração têm recuperação pobre da função em 75% dos casos. A identificação do vírus em nada muda a agressão ao nervo, uma vez que não temos meios eficientes para combatê-lo. Após 3 a 4 semanas, passada a fase aguda, a cirurgia de descompressão não mais trará benefício ao paciente. Neste caso, outro tipo de cirurgia poderá estar indicado após 12 meses, se não houver recuperação espontânea satisfatória.
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